Quando a noite caía e a Lua cheia brilhava no céu, os moradores da pequena vila fechavam suas janelas. Não sabiam onde ela estava e o que poderia fazer; o melhor era se proteger e evitar qualquer mal.

Quando a coruja chirriava, e a brisa soprava, os animais da floresta se encolhiam e inclinavam suas cabeças, em sinal de respeito a ela.

Quando o lago refletia todas as estrelas, ela passeava por aí, quebrando pequenos galhos nas matas ou espiando pelas janelas das casas. Não importava onde, ela estava lá.

Quando os moradores se juntaram para procurá-la, alhos, terços e facas nas mãos, ela não se intimidou. No entanto, não se revelou, e o problema continuou.

Quando a polícia experiente se juntou para capturá-la, falhou: ela era esperta e conhecia os arredores. Quando vinham por céu, ela estava na terra; quando vinham por terra, ela voava. E se estivessem perto, desaparecia, permamecendo ao pé do ouvido do mais cético dos caçadores, apenas para exalar seu hálito úmido perto deles, fazendo-os arrepiar.

Quando as histórias começaram a surgir, cada vez mais horripilantes, cada vez mais sangrentas, ela quase sorriu, sentindo o gosto da fama que ganhava por fazer tão pouco. Por vezes, mais do que poderia contar, nada fazia, e eles ainda tremiam e juravam vê-la, de relance, no escuro.

Para os moradores, ela era tão terrível quanto qualquer mosntro ou guerra. Eles viviam com medo, inseguros ao sair de casa, receosos até para dormir. Eles não tinham paz: onde quer que ela estivesse, estava fazendo suas atrocidades, assustando crianças, ferindo pessoas. Ela existia, e isso bastava para que a temessem. Ela ganhava força mesmo quando não fazia coisa alguma. Ela era aquilo que diziam ser. Era uma lenda.