Um dia ensolarado de verão dá início ao ano letivo da faculdade de Konoha. Muitos alunos apressados para saber quais serão suas turmas e outros nem tanto. O que era o caso de Chouji Akimichi e Shikamaru Nara.

Alunos já do terceiro semestre, Chouji fazia gastronomia e Shikamaru Engenharia Elétrica. Eram amigos desde a infância. Sempre chegavam juntos à faculdade e sempre se encontravam no intervalo de aulas.

Konoha era uma grande faculdade pública, então só os melhores alunos de todo o país, até do mundo, conseguiam entrar lá. Para entrar na Faculdade de Konoha, era preciso fazer uma prova super concorrida. E, claro, contava com o sistema de cotas para os alunos mais necessitados.

Tanto Chouji, como Shikamaru entraram em Konoha sem o sistema de cotas e com muito esforço e estudo, mais esforço e estudo da parte de Chouji, porque Shikamaru era o que chamamos de gênios.

Eles sempre foram mais reservados, mas acabaram fazendo muitas amizades na faculdade, afinal, Ino, uma das amigas de infância que também conseguiu passar para psicologia em Konoha, era uma das mais populares de toda a universidade.

― E ai, meus “mortinhos” favoritos? ― gritou Ino ao ver Shikamaru e Chouji conversando no meio do jardim da faculdade.

― “Mortinhos”? ― perguntou Chouji com um sorriso no rosto e pronto para abraçar a amiga.

― Olha a cara de sono do Shikamaru. ― ela falou.

― Ele pode ser o “mortinho”, eu não, estou muito bem hoje. ― falou ele bagunçando o cabelo da amiga.

― Você poderia ser receptivo assim também, Shika. ― Ino falou apertando a bochecha do amigo.

― Ah, que saco! O ano nem começou ainda e você já está implicando comigo.

― Eu sempre vou implicar com você, Shika, entenda.

Ino abraçou Chouji mais uma vez e Shikamaru também, mesmo contra a vontade dele. O Nara não era muito afetuoso, mas Ino sempre falava que era porque ele ainda não havia encontrado o amor de sua vida.

― Um dia, Shikamaru, você vai ser tão grudento, insuportável, com alguma pessoa, que você vai lembrar do que eu estou te falando. ― falou a loira indo em direção à sua sala.

Shikamaru revirou os olhos, Chouji e Ino riram dele porque sabiam que era a pura verdade.

Enquanto Chouji queria muito arranjar uma pessoa para demonstrar todo afeto e carinho que tem guardado dentro de seu coração, e mesmo assim era super inseguro. Shikamaru nem pensava nessa hipótese. Tinha atração por algumas meninas, mas acabava cansando de todo o trabalho que dá gostar de alguém, e todos falavam que ele era tão inteligente, pensava tanto, que o coração pifava.

Assim que Ino deixou os dois amigos, Chouji resolveu que também iria para a sua sala, sabia que as primeiras aulas eram sempre conversa fiada de professores, mas precisava muito entrar.

Shikamaru não falava, mas sabia que o amigo ficava agoniado para entrar em sala de aula toda vez que Karui passava.

― É, acho que já deu minha hora. ― falou o Akimichi fingindo que Shikamaru não sabia o motivo.

― É né, chegou. ― Shikamaru respondeu se fingindo de besta. ― Bom, eu vou também, quem sabe antes daquela falação dos professores eu não consigo cochilar mais um pouquinho.

Cada um foi para o seu respectivo curso, mas o quão nervoso Chouji estava para encontrar Karui, Shikamaru nunca iria entender, calcular ou tirar conclusão, era inexplicável.

Karui era uma intercambista, havia passado em Konoha com a ajuda de cotas e, claro, com muito estudo e dedicação. Era uma mulher negra, com cabelos pintados de vermelho, olhos cor de mel, tinha um sotaque forte do seu país, Kumogakure e uma personalidade mais forte ainda. Dona de uma razão sem igual e que não deixava nenhum homem brincar com ela. 

Desde o primeiro segundo que Karui entrou na sala de aula, Chouji sabia que estava apaixonado. Sabia também que ela era muita areia para o seu caminhãozinho, e desde o primeiro semestre cria uma paixão platônica (ou nem tanto), por ela.

Chouji nunca soube como conversar sobre seus sentimentos para Karui, e tinha medo de falar e ela interpretar de uma forma errada, como se ele fosse um cara ruim. Mas se enchia de alegria e amor só de poder olhar para ela todos os dias pela manhã.

Depois de 15 minutos dentro da sala de aula fingindo que estava preparando seu material para a primeira aula, que, com certeza seria teórica, os outros alunos foram chegando dentro da sala e Chouji pode se sentir um pouco mais confortável para observar Karui sem que ela o achasse um maluco, pois estava entretida com Hinata, sua amiga.

Chouji sabia que nunca seria fácil tentar algo com Karui, e nem pensava na hipótese de um dia ela querer algo com ele. Mas só de poder observá-la, mesmo que de longe, já era alguma coisa.

As aulas foram passando, e como Chouji havia suspeitado, seriam somente aulas teóricas naqueles 3 primeiros dias. Prestou atenção em tudo e fez suas anotações, apesar de ser apaixonado pela intercambista, Chouji sabia que amor não enche barriga, e sim comida na mesa, e estava estudando para fazer dinheiro com comida, os estudos eram sempre muito importantes.

O intervalo de aulas chegou e todos os cursos saíram de suas salas para comer algo, conversar, beber alguma coisa e claro, rever alguns amigos de outros cursos.

Chouji sabia que Shikamaru sempre estaria no mesmo lugar, tomando um café, que sempre falhava em deixar o amigo acordado, e fumando um cigarro, que infelizmente era viciado nessa droga. Apesar do Akimichi sempre dizer ao amigo que ele devia parar de consumir tanto café e cigarro, sabia também que Shikamaru era inteligente o bastante para saber os malefícios que aquilo faz com ele.

― E aí, como foi a aula? ― perguntou Chouji se sentando no banco onde Shikamaru estava sentado.

― Ah, mesmo blá-blá-blá de sempre ― falou Shikamaru dando um trago e soltando a fumaça o mais longe que podia de seu amigo.

― Eu queria muito entender como você é sempre o melhor aluno desta faculdade. Você nunca presta atenção em absolutamente nada, nem sei se você tem caderno.

― Meu caderno está aqui, ó ― disse apontando para a cabeça.

― Às vezes tenho inveja.

― Eu também tenho inveja de você, por sempre estar feliz e disposto. Queria ser mais sociável. 

― Ora, ora ― Chouji falou incrédulo se virando totalmente para o amigo ― depois dessa vou até comprar um salgado, já volto.

Akimichi saiu rindo de perto do amigo, parecia que o que Ino falou mais cedo havia surgido efeito, Shikamaru era um amigo maravilhoso para Chouji, que nunca se preocupou em receber declarações profundas de amizade, como Ino gosta. Shikamaru é mais reservado e mostra seus sentimentos dessa forma, pensando em algo e reformulando na sua cabeça se aquilo fazia sentido. O seu jeito de demonstrar amor é pensar nas coisas, refletir. Se a pessoa não for realmente importante, ele não se dá o trabalho nem de pensar.

Chouji comprou o salgado na cantina da faculdade e um café, voltou para o banco que Shikamaru estava e Ino já estava ali falando com o amigo. E, assim que Chouji se sentou, Ino deu a ele um panfleto.

― Aqui, festinha de boas-vindas aos calouros! E vocês vão! ― ela ordenou ― Ouviu Shikamaru? 

Chouji riu assoprando seu café e dando uma mordida no salgado quentinho.

― Vamos Shika, assim você demonstra que queria ser mais sociável como acabou de dizer pra mim. ― Chouji disse olhando para Ino.

― Ah, mas eu não acredito, você falou isso, Nara? ― Ino perguntou radiante.

― Eu não falei exatamente isso. ― Shikamaru bufou e Chouji riu alto fazendo outras pessoas olharem para eles.

― Claro que falou, agora é mentiroso além de preguiçoso? ― perguntou Chouji.

― Tá bom, tá bom, eu vou!

Ino abraçou Shikamaru fazendo o copo de café vazio cair no chão e Chouji gargalhar novamente.

― Eu sabia que você tinha um coração aí dentro de todos esses números e tal. 

― Sim, vai ser legal ― Chouji disse sorrindo.

― Claro que vai ― afirmou Ino ― E tem tanta caloura e intercambista nova, não é possível que você não se interesse por ninguém Shika. A última menina que você ficou com a Sakura e porque eu pedi muito pra você dar uma chance.

― Tadinha da Sakura, ela tá bem? ― perguntou Chouji com a boca cheia.

― Claro, está sim, ela está namorando agora com o Sasuke, aquele gostoso do curso de Direito. Você perdeu de vez, Shika.

― Nossa, que perda, não vou nem dormir à noite ― falou Shikamaru de saco cheio dessa conversa sobre relacionamentos.

― Eu sei que você não liga tá, chato ― reclamou Ino ― Mas ela estava realmente afim de você, só que…

― Só que ela preferiu ir atrás do Uchiha porque eu não queria sair todo final de semana. Eu realmente não sei que loucura vocês tem em sair de casa. ― Shikamaru falou e o sinal bateu para que todos voltassem às suas respectivas salas.

― É porque ninguém está morto, Shikamaru, por isso as pessoas gostam de sair de casa, mas enfim, acho que você só vai gostar de alguém quando essa menina gritar e mandar em você, tirando isso você não vai acordar pra vida não ― falou Ino indignada com a resposta do amigo ― Mas enfim, vocês irão na festa, ou eu vou buscar os dois pelos cabelos, ok?

― Por mim, já estou lá ― respondeu Chouji animado. 

― Você é um anjo Chouji ― falou indo sorridente para o amigo ― Viu Shika, aprende.

Ino voltou para a sua sala e os meninos também.

Assim que Chouji estava subindo o último lance de escadas, ouviu uma gritaria e apertou o passo para entender o que era. O tumulto estava grande e Chouji não conseguia ver, mas Hinata puxou a manga de sua blusa, e com olhar de desespero pediu ajuda ao Akimichi.

― Chouji, por favor, a Karui vai matar o Naruto!

Chouji saiu correndo em direção ao tumulto, abriu caminho para poder passar e com um reflexo maior do que o do homem-aranha, Chouji segurou o punho dela e a separou de Naruto, que já estava com seu olho esquerdo roxo.

― Não me segura! ― ela gritou sem olhar para quem fez isso ― Esse babaca veio mexer com a minha amiga.

― C-calma amiga ― falou Hinata assustada.

― Calma nada,  Hinata, ele ia tentar te beijar sem o seu consentimento, eu vi. 

Chouji soltou o braço de Karui e se colocou no meio dela e de Naruto.

― Ei, você precisa se acalmar, a Hinata está te pedindo― Chouji não sabia de onde tirou forças para falar com aquela mulher, mas naquele momento, era mais do que necessário, só ele era grande o suficiente para tirar o Naruto da reta sem se machucar.

O que Karui não sabia era que Naruto só estava limpando a boca de Hinata que estava suja, e ela realmente era apaixonada pelo Uzumaki. Estavam flertando há um tempo, mas Karui sempre achava o menino muito atirado, tinha medo que sua amiga, que era tão ingênua, se machucasse com um dos garanhões da faculdade.

― Eu não vou deixar você machucar minha amiga, entendeu?! ― Karui, com seu sotaque forte, gritou para Naruto como se só existissem eles ali.

― Eu não estava machucando ninguém ― respondeu ele em sua defesa.

― Hinata é muita coisa pra você, seu babaca!

Em poucos minutos, Neji, o primo de Hinata e estudante do curso de Engenharia Elétrica, colega de turma de Shikamaru, apareceu para saber o que estava acontecendo quando viu o nome de sua prima no meio. 

Neji também não ia com a cara de Naruto, olhou o roxo dos olhos do loiro e quis rir por dentro, mas como quase não sorria, preferiu se conter.

― Concordo com a Karui! ― falou ele cruzando os braços.

Hinata já desesperada se colocou na frente do Uzumaki e atrás de Chouji.

― Por favor, Karui. Eu te peço amiga, ele não fez nada, eu juro. ― suplicou Hinata para a amiga.

Karui abaixou a guarda e respirou profundamente. Cruzou os braços e olhou firmemente para a Hyuuga e para o menino com o olho inchado.

― Se você pensar em fazer mal para Hinata, eu mato você.

Ela saiu em disparada para a sala quando viu que os reitores e professores estavam vindo.

Naruto disse aos mesmos que ele escorregou e bateu o olho no corrimão, Chouji confirmou assim como todos os outros, ninguém era maluco de contrariar a intercambista.

As aulas voltaram, Naruto foi para enfermaria colocar um saco de gelo, mas antes Neji fez o favor de tirar uma foto do rosto dele todo deformado e guardar para os dias que ficasse bravo. Ver Naruto todo destruído o deixaria mais feliz também futuramente.

Hinata nada falou para a amiga sobre o que houve, não quis conversar mais sobre isso e sabia que a amiga havia feito o que fez para se defender. Apesar de tudo, sabia que ela era uma grande amiga. Já Chouji não tirava a cena de sua cabeça. Karui raivosa protegendo quem ela gosta, se sentia só mais apaixonado ainda em saber que aquela mulher não precisava de proteção, era independente e protetora.

O primeiro dia conturbado da faculdade de Konoha finalmente chegou ao fim, Chouji guardava suas coisas quando Ino entrou na sua sala alvoroçada.

― Karui! Karui! ― Ino gritou da porta. ― Quem é a heroína dessa faculdade?

A intercambista olhou para a loira na porta e só conseguia pensar que agora ela realmente não teria paz.

― Sou eu, porque? ― respondeu pronta para sair da sala.

― Apesar de todo mundo saber que a Hinata ia amar o Naruto dando em cima dela… ― Karui interrompeu Ino no mesmo instante.

― A Hinata é minha amiga, eu sempre irei defender ela. Sei que ela gosta do Naruto, do mesmo jeito que sei que ele não vale nada. Sei que não mando nas escolhas dela, mas eu quis dar o recado, e ele está dado.

Hinata extremamente envergonhada, não sabia o que dizer, estava super vermelha e sem conseguir respirar direito.

― Bom, agora que já te conheço, toma aqui o panfleto da nossa festa de boas vindas aos calouros. Espero mesmo que você vá. Vai ser super divertido, o grandão ali vai estar na festa também― falou Ino apontando para Chouji que enrubesceu na mesma hora.

― É, vou sim, vamos embora Ino… ― Chouji falou puxando a amiga pra longe.

― Vamos, e não deixem de ir tá legal!

Ino foi puxada pra fora da sala como se fosse um saco de batatas carregado por Chouji que não sabia onde enfiar a cara. Mas ao mesmo tempo, fez com que Karui o notasse mais uma vez.

Ela e Hinata olharam para o panfleto e a Hyuuga, com os olhos brilhantes falou pra amiga.

― Vamos vai, vai ser legal!

Karui não respondeu a amiga, mas toda aquela cena fez com que Karui olhasse Chouji, que claramente estava desconcertado com algo. O Akimichi brigou com Ino em uma distância que Karui não conseguiu ouvir, mas quando ele olhou para trás, somente para dar uma última olhada para Karui antes de sair de vista, ela ainda estava o encarando, com seu olhar penetrante, fez com que o coração de Chouji disparasse.