Remus Lupin tinha muitos motivos para invejar as pessoas.

Começando pelo seu problema cabeludo que ocorria em todas as Luas cheias, que obviamente o incomodava demais.

Após conhecer os Marotos – Sirius, James e Peter -, parecia que esse incômodo diminuiu, principalmente porque eles se esforçavam muito para que se sentisse normal.

Sem falar que, Remus não tinha lá muitos prestígios no mundo bruxo. Não era de uma família prestigiada ou tão importante assim ao contrário de James.

Sua vida era ok, cheio de problemas, mas ok.

Mas a inveja que sentia de Marlene McKinnon corria seu sangue.

Por fora, ele era sempre calmo, sem expressões nenhuma, uma indiferença de se admirar. Por dentro seu sangue fervia de raiva.

Marlene era bonita.

Tinha muitos amigos.

Saía sempre que podia.

E tinha Sirius Black na ponta do dedo.

Essa era a parte que doía mais.

Remus amava Sirius mais que um amigo poderia amar e quando descobriu que ele não tinha rótulos quando o assunto era amar alguém, uma pequena chama de esperança e uma voz dentro de si dizendo me escolhe! gritavam dentro de si.

Falar em voz alta que gostava de Sirius Black mais que um amigo era problemático demais para ele. Tinha medo da reação das pessoas, tinha medo de como a sociedade o enxergaria. Seu problema de Lua cheia já era demais se as pessoas soubessem.

Então Marlene chegou primeiro.

Seu sorriso bonito e sua alegria contagiante chegaram primeiro.

Tudo que via dela era felicidade, beleza e a inveja o corroía demais.

Uma vez se esbarraram no corredor e ela sorriu se desculpando. Aquele não era um dia bom, após a Lua cheia e seu corpo ainda sentia os efeitos colaterais.

“Por que você me odeia?” A voz que parecia bonita, hoje o irritou demais.

“Odiar você? Eu não tenho tempo para te odiar!”

“Eu amo Sirius, e ele te ama. Então acho que deveríamos pelo menos...”

Remus não a deixou terminar e saiu resmungando.

Dois dias depois se arrependeu disso. Sirius estava chateado, não porque Marlene repassou o acontecido e sim porque, algo havia acontecido com ela e sua família.

Ele não entrou em detalhes, contudo naquela noite, os dois andaram pelos corredores e conversaram como velhos amigos, rindo e brincando, como se não houvesse um futuro incerto pela frente.

Remus o amava com todo seu coração, de uma forma que chegava a doer e quando Sirius segurou sua mão e acariciou seu dedo com um meio sorriso nos lábios – aquele sorriso, alá que só Sirius Black sabia dar -,sabia que ele o amava de volta.

No outro dia, sem querer, acabou vendo uma troca de olhares entre Marlene e Emmeline. Isso acendeu uma chama em seu peito de esperança. Talvez, esse amor todo que a morena dizia sentir, era puro capricho, ego...

Inveja? Eu nem a conheço de verdade.

Mesmo após um momento no escuro com Sirius, ao vê-lo se sentar ao lado dela e a beijar no rosto, entendeu.

Inveja sim. Pela coragem que ele nunca teve de dizer as palavras em voz alta.