Isso não é Romeu e Julieta escrita por Lady Black Swan


Capítulo 6
Aquela oferta de paz...


Notas iniciais do capítulo

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Aaron estava tentando desamarrar sua mochila da cadeira para ir embora quando alguém bateu em suas costas e avisou “que tinha gente procurando por ele”.

—Quem? — perguntou sem erguer os olhos, quem diabos havia dado aquele nó?

—Um cara e duas garotas, uma delas é negra, mas tem o braço branco, é bem estranha.

Dessa vez sim, Aaron ergueu a cabeça. Ela?! 

—Espero que não tenha vindo até aqui para me arremessar mais alguma coisa, porque deixei meu capacete em casa. — reclamou quando chegou à porta.

Julieta olhou-o irada — mas suas mãos estavam vazias, então provavelmente não haveria perigo.

—Olha aqui seu idiota em primeiro lugar aquilo foi culpa sua!

—Minha culpa?! — repetiu boquiaberto, ela tinha ido ali só para aquilo?! — E como aquilo foi culpa minha?! Você é que do nada virou e…!

—Pra começar foi você quem primeiro…!

—Julieta. — Romeu a chamou severamente — Não foi isso que combinamos.

A garota olhou irritada para seu acompanhante e então soltou o ar pela boca e puxou o cabelo por sobre o olho esquerdo, na verdade essa parte de seu cabelo já estava até bem bagunçada, então talvez ela já estivesse fazendo aquilo há algum tempo, logo antes de voltar-se novamente para Aaron, e olhando-a de perto agora ele percebeu que alguns poucos cabelos em sua sobrancelha direita eram brancos.

—Me desculpe pelo que aconteceu no outro dia. — recomeçou.

—“Me desculpe”? — repetiu cruzando os braços ceticamente — Mulher, você tem ideia da força que tem nesse braço?

Parada um pouco mais atrás Margarida ergueu a mão.

—Eu tenho. — afirmou.

—Tá, desculpe ok? Eu não achei que você ficaria realmente mal!

Ela obviamente não estava se sentindo nenhum pouco responsável, Aaron estalou a língua.

—Eu tenho problema de enxaqueca.

Julieta hesitou.

—Enxaqueca?

—É por isso que estou sempre de óculos escuros: a luz irrita fácil os meus olhos e isso geralmente resulta em dores de cabeça. É genético, a minha mãe também tem, mas é pior para mim. Aquela bola fez parecer que uma supernova estava explodindo dentro do meu crânio.

Agora sim ela estava começando a se mostrar um pouco culpada.

—Eu… eu não sabia. — moveu o peso do corpo de um pé para o outro — E que tal… se eu te pagasse um lanche?

—Um lanche, sério? — sorriu sarcástico — Quando eu cheguei em casa eu acabei vomitando no pé de pimentas da minha mãe, por sorte consegui disfarçar que estava me sentindo melhor depois disso e continuei a fingir que estava passando muito mal. Se não estaria a um passinho assim de ir parar na emergência porque mamãe estava a ponto de me da-lhe com a chinela por aquilo. — ergueu a mão aproximando o polegar do indicador até suas pontas quase se tocarem — Mas mesmo assim estou sendo obrigado a ajudar com aquela selva lá, e você quer me pagar por tudo isso com um mero lanche?

Ela estava enrolando uma mecha de cabelo no dedo.

—Então… é melhor um almoço?

Aaron arqueou as sobrancelhas.

—Isso pode ser. — concordou.

Ela recuou, empurrando o cabelo para trás, revelando assim, por um instante, um pedaço de pele clara.

—Só não vai dar pra ser hoje, porque eu não preparei fundos para isso! — desconversou rapidamente.

—Por mim tudo bem. — deu de ombros enfiando as mãos nos bolsos. — Quando você quiser.

—Podíamos ir comer no shopping aqui perto! — Romeu sugeriu passando os braços pelos ombros de Julieta.

—Não, não, o restaurante a quilo que fica a duas quadras daqui é bem melhor! — Margarida também se intrometeu.

—Esperem um pouco! — Julieta reclamou — Eu não disse que ia pagar o almoço para todo mundo!

Margarida levou ambas as mãos ao peito.

—Então nós não podemos ir? — perguntou claramente atuando estar surpresa e ofendida — Vai ser um almoço a dois, é isso?!

—Não foi o que eu disse! — Julieta protestou — Vocês podem ir, mas não vou pagar para vocês!

—Obrigado. — Romeu agradeceu.

Só que Margarida ainda não estava satisfeita:

—Mas vai pagar para o Aaron.

—Sim, mas eu praticamente o nocauteei com aquele meu lançamento mortal vingativo! — defendeu-se.

—Eu também fui nocauteada por um arremesso vingativo da morte no ano passado. — Margarida argumentou cruzando os braços — E até agora não ganhei nenhum almoço grátis!

Afastando-se de Romeu, Julieta bateu o pé no chão.

—Margô, você sabe que aquilo foi um acidente! E você não teve uma crise de enxaqueca e nem vomitou depois!

—Mas vi estrelas — Margarida olhou-a solene.

—E também ganhou um galo enorme. — Romeu comentou.

—Mas de que lado você está?! — Julieta reclamou zangada.

—E posso jurar que por um momento ouvi meu falecido avô me chamando. — continuou Margarida.

—Ah, pelo amor de Deus! — Julieta exasperou-se.

—Quase apertei a mão desse aí também.

Àquela altura, Aaron já não conseguia mais segurar a gargalhada.

—Vocês me avisam quando decidirem alguma coisa, tá ok? — deu meia volta e entrou novamente na sala ainda rindo.

E Margô nem teve chance de pedir pelo whatsapp dele ou dar o seu próprio… ela pulou sobre as costas de Julieta.

—Mas que fura olho você é Juju! — reclamou.

Juju? — estranhou Romeu.

—Fura olho? — repetiu Julieta.

—Mas é claro! — Margô afastou-se indignada, empurrando-lhe os ombros — Chamando o meu Adônis para almoçar!

 

—Ah, pare com isso Margô, se tem uma coisa que aprendi com Benjamim foi que: se uma pessoa está brava o primeiro passo é oferecer comida. — Julieta girou os olhos e pegou o braço de Romeu para irem embora dali.

—Você sempre menciona esse Benjamim. — Margô comentou os seguindo — Ele é bonito?

—Ele é lindo. — Julieta sorriu bobamente por um instante, até de repente dar-se conta das intenções de Margô e virar-se alarmada e escandalizada ao mesmo tempo: — Margô! Ele é só uma criança!

—Ah é? — Margo estalou a língua, claramente decepcionada — E como eu ia saber? Quantos anos ele tem?

—Quatorze. — Romeu respondeu solícito.

—Treze. — corrigiu-o Julieta — Só fará quatorze em maio.

—Não é tão criança assim… ainda assim é novo demais para mim. — Margô suspirou desanimada.

—Acho bom! — Julieta bufou, segurando firme ao braço de Romeu.

Desde pequena Julieta costumava achar sua tia Valerie a mulher mais bonita do mundo e comparava-a constantemente com uma princesa, o filho dela, Benjamim, tinha lhe herdado a mesma tonalidade dos cabelos ruivos e dos olhos que ora eram cor de mel e ora eram verdes… e acabava por aí, em todo o resto, desde o os cabelos muito mais puxado ao encaracolado do que ao ondulado até o tipo físico baixo e roliço, Benjamin se saíra muito mais ao pai do que a mãe. Ele era uma criança adorável, e sempre que Julieta via-o queria abraçá-lo para nunca mais largá-lo… mas com certeza ainda era bastante estressante quando ele lhe ligava no meio da madrugada, em pelo menos uma de cada três semanas.

—Benjamim. — bocejou — Acho que vou ser um pouco mais insistente em dizer para a titia que ela te deu um celular cedo demais.

—Julieta! Julieta! — ele sussurrou eufórico — Você prefere branco, não é?

Branco o que? Julieta suspirou passando a mão pelo rosto.

—Claro. — resmungou — Branco.

—Eu sabia! — ele riu desligando.

Por que ela ainda não havia bloqueado o número de Benji mesmo?

Julieta pensou em voltar a dormir, mas quando olhou a hora em seu celular viu que já faltavam apenas dez paras as cinco, então jogando as cobertas de lado decidiu se levantar de uma vez antes que Astolfinho começasse a guinchar no quintal.

Tirando pela cabeça a camisa preta que usava para dormir, ela pegou um par de shorts qualquer que estavam sobre sua cadeira e ainda vestindo-os posicionou-se em frente ao espelho e girou de um lado para o outro para avaliar suas manchas.

Aquele losango cor de creme no seu esteno estava maior não estava? Não, não pense nisso, não pense nisso. Sem manchas novas. Suspirou aliviada.

—Não há nada de errado com você. — murmurou — Não é ruim ser diferente.

Pegou a camisa que estava pendurada na maçaneta de sua porta e saiu para procurar os tênis de corrida e o chapéu de Astolfo, gostava mais de caminhar quando Romeu também os acompanhava, mas não podia pedir a ele que acordasse cedo daquele jeito todos os dias — principalmente porque sabia que ele não sabia dizer não.

—O que você acha de darmos uma corridinha? — perguntou ao porquinho — Mas uma comportada e não como aquela do outro dia em que…

—Esse é um chapéu diferente daquele que ele usava no outro dia, não é? Afinal quantos chapéus o presuntinho tem?

Aaron estava sentado em um banco ali perto, usando óculos escuros como sempre, embora o sol só estivesse começando a nascer.

—O nome dele é Astolfinho. — corrigiu-o torcendo o nariz. — Ele tem sete.

As sobrancelhas de Aaron arquearam-se.

—Sete? Onde diabos você arrumou sete chapéus para um porco?!

—Romeu os fez.

—O que?! — tirou os óculos da cara, olhando-a como se aquilo lhe desse mais perguntas do que respostas.

—São feitos de crochê. — Julieta deu de ombros se aproximando. — O que você faz aqui?

—Eu combinei com um amigo de corrermos juntos aqui, mas ou cheguei cedo demais ou levei um bolo daquele sedentário mentiroso. — ele inclinou-se para trás apoiando os braços no encosto do banco, mal dando atenção ao porco fungando e roncando em volta de suas pernas — Você acorda cedo assim todas as manhãs para caminhar?

—Hoje acordei um pouco antes. — admitiu.

—E Romeu também te deu um bolo, Julieta?

Julieta semicerrou os olhos, porque quando ele pronunciava seus nomes sempre parecia algum tipo de piada interna?

—Romeu só me acompanha quando estamos de férias.

—Só mais uma pergunta. — ele acrescentou quando ela fez menção de se afastar. — Por que um porco? Entediou-se dos cachorros?

Julieta sorriu-lhe torto.

—Para alguém como eu, nada menos que um porco de chapéu seria suficiente.

Aaron recolocou os óculos escuros.

—Você é estranha, mulher.

—Que engraçado, nunca me disseram isso antes.

Sorriu irônica puxando a guia de Astolfo para dar início àquela corrida que lhe prometera.

—Ainda não me esqueci daquele almoço que você está me devendo! — Aaron gritou à distância — ¡Me encantan las cotillas de cerdo!


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Notas finais do capítulo

Obrigada por ler ♥



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