Mãos frias escrita por Tangerine


Capítulo 1
Capítulo único


Notas iniciais do capítulo

Olá. Mais uma estória curta no universo de Khr.

Apreciar.



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Capítulo único

Os chiados das cigarras ecoam ao fundo.

Gokudera encara o fim da rua com olhos firmes. A garota sentada não muito distante é um arbusto.

Ela é um arbusto porquê Gokudera a incomoda.

Gokudera tenta há muito entendê-la, está cansado de seu tratamento no mínimo estanho. É apenas a Gokudera que reserva sua forma encolhida. E ele não sabe o motivo para isso.

Um gosto amargo acompanha todas as suas refeições desde que percebeu pela primeira vez.

Se analisar bem, desconsiderando a timidez evidente dela, é como se Gokudera causasse repulsa.

Enruga o nariz.

Uma súbita onde estranha sobe pelo pescoço. Gokudera gira sua cabeça para ela, olhos irritados.

— Ei, mulher, você me odeia?!

Mari pula no banco do ponto de ônibus. Ela sobe seu olhar assustado do chão para Gokudera. Ele repete mais irritado e ela nega rapidamente.

Gokudera estala a língua.

— Então o quê? — pergunta mais alto. — Me acha nojento ou algo assim?!

Nega mais uma vez.  Confusão contorna sua face corada.

Gokudera vira o rosto em uma feia carranca.

— Arrg. Tanto faz. — resmunga. — Não preciso agradar ninguém além do Décimo.

Ele a ouve resmungar algo antes de entender suas palavras.

— Eu... Uhn, não considero um incómodo..., Gokudera. — gagueja. — Eu... Acho um pouco legal.

Gokudera engole. Suas íris verdes acinzentadas a espiam pelo periférico. Ela o espia por baixo dos cílios, concentrada em sua reação.

Gokudera enfia as mãos nos bolsos

— Você é — pigarreia. — legal também.

Mari soa algo como um riso surpreso. Gokudera esfrega o pescoço, bagunça os cabelos da nuca antes de olha-la novamente.

— Ei, mulher. — chama sua atenção mais brando. — Por que se encolhe quando estou por perto? — Mari encolhe os ombros. — Já percebi isso, qual o seu problema comigo?

Mari tropeça na fala, soando varias vezes um “ah...” prolongado, seu rosto baixo.

— Eu, uhn, fico suando. — Explica. Então sussurra ainda mais baixo: — E é nojento.

Gokudera aperta as pálpebras se concentrando no expirar alto de respiração que ela solta, lábios se torcem em desgosto, ele a ouviu claramente.

— Não a acho nojenta por suar. — diz alto. — Não me incomoda que me toque.

Mari engasga.

— É... Uhn... Certo. — sua voz treme. — Vou me lembrar disso.

Mais um riso nasalado.

— Não acho ruim que me toque. — resmunga.

— Humn...?!

Estende a mão para Mari.

— Me dê sua mão.

Gokudera enruga as sobrancelhas.

— Estou falando sério. — enfatiza. — Me deixe senti-las.

Com a respiração alta Mari encara sua palma com a boca meio aberta.

A pulseira de couro contrastando com seu tom de pele. Os anéis. Seu olhar sobe pelo braço, a manga do casaco enrolada apertando o tecido no antebraço. Respiração mais rápida, Mari aperta os punhos pressionados nas coxas, pensamentos voando rápido em sua mente cheia de cores.

Gokudera soa um riso baixo, quase, muito quase, ressentido.

— Mudou de ideia sobre me odiar?

Mari ergue a cabeça com espanto, um sorriso estica os lábios de Gokudera. Mari enruga a testa, engole, olha firme nos olhos dele e...!

— Ah! Foda-se!

E estrala sua mão suada na dele.

Fria. Macia. Úmida.

Como se estivesse na água gelada, seus dedos estão molhados, porém não é tão ruim. Não pode ser confundido com a sensação após segurar uma bebida gelada, mas não é ruim.

Gokudera aperta os dedos quando tenta se afastar. Esferas cintilantes em seu tom verde acinzentado olhando por trás dos cílios escuros.

Mari tem seu rosto vermelho, intensamente vermelho e suado, ela só relaxa seu corpo tenso pouco a pouco quando entende que não consegue se livrar de seu aperto — e tentou bastante isso, chegando ao ponto de sacodir o braço em direções humanamente dolorosas.

O tilintar suave de seu próprio coração chega ao timbre de um sino.

Gokudera desliza o polegar nos dedos dela.

Então murmura baixinho:

— É um pouco boa a sensação.

Questionado por seus amigos, quando chegam para o passeio em grupo, o peculiar fato de estarem de mãos dadas Gokudera simplesmente responde que foi picada por um inseto.  Seu tom indiferente não é estranha a todos, exceto os mais perspicazes.

Mari compactua.

O riso ao assinar o pacto ainda formiga nos ouvidos quentes de Gokudera.


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Notas finais do capítulo

:)



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