Sins of Hope escrita por DGX


Capítulo 23
A Ordem do Bode Voador




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Opening

 

No caminho de volta ao bar, após algumas paradas para descansar e se esconderem do forte odor do lugar, Camille pergunta algo que estava em dúvida para Takashi:

—Sir Takashi? – O mesmo responde com um olhar para ela. – Por que sua espada atravessou o escudo daqueles homens? Eu vi que ela os cortou, porém não os escudos...

—Você viu quanto, Camille? – Pergunta Skanfy preocupada.

—Não muito, estava bem escuro... – Ela responde pondo uma mão no queixo.

—Ah, isso. – Takashi puxa espada e mostra para Camille. – Essa é a Zephyrus. Um dos meus Tesouros Sagrados. Como deve ter visto, todas as armas dos Pecados possuem habilidades especiais. A habilidade dessa belezinha aqui é passar qualquer defesa, e apenas é possível para-la defletindo. É uma faca de dois gumes, quando é defletida minha guarda fica aberta e posso ser atacado facilmente, porém não são muitos que sobrevivem o suficiente para entender isso...

—E não sei se notou – Skanfy se pronuncia. – Meu Tesouro Sagrado, o Arc Perfide, possui várias formas baseadas nas fases lunares. A Holy Dracula do Asura, sua adaga, causa cortes que não estancam nunca, apenas por intervenção cirúrgica ou mágica. E a Gilgamesh do Nier, que acumula magia e fogo e serve para os controlar.

Camille olha para Skanfy cerrando seus olhos e fazendo bico. Também fazia um movimento estranho com a ponta do nariz, que Nier considerou fofo.

—Vai me dizer que você é uma fada e o Asura um vampiro agora? – Fala em tom de deboche, impressionando todos. – Eu não sou burra nem estúpida, Skanfy. – Ela dá um cutucão com força na barriga da fada, que retribui com outro, e começam uma pequena briga de cutucões, até pararem por não aguentarem mais rir.

—Ok, ok! Eu não te trato mais assim... – Disse a fada secando as lágrimas.

—Ah, e Sir Takashi. – Fala parando de rir, chamando a atenção dele. – Você mencionou “meus Tesouros Sagrados”. Você tem mais de um?

—Sim, eu tenho, e que bom que perguntou. – Respondeu mexendo no bolso, sorrindo. 

—E lá vamos nós... – Comentou Nier, suspirando.

—Esta é a Bucaneer, uma garrucha que pode ser convertida em um escudo mágico se virar o cano para cima. Se virar para baixo, recarrega ela. – Ele puxa a arma de fogo, algo raro na Britânia e mostra para ela. A arma possuía uma empunhadura de madeira com entalhes de moedas na sua parte inferior, além de ser esculpida de maneira anatômica, com um cano prateado adornado por um desenho vermelho sangue de ramos espinhentos com algumas folhas.  – Seus disparos são mágicos, se eu girar a saída do cano para a esquerda, cancela uma magia de encolhimento imposta nas balas, que ficam grandes como bolas de canhão. Se eu girar para a direita, elas saem concentradas com minha magia. Fora isso, também tem–

—Tá bom Takashi, ela entendeu. Ela não precisa decorar todos os detalhes dessa arma. – Respondeu Skanfy, que via que Camille estava quase sobrecarregada de informação.

—Uma vez, a gente quase morreu por causa dessa arma, por terem pego ela no lugar onde estávamos. – Comentou Asura. – Ele saiu completamente do plano só pra pegar ela de volta.

—Ele ama mais que sua vida essa garrucha. – Falou Nier. – Mas ela de fato é uma peça extraordinária de magia. Mas vamos voltar, está na hora de ir pro Delito. 

Andando mais uns metros, a fada sente algumas presenças se aproximando, e se posiciona em direção a ela.

—O que houve, Skanfy? – Pergunta Takashi, e todos sentem o que está se aproximando.

—Capitaine, Asura… Não acham essa presença parecida com aquilo? – Indaga a fada.

—Sim… lembra levemente a gárgula demoníaca de Rodório. – Responde Nier.

—Parece que eu perdi muita diversão, não é mesmo? – Fala com um tom relativamente triste o Pecado da Ganância.

—Nem imagina o quanto, Takashi. Se lembra daquela missão que tivemos que lutar contra aqueles lagartos de sangue amarelo? E no fim tinha um de sangue azul? Era mais ou menos aquilo. - Asura relembra uma das várias missões dos pecados.

Vindo pela estrada principal de Araruna, quatro cavaleiros sagrados, de armaduras brilhantes, com um emblema de uma águia segurando uma cabeça de bode pelas garras nos braços e no peito de suas armaduras, e um padre pálido de olhos escuros, alto, forte, com um rosto com feições quadradas e um chapéu com abas para cobrir as orelhas, carregando uma pesada e enorme bíblia.

—Eu conheço eles, pessoal! Eles são o grupo de Cavaleiros Sagrados Bode Voador, que servem diretamente a Vincent, um dos membros da Psychomachia! – Exclama Camille, com ela e os Pecados olhando escondidos de um beco.

—Alguma ideia do porquê de eles estarem em Araruna aqui e agora, princesa? O Reino abandonou essa cidade faz décadas. E eu sei do que estou falando. – Pergunta Takashi.

—Não faço ideia… talvez tenha algum grande criminoso aqui que fugiu da Capital recentemente, ou descobriram que estávamos viajando para cá. Seja como for, eles são perigosos e poderosos...

—Nada que não possamos derrotar. J'imagine. – Fala Skanfy com certa convicção na voz, sorrindo levemente

Nier estala o pescoço e veste seu Tesouro Sagrado. Ele toma a frente da equipe e fala, em alto e bom tom:

—Pessoal, formação de batalha cinco! – E eles se espalham.

—He! Essa cidade só tem a escória da escória! – Fala o cavaleiro com armadura roxa esguia, Nisk.

—Não sei por que essa vila não foi queimada com o passar dos anos, ela está muito na fronteira e só nos traz problemas. – Realça Dost, um cavaleiro de armadura verde-musgo, com cerca de 2,6 metros de altura e forte como uma montanha. – Aliás, essa carroça tem o que, hein?

—A vontade de Deus é que essas pessoas vivam em regiões desoladas para expiar seus pecados de vidas passadas, e que um dia possam ascender ao paraíso ao lado de Seu trono. – Fala o grande padre Zugmon, que seguia a frente e no centro da formação de cavaleiros. – E respondendo sua pergunta, Dost, um sino para chamarmos todos para onde estamos indo.

—O que essas mulheres fizeram na vida passada para serem putas de uma espelunca como essa, hein? – Pondera Fonpu, uma cavaleira baixa e atarracada, de armadura azul-marinho

—Com certeza algo terrível, não quero nem imaginar, só de pensar nisso dá arrepios! – Responde Telia, uma cavaleira de estatura mediana com armadura cinza escuro.

Com tal conversa, os residentes de Araruna olhavam por entre as janelas para aqueles cavaleiros com certa esperança nos olhos, de que eles fossem finalmente começar a instaurar a ordem nessa vila há muito esquecida por todos das vilas mais próximas à capital.

Então, os cavaleiros chegam no centro da cidade. Dost e Zugmon retiram com cautela o grande sino dourado e o fixam no chão com uma magia de terra do cavaleiro verde-musgo. Quando preso no chão, Zugmon badala o sino com toda sua força sobre humana e grita para todos na cidade se aproximarem. Quando os populares começam a se aglomerar na frente do sino e dos cavaleiros, o padre sobe em uma caixa e se põe a discursar:

—Caros cidadãos de Araruna, ouçam todos! Nós, da ordem da Igreja da Salvação, nos aliamos com o Reino de Lioness para começar a trazer paz para todas as vilas fronteiriças do reino. Na nossa primeira expedição eu, Zugmon, me aliei à ordem de Cavaleiros Sagrados Bode Voador, e começaremos hoje a purificação dessa cidade.

Com o fim das palavras do padre, urros de alegria e felicidade são ouvidos dos moradores da cidade, que finalmente poderiam dormir sem medo de serem roubados ou mortos durante seu sono.

—Então, para agilizar o processo, erradicaremos todos os malfeitores da cidade. Você! – O padre aponta para um homem em farrapos no meio da multidão, um clássico batedor de carteiras. – Um ladrão! Você deve morrer! God’s Feather! – O padre dispara uma pena de metal que atravessa do ladrão, que cai morto no chão.

Ao contrário do que normalmente se esperaria de uma cidade civilizada, Araruna ovaciona as atitudes do padre, que acabara de matar uma pessoa na multidão.

—Cacete, esse povo é maluco… lembram você, Takashi. – Fala com um sorriso debochado Asura.

—Não enche, vampirinho. Sorte sua que está anoitecendo, mas parece que o espetáculo, vai ser noturno. Veja!

O pecado da ganância aponta a instalação de tochas pela cidade pela magia dos cavaleiros, com o de verde-musgo criando as estruturas, e a de armadura cinza escuro incendiando os topos.

—Seria muito indecente eu sugar o sangue daquele cadáver? Digo, fazer o sangue vir para cá, escorrendo…

—Me diga como você não quer ser pego fazendo isso. Se não mostrar como, nem pense.

—Droga… eu tô com fome, faz tempo que não bebo sangue humano, sangue de gárgula tem gosto de cerveja choca e quente… – Um ronco sai da barriga vazia de Asura. – E vamos entrar em batalha, não posso entrar despreparado… será que você, como um grande amigo…

Takashi coloca calmamente a mão no bolso, puxa sua garrucha e encosta o furo do cano na testa de Asura.

—Nem tente. 

—Eu já entendi! Cruzes…

Asura abaixa a arma de Takashi e volta a olhar das janelas do terceiro andar do prédio em que eles se encontravam. Alguns metros mais afastados do local, Skanfy se encontrava flutuando deitada de bruços em cima de uma laje, com Camille sentada do lado abraçando os joelhos.

—O que o Capitaine está pensando, hein? Poderíamos fugir agora… – Fala a fada quase morrendo de preguiça, se espreguiçando ao pôr do sol. Se preguiça de fato matasse, ela estaria morta agora, como...

—Espero que os civis não se machuquem… – Camille interrompe os pensamentos ruins de Skanfy, com uma frase muito bonita.

— À quel point es-tu gentil, Camille. Sempre pensando na vida das outras pessoas…

—O que eu posso fazer? São cidadãos do meu reino, eu devo protegê-los! Até mesmo de monstros que deveriam protegê-los… – Fala em tom choroso.

Skanfy olha para a amiga e sorri suavemente.

—Isso é uma das coisas que eu gosto de você, Camille. Sempre pensa em como ajudar o reino. – A princesa fica um pouco envergonhada pelo elogio e sorri para a fada melancolicamente.

—Infelizmente, só vocês fazem o trabalho pesado, eu só vou atrás de vocês e sou resgatada… Eu odeio ser fraca… – Fala enfiando o rosto nos joelhos.

—Todos somos especialistas em algo. Talvez você ainda não saiba no que é boa em combate. Gostaria de aprender a usar um arco? Posso te dar umas lições quando voltarmos ao bar. É claro, se eu não estiver dormindo.

—Sério? – Fala a princesa animada, com seus olhos brilhando. – Eu amaria!

—Ah, e Camille… Desculpa por não conseguir te proteger mais cedo. Se algo acontecesse com você, eu– Skanfy é interrompida por Camille tapando sua boca.

—Não precisa disso. Agora que você vai me ensinar como usar um arco, poderei me defender dessas coisas. Não é? – Ela expressa um sorriso caloroso e contagiante para Skanfy.

—Oui, é sim!


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