Extinção escrita por Alina Black


Capítulo 73
Renesmee- Conexões


Notas iniciais do capítulo

Próximos capítulos vamos saber tudo que aconteceu com nosso lobinho



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Stowe, Vermont 05672- EUA – Três dias após a saída do abrigo subterrâneo

A jornada até Stowe foi uma tapeçaria tecida com fios de desafio e beleza. Situada aos pés do imponente Monte Mansfield, a cidade prometia ser um refúgio para nós, mas o caminho até lá testou nossa resiliência a cada passo.

A partida do abrigo foi marcada por um silêncio expectante. A matilha e os habitantes, cada um imerso em seus próprios pensamentos, moviam-se como sombras entre as árvores. O terreno era irregular, repleto de raízes que se entrelaçavam como serpentes adormecidas, prontas para fazer tropeçar os incautos.

No percurso enfrentamos a névoa da manhã se agarrava às copas das árvores, e o orvalho tornava cada folha um espelho cintilante. O ar frio mordia nossos rostos, e o vento sussurrava segredos antigos, levando consigo folhas que dançavam em um balé aéreo. Cruzamos riachos cujas águas cantavam sobre pedras lisas, e escalamos encostas que pareciam não ter fim.

Durante toda a caminhada eu observava a floresta, que era como um reino de sombras e luz, onde cada árvore contava sua própria história. Os pinheiros erguiam-se como sentinelas, seus troncos cobertos de musgo que brilhava com um verde quase irreal. As folhas das bétulas tremulavam ao vento, sussurrando canções de uma época esquecida.

Quando finalmente avistamos Stowe, o alívio foi palpável. A cidade se aninhava no vale como uma joia preciosa, suas luzes acolhedoras piscando suavemente à distância. O Monte Mansfield observava, majestoso, como se desse as boas-vindas aos viajantes cansados. E enquanto nos aproximávamos, eu sabia que, apesar das dificuldades, havíamos encontrado um novo lar.

À medida que nos aproximávamos da entrada de Stowe, a atmosfera se enchia de uma expectativa calorosa. Leah Clearwater e seu marido Howard estavam lá, de braços abertos, como faróis de boas-vindas na penumbra do crepúsculo. A reunião deles com a filha Liah foi um momento de pura emoção, um abraço que parecia conter todas as histórias de separação e reencontro.

Os demais habitantes de Stowe emergiram das sombras, cada um carregando a luz suave de lanternas que iluminavam seus rostos sorridentes. Com gestos gentis e palavras acolhedoras, eles nos guiaram pelas ruas de paralelepípedos, direcionando-nos para as pequenas casas que seriam nossos novos lares.

Eu, observava tudo de uma distância respeitosa. Via as expressões de alívio e alegria, ouvia as risadas e os suspiros de contentamento, a sombra da preocupação pairava sobre mim como uma nuvem escura. Jacob, nas mãos dos Volturi, e a incerteza de seu bem-estar era uma agonia silenciosa que me consumia. Eu me perguntava se ele estaria pensando em mim, se ele sabia que eu daria tudo para tê-lo seguro ao meu lado novamente.

Enquanto caminhava pelas ruas de Stowe, perdida em pensamentos sombrios, uma voz me tirou abruptamente de minha introspecção. Era uma voz que eu não reconhecia, mas que carregava um calor que de alguma forma parecia familiar. Quando levantei os olhos, vi um homem sorrindo para mim com uma gentileza que atravessava a distância entre nós.

Ele então se aproximou, e enquanto seu sorriso se alargava, uma memória despertou em minha mente. Era ele, Charlie Swan, acompanhado de uma mulher, Renée, o casal das fotografias que minha mãe guardava com tanto carinho. O reconhecimento brilhou em meus olhos no mesmo instante em que eles se aproximaram.

— É ela? Não é? – Disse a mulher de cabelos grisalhos, mas de aparência jovial.

— Sim – Charlie confirmou – Eu reconheceria esse olhar, ela tem os olhos de Bela.

O casal se aproximou um pouco mais e mesmo cauteloso Charlie me envolveu em um abraço emocionado.

— Você tem os olhos da sua mãe- ele murmurou, sua voz embargada pela emoção.

— E como se tivéssemos sua mãe de volta – Disse Renée participando do abraço.

Naquele abraço, senti um conforto inesperado, um porto seguro em meio à tempestade de minhas preocupações. E por um breve momento, a tristeza por Jacob foi substituída por uma sensação de conexão com meu passado, um fio que me ligava à família que eu tanto amava.

Stowe, Vermont 05672- EUA, Moss Glen Falls

A cidade, com suas ruas tranquilas e casas aconchegantes, parecia abraçar cada novo visitante com uma promessa silenciosa de paz em meio ao caos do mundo. Meus avós, Charlie e Renée, eram figuras que eu conhecia apenas por histórias e fotografias. No entanto, ao encontrá-los, senti uma conexão imediata.

Charlie, com seu olhar sereno e postura relaxada, transmitia uma força tranquila que me fazia sentir segura. Ele tinha um jeito de falar pouco, mas cada palavra era carregada de significado e afeto. Renée, por outro lado, era um redemoinho de energia e emoção. Seus olhos brilhavam com uma curiosidade juvenil, e seu sorriso era contagiante. Ela falava com as mãos, gesticulando cada frase com uma paixão que só poderia ser genuína.

Sai da casa de meus avós onde agora também era minha casa e caminhei pelas ruas movimentadas, segundo Sam, o pequeno vilarejo era seguro, como não haviam habitantes naquela região ela não recebia visitas de vampiros, mas os lobos cuidariam da segurança de todos.

A floresta me chamava, um sussurro escuro que ecoava através da minha alma. Eu sabia que precisava ir, não apenas para saciar a sede que ardia dentro de mim, mas também para proteger aqueles que não podiam se defender do que eu poderia me tornar. Assim, movida por um instinto primordial, eu me rendi à caça.

A noite estava viva com os sons da natureza, e a lua cheia banhava o mundo com uma luz prateada. O cervo, majestoso e inconsciente de seu destino, tornou-se a minha presa. Quando o ato foi concluído, a clareza retornou, e com ela, uma sensação de profundo pesar. Eu estava sozinha, com o peso do que eu era — e do que eu poderia ser — pesando sobre meus ombros.

Sentada na beira da Cachoeira de Moss Glen Falls, deixei meus pensamentos vagarem. A água caía com uma força tranquila, e as gotas que se desprendiam pareciam pequenas estrelas caindo do céu. Foi ali que a memória de Jacob invadiu minha mente, tão vívida quanto o dia em que pela primeira vez acordei em seus braços.

Bom dia anjo – Ele sussurrou olhando em meus olhos - Você dormiu bem?

— Eu acho que não dormimos muito – Respondi envergonhada– Mas sim, porque dormi com você, e você, dormiu bem?

Ele riu e segurou meu queixo selando meus lábios – Eu queria ter ficado o resto da noite acordado só para admirar você dormir. Mas eu dormir e até sonhei, e eu não sonho a um bom tempo – Ele completou apertando meu nariz.

 

Sorri curiosa e passei a ponta dos dedos pelo rosto dele — E eu posso saber qual foi esse sonho?

Ele mordeu meu polegar suavemente me fazendo rir– Minha pequena curiosa.  Mas sim, é claro que pode saber meu amor, não existe segredos entre nós dois, mas foi um sonho um pouco estranho, sonhei com seu pai.

Sua resposta me surpreendeu, ele havia sonhado com meu pai assim como eu- Com meu pai?

— Mas você estava lá, estávamos em uma espécie de Jardim.

— Jardim –

Eu me senti arrepiada quando Jacob mencionou o sonho que teve naquela noite. Ele descreveu detalhes que eram estranhamente familiares para mim, e eu não pude deixar de sentir uma sensação de déjà vu pairando no ar.

— Nessie, talvez você não esteja tendo sonhos, você esteja se comunicando com Edward quando adormece.

— Faz sentindo, mas, você também sonhou.

— Você se comunica através de um toque, como você adormeceu sobre meu peito, você pode ter criado uma conexão.

Suas palavras, " você esteja se comunicando com Edward quando adormece. ", ressoavam em mim, um mantra que agora buscava entender. E se não fosse uma conexão com meu pai? E se eu estivesse dentro da mente do meu pai em meus sonhos?

Com um suspiro, fechei os olhos e estendi minha consciência, tocando as mentes da cidade, do estado, do mundo. Era como navegar em um mar infinito, cada mente uma onda diferente. E então, entre milhares, uma se destacou — a mente de Jacob. Era um farol de emoções e pensamentos que eu reconheceria em qualquer lugar.

— Jake- sussurrei, uma lágrima de alívio misturando-se às águas da cachoeira. - Eu te encontrei.


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