Com a aproximação do final de semana, Frank ficava cada vez mais apreensivo com o encontro que teria com Alice, mesmo percebendo que a relação dos dois havia evoluído, desde o dia em que Elizabeth se passou por ele e a convidou para sair.

Longbottom sonhava com aquele momento, desde a primeira vez que viu a garota sendo selecionada para a Grifinória, e saber que aquele desejo se realizaria em poucos dias, o fazia sentir um peso sobre seus ombros, por causa do tempo que havia esperado por aquele momento.

O seu receio era o de falar ou fazer algo errado e assim, perder a oportunidade de demonstrar para a garota o quanto a amava.

—Calma, Frank.  – Pediu Henry – Vai dar tudo certo.

—E se eu fizer alguma besteira, como derramar alguma bebida nela? – Questionou, nervoso – Vocês sabem muito bem, que eu vivo fazendo isso.

—Se você fizer isso, ela vai entender que não foi de propósito – Afirmou Raven – Ela te conhece há muito tempo, já deve ter percebido que você é estabanado.

—Além do mais, ela já gosta de você, mesmo sabendo disso. – Apontou Lizzie.

—Você deve ter percebido algo de errado, quando foi falar com ela. – Retrucou Longbottom. – A Alice não deve gostar de mim.

—Se ela não gostasse de você, não teria aceitado o convite para um encontro. – Rebateu, Mcguire.

—Segue o plano que a gente montou para você. – Pediu Henry – Começa conversando com ela, a respeito dos musicais, que é um assunto que vocês têm em comum. – Aconselhou – Depois vocês desenrolam outros assuntos.

—Eu vou me esquecer de falar dos musicais. – Disse nervoso – Na verdade eu vou me esquecer de falar qualquer coisa para ela.

—E se eu for com você? Mas sem que ela perceba. – Sugeriu Elizabeth.

—Mas como? – Questionou Frank.

—Como vocês vão naquele restaurante de casais, que não é tão cheio como o Três Vassouras, eu posso te seguir coberta com a capa do Henry. – Explicou Mcguire – Se você travar, eu sussurro o que você deve dizer. – Fez uma pausa – Aí, quando você estiver mais confortável, eu vou embora.

—Você não ia sair com o Black, no sábado? – Questionou, Raven.

—Eu desmarco com ele. – Respondeu Elizabeth, de prontidão.

—Ele não vai ficar muito feliz com isso. – Apontou Henry.

—Eu vou dizer para ele, que preciso ajudar um amigo. – Informou, Lizzie – Inclusive, deixa eu fazer isso agora, antes que eu me esqueça. – A garota encarou Longbottom – Frank, qual é a senha de hoje?

—Pera aí, deixa eu ver no papel. – Disse, retirando uma lista de seu bolso traseiro – A senha é suco de abóbora.

—Obrigada, a gente se vê mais tarde. – Avisou, se afastando dos três amigos.

Após percorrer alguns corredores, Elizabeth conseguiu avistar o quarteto da Grifinória andando no sentido do próprio Salão Comunal, e com isso se apressou para alcançar Sirius Black, antes que eles entrassem no recinto.

—Eu preciso falar com você. – Pediu Mcguire, assim que se aproximou totalmente dos estudantes.

—Comigo? – Perguntou Black, sorridente.

—Não, com o Van Damme. – Respondeu secamente, fazendo os demais alunos rirem discretamente.

—A gente se vê lá dentro. – Avisou Remus, caminhando para longe na companhia de James e Pedro.

—E o que você veio fazer aqui, além de admirar a minha beleza? – Perguntou presunçosamente, ao posicionar as mãos na cintura da garota.

—Eu vim te avisar, que no sábado nós não vamos sair. – Respondeu, o encarando seriamente.

—E por quê? – Questionou, confuso.

—Eu preciso ajudar um amigo. – Respondeu, Lizzie – E antes que você me pergunte de quem se trata, eu não posso falar, é um segredo.

—Eu já sei quem você vai ajudar. – Afirmou de maneira confiante, antes de beijar a bochecha da garota.

—Ah é, mesmo? – Elizabeth duvidou.

—Você vai ajudar o Longbottom. – Respondeu Sirius, antes de beijar o canto da boca da estudante.

—E por que você acha isso? – Questionou, Mcguire.

—Porque no sábado ele vai sair com a Fortescue. – Respondeu, afastando o rosto do dela, para que pudesse encará-la com atenção.

—Nossa, como você é fofoqueiro. – Zombou.

—Toda a Grifinória sabe. – Explicou – Está até rolando uma aposta com alguns alunos, por causa desse encontro.

—E como é essa aposta? – Perguntou Elizabeth, que estava surpresa com aquela informação, afinal aquilo não havia chegado aos ouvidos de Frank e muito menos de Alice.

—Nós apostamos se o Longbottom consegue beijar a Alice ou não. – Respondeu animado, antes de perceber a feição de Elizabeth mudar completamente.

—Não foi você quem criou isso, né? – Perguntou, afastando as mãos de Sirius de sua cintura.

—Sim, fui eu. – Respondeu confuso, antes de tentar se aproximar da garota novamente.

—Você é um imbecil. – Lizzie o ofendeu, já irritada – Se a Alice descobrir isso, vai achar que o Frank está sabendo da aposta.

—Mas ele não sabe de nada. – Rebateu Sirius.

—Até o Frank conseguir provar isso, a Alice vai ficar magoada com ele. – Explicou, se esquivando do rapaz que tentava segurar um de seus braços – Quer saber, eu vou falar com ela a respeito dessa palhaçada.

—Espera. – Pediu o rapaz, se colocando na frente de Elizabeth – Você não acha que está exagerando?

—Você fala isso, porque nunca passou por algo parecido. – Respondeu, o encarando seriamente.

—E você, por acaso passou? – A confrontou, não entendendo a reação de Mcguire que parecia transtornada com aquela situação.

—Passei. – Respondeu, o encarando seriamente – Agora, sai da minha frente.

—Eu não... – Dizia Sirius, antes de ser empurrado por Lizzie, que caminhou apressadamente para a sala de estudos, pois sabia que a garota estaria lá e na companhia de Evans.

No caminho, Elizabeth se recordou da vez em que uma aposta fora realizada em Ilvermorny por um estudante da casa Pássaro-Trovão, que garantia conseguir ficar com qualquer aluna, inclusive com ela que era julgada como arrogante e metida, pela maior parte dos alunos daquela instituição.

A pior parte de toda aquela situação, não vinha do fato de Elizabeth saber que havia sido enganada pelo estudante, que se gabava por ter conseguido beijá-la, e sim pelas inúmeras investidas desrespeitosas que ela havia angariado de outros alunos, após o ocorrido.

—Alice, eu posso falar com você? – Perguntou a sonserina, antes de se sentar em uma cadeira próxima à estudante.

—Claro que pode. – Respondeu preocupada, ao perceber a feição séria que estampava o rosto de Mcguire.

—Eu vou deixar vocês a sós. – Avisou Lilian, se levantando.                

—Não, você pode ficar. – Afirmou Lizzie, antes de iniciar o assunto – Eu fiquei sabendo que criaram uma aposta dentro da Grifinória, para saber se o Frank consegue te beijar no sábado ou não.

—O que? – Perguntou Fortescue, indignada.

—Olha, eu posso te garantir que o Frank não sabe dessa aposta. – Disse Elizabeth, no intuito de acalmar a garota – E assim que eu soube dessa palhaçada, eu vim te falar para que você não fique magoada com ele.

—Muito obrigada, Lizzie. – Agradeceu, Alice.

—Foi o Black quem criou a aposta, não foi? – Questionou Evans.

—Ele mesmo. – Respondeu Mcguire.

—Que imbecil, por que ele tem que se meter em tudo? – Perguntou Alice, irritada.

—Aposto que o Potter também está participando disso. – Apontou Evans, igualmente irritada.

—Provavelmente. – Concordou Elizabeth, cabisbaixa.

—Você está bem? – Perguntou Evans, ao perceber o semblante triste no rosto da colega.

—Estou... – Respondeu a sonserina –... é que eu passei por isso em Ilvermorny e toda essa situação me fez recordar de algumas coisas desagradáveis.

—Eu sinto muito que você tenha passado por algo assim, Lizzie. – Disse Lilian, ao segurar a mão de Elizabeth.

—Se você quiser desabafar com a gente, nós podemos ir para um banheiro abandonado. – Sugeriu Alice.

—Não, eu estou bem. – Afirmou Elizabeth – O importante é que você não fique magoada com o Frank.

—Tem certeza? – Perguntou Evans, preocupada.

—Tenho sim. – Respondeu de prontidão – Bom, agora eu vou embora, antes que algum aluno me expulse por fazer baralho. – Disse, antes de se levantar – Bons estudos, meninas.

No instante em que Mcguire saiu da sala de estudos, Sirius, que a aguardava no lado de fora, segurou a sua mão para que tentasse conversar com ela.

—Lizzie, eu... – Dizia Sirius, antes de ser interrompido pela estudante, que se afastou dele.

—Me deixa em paz. – Pediu, dando as costas para o aluno.

—Como eu ia saber, que você tinha passado por isso em Ilvermorny? – Perguntou, sem receber qualquer resposta de Elizabeth que continuou caminhando apressadamente – Espera, me ouve.

—Eu já te disse para me deixar em paz. – Pediu irritada, ao olhar para trás – Eu não sei como eu fui me esquecer de quem você é.

—E quem eu sou? – Perguntou Sirius, que havia se incomodado com aquela afirmação.

—Um egoísta que vive se divertindo às custas dos outros. – Respondeu a garota, que o encarava seriamente.

—Eu sinto muito se eu te magoei. – Disse Black, sem argumentos para rebater a fala da jovem.

—Não sente não. – Retrucou Elizabeth – Agora me faz um favor, vai correr atrás das garotas idiotas que gostam de você, para que elas parem de encher o meu saco.

Sirius permaneceu estático na mesma posição, até que Elizabeth saísse de seu campo visual.

Talvez ela tivesse razão em afirmar que ele se divertia às custas de outros alunos, mas a sua intenção nunca fora a de machucar ninguém, com exceção de Severus Snape, ao qual supria um sentimento de asco.

—Satisfeito? – Questionou Evans, que acabara de sair da sala de estudos com Fortescue.

—Por que você e os seus amiguinhos idiotas ficam se metendo, aonde não foram chamados?  – Questionou Alice, irritada.

—Olha... – Dizia Sirius, antes de ser interrompido por Lilian.

—Quer saber, só saí da frente, porque a gente precisa alcançar a Lizzie. – Afirmou Alice, se enrolando no braço de Lilian, para que pudessem se afastar de Black.

—O que mais falta para acontecer? – Reclamou Sirius, antes de perceber a presença de um aluno da Grifinória que se aproximava dele.

—E aí Black, ainda dá tempo de entrar na aposta do Longobottom? – Questionou o estudante.

—A aposta foi cancelada. – Respondeu Black.

—Cancelada? E por quê? – Perguntou confuso, afinal ele havia acabado de saber da aposta por meio de um amigo.

—Não interessa. – Respondeu Sirius rispidamente, antes de se afastar.

(...)

Frank e Alice caminhavam juntos no lugarejo de Hogsmeade, ambos notoriamente felizes por estarem um na companhia do outro, apesar de Longbottom permanecer nervoso por causa daquele momento tão aguardado por ele.

—Sabe, naquele dia que você me chamou para sair, eu fiquei pensando no quanto nós somos parecidos e nunca percebemos. – Afirmou Fortescue.

—Isso é verdade. – Concordou o rapaz, antes de perceber a chegada de Elizabeth que estava coberta pela capa da invisibilidade e cutucou o seu braço.

—Fala mais alguma coisa. – Sussurrou Lizzie.

—Já estamos chegando. – Avisou o rapaz, apontando para o estabelecimento – E eu estou morrendo de fome.

—Eu também, Frank. – Concordou a jovem.

Após serem recebidos por um dos funcionários do restaurante, os jovens foram acompanhados até uma mesa que ficava em um dos cantos do local, para que tivessem uma maior privacidade, sendo essa uma estratégia do próprio comércio.

Casais que aparentavam estar se conhecendo ficavam em cantos reservados, e casais que já demonstravam intimidade eram posicionados no centro do restaurante.

—Nossa, que lugar aconchegante. – Elogiou Alice, impressionada – Olha, tem até uma rosa no centro da mesa.

—Fala para ela “a beleza dessa rosa, combina com a sua”. – Sussurrou Mcguire.

—A beleza dessa rosa, combina com a sua. – Afirmou Longbottom, sem acreditar que havia conseguido dizer aquela sentença sem gaguejar.

—Obrigada, Frank.  – A garota agradeceu, com um sorriso enorme em seu rosto.

—Fala dos musicais. – Sussurrou Elizabeth.

—Você viu que vão fazer uma continuação do Grease, mas sem os personagens originais? – Perguntou Frank.

—Isso vai dar muito errado. – Debochou Fortescue – Como eles querem fazer uma continuação sem os atores do primeiro filme?

—Pois é. – Concordou Longbottom – Onde já viu fazer uma continuação sem o John Travolta e a Olivia Newton-John.

—Me diga, Frank, qual é o seu solo favorito em Grease? – Questionou.

—Com certeza “Hopelessly Devoted To You”. – Respondeu, de prontidão.

—O meu também. – Concordou animada – Caramba, nós somos muito parecidos.

—Quem diria. – Disse Longbottom, timidamente.

—E por que você diz isso? – Perguntou, a estudante.

—Você é uma garota tão especial.... – Respondeu, a encarando – ...quando eu ia cogitar na possibilidade de nós sermos tão parecidos e que você aceitaria sair comigo. – Fez uma pausa – Ainda mais com tantos caras querendo uma chance com você.

—É, tem muitos caras querendo sair comigo, Frank. – Revelou Fortescue – Mas você foi o único que eu aceitei o convite.

—Mas por quê? – Perguntou, confuso.

—Mas tu é lerdo, cara. – Sussurrou Elizabeth.

—Eu gosto de você, Frank. – Revelou, o encarando com atenção.

—Vai, fala que você gosta dela também. – Sussurrou Lizzie.

—Eu também gosto de você, Alice. – Revelou, timidamente.

—Tô vazando, tchau. – Avisou Elizabeth baixinho, ao perceber que não precisava mais estar ali para ajudar o amigo.

Com muito cuidado, para não esbarrar em ninguém, Mcguire caminhou até um beco abandonado do vilarejo e retirou a capa que a cobria, a guardando em sua mochila, em seguida.

Em seguida, a garota procurou Raven e Henry para contar a novidade de que o amor de Longbottom era correspondido por Fortescue, mas ao invés de encontrar os amigos, acabou cruzando com Sirius que iniciou uma conversa quando a viu.

—Eu estava te procurando. – Informou, se aproximando da garota.

—Eu não quero falar com você, Black. – Avisou, se desvencilhando do rapaz.

—Eu cancelei a aposta. – Comunicou, sem receber qualquer atenção de Elizabeth que continuava andando para longe dele – Você ouviu o que eu disse?

—Ouvi. – Respondeu, o encarando – O que você quer que eu faça, que eu te dê os parabéns pelo mínimo.

—Não precisa ser grossa assim. – Reclamou.

—Se você não quer que eu seja grossa com você, não fale comigo. – Pontuou, antes de avistar os amigos na porta da Dedos de Mel. – Agora, passar bem.

—Passar bem. – Replicou Sirius, irritado.

Ao chegar perto dos amigos, Elizabeth contou a eles o que tinha acontecido entre Frank e Alice e como esperado, os dois comemoraram a notícia com ela.

—Eu não falei que ela gostava dele. – Afirmou Lizzie.

—O Frank deve estar muito feliz. – Apontou Henry – Eu não acredito que finalmente aconteceu.

—Agora só falta a Raven e o Remus se acertarem. – Disse Mcguire.

—Ai menina, nem me fale. – Disse a corvina – Mas vem cá, você ainda não se acertou com o Black?

—Não, e nem vou. – Afirmou Elizabeth, convicta.

—Você continua irritada por causa da aposta, ou está aproveitando a chance para fugir do Black, porque percebeu que está gostando dele de verdade? – Perguntou Henry, a encarando seriamente.

—Para de jogar verdades na minha cara, por favor. – Pediu, zangada.

—Amiga, qual é o problema de gostar dele? – Perguntou Raven.

—O problema é que daqui há duas semanas, ele já vai ter enjoado de mim. – Explicou – Só uma idiota para esperar algo diferente dele.

—E se ele estiver gostando de você também? – Perguntou a corvina – De verdade.

—O Black gostar de alguém? – Lizzie gargalhou – Por favor, né.

—E se você estiver errada? – Questionou Raven.

—Eu não estou. – Respondeu, com certeza – E tem mais, eu não quero ficar presa a ele, porque sou adepta a teoria da Branca de Neve.

—Teoria da Branca de Neve? – Perguntaram os dois juntos.

—Porque só ter um, se eu posso ter sete. – Respondeu, antes de rir da citação.

—Acho melhor a gente ir embora, antes que mais uma pérola como essa, saia de você. – Afirmou Henry.

—É melhor mesmo, eu não estou bem. – Concordou Elizabeth, antes de perceber que Sirius a encarava de longe.

—Ai Lizzie, olha a carinha dele de cachorro abandonado. – Disse Raven, se divertindo.

—Nem ligo. – Deu de ombros – Agora vamos, antes que o Frank saia do restaurante com a Alice e a gente não consiga disfarçar que sabe o que aconteceu lá dentro.

—É verdade, vamos embora. – Concordou Raven.

—Vamos. – Disse Elizabeth, antes de olhar para Black pela última vez.