As mãos de Lucy sempre tremiam quando o temido assunto chegava. 

Para Naomi parecia tão fácil perguntar se ela gostava de alguém que fazia Lucy sentir um pouco de inveja dela por ser tão confiante.

Naomi também era insistente, ela nunca a deixava escapar do assunto, e Deus sabia quantas rotas de fuga Lucy já havia criado àquele ponto ― todas falíveis. Ela sabia que Naomi recorreria ao contato físico em 80% das alternativas, porque Lucy esquivava de qualquer tipo e forma de contato físico, e nos 20% restantes, Naomi apelaria para o emocional, porque ah, a filha da mãe sabia como fazer bom uso das habilidades de atuação adquiridas no curso de artes cênicas, principalmente para o mal. Felizmente, sua conta não era absolutamente exata, havia uma pequena margem de erro de 1% em que Naomi não faria nada quando Lucy tentasse mudar de assunto, aceitando respeitar sua escolha de não falar nada.

Quando não havia escapatória, Lucy apenas contava como a pessoa a fazia se sentir, porque era uma opção melhor falar sobre si do que sobre a pessoa.

Assim, Naomi não descobriria quem era e Lucy não teria Naomi abraçando-a, apertando-lhe até, tão próxima que seria capaz de ouvir seu coração batendo absurdamente forte na sua caixa torácica que parecia que ia saltar fora ou explodir. Ela não queria sentir a respiração de Naomi na sua bochecha, nem suas mãos nos seus braços, na sua cintura.

Porque não era como se Lucy odiasse ter “conversas de garotas”, também não era como se ela tivesse repúdio a contato físico, era só impossível controlar suas reações quando Naomi a tocava, impossível conversar sobre os sentimentos e sensações que a pessoa lhe causava quando ela estava literalmente na sua frente e era inviável se confessar, porque Tanizaki Naomi era sua melhor amiga confiante e hetero.

E cada vez que Naomi perguntava “de quem você gosta?”, seu coração doía com a vontade de dizer: Você.