Parado em frente à porta, aperto a alça da mala na mão. Não era pra ser assim. Nunca imaginei que chegaríamos a esse ponto, mas é como dizem, não é? "Para tudo, existe uma primeira vez". Não que quisesse me prender àquele sentimento, mas como recomeçar? Como tentar de novo, sem você? Eu quis, eu insisti, mas você... Você pareceu se perder de mim.

Suspiro, fechando os olhos e inclinando a cabeça. As coisas são assim... As pessoas são assim... Nada é muito simples, nada é tão fácil. Quando as coisas parecem melhorar, a vida nos mostra que nada nunca mudou. A gente que se iludiu. E eu me iludi quanto a você.

Confesso, eu não esperava que fosse ser assim. Embora ouvisse os rumores, eram apenas rumores; a verdade a nós cabia, e a ninguém mais. Mas a sua verdade era falsa. O seu "pra sempre" durou pouco e, na primeira oportunidade, você se foi. Me deixou para trás com os projetos que fizemos juntos, com as lembranças e com a saudade. Pensando bem, você deu indícios do que faria; eu que não percebi.

Até ontem, podia ver seu sorriso, te ter em meus braços, bagunçar seus cabelos. Mas hoje, hoje é só solidão. Só eu e esta casa, que um dia foi nossa. Ela esteve nos nossos planos, assim como você esteve em todos os meus. Será que, algum dia, realmente estive nos seus?

Finalmente tranco a porta, jogando a chave no primeiro cesto de lixo que vejo. Não é como se eu quisesse guardar comigo aquela "doce" recordação. Em meus devaneios, desejo que o imóvel pegue fogo, bem como as memórias que ainda guardo de ti. Desejo que tudo desapareça, e que eu volte a viver como se você nunca tivesse existido na minha vida. Na sua, eu já sou passado; na minha, eu desejo o mesmo. Sei que vai demorar. Mas... é, eu vou conseguir. Vou sobreviver. Antes um coração partido que um coração parado. Eu ainda vou te esquecer.