Partilhar escrita por WinnieCooper


Capítulo 5
Babás


Notas iniciais do capítulo

Tô muito feliz que minha alma gêmea fanfiqueira favoritou essa história. Significa que estou fazendo algo certo. Aqui teremos outra qualidade do nosso $corpius. Porque não basta ele ser tudo aquilo, ele também faz uma de Thiago Fragoso e é bom com criança. Tomara que gostem ❤️



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— ...Sim, pai, estou ótima... Comendo de três em três horas... É claro que é comida e não besteiras. Aprendi a cozinhar com você e a vovó, esqueceu?... Se tranquilize que estou mais feliz do que nunca... Para, pai! Posso ouvir daqui seu suspiro de tristeza... Você não está me perdendo para sempre... É claro que vou visitá-los... Eu juro que vou... Ando um pouco ocupada, por isso não fui ainda... Não, claro que não é por causa do Scorpius, pai. Eu juro que não é... Sim, ele irá um dia aí para jantar... O apresentarei oficialmente para vocês... É claro que posso ir aí sem ele, pai!... Preciso desligar, tenho que terminar meu artigo. Um beijo, saudades...

Rose desligou seu celular e olhou Scorpius que estava concentrado sentado no sofá descobrindo a televisão recém-instalada e os benefícios dos serviços de streaming. 

— Seu pai está com ciúmes de mim? – apesar de concentrado no aparelho trouxa, tinha prestado atenção na conversa dela. Ele sorriu convencido para si mesmo torcendo para que ela não tivesse percebido. 

— Não é você, ele sentiria ciúmes de qualquer um.

Ela estava sentada na bancada da cozinha com seu computador ligado. Tentava se concentrar no artigo mais importante que, até então, seu chefe havia pedido, fizera algumas pesquisas na internet sobre os casais atuais, mas sentia que apesar de ter começado o artigo bem, sua escrita não estava fluindo. De fato, ela não tinha experiência com relacionamentos. Durante toda sua vida, só tivera dois namorados e os dois juntos não duraram nem um ano - ela decidiu desconsiderar casos avulsos rápidos. Não sabia o que era morar com alguém, dividir as coisas, amar percebendo todos os defeitos, pensar num futuro, em filhos ou dividir as despesas. Será que seu chefe estava certo esse tempo todo? Será que lhe faltavam experiências ou vivenciar para escrever?

    — O que devo começar assistindo para entrar bem no mundo dos trouxas? Como era aquilo que falou ontem? Novelas? 

    Rose sorriu momentaneamente e negou com a cabeça. 

    — Acho que novelas não fazem bem o seu tipo... Talvez algum documentário sobre esportes?

    Ele automaticamente negou com a cabeça.

    — Não sei o que significa documentário, mas esporte? Bom... Eu gosto do meu emprego, amo o que faço, mas não quero pensar nele quando quero me distrair.

    — Te entendo… – admitiu, pensando. – Não sei qual seu gênero de série preferido. Você gosta de quê? Drama? Terror? 

    — Tenho cara de sério para gostar só de drama e terror?

    — Já sei! – ela sorriu empolgada, se levantou da bancada e foi sentar-se ao lado dele. – Vou te iniciar com o clássico dos clássicos: Friends.

    Pegou o controle de sua mão e iniciou os comandos para colocar a série que havia citado. 

    — É sua preferida? 

    — Não! – negou automaticamente. 

    — Coloque sua preferida.

    Não era uma pergunta, Rose virou seu rosto o encarando, seus olhos estavam estreitos tentando entendê-lo.

    — ...Não faz seu estilo.

    — Como pode saber se nem eu mesmo sei qual é meu “estilo”? – era um bom argumento. Rose resolveu mudar a série. 

    Scorpius olhou para a TV e estreitou os olhos observando o título.

    — Gilmore Girls?

    — Tá... Preste atenção! – ela o encarou completamente séria. – Isso não é só uma história, é um modo de viver, é uma religião!

    Scorpius segurou um riso pela maneira dramática que ela dizia.

    — Preciso muito conhecer! Coloque. – pediu.

    Rose esticou a palma de sua mão no rosto dele.

    — Espere, precisa desvirginar da maneira certa. Precisamos de pipoca!

    Ele adorou a noite incomum de terça-feira. Rose lhe apresentou uma iguaria trouxa chamada pipoca e ele se perguntou como foi capaz de viver os últimos 28 anos de sua vida sem nunca ter provado antes: devorou o imenso balde durante os três episódios iniciais em que assistiu com ela. Enquanto assistia, não pôde deixar de se identificar com um característico jantar semanal obrigatório.

    — Minha avó Narcisa é muito igual à Emily, os jantares obrigatórios de sexta a noite são minha tortura semanal. Me senti quase dentro da série na parte do jantar. A única diferença é que meu avô é bem mais incisivo que o Richard. 

    Ele havia amado a série e Rose havia ficado orgulhosa de si mesma.

    — Então te iniciei no mundo do entretenimento trouxa da maneira correta.

Ficou feliz com sua cumplicidade alcançada com Scorpius, sentiu que a nuvem negra que os encobria dias atrás fora dissipada feito névoa. 

— Vou dormir. - anunciou a ele se levantando. 

— Será que posso continuar assistindo sem você?

— Claro que pode. — Rose se lembrou de seu irmão com a namorada trouxa (Íris) no começo do namoro quando assistiam filmes de super-heróis na casa deles. A única briga que tinham era quando Hugo assistia a um filme ou série antes dela e não a esperava. Pensou se os relacionamentos atuais tinham disso também. Brigas supérfluas por conta de spoilers em entretenimento trouxa. 

Foi pensando nisso que chegou no dia seguinte e olhou a página em branco do seu notebook, apagara tudo o que escrevera anteriormente. 

— Como anda seu artigo? - Kat perguntou curiosa observando a amiga concentrada.

— Tentando me encontrar para escrever. 

Kat deixou seu copo de café na mesa e colocou sua mão na testa dela. 

— Está doente por acaso? - Rose desviou de sua mão e negou com a cabeça. - Só pode estar doente. Sempre esperou por essa oportunidade para escrever e agora…

— Exato! Esperei durante tanto tempo que agora… Agora que ela está bem aqui no meu colo, não consigo saber o que fazer. 

Soou desesperada, Kat estranhou já que quando o assunto era algo de seu interesse, algo pelo qual ela amava criticar, saíam textos de mais de dez mil palavras em poucas horas. 

— Bom… Queria começar dizendo o quanto os relacionamentos hoje em dia são rasos e como os jovens se afastam quando acontece o primeiro problema, ou o quanto é moderno e eles simplesmente não se casam mais ou tem filhos…

— E por que não começou ainda? 

Ela já havia começado. Mas achou que estava fria demais na escrita, como se fosse uma velha ranzinza que passara a vida inteira criticando as outras pessoas e nunca vivendo sua vida de verdade.

— Vou começar.

Kat estranhou o comportamento de Rose naquela manhã; anotou mentalmente que iria prestar mais atenção na amiga. Algo estava mudando nela e muito rápido. 

xx

— Rita Skeeter já soltou na coluna de fofocas que você está namorando minha afilhada. Como a família não soube disso antes? 

Ginevra Weasley Potter, editora chefe da seção de esportes, veio falar com ele após o jogo do novo campeonato que estava iniciando naquele dia. Os Cannons eram a nova promessa, já que haviam feito uma grande campanha no semestre anterior. 

— Bom… — ele coçou a cabeça um pouco constrangido, afinal era a primeira vez que tinha contato com alguém da família dela após anunciarem o namoro.— Eu pedi a ela para não dizer nada por conta do meu emprego… Mas, depois da nossa reunião em Hogwarts, decidimos que já estava na hora de todos saberem. 

Gina confirmou com a cabeça entendendo os motivos dele, sabia o quanto a imprensa poderia ser horrível com os sobrenomes pós-guerra ainda mais com quadribol envolvido. 

— Já irei avisar o Albus que quero um jantar para oficializar os padrinhos da minha neta Sunny juntos finalmente. Sempre fizemos apostas de quando isso ia acontecer. 

— Apostas? 

Scorpius se perguntava até quando iria escutar que era óbvio que ambos ficariam juntos um dia. Até porque nem eles mesmos sabiam que isso um dia aconteceria. 

— Não oficializadas. Pode ficar sossegado. Aliás, me admiro do Al sendo auror e todo experiente em investigação não ter acertado. De qualquer forma, estou indo almoçar com ele, não quer vir junto? 

Como ele poderia dizer não à mãe de Albus? Além de seu sobrenome Potter falar por si só, era uma lenda quando jogava no Harpias. Era muito fã dela. 

— ...Então, Albus, já aproveitou que esses dois finalmente estão juntos para tirar uma noite de folga? 

Gina era sempre direta e nunca discreta. Albus claramente segurava o riso olhando de esguelha para o amigo. 

— Pra ser sincero, ainda não tinha pensado nessa possibilidade. 

— Como não? Um casal com um bebê novo, como você e Alice, precisam de algumas horas de folga para reviverem a paixão. Aposto que Scorpius e Rose amariam ficar com a Sunny durante algumas horas. 

Gina deu três tapinhas no ombro de Scorpius. De certa forma ela estava certa, ele iria amar ficar com Sunny algumas horas e tinha certeza que Rose também. 

— Na verdade, Alice estava reclamando que nunca mais tínhamos ido ao cinema.

— Então está combinado! Leve Sunny hoje lá em casa. — o loiro respondeu automaticamente. 

— Tem certeza? Não vai atrapalhar vocês? 

— É claro que não, Rose vai amar a surpresa, tenho certeza. 

Certeza mesmo ele não tinha, mas arriscaria a sorte. 

xx

Scorpius teve várias reuniões durante toda tarde, algumas campanhas publicitárias a vista e conversas sem fim com sua agente. Chegou quase às sete da noite em casa. Encontrou Rose sentada no sofá, hipnotizada na televisão e com um lenço na mão. Assistia a um programa estranho em uma língua que ele não conhecia. Era um pouco dramático demais pelas atuações exageradas, mas chamava atenção de sua companheira de apartamento de uma tal maneira, que ela não havia notado-o no cômodo ainda. Aquele programa só poderia ser…

— Então seu segredo mais obscuro é ser apaixonada por novelas? 

Rose notou a presença dele pela primeira vez no ambiente. Não se assustou, falou calmamente e explicou o que estava assistindo. 

— Assisto para treinar meu português. 

— Português? 

— Sim, sei falar francês por conta dos meus primos e da minha tia, arranho o alemão e assisto novelas brasileiras para aprender o português. Porque vou te falar: mas que língua difícil de se aprender, viu?!

Ela confirmou com a cabeça e voltou sua atenção para a TV.

— O lenço que está em mãos para enxugar as lágrimas tem relação com o aprendizado? — Sentou-se ao lado dela, interessado.

— ...É claro que é! Meu estudo de caso é completamente científico. Nada passional. 

Não aguentou e começou a afastá-lo do sofá. 

— Enfim, você não vai atrapalhar minha maratona! Estou quase no capítulo 100 e a vilã vai descobrir que a mocinha está enganando ela. Li um resumo na internet que ela vai enterrar ela viva! 

Scorpius começou a rir de Rose, apesar do rosto sério dela. Resolveu deixar que ela assistisse à novela que a hipnotizava mais um pouco e se encaminhou para acariciar Gryffin, que estava abanando o rabo esperando o afago do dono, foi quando a campainha tocou. 

— Está esperando alguém? - Rose sentou-se no sofá ereta e arregalou os olhos para ele. 

De fato, Scorpius havia esquecido de avisá-la que prometera cuidar de um bebê de um pouco mais de um ano de idade naquela noite. 

Abriu a porta e Sunny foi logo atirando-se nos braços dele. 

— Rose, tem certeza que está tudo bem? — Alice enfiou a cabeça porta adentro e olhou para Rose que estava confusa tentando entender o que estava acontecendo. 

Olhou para Albus que parecia pedir desculpas ao mesmo tempo estando feliz por passar algumas horas em liberdade, sem se preocupar com choros, comidas e um sono regulado. 

— É claro que não, Alice! Vamos amar passar algumas horas com a Sunny! 

Se aproximou da porta acariciando as bochechas vermelhas da afilhada. 

— Bom, deixei uma lista do horário dela de dormir, comer, do que ela gosta de brincar e os motivos dos choros. Qualquer coisa, definitivamente qualquer coisa, nos avise!

— Fique tranquila, qualquer coisa a gente liga para o celular de emergência que o Albus carrega. — Rose tentou tranquilizá-la. 

Scorpius já não estava mais na porta, levara a afilhada até Gryffin colocando ela sentada em cima dele, segurando seus braços. A pequena dava gargalhadas enquanto o cachorro andava pela casa. 

— Vamos amar ficar com ela!

Alice confirmou com a cabeça e abraçou Rose quase com lágrimas nos olhos. 

— É a primeira vez que vamos sair sem ela e você entende minha insegurança, não é? — a ruiva confirmou com a cabeça quando era quase esmagada pela prima/amiga. — Escuta, fiquei muito feliz em saber que finalmente estão juntos. Sempre torci para que esse dia chegasse. 

Ela confirmou com a cabeça olhando de esguelha para o primo que lhe mandou uma piscadela. 

Depois das devidas despedidas, em que Sunny, tão entretida com Gryffin e seu padrinho tão habilidoso com crianças, não chorou quando os pais saíram com um sonoro tchau, Rose se encaminhou para perto de Scorpius falando:

— Deixa eu adivinhar! Albus sabe que não estamos juntos de verdade, mas Alice, não. E, já que ela acredita que mesmo namorando, ele resolveu te pedir um favor hoje. 

— Basicamente isso… — ele estava um pouco sem fôlego, ainda segurando Sunny nas costas do cão que não se cansava de correr pela sala. 

— E, não achou interessante me contar? — ela levantou as sobrancelhas para ele. 

— Eu ia te contar, mas fui puxado para tantas reuniões a tarde que… Bom, a verdade é que eu esqueci mesmo… Me desculpe. 

De fato não estava brava com ele, estava com saudades de estar com sua afilhada, não havia passado quase nenhum dia inteiro com ela desde seu nascimento. Precisava compensar, a novela podia esperar. 

— Tudo bem. Deixe eu ver as instruções. — Rose resgatou a mochila dos braços de Scorpius e achou o precioso papel. Como filha de Hermione Granger, ela sabia que seguir à risca instruções com bebês evitava grandes transtornos. Lembrava-se, quando pequena, dos milhares de post-its espalhados por sua casa sobre a rotina de Hugo. Seu irmão, ainda bebê, se não comesse no horário certo, não dormisse pelo menos três horas de dia, chorava a noite toda. A rotina era a chave do sucesso para a tarefa de babás que haviam recebido. 

“Sunny come por volta das 19h30.

Impreterivelmente dar banho após o jantar. 

Seus choros normalmente são por cansaço ou fome. 

Facilmente distraída por seu padrinho e suas brincadeiras (como pôde ver, Rose, pois sei que é você que está lendo isso).

Normalmente, às 20h, ela dorme no berço em nosso quarto, mas se deitar um pouco com ela numa cama e acariciar sua orelha contando uma história ela pega no sono tranquilamente. 

Obrigada por cuidarem dela. Voltamos até às 23 horas”. 

Rose olhou o relógio e percebeu que já era quase o horário do jantar. Aproveitou do amigo talentoso que ainda entretinha a bebê com o cão, correu para a cozinha vasculhando a geladeira recém-comprada e vazia em busca de alguns legumes para uma possível sopa. 

— Nós não fizemos compras ainda! - exclamou para Scorpius, mas ele não fez menção de ter escutado ela. Fazia cócegas na barriga de Sunny enquanto Gryffin deitava ao lado querendo receber o mesmo carinho que a pequena. 

Procurou na despensa de alimentos, mas só encontrou farinha e um pedaço de pão velho. 

Resolveu apelar para os trouxas, não pediu opinião de Scorpius, abriu seu aplicativo de comida no celular e pediu alguns pratos de um restaurante italiano. Espaguete provavelmente ela comeria, certo? 

Tudo ok, o problema maior era que o pedido só chegaria dali uma hora e passaria muito do tempo dela jantar. 

Scorpius esticou seu pescoço observando ela encarando o celular com a testa franzida. 

— O que foi? 

Rose o encarou, poderia explicar tudo a ele, que o atraso com a comida poderia estragar tudo e fazer a menina chorar e tudo se complicar. Mas não disse nada, lhe entregou um sorriso e se encaminhou ao lado dos três integrantes risonhos e brincalhões e resolveu entrar na brincadeira das cócegas. 

Era diferente estar com Sunny e Scorpius junto. Ele levava tanto jeito com a pequena e, ao mesmo tempo, era medroso e atrapalhado para certas coisas. Não conseguiu identificar quando ela fez cocô, não entendeu a lógica de trocar uma fralda, mas ela adorou rir da cara de nojo que entregou quando percebeu a fonte do cheiro desagradável do objeto descartável. 

— Podemos dar banho nela antes da comida chegar. 

Afinal, nada de ruim aconteceria se ela mudasse a ordem dos fatos, certo? 

Deixou que ela brincasse um pouco na banheira do quarto dele, foi quando ouviu a campainha. 

— Chegou nosso jantar. — Rose anunciou se levantando. 

— Tem como pedir jantar tipo correio coruja? 

Ela enrolou Sunny na toalha e entregou a Scorpius. 

— Troque ela enquanto pago o rapaz e recebo nossa comida. 

Ele não sabia como havia chegado naquele momento, mas estava com ela na cama, enxugada tentando entender para o que servia fraldas e macacões com zíper, além de um frasco com uma pomada branca. Tentou colocar a fralda e o macacão se perguntando o porquê se faziam macacões com pés e como colocaria aquela roupa nela. 

Rose organizou a mesa, colocou as embalagens de papel no centro: risoto, espaguete e como sobremesa tiramisu. Colocou almofadas em uma cadeira e deu um jeito com magia de transformar num caldeirão de bebê, com cinto e tudo. Estranhou a demora de Scorpius. Se encaminhou para o quarto dele e observou ele suar tentando encaixar o macacão em Sunny que esperneava brincando e gargalhando com ele. 

— Por favor, Sunny! Você tem que me ajudar! Sua madrinha vai achar que eu sou o quê? Quando não sei colocar sequer uma roupa em você? 

Ela não aguentou e começou a rir. 

— Vou achar que tem pelo menos um defeito em meio a tantas qualidades. 

Ele abriu espaço para ela, que em poucos segundos colocou o macacão na garotinha como se fizesse isso diariamente. 

— Faz isso todos os dias? 

— Vamos chamar de instinto materno. E, também, você já viu o tamanho da minha família? Querendo ou não, a gente vai aprendendo uma coisinha aqui e ali. — Rose o respondeu segurando a pequena nos braços levando até a mesa para o jantar. 

Scorpius ficou admirado com a mesa: tudo o que amava comer nos restaurantes trouxas estava ali em sua frente! Era seu sabor preferido, na intimidade de seu lar. Sorria enquanto comia com Rose que dava espaguete a Sunny. 

Aparentemente ela vencia sua luta contra a sujeira na bebê, com as milhares de formas de proteger a roupa com magia e vários panos amarrados na intenção que nenhum pingo de molho de tomate caísse em seu macacão. 

— Agora entendo o que Alice quis dizer quando frisou banho impreterivelmente depois do jantar. Mas como uma boa filha de Hermione Granger tenho meus méritos em limpeza. 

Bastou um segundo de distração para a pequena pegar o prato e jogar o espaguete em cima de seu cabelo. 

— Esqueceu de um detalhe. — disse Scorpius apontando os cabelos negros da afilhada, agora mesclados com molho de tomate e macarrão. 

Ambos começaram a rir, deixaram que ela fizesse bagunça com a comida, enquanto Gryffin aproveitava as sobras que caíam no chão. 

Eram quase nove da noite quando terminaram de dar o segundo banho nela e a trocaram com alguns resmungos e choros. Já passava da hora de dormir e era nítido que se demorassem muito, tudo ia piorar. 

— Pode deitar na minha cama com ela… - Scorpius apressou-se em dizer quando viu que Rose estava desconfortável observando a cama dele com Sunny no colo. 

Rose concordou com a cabeça e deitou um pouco desajeitada do lado esquerdo da cama, colocando a bebê no centro. A jovem começou a acariciar as orelhas dela como Alice havia dito no bilhete, mas Sunny não queria deitar, e se levantou sorrindo olhando para Scorpius, caminhando pela cama até ele que estava em pé na ponta.

— Acho que preciso deitar também. 

O loiro deitou-se do lado direito e colocou a afilhada no meio novamente. Era um novo território, algo que não haviam presenciado ainda. 

— Alice disse que ela pega no sono quando ouve uma história e acaricia o lóbulo da orelha.

Rose tentando não deixar a situação mais constrangedora do que parecia, iniciou uma história, um conto de fadas trouxa.

— Era uma vez, uma menina muito graciosa e bonita, chamada Bela. Ela amava ler e era vista por todos como esquisita. Como meu pai achava minha mãe…

A história era para a pequena, mas ela não parecia hipnotizada como Scorpius estava, olhava para Rose admirando cada gesto e modo de dizer da amiga. Ela narrava sua história como se estivesse diante de uma plateia, interpretava as falas dos personagens ao mesmo tempo que contava fatos de sua vida e as versões que seu pai inventava das histórias que ela amava quando nova.

— ...No fim, você pode casar com a Fera, que te aprisionou na casa dela, mas se mostrou uma pessoa boa e tem uma biblioteca enorme, ou pode ser independente e livre e não precisar de homem nenhum e construir sua própria biblioteca.

Scorpius sorriu enquanto Rose já se justificava pelo fim dramático de seu conto.

— Meu pai, nunca gostou de me ver encantada por príncipe nenhum, então inventava vários finais diferentes para os contos.

— E te transformou na feminista mais temida de Hogwarts, afugentando todos os garotos.

— E deixando a McGonagall com dor de cabeça. 

Ambos começaram a rir e observaram Sunny, que sorria dormindo um sono solto e tranquilo.

— Olhando assim, parece que levo jeito para contar histórias antes de dormir, como meu pai. — ela acariciou a bochecha da afilhada depositando um beijo em sua testa.

— Você é ótima, parece que nasceu para ser mãe.

As palavras escaparam da boca dele. Sorte o quarto estar numa perfeita penumbra não permitindo que ele visse suas orelhas vermelhas de vergonha.

— Nós dois somos ótimos padrinhos.

Não souberam muito bem o que ocorreu naquela noite, estavam presenciando um novo tipo de intimidade, estavam se conhecendo de uma maneira que jamais tinham se mostrado para outra pessoa. Partilhavam momentos únicos e eternos.


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Notas finais do capítulo

Eu tava com meu toc de postar o capítulo 5 hoje porque é dia 15. Metade da história na metade do mês. Tomara que tenham gostado. Estou notando várias pessoas acompanhando e poucos que comentam. Comentários fazem a nuvem negra da minha vida de professora se dissipar e eu ficar feliz. Obrigada a todos que lêem e estão deixando palavrinhas ❤️