Lua de Sangue escrita por Bruxa Azulzinha


Capítulo 6
A casa do youkai


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal, como vão?
Postando mais um capítulo!

Boa leitura,
Att, Azul.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/802939/chapter/6

/ Rin /

— Agora você vem comigo! - disse o homem de cabelos prateados que acabara de me salvar de um sequestro.

Meu coração batia tão forte e rápido quanto uma bateria.
E mesmo cheia de insegurança e perguntas, corri para pegar minha mochila verde.

Abri meu guarda roupa e enfiei na mochila algumas mudas de roupa e lingeries, meus documentos, meu celular e meu livro inseparável.
Depois conferi se as janelas da casa estavam bem fechadas, gás desligado e nada conectado na tomada. Eu era um pouco paranóica com questão de segurança da casa. Sempre tinha o pensamento de que, se eu fosse trabalhar deixando o gás ligado ou algo na tomada, causaria uma explosão ou algo assim.
Quando acabei, olhei para o "cabelos de lua" e ele estava mexendo no corpo do morto. Não sabia se ele ia enterrar em algum lugar ou colocar no carro.

— Estou pronta - falei me colocando ao seu lado.
— Certo - ao dizer isso, ele fez um movimento circular no ar com a mão direita e estalou os dedos.
E para o meu espanto, o morto começou a pegar fogo.
Só que das chamas não saía fumaça, não tinha cheiro... parecia de mentira e queimou tão rápido o corpo, que em minutos só tinha cinzas no chão.

Eu fiquei de boca aberta e apavorada com a cena.
Quem era aquele homem?

— Vamos embora - disse ele, abrindo a porta e mantendo-a aberta para que eu passasse.

Suspirei fundo.
"O que vai ser de mim agora?".

Olhei em volta para me despedir do meu aconchego, do meu rádio velho, minha coleção de CD's, meus livros e meu pôster do Elvis.
"Seja forte Rin" - pensei, dando o primeiro passo até o meu destino incerto ao lado daquele misterioso e belo ser.

**
**

Uma vez dentro do carro dele, eu me afundei num mar de pensamentos.
Ele dirigia sem pressa por um caminho que eu já havia passado, o caminho até aquela mansão que visitei dias atrás.
Olhei de relance para ele e o mesmo parecia um pouco tenso. Sua testa e sobrancelhas estavam com marcas de preocupação... ou era ansiedade?
Pensei se aquele era o melhor momento para iniciar um diálogo. Eu precisava desesperadamente de uma resposta. Até que me lembrei de não ter agradecido pelo que aconteceu no portão da minha casa.

Relutante, me virei para ele:
— ah.. er.. obrigada. Obrigada por ter me salvado daquele cara.

Ele me espiou pelo canto dos olhos e depois voltou a atenção para a estrada.
— De nada.
— Eu me lembro de tê-lo visto naquela mansão, na quarta-feira. Você mora lá?
— Não moro lá. A mansão é do meu pai, Inu Taisho.

"Então eu nem cheguei a conhecer o dono" - pensei.

— Como você se chama? - perguntei me matando por dentro. 
Eu literalmente estava sendo obrigada a deixar minha timidez de lado para arrancar informações dele. 

Não teria outro jeito, aquele homem visivelmente não começaria uma conversa por conta própria.

— Meu nome é Sesshoumaru Taisho.
"Que nome diferente... Parece o nome de um guerreiro Samurai".
— C-Como você sabia que viriam me sequestrar? - eu agora enroscava nervosamente meus dedos na calça do meu uniforme.
— Não sabia - ele respondeu prontamente - só segui você porque tinha uma suspeita.
— Me seguiu? - senti minhas bochechas esquentarem.
— Sim - Ele soltou um suspiro pesado e tirou a mão esquerda do volante para massagear as têmporas. Como quem está se preparando para dizer algo difícil - Olha, eu sei que não vai ser fácil para você entender isso, mas eu vou te contar tudo com detalhes.

Eu o escutava atentamente, sem nem me mexer. Sua voz era tão potente que me deixava petrificada.

— Nesse mundo, existem vários tipos de criaturas. A maioria acha que são só humanos e animais, mas também existem youkais, que são demônios de vários tipos diferentes. 
Esses youkais viviam em um lugar, só para eles, isolados dos humanos, mas a guerra fez com que eles se juntassem aos humanos e agora convivem com eles.
Mas as pessoas não sabem disso, pois essas criaturas tem poderes e os mais poderosos deles, conseguem se colocar na forma humana. Enganando a visão de todos vocês... para agir como um de vocês.

"Um de vocês..."

— Eu sou um desses youkais.
— Mas isso é impossível... - eu falei - essas coisas não existem.

Minha cabeça não queria aceitar aquela informação surreal.

— Existem, mas estavam escondidas  - ele se virou para me lançar um olhar penetrante - e agora estão saindo da escuridão.

O carro parecia estar chegando ao seu destino, pois avistei a mansão mais a frente. Porém, Sesshoumaru não parou.

— Não vamos para a mansão? - questionei olhando para trás.
— Não, minha casa fica um pouco mais a frente.

"Eu vou ficar na casa dele? Oh céus. Eu sozinha com ele? Será que mais alguém mora lá?"

— Continuando... - ele voltou sua fala - Depois que nosso país se uniu ao seu após a guerra, tem acontecido muitas coisas estranhas e isso inclui desaparecimentos.
— Muitas mulheres estão desaparecendo... 
— Sim. E a família Taisho está nas investigações. Meu pai conhece o chefe da polícia, detetives e muitas pessoas que nos ajudam e nós os ajudamos também.
E acontece que ontem verifiquei o caso da sua amiga Kagome...
— Kagome! - o nome dela me fez saltar do assento - você tem alguma notícia dela?
— Não. Nada ainda, mas ela me fez chegar até você que parece ser um alvo do sequestrador também - ele acelerou o carro pois agora estávamos numa subida - ela e uma tal de Kikyou foram sequestradas pela mesma pessoa e você seria a terceira.
— Como sabe que é a mesma pessoa? - questionei.
— São da mesma empresa, mesmo tipo de mulher... Provavelmente alguém com fetiches bizarros - ele respondeu fazendo uma cara de repugnância.
— E os sequestros da Kagome e da Kikyou estão ligados com os anteriores? 
— Não sabemos ainda, mas as investigações estão caminhando.
— Tudo bem... - eu encostei minha cabeça no banco. Aquela conversa tinha acabado com meu ânimo - posso perguntar uma coisa?
— Pode - ele me olhou de novo com aquele olhar penetrante.
— Por que está me contando essas coisas?

Sesshoumaru reduziu a velocidade. Havíamos chegado em um portão negro, com muros cheios de trepadeiras. 
— Porque você está envolvida nisso agora, querendo ou não - ele olhou intimamente em meus olhos e cada palavra saía pausadamente de sua boca - e se quer continuar viva, eu sugiro que permaneça ao meu lado. 
Eu não consegui articular palavra alguma diante daquilo.

**
**

Os portões se abriram e o carro entrou por um caminho de pedras e árvores que levava a uma casa enorme.
Fiquei um pouco surpresa com o que vi. Imaginava que encontraria uma mansão como a da família Taisho, mas mesmo assim, era linda. Tinha um tom rústico. Era de madeira, como as de campo e tinha grandes vidraças. 
Soltei o cinto de segurança, desci do carro e fiquei encantada com a beleza daquele lugar... Tantas árvores, parecia um parque. E a lua se exibia cheia no céu para melhorar a paisagem.

— Rin?

A voz potente de Sesshoumaru me chamou já a frente.
Comecei a segui-lo rumo a entrada da casa.

— Sesshoumaru... como sabe meu nome? - perguntei curiosa.
— Eu te falei que temos contatos. Pedi para pesquisarem algumas informações suas - ele respondeu abrindo a porta.

Lá dentro era tão impressionante como lá fora e acabei soltando um: "Uau" baixinho.
Uma bela casa rústica, toda a madeira, com lareira, decoração campestre... Eu estava impressionada.
Sesshoumaru tinha cara de ser um homem fino, que mora numa mansão com aquelas geladeiras de inox com duas portas e não um cara rústico.

— Ssenhor Ssessshoumaru! - escutei uma voz peculiar vindo em nossa direção e quando olhei, dei um pulo:
— Ahhhhhhh - gritei - o que é essa coisa verde?
— Aaaaaaahhhhh - a criatura verde gritou - uma humana!!!
— Jaken! - Sesshoumaru deu um chute no pobre coitado que voou até o outro lado da sala - Esta é Rin. Ela ficará conosco por um tempo.
— Oh, perdoe-me Ssenhor SSessshoumaru... É que em todos esses anos trabalhando para o senhor, nunca vi um humano entrar por essa porta - dizendo isso, ele se curvou diante mim - perdoe-me por assustá-la senhorita.
— N-não precisa se desculpar. Foi eu que gritei primeiro - eu falei sacudindo as mãos veementemente - eu que peço desculpas. Nunca tinha visto uma criatura como você...
— Esse é meu criado, Jaken - disse Sesshoumaru - qualquer coisa que precisar, é só chamá-lo.
— T-tudo bem - respondi timidamente.
— Jaken, prepare o quarto de hóspedes para ela.
— Sssim Ssenhor SSessshoumaru - disse Jaken, subindo as escadas.

— Rin - Sesshoumaru se virou para mim - suba, tome um banho e depois desça para jantar. Amanhã sairemos cedo. Vou te levar até a mansão Taisho para conversarmos com meu pai sobre o seu caso.

"Conversar com o pai dele? Ai meu Deus" - pensei, já começando a suar frio.

— Tudo bem... Acordarei cedo amanhã - respondi - ah.. obrigada Sesshoumaru... por... tudo que está fazendo por mim. 
— Tá - ele virou o rosto e subiu as escadas - boa noite.
— Boa noite - respondi seguindo-o com o olhar, até ele sumir de vista no primeiro quarto do andar de cima.

** Depois de 15 minutos aguardando na sala de estar, observando a lareira, Jaken apareceu no topo da escada.

— Rin... Venha, sseu quarto esstá pronto!

Subi as escadas para acompanhar Jaken, que me levou para um quarto no final do corredor esquerdo. 
Era grande, com uma cama de casal perto da janela, uma penteadeira do lado oposto com um banquinho, uma escrivaninha e um guarda roupa. Também havia uma porta que dava para um banheiro.

"Que chique... Uma suíte" - pensei animada.

— Fique a vontade Rin - disse Jaken saindo do quarto - depois que se aprontar, desça para o jantar.
— Tudo bem, muito obrigada Jaken.
Fechei a porta do quarto e fui até a cama. Me sentei alisando a colcha e os lençóis verdes: "Tão sedosos".
Me aventurei por cada canto do quarto, descobrindo cada pedaço e ali já fui deixando meus pertences.
Guardei minhas roupas no armário e depositei meu celular e livro na escrivaninha.

"Espero não ter que ficar tanto tempo aqui..." - pensei, lembrando da minha cabana.

**
**

Depois do maravilhoso banho que tomei na banheira (eu nunca havia me banhado em uma banheira antes), vesti minha calça de moletom cinza, uma camiseta branca e uma camisa xadrez vermelha por cima, penteei meus cabelos molhados e desci para jantar.

Chegando na cozinha, encontrei um senhor baixinho e grisalho, cantarolando enquanto colocava os pratos na mesa.

 - Oh, boa noite - ele me cumprimentou sorrindo - você deve ser a humana chamada Rin. Me chamo Miuga.
— Boa noite - sorri sem jeito - sim, sou a humana. Você também deve ser youkai, para estar me chamando assim.
— Sim, mas não se preocupe. Eu não mordo... Só chupo sangue.
Arregalei os olhos e ele riu.
— Não, não sou vampiro... Se é o que está pensando. Sou só um youkai pulga.
— Isso é sério? - perguntei preocupada.
— Sim, eu me transformo em pulga - ele viu minha expressão enojada - é, é constrangedor e nojento. Eu sei, mas caso sinta uma leve picada no seu pescoço, por favor, não bata em mim.
— Vou tentar me lembrar disso - rindo de nervoso com toda aquela aquela história louca de youkais - o Sesshoumaru não vai descer?
— Ele disse que não vai jantar hoje.
— Ah... - fiquei um pouco desapontada com ele, pois aquele seria meu primeiro jantar na casa.

Então, depois me sentar, Miuga colocou sobre a mesa um belo peixe assado com batatas, arroz e salada de rabanetes.

— Bom apetite - disse Miuga.
— Nossa, muito obrigada - fiquei lisonjeada com tudo aquilo - mas, não precisa me servir assim, eu não sou senhora daqui, nem nada disso.
— Bom, você é convidada do nosso mestre, então vamos cuidar bem de você.
— É que... - fiz uma pausa - eu não estou acostumada com esse tipo de tratamento sabe. 
— Ah, você acostuma - ele sorriu se retirando.
— Espera. Você não vai comer também?
— Claro que não - ele pareceu surpreso - os empregados não comem junto com os donos da casa.
— Mas eu não quero comer sozinha, por favor, fica aqui comigo. Eu não sou sua mestra. Podemos ser amigos.
— Não posso Rin... Se o Jaken me vê, ele me trucida. 

Fiz um bico e olhei para o meu prato vazio.

— Ah, tudo bem... - Miuga disse voltando para perto da mesa e olhando para os lados - mas, se formos pegos, a culpa é sua.
— Fechado! - respondi alegre, me servindo do peixe.

Jantamos juntos e conversamos muito. 

Miuga me contou muita coisa sobre a vida dele. Disse que era cozinheiro do pai de Sesshoumaru, mas depois ele o mandou para a casa do filho, pois achava que ele precisava mais de seus cuidados.
E quando não estava cozinhando e cuidando de outros afazeres na casa, ficava bebendo sangue de desavisados por aí.
E depois ele ouviu minha história e como fui parar ali.

— Você tem muita fibra para uma humana - ele disse servindo a sobremesa.
— Vou levar isso como um elogio - eu disse, devorando o mousse de limão - mas, estou preocupada, sabe.. com a minha amiga e tudo o mais.
— Fique tranquila Rin, a família Taisho é boa no que faz. Pode acreditar... Ahhhhh, que bom - Miuga agora abria o botão da calça para aliviar a barriga cheia - e em relação ao Sesshoumaru, não leve nada que ele fizer e disser para o lado pessoal. Ele não gosta de humanos.
— Não? - fiquei intrigada com isso.
— Não, não gosta nenhum pouco.

Depositei a colher na taça de vidro vazia.
"Se ele odeia humanos... Por que me salvou? Deve estar me ajudando por obrigação ou porque acha que isso vai ajudar na investigação..." - pensei, mas estranhamente isso me deixou triste.

— Vou subir Miuga. Amanhã levantarei cedo - me levantei da mesa, levando a louça suja para a pia. E quando fui abrir a torneira para lavar, Miuga deu um tapinha leve em minha mão.
— Nada disso menina. Desse jeito, serei demitido - ele disse me empurrando para o lado - já pra cama.
— Boa noite, até amanhã Miuga - me despedi sorrindo. 
— Boa noite! Até amanhã! - disse ele com um sorriso amistoso.

**
**

No quarto, depois de escovar os dentes e colocar meu pijama, peguei meu celular e mandei uma mensagem para a Senhora Higurashi perguntando se havia alguma notícia da Kagome.
Ela me respondeu quase de imediato, dizendo que não havia notícias e que havia pendurado os cartazes de "Pessoa desaparecida" pelo bairro todo com o vovô e o Souta.
Respondi que coloquei os cartazes perto do meu trabalho e que no dia seguinte eu continuaria com a busca, agora acompanhada de um amigo.

Coloquei o celular de volta na escrivaninha e me joguei na cama, exausta.
— Amanhã será um sábado cheio de emoções... - falei baixinho, pressentindo o que estava por vir.

Me virei na cama, adormeci... E sonhei.

Sonhei que estava na minha casa, lendo meu querido livro "Pinóquio" com Kagome. Estávamos sentadas no tapete da sala, de mãos dadas.
E de repente, Sesshoumaru aparecia na porta, vestido com uma camisa xadrez e uma calça jeans surrada, como um lenhador.
Eu ficava feliz com sua chegada e então, ele se sentava no tapete ao meu lado e passávamos a ler, os três juntos.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Pessoal, estão gostando da história? Se puderem, comentem aqui e interajam ♥
Logo volto com o próximo capítulo! Um abraço!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Lua de Sangue" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.