lastop escrita por Gab Murphy


Capítulo 3
and it's our God-forsaken right to be loved


Notas iniciais do capítulo

Aos poucos nossos meninos vão se conhecendo e é lindo de vê, sério. Enfim, não tenho muito o que falar, só um: boa leitura e até o próximo!

Beijinhos! ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/803018/chapter/3

29 de agosto de 2021, 23:57.

Começamos o capítulo anterior dando alguns fatos importantes sobre, para nosso querido Sirius, Ryan Jackson Lewis. Música, silêncio, mal humor, mas por que não falar agora sobre o dono desse capítulo?

Sirius Black tinha orgulho de si mesmo por muitas razões, mas a principal era sua dedicação. Não havia uma única pessoa no mundo que o conhecesse e não a reconhecesse.

O homem havia demonstrado essa qualidade (ou defeito, na opinião de seus pais) desde muito novo, antes mesmo de saber o que era. Quando tinha apenas 6 anos havia decidido que não seria como Walburga e Orion Black, preconceituosos e religiosos fanáticos. Passou todos os anos seguintes arrumando jeitos de demonstrar sua rebeldia.

Ao longo dos anos se apegou a cada ato que podia: deixou o cabelo crescer, aos domingos se trancava para não ser arrastado até a igreja, grudou nas paredes do quarto pôster de cantores que usavam roupas pretas e gestos que faziam sua mãe ter um colapso, começou a ouvir músicas pesadas em alturas estratosféricas e a falar palavrões. Ele tinha se tornado o que os pais odiavam e, consequentemente, não tinha nada de parecido com eles.

Aos 11 anos ele conheceu James Potter a caminho de um internato. James era confiante, feliz e, principalmente, amado. O Potter conhecia o amor, mas claro que conheceria crescendo em uma família que o amava sem qualquer obstáculo, que estaria do seu lado em qualquer situação ou fase. Sirius sentiu inveja disso, mas mesmo que não se orgulhasse do sentimento, isso foi o que uniu os dois.

Black queria fazer parte daquela família desde o momento que os viu se despedindo na plataforma de trem, seus olhos encontraram aquela pequena família ao mesmo tempo que sua mãe empurrava sua mala de qualquer jeito, gritando xingamentos entre os avisos de que aquela era a última chance que Sírius tinha para se tornar alguém decente.

Sirius tinha planejado passar quanto tempo fosse para chamar a atenção de James e, dedicado como era, no meio do caminho até uma cabine vazia, ele já havia montado um plano que seria, com certeza, infalível. Mas não foi preciso, Potter entrou na cabine minutos depois e, sem nem perceberem, criaram uma amizade tão forte que nada poderia quebrar. E não pôde.

James cuidou de Sírius e vice-versa. Mas mais do que amigos, eram irmãos. Os Potter adotaram o pequeno Black e mostraram para ele o que era família de verdade, cuidaram dele quando os pais o renegavam e o aceitaram quando o expulsaram de casa depois de descobrirem seu maior segredo. 

E durante todo o tempo Sirius se dedicou a retribuir o amor deles, se dedicou a ser motivo de orgulho para as três pessoas que mais o amaram e que mais amou na vida.

Então, queride leitore, se você ainda não entendeu: Sirius Black era uma pessoa extremamente dedicada.

Logo não foi surpresa para ninguém quando ele passou na melhor universidade do mundo, bem no curso que mais queria. Ou quando ele encontrou o apartamento perfeito num preço perfeito. Era a cara de Sirius Black.

Mas ele sentia tantas saudades de casa, da família. Do pai e da mãe postiços que tinha ganhado, do irmão irritantemente confiante e da cunhada inteligente demais para não ser um robô. E essa saudade acabava o isolando dos possíveis amigos que poderia ter e o fazia ficar no seu apartamento, se dedicando a estudar para a faculdade e sendo o melhor aluno da turma.

E agora ele estava intrigado com o companheiro de viagem. Ryan, como tinha apelidado, havia capturado sua atenção assim que Sirius colocou os olhos nele. Era lindo de um jeito Ryan, mesmo que não soubesse nenhum pouco o que aquilo queria dizer. E a conversa estranha que tiveram só o fez querer mais um pouco daquilo. 

Por isso Sirius não conseguiu voltar a se concentrar no livro nos minutos em que Ryan tinha ficado fora da cabine, pensando em assuntos que poderia começar e como poderia prender as atenções dele. 

Observou o homem enquanto ele arrumava suas coisas do outro lado da cabine, agora usava outra roupa e o cabelo estava molhado e bagunçado. O olhou enquanto terminava e se sentava também com um livro nas mãos, o que fez Sirius rir ao ver a capa.

— Quais as chances de estarmos lendo o mesmo livro? — perguntou quando parou de rir, mas ainda sorria para o desconhecido na sua frente.

— Pouquíssimas, eu diria, mas não sei nada sobre estatísticas — o homem deu de ombros, se acomodando melhor na própria cama de um jeito que ficassem bem de frente um para o outro. 

— Bom, não sou um perito na área, mas também diria que são poucas — Sirius respondeu e os dois se encararam em silêncio, a pequena (e primeira) piada interna pairando entre eles.

O Black aproveitou a oportunidade para espiar, como quem não quer nada, o homem na sua frente. Os cabelos estavam, como já dito, bagunçados, jogados de qualquer jeito, mas não como quando acordou, não. Dessa vez parecia que o homem só não havia tido tempo para arrumá-los e Sirius, apesar de julgar, se viu obrigado a confessar (para si mesmo, obviamente) que em Ryan ficava bonito.

Havia também mais uma diferença: o desconhecido estava de óculos, um grande e redondo demais, mas que se encaixava perfeitamente no seu rosto e, antes que pudesse controlar sua boca, Sirius se viu falando:

— Meu irmão também usa óculos.

Ryan o encarou com a testa franzida, dava para ver que chamava Sirius de estranho por pensamento.

— Que pena para ele, usar óculos é um saco — Ryan finalmente falou, sério. — Mas obrigado por me contar, é sempre bom saber que não estamos sozinhos no mundo. Você também conhece algum francês gay por aí? Ou um cara de um e oitenta e dois de altura?

— Bom, acho que não, mas eu sou bi e tenho um pouco men… — Sirius se interrompeu, franzindo a testa para o homem rindo na sua frente. — Ah, era uma piada.

— Desculpe — Ryan falou enquanto recuperava o fôlego. — Mas você me deu a oportunidade, tive que pegar. Não achei que fosse cair tão perfeitamente.

Sirius revirou os olhos dramaticamente enquanto mordia a bochecha por dentro da boca, uma mania que tinha adquirido desde de muito (muito mesmo!) novo.

— Acho que vou ter que começar a me proteger de você — dramatizar era muito natural para Black, era quase impossível, para ele, resistir. — Primeiro o susto e agora isso, o que mais vamos ter até o fim dessa viagem?

— Acho que, em algum momento, vamos descobrir — Ryan deu de ombros, abrindo o livro onde tinha uma marca página. — Mas preciso avisar que odeio ser acordado, nossa convivência vai ficar muito difícil se isso acontecer.

— Sem acordar você. Ok! — Houve uma pausa enquanto Sirius franzia a testa. — Mesmo em questões de vida ou morte?

Ryan riu baixinho antes de responder: — Acho que é um bom motivo para ser acordado…mas só se puder me salvar, do contrário, é melhor não.

— Ok…

— E você? Tem algum aviso?

— Hm… — Sirius franziu de novo a testa e se esse capítulo fosse par e pertencesse ao outro homem na cabine, eu, sua querida narradora, descreveria a forma como R. J. L. achou adorável o modo como Sirius prendia a ponta da língua entre os lábios, pensando. — Não acho que vá acontecer, mas não gosto de que mexam nas minhas coisas, principalmente sem permissão. Tenho um método específico para deixar tudo em seu lugar.

— Isso parece um pouco com TOC pra mim.

— Não sei — Sirius deu de ombros. — Nunca fui diagnosticado.

Ryan concordou com a cabeça e abriu a boca para falar mais alguma coisa, mas, o que quer que fosse, desistiu. Juntos, começaram (ou voltaram) a ler seus respectivos e iguais livros. 

Ou tentaram, já que Sirius (e preciso confessar que o outro homem também, mas chega de falar por ele nesse capítulo) não conseguia desviar seus pensamentos dos assuntos que poderia puxar com o desconhecido. Procurou em cada palavra dita e que se lembrava, qualquer coisa que pudesse se prender para começar uma nova conversa.

— Porque está…

— Você só tem um…

Eles se calaram, sorrindo um para o outro e se olhando do jeito que qualquer pessoa olharia ao falar junto com um recém conhecido. Mas tinha um pouco mais também. Eles não sabiam ainda, mas vou te dar um spoiler, queride leitore, esses dois se conectaram de jeitos que ninguém mais conseguiu. No mundo todo. Em toda a existência humana.

— Porque está indo para a França? Turismo? — Sirius tomou a frente.

— Estou voltando para casa — e só pelo olhar que Ryan deu, o Black sabia que aquele lugar era realmente importante.

Silêncio. Os dois não se incomodavam com ele, o silêncio, quero dizer. Talvez esteja entregando muito as coisas durante a narrativa desse capítulo, mas preciso avisar que haverão muitos. Silêncios, quero dizer.

— Você só tem um irmão? — Ryan finalmente fez sua pergunta.

— Dois, mas o que usa óculos é de consideração.

— Então são bem apegados?

— Ele é tudo que tenho.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Não esqueçam de comentar e deixar uma autora feliz ♥



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "lastop" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.