Mulher-Maravilha: Guerra e Paz escrita por Max Lake


Capítulo 9
Epílogo 1




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A rara chuva que refrescava a Ilha de Themyscira era muito bem-vinda, apesar da ironia de simbolizar o fim de uma tempestade enfrentada pelas amazonas. Segundo as histórias contadas na infância, a chuva era resultado da variação de humor pela qual Poseidon, o deus dos mares, costumava ter. Quanto mais forte a chuva era, mais irritado ele estaria.

Naquele momento, as habitantes da Ilha Paraíso se abrigavam na denominada Ágora Amazona, cuja arquitetura era inspirada pelas antigas Ágoras atenienses - desde as altas colunas gregas sustentando por fora ao teto de mármore na mesma medida que os velhos edifícios da atual capital grega.

Muitas amazonas se recuperaram dos ferimentos sofridos em batalha. Infelizmente dezenas faleceram e foram enterradas, entregues ao deus Hades para que sejam julgadas como guerreiras e, se der tudo certo, adentrem nos Campos Elísios. Algumas amazonas ainda se recuperavam, entre elas a general Antíope, deixando Diana preocupada.

—Sinto muito, Antíope - disse a princesa, segurando a mão da militar veterana.

Antíope era tão importante para Diana quanto Hipólita, quase uma segunda mãe - uma avó, mais precisamente, apesar de Antíope desgostar do termo. Quando Diana era criança, foi treinada pela militar, mesmo sendo contra as ordens da rainha Hipólita. Se não fosse por ela, talvez não existiria uma Mulher-Maravilha no mundo dos homens.

Diana sentiu um amigável toque no ombro e visualizou Artemis com seu longo cabelo ruivo amarrado para trás, o arco repousava sobre o ombro. Possuía uma relação próxima com a segunda general, alternando entre uma amizade próspera e fiel e uma rivalidade saudável e intensa. Depois da situação que enfrentaram, preferia tê-la como aliada do que como inimiga.

—Ela vai ficar bem, Diana - amenizou Artemis.

—Assim espero. Jamais me perdoaria se acontecesse o contrário.

—Não pense nisso. Como você mesma disse, foi Circe quem causou isso. Liberou nossa maldade interior.

—Sei disso, mas não era o caso com Antíope. Na luta, eu não me contive. A raiva estava me possuindo e não era feitiçaria daquela bruxa, era eu. E isso é perigoso, porque… - Olhou mais uma vez para a general adormecida. Lembrava-se dos sussurros de Ares, da tentação de aceitar a raiva lhe possuindo. Ela suspirou e finalizou. - Antíope teve sorte, eu acho.

—Felizmente. Agradeço pelo que fez, Diana. Você abriu nossos olhos e nos libertou - concluiu Artemis, que logo mudou de assunto. - A rainha deseja te ver, princesa.

—Obrigada.

As duas guerreiras caminharam entre as irmãs em recuperação. Algumas pediam desculpas por suas ações, enquanto outras, menos feridas, aplaudiam o esforço de Diana em libertá-las e confrontar Circe. Isso aliviava o peso de tê-la deixado escapar, mas as memórias recentes da derrota a faziam apenas agradecer sem ânimo e seguir em frente.

No lado mais afastado da Ágora, sentindo o vento frio e molhado invadindo a área em que se encontrava, a rainha Hipólita era analisada por uma das enfermeiras amazonas. Aparentemente a majestade não apresentava sequelas de sua visita ao Reino de Hades, o que surpreendeu Diana.

—Rainha. - Artemis fez reverência ao curvar-se.

—General, pode descansar. Obrigada por trazer minha filha, gostaria de conversar a sós com ela.

—Sim, majestade.

Artemis sinalizou para a enfermeira, que inicialmente relutou, mas foi convencida após um olhar sério da rainha. Percebendo que já estavam em uma distância considerável, Hipólita iniciou a conversa.

—Você está bem?

—Tentando ficar bem - respondeu, sucinta.

—Hades não me contou detalhes de sua condição para me libertar, apenas disse que o preço foi imediatamente aceito por você.

—Foi um preço pequeno.

Diana explicou rapidamente o que foi acordado. A expressão preocupada da rainha demonstrava sua discordância quanto à atitude tomada.

—Minha filha. - Hipólita passou a mão pelo rosto de Diana, limpando a roxidão na bochecha direita. - Não existe preço pequeno quando se trata de um acordo com os deuses, qualquer um deles. Sempre será um risco que afetará você, eu e qualquer outra pessoa que se envolva nisso.

—Entendo, mãe. Mas eu faria de novo se isso garantisse sua salvação. Ou de qualquer um com quem me importo.

As duas se abraçaram, um longo e quente abraço familiar, como na época em que Diana era pequena e infantil.

—Estou orgulhosa de você, Diana. Por tudo que enfrentou, por restaurar nosso lar.

—Nós perdemos.

—Não.

—Circe saiu vitoriosa, mãe. E ela queria nossa ajuda, mas achou melhor se divertir nos transformando em marionetes. Eu não entendo a razão dessa celeuma toda.

—Circe perdeu, filha. Eeia não é mais dela.

Diana não escondeu a surpresa em seu rosto. Conhecia Eeia, ilha localizada numa região da costa da Itália. Segundo a história contada no mundo dos homens, a feiticeira Circe governa a ilha desde a Antiguidade e seduz os homens para transformá-los em animais, principalmente porcos, servindo de alimento para a própria bruxa. No entanto, essa parte final era uma mentira, pois os exploradores são transformados em Bestamorfos, criaturas híbridas de humanos e animais, leais a Circe por ela ser a rainha de Eeia.

—Como ela perdeu? Os Bestamorfos são submissos a ela, não há ninguém que possa destituí-la do trono. Nem os próprios deuses.

—Não sei os detalhes, mas ela perdeu o trono semanas atrás. - Hipólita olhou para o horizonte da ilha, em direção ao mar

Diana acompanhou o olhar da mãe, notando as ondas enfurecidas invadindo a areia em meio ao breu externo. De repente algo passou pela mente que podia esclarecer toda a situação. Demorou um pouco para organizar as palavras na cabeça.

—Aquele Minotauro que capturei em Esparta, - iniciou Diana. A rainha não mudou a direção do olhar. - ele é um humano, não um ser mitológico. Trata-se de um Bestamorfo?

—Sim. - Hipólita confirmou sem demonstrar dúvida.

—Sabia disso quando me enviou?

—Se soubesse, certamente diria - afirmou, tão convicta quanto anteriormente.

—Quer que eu o interrogue quando a chuva cessar?

Hipólita moveu seu rosto para encara a filha. Quando entrou na sala do trono e viu Diana ajoelhada, percebeu como a fúria, um sentimento tão negativo, dominava a filha. Sabia muito bem o que acontece quando tal sentimento se torna o principal. Agora, percebia como o tom vingativo se sobressaía na voz da princesa. Diana queria dar o troco em Circe.

—Não. Por enquanto, Circe não é mais nosso problema.

—Mãe.

—É uma ordem, filha. Sem interrogatório. Vamos deixar Circe afastada, tenho certeza que ela não vai nos atacar por um tempo.

Ainda querendo contra-argumentar, Diana aceitou a ordem. Esperava que sua mãe estivesse mesmo certa.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado!

Calma que ainda não acabou. Quero terminar com 10k certinho :)



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