Infamous escrita por Bétula


Capítulo 4
Connie Springer em: O Famigerado Gorila no Milharal


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo, narrado dessa vez pelo Connie! *--*
Esse foi pra mim, sem dúvidas, um dos POVs mais gostosos de escrever, sou suspeita porque amo esse personagem, foi muito divertido fazer esse capítulo e espero que seja uma diversão para vocês também acompanhar a leitura dele. ENJOY! ♥



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— Pobre Eren. — Disse Reiner cortando um pedaço de lenha com o machado. — Sério que a Mikasa não defendeu ele? Estamos mesmo falando da Mikasa? A Mikasa que não deixa ninguém sequer peidar perto do Eren?

— Não soube nem o que dizer, afinal, sou péssimo nessas coisas de conselho amoroso. — Expliquei. — Embora eu tenha conseguido casar com Sasha, ainda não sei como fiz isso.

— É a Sasha. — Jean riu. — Desde que você tenha uma porção de batatas fritas para oferecer, está tudo bem.

E era verdade. Sasha era uma pessoa muito simples e fácil de se conviver, depois de ouvir a história do dente perdido do Eren enquanto espantava os corvos com ele antes de sermos atacados, fiquei aliviado por ter uma boa relação com meu sogro. Eu estava rindo de mim mesmo por estar dando uma de lenhador, mas não estava sozinho, Jean que foi rir de Reiner acabou se juntando a ele também.

Para uma chuva de verão aquela foi bem poderosa,  os raios e trovões além de terem quebrado a árvore, fizeram Sasha correr doida pela casa à noite, parecia um labrador. Na verdade, ela quebrou a perna rolando a escada enquanto corria com medo dos raios, ela preferia mentir de forma patética do que falar de seu medo infantil pros outros, como se fosse julgar ela? Ninguém aqui pode falar de ninguém, mas o medo era dela e só ela podia falar.  

Bom, pelo menos tivemos a ideia de usar a lenha do velho galho para fazer uma fogueira e nos reunirmos em volta e curtir à noite. Estava tudo bem até que ouvimos um grito fino vindo do milharal, corri  para o celeiro e peguei minha espingarda. Ok, não era exatamente minha, era do pai de Sasha. Jamais me imaginei como aqueles fazendeiros malucos que correm por aí com espingardas e me tornei um fazendeiro maluco correndo por aí com uma espingarda.

Não fui o único a ser rídiculo, Reiner correu comigo, com o machado que estava em mãos, fomos em direção ao milharal, Jean havia corrido na frente levando uma pá Deus sabe de onde, e encontramos Eren, Marco, Bert e Mikasa correndo para lá também. Jean gritou comigo perguntando o que era aquilo e eu respondi também gritando que não sabia.

— Você tem uma arma! — Eren devia mudar de nome para Capitão Óbvio ao dizer aquilo. — Você se tornou aquilo que jurou destruir!

  Verdade, mas para proteger minha família, não podia vacilar, eu não era o melhor dos atiradores, mas modéstia parte, os pombos nunca tiveram chance contra mim. Corremos loucos entre os milhos, os gritos não cessaram, até que encontramos a fonte da confusão: Annie Arlet imobilizando um gorila, prendendo os braços nas costas do animal. O gorila gritava como uma garotinha, enquanto Annie gritava com ele:

— O que faz nesta propriedade? O que quer aqui? — A policial ali era a Mikasa, mas Annie fazia um bom trabalho como professora de artes marciais.

— Sou eu, Annie. — Disse o Gorila, com voz de dor.

— Um gorila falante! — Exclamei. 

— Quem? — Annie continuava a apertá-lo.

Bert tomou a frente e simplesmente desmascarou o gorila como se estivéssemos em um episódio de Scooby Doo e tivemos sua identidade revelada quando todos dissemos ao mesmo tempo:

— ZEKE JAEGER!?

Annie o soltou, de olhos arregalados, mas foi Eren, que por sinal estava sem camisa, talvez por que estava prestes a começar seu banho e teve que sair correndo para ver o que estava acontecendo e simplesmente vestiu a calça de qualquer jeito, e  tomou a vez de falar.

— O que faz aqui, seu maluco? Ainda mais vestido assim?

— É uma longa história, mas vou resumir: eu caí num buraco e fiquei todo sujo de esgoto. — Disse Zeke. — Mas mesmo assim, eu precisava falar com você pessoalmente. Eu vim de trem para cá só pra isso.

— Veio num trem vestido assim? — Annie perguntou, incrédula.

— Eu não queria ter que fazer isso na frente dos seus amiguinhos, Eren, mas vou fazer. — Zeke ignorou a pergunta e apontou para o irmão. — Cadê minhas 100 pratas?

— O que? — Eren perguntou incrédulo.

— Você perdeu o dente para o Levi, logo, me deve 100 pratas. 

— Agora decidiu desenterrar isso?

— Eu sabia que tal hora isso iria acontecer! Ele foi meu professor e meu pior pesadelo na faculdade de direito.  — Falou Zeke. — Quando descobri que meu irmãozinho estava se engraçando pro lado da filha dele eu disse “corra pela sua vida” era meu dever de irmão ser a voz na sua cabeça que você se recusa a ouvir, e você de fato me ignorou. Por isso você fica perdendo dentes e ainda vai perder 100 pratas pela aposta que perdeu pra mim! 

Esse Eren era um apostador compulsivo mesmo. Já Zeke era uma criatura peculiar, não sei o que estava fazendo na minha fazenda e não no lar de Sra. Peregrine. Ele falava tudo isso com a dramaticidade de um ator mexicano, apontando para o irmão e jogando o cabelo. Eu segurava o riso com todas as minhas forças, eles mais pareciam personagens de uma telenovela bíblica, se apontando com seus cabelos enormes. Eu nunca na minha vida eu iria imaginar uma coisa dessas se passando na minha frente, ainda mais com um deles vestido de gorila num milharal, rodeado de pessoas que não tem nada haver com o drama familiar deles.

— É verdade também que sua prótese é uma dentadura de um dente só? — Essa pergunta veio de Marco, se metendo no interrogatório.

— Você não sabe mesmo guardar segredo, né? — Eren direcionou-se a Jean.

— Os seus segredos ridículos, não. — O loiro deu de ombros.

Dentadura de um só dente? Socorro! Não consegui segurar o riso. É daquelas coisas de quem rir vai pro inferno e eu já tô no inferno. Reiner prendeu o riso, e Bert mais parecia o GIF do John Travolta, ok que eu estava por dentro da história do dente perdido e da prótese, mas eu pensei que era, sei lá, um implante dentário ou algo assim. Jamais passou pela minha cabeça que era uma dentadura de um dente só. Sério, essa dentadura de um só dente foi demais pra mim. 

— Você chegou ao fundo do poço mesmo. Fez uma grande loucura ao fugir pra casar com essa mulher. — Gesticulou Zeke ao irmão.

— Loucura ou não, quem decide sou eu. 

— Eren… — Mikasa que estava calada o tempo todo, olhou fixamente para o marido.

— Vou encarar Levi na próxima vez que eu o vir. — Eren continuou. — E você não se meta nos meus assuntos. Não está em posição de zombar de mim, não percebe, Zeke?

— Como pode dizer isso? — O gorila estranho colocou a mão na cintura.

— Talvez pelo fato de você invadir a propriedade dos outros vestido de macaco? — Foi minha vez de falar. Que homem maluco.

— Vai ser uma boa história para rirmos na velhice. — Foi o que ele disse antes de ser atingido por trás com uma tora de madeira jogada por ninguém menos que Christa Reiss e cair duro no chão.

— Meu Deus, eu matei o homem. — A mulher que chegou chegando disse, tremendo com os cabelos loiros desgrenhados.

Bert se abaixou e checou o defunto no chão, mas alertou que ele estava bem, só iria ficar com um galo na cabeça. Com a ajuda de Reiner, ele carregou um Zeke Jaeger desacordado até a casa, onde estavam Armin, Ymir e Sasha bem apreensivos à espera dos que haviam se jogado no olho da tempestade de confusão, dedo no cu e gritaria. Christa explicou que ficou muito assustada por que não voltávamos logo, pegou um pedaço da lenha que estávamos cortando e correu a nossa procura, nem viu ou raciocinou direito, simplesmente jogou a lenha no invasor quando o viu perto de nós.

— Você é mesmo uma protetora. — Mikasa lhe disse enquanto dava um copo de água com açúcar.

Zeke foi deitado numa velha espreguiçadeira, bem no meio da cozinha. Depois de passado o susto, nos sentamos à mesa, onde Annie foi contar que estava caminhando pela propriedade, quando viu um movimento estranho no milharal. Foi em direção ao que quer que fosse, estava ali um exemplo de mulher corajosa ou que simplesmente nunca assistiu a filmes de terror. Quando viu o gorila, deduziu na hora que se tratava de algum lunático, e foi logo lhe dando golpes de muay thai para imobilizá-lo, foi quando Zeke começou a gritar como uma garotinha e a confusão foi armada.

—   Afinal, por que ele está vestido assim? — Perguntou Sasha.

— Parece que caiu no esgoto, eu não entendi muito bem. — Respondi.

— Ninguém entendeu, mas ele é assim mesmo. — Explicou Eren. — Vamos esperar ele acordar, para eu ir deixá-lo na estação de trem.

— Podemos oferecer um banho antes? — Sasha me perguntou com o nariz tampado. — Ele está fedendo. 

— É verdade. — Eu estava tão agitado que meu olfato foi prejudicado, mas agora depois do sangue esfriando, acabei por sentir o cheiro ruim de esgoto vindo de Zeke. — Acho uma ótima idéia.

— Hoje é o dia das carniças, primeiro o incenso do Marco, depois esse maluco. — Ymir reclamava andando de um lado pro outro. 

— Vou dar uma roupa limpa a ele, já deve ter sido de mais ele vestido de gorila na estação de trem na vinda, não posso imaginar isso acontecendo na volta. — Reiner comentou. — Acho que vestimos o mesmo tamanho.

— Acredito que sim. — Eren confirmou.

Depois de toda aquela loucura, avisei que tomaria um merecido banho e Sasha disse que precisava cozinhar uma batata, mas Bert e Marco a mandaram ir deitar, prometendo que estavam cuidando bem da cozinha. Reiner disse que ia terminar com a lenha e nós dois precisávamos descansar mesmo. Sasha realmente precisava aquietar a perna, passou a manhã toda se danando, mexendo em panela para fazer o almoço.  

Mikasa lhe ajudou muito com isso, na verdade, como ela e Eren chegaram cedo foram muito solícitos. Mesmo assim Sasha deveria estar em repouso absoluto, afinal, a perna dela estava quebrada. Eu agradeci muito a nossos amigos e ajudei Sasha na locomoção para o quarto de nossos filhos, que ficava no segundo andar. 

— Você se tornou um homem forte e alto, Connie. — Ela olhava pra mim enquanto eu a levava no colo pelas escadas. — Eu jamais imaginaria. 

Era verdade, eu descobri que tive o chamado “estirão tardio”. Só fui crescer quando estava entre 18 e 20 anos, quando Sasha e eu começamos a namorar, aos 15/16, ela me levava embaixo do braço, hoje sou eu quem a leva no colo, com meus 1,80m. Posso dizer que venci na vida. 

— Eu não vou morrer como um homem de estatura mediana como eu imaginei, mas sempre vou ser o seu Mr. Potato Head.

Ela deu uma risada que me fez sentir o homem mais contente do mundo, quando chegamos no quarto das crianças a deitei na pequena cama de solteiro apoiando sua perna num travesseiro, tranquei a porta para não ter nenhum incômodo ao descanso dela.

— Você se sentiu preso em um episódio do Scooby Doo, não foi? — Sasha perguntou enquanto olhava eu tirar a roupa para tomar meu banho.

— Sim! — Eu ri muito alto. — De uma coisa Zeke tinha razão, vamos contar isso pros nossos filhos e pros nossos netos.

— Quem diria que esse tipo de coisa aconteceria com a gente? — Disse ela, me olhando com um meio sorriso. — Se arrepende de ter casado com esse ímã para confusões? — Ela apontava para si mesma. 

— De forma nenhuma. — Dei um beijo suave e gentil na minha maluquinha e fui até o banheiro do quarto.

Ao me olhar no espelho cheio de adesivos coloridos vi a barba estranha que agora eu tinha, maldito bigode que não crescia! Eu nunca iria poder realizar meu sonho secreto de aderir ao visual de galã dos anos 70. Resolvi tirar logo a bendita barba, achando que as loucuras do dia haviam cessado, coitado iludido. Fazia tempo que eu não tomava um banho tão bom e eu já estava me enxugando, foi bem quando uma listra amarela subiu pela minha espinha, ao ouvir o baque de alguém rolando a escada. 


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Notas finais do capítulo

E aí, gostaram? Olha, eu tive crises de riso escrevendo essa patifaria, mas meu sonso de humor é meio peculiar, então, vão abstraindo qualquer coisa. Se teve algum erro de digitação ou concordância, peço desculpas, realmente passou batido. Gratidão e até o próximo! ♥



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