Cruciatus escrita por nywphadora, nywphadora


Capítulo 1
Capítulo Único




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Por mais que tentasse cobrir os ouvidos, conseguia escutar os gritos agudos vindos das masmorras do castelo.

Sua culpa.

Sempre era sua culpa.

Seus pais não teriam sido procurados e torturados pelos Comensais da Morte se não fosse por ele. Hannah não teria sido pega em mais um plano estúpido de causar o caos em Hogwarts se não fosse por ele. Agora que sua avó estava foragida, era óbvio que os Comensais iam procurar outra pessoa para castigá-lo, para tentar fazê-lo desistir da revolução.

Ele tinha que ter previsto isso. Ginny e Luna não estavam mais no castelo para apoiá-lo, ele estava praticamente sozinho liderando um monte de alunos menores de idade. Neville não servia para liderar, esse sempre tinha sido o trabalho de Harry, mas ele não estava ali.

Sentiu uma mão em seu ombro, mas se recusou a reagir, as mãos ainda nos ouvidos, tentando não escutar os gritos, tentando não pensar nas pessoas que amava no meio daquela guerra.

Susan apareceu à sua frente, aproveitando que ele não tinha fechado os olhos, para chamar a sua atenção. Os gritos tinham parado, demorou a reparar nisso. Normalmente não significaria grande coisa, os Comensais sempre davam algumas pausas para recuperar o fôlego antes de continuarem com o uso da maldição cruciatus.

— Os Carrow saíram — ela disse em voz baixa.

Eles nunca tinham sido muito cautelosos em seu modo de agir, então não seria de se estranhar que os novos professores tivessem armado uma emboscada, mas Neville não conseguiu se importar com isso.

Percorreram os corredores em um menor grupo, apenas o suficiente para resgatar Hannah das masmorras e levá-la até a Sala Precisa, onde poderiam cuidar dela. Os Carrow nunca levavam os alunos de volta aos seus Salões Comunais, e geralmente pareciam não se importar em como os estudantes conseguiam retornar à rotina depois que tinham terminado o seu serviço.

Gostaria de dizer que davam a volta por cima, que pareciam quase intactos no dia seguinte, mas isso estava bem longe da realidade, mesmo com a ajuda que os professores e Madame Pomfrey lhes forneciam.

Sempre que estava próximo dos dementadores, podia escutar os seus pais gritando sob o efeito da maldição imperdoável, mas sabia que não era real. Não podia ser real, ele estava na casa de sua avó quando seus pais foram atacados, ou pelo menos foi o que lhe disseram. E, mesmo assim, era a sua pior “lembrança”.

Sabia que não conseguiria dormir naquela noite, escutando o eco dos gritos que há muito tinham parado. Não podia imaginar como estava o seu estado do ponto de vista de seus colegas, sabia apenas que a sua mão ainda estremecia enquanto ele segurava a varinha à frente, para caso precisassem de uma fuga rápida.

“Pelo menos ela está sã” pensou consigo mesmo “Pelo menos ela está viva”.

Por um momento, pensou que talvez Ginny, Dean, Luna e seus outros colegas fora da escola estavam mais seguros do que eles, o que era irônico. Tinha como estar seguro longe dos muros do castelo?

Fosse o que Harry estava fazendo naqueles meses, tinha que dar certo. Precisava dar certo.

— Nev? — escutou o sussurro enfraquecido.

Poucos alunos permaneciam na Sala Precisa, alguns deles tinham sido obrigados a ficar permanentemente por lá, pois sabiam que não poderiam ser encontrados pelos Carrow. Os que não precisavam disso, já tinham retornado aos seus salões comunais, com a ajuda da própria Sala.

— Estou aqui — ele virou-se para observá-la.

Queria pedir desculpas, dizer que a culpa não tinha sido dela, prometer que iam se vingar ou que as coisas iam melhorar dali para a frente. Pareciam apenas palavras vazias que de nada adiantariam.

Padma tinha dito que a primeira noite após a maldição era sempre a pior, que ela podia ter calafrios, reflexos involuntários, vomitar, entre outras coisas. Mesmo se não fosse por esses sintomas, ele sabia que não conseguiria dormir, os eventos do dia apenas repassando na sua cabeça de novo, de novo e de novo.

— A culpa não é sua — Hannah murmurou.

Os seus lábios ergueram-se em um sorriso sem humor. Era incrível como mesmo na pior situação, ela ainda arrumava forças para olhar para as pessoas ao seu redor, tentando sempre fazer os outros se sentirem bem.

— Discutível — respondeu apenas, em um tom baixo para não acordar os colegas adormecidos em redes e camas improvisadas pela Sala — Não pense nisso agora, tente dormir.

Ela parecia respirar com um pouco de dificuldade e estendeu a mão em sua direção. Segurou a mão fria dela entre as suas, tentando transmitir um pouco de calor e conforto.

— Você também — ela não pôde evitar repreendê-lo, franzindo o cenho levemente.

Ele ajeitou-se no próprio colchão apenas para que ela não se estressasse, sabendo que não daria o braço a torcer. Passou a mão livre pelo cabelo dela, tentando fazê-la dormir pelo cansaço, enquanto fingia relaxar ao seu lado.

Não precisava de uma medibruxa para saber que precisaria de uma poção para dormir sem sonhos por um tempo, para não escutar os gritos de Hannah se unirem aos de seus pais em seus pesadelos.


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