30 de agosto de 2021, 23:46.

Quando as coisas começaram a se acalmar dentro da cabine e dos dois homens, Ryan lembrou que tinha um baralho na mochila e perguntou se Sirius queria jogar e, sem pensar duas vezes, ele disse que sim.

Ficaram jogando enquanto conversavam sobre diversos assuntos, sem saber como um havia terminado e outro começado.

Falaram sobre suas músicas favoritas.

— Você está falando sério que One Direction é a banda que você mais ouve? -  Ryan riu enquanto pegava mais uma carta.

— Eu consigo ouvir o julgamento em sua voz - Sirius acusou, mas estava segurando a risada. - E esse tópico é sensível para mim, ok? O twitter da banda perdeu o certificado ontem, ainda estou sentindo a dor.

Falaram sobre suas séries favoritas.

— Criminal Minds - Ryan respondeu de cara, sem nem parar para pensar. - Spencer Reid é e sempre será meu personagem favorito.

— Não foi desse nome que você me chamou ontem? 

— E ainda estou abismado por você não ter ideia de quem seja, de verdade.

— Me desculpe?! - Sirius riu.

Falaram sobre faculdade.

— Arquitetura - Sirius sorriu, amava aquele curso com todo o coração. - Amo cada detalhe... até os que odeio.

— Você tem certeza que está mesmo fazendo faculdade? Todo mundo diz que é um tormento.

— E é, não me entenda errado - Sirius riu, descartando a carta que não queria e olhando para o homem na sua frente. - Tem dias que não quero levantar da cama para ir pra aula e tenho muitos surtos por causa de professor babaca, mas ainda assim… é o que amo fazer, o que quero pro resto da vida, sabe?

Falaram sobre livros.

— Você já leu “E Se Fosse A Gente?” do Adam Silvera e Becky Albertalli?

— Não, sobre o que é?

— Dois garotos que se encontram por acaso.

Eles se olharam e riram.

— Eles se apaixonam?

— Pode apostar que sim, mas é só isso que vou dizer.

Falaram sobre o livro que estavam lendo.

— Ainda não acredito que ele foi capaz de ir embora sem falar com ela.

— Ah, eu entendo o que ele fez, sabe? Saber daquilo atingiu muitos pontos, mas não acho certo, quer dizer, cadê a responsabilidade afetiva?

— Ele foi um grande babaca, isso sim.

— Ei, mas ela também foi, ok? Esconder dele foi uma filha da putagem gigantesca.

— Certo, todos são babacas. A humanidade é babaca. Morte aos humanos.

Em algum momento, entre risadas e bocejos, os dois guardaram as cartas e deitaram nas suas respectivas camas, encarando o teto.

— Como é o seu nome? - Sirius perguntou baixinho, precisava saber ainda mais depois de tudo o que disseram um para o outro.

— Remus. E o seu?

— Sirius.

— Como a estrela?

— Como a estrela.

Silêncio. Cada um imerso do que seja lá que estivesse no ar dentro da cabine, só eles podiam sentir e nem eles conseguiriam descrever. Nem eu mesma sei o que era.

— Boa noite, Remus.

— Boa noite, Sirius.

E Sirius vai lembrar pro resto da vida de ter pensado, antes de adormecer, que gostava de como ele falava seu nome e de como falava o dele.