Irmãos escrita por Lady Anna


Capítulo 1
Entre Altos e Baixos


Notas iniciais do capítulo

Olá, cá estou eu de novo postando para esse projeto incrível ahahahha essa é minha penúltima fic pro Maio Weasley (a última é um angst pesadíssimo) mas essa aqui é levinha! Acho que a relação da Rose e do Hugo não seria perfeita, teria problemas como todos nós temos e quis retratar isso aqui!
Não vou falar muito aqui, apenas agradecer e mandar um beijão pra Morgan por ter betado e ouvido todos os meus surtos fanfiqueiros no último mês♥ além de agradecer as outras adms por ter embarcado nessa comigo♥ adoro vocês!!
Nos vemos nas notas finais!!



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Rose e Hugo eram muito diferentes entre si. Rose era extrovertida e Hugo era introvertido. Rose era baixinha e Hugo era o mais alto da família. Rose gostava de música trouxa e Hugo só ouvia As Esquisitonas. Rose era uma sonserina nata e Hugo era um grifinório desde criança. Rose adorava ir a baladas e Hugo preferia um barzinho com os amigos mais próximos. Rose adorava livros e Hugo amava a arte. Rose tinha olhos azuis e Hugo possuía olhos castanhos. Rose tinha a pele pálida e as bochechas muito coradas enquanto Hugo possuía muitas sardas e a pele bronzeada do sol. Tantas diferenças às vezes faziam faíscas brotarem entre eles, ocasionando em algumas brigas e discussões. 

Mas eles também eram muito parecidos. Ambos amavam filmes e séries, fazendo maratonas frequentemente. Ambos adoravam passar uma tarde na Toca com vovô Arthur e vovó Molly. Ambos eram fascinados pelo mundo trouxa. Ambos eram tempestuosos. Ambos amavam quadribol e torciam pelo Chudley Cannons. Ambos possuíam covinhas no rosto. Ambos mordiam o lábio inferior quando estavam com raiva. E ambos se amavam, acima de tudo. Todas essas semelhanças os faziam se identificarem, confiarem um no outro.

Porque eram iguais e diferentes ao mesmo tempo, o que fazia com que tivessem seus altos e baixos. Às vezes mais baixos do que altos, ou o completo oposto. Não importava, o que importava era quem se amavam e sempre se acertavam no final. 

***

Porque Hugo implicava com o gosto musical de Rose... 

— EU.NÃO.VOU.OUVIR.TAYLOR.SWIFT.DE.NOVO! – Avisou Hugo, entredentes, indo em direção ao rádio.  

— VAI.SIM! – Respondeu Rose, protegendo o rádio com o próprio corpo. 

Ambos adoravam ficar varanda de casa à tarde, onde conseguiam visualizar um lindo pôr do sol. Ao longo dos anos, aperfeiçoaram o local colocando duas pequenas redes, alguns pufes, uma pequena mesa de centro, uma estante e o objeto mais importante do local: um rádio trouxa de Hermione. Ambos amavam música, uma pena de possuíssem gostos musicais tão distintos. 

— Na última vez que estivemos aqui nós ouvimos o que você queria! Hoje é a minha vez de escolher as músicas. – Reclamou Hugo. 

— Ontem eu estava na casa do Scorpius, você poderia ter colocado as músicas que quisesse. Portanto, hoje é o meu dia! 

Hugo nunca admitiria que não havia graça ficar na varanda sem a presença confortante de Rose, então apenas disse: 

— Isso não importa! A última vez que estivemos aqui juntos eu ouvi o que você queria. Hoje é meu dia e ponto! 

Hugo tomou o rádio das mãos de Rose e colocou seu próprio pendrive. Poucas notas tocaram antes de, magicamente, Taylor Swift voltar a tocar no último volume. Olhando para Rose, Hugo viu o sorriso debochado dela, a varinha rodopiando entre os dedos. 

— Que pena que você não pode fazer magia fora de Hogwarts, Huguito, afinal você ainda é menor de idade. – Debochou a garota. 

Hugo bufou, jogando-se no seu pufe enquanto dizia: 

— Não sei por que você ouve tanto essas músicas. A maioria é de relacionamentos frustrados ou, resumindo, de corno. Scorpius nunca te chifrou...não que você saiba. 

— Ei! 

Ela reclamou, mas Hugo já havia voltado ao seu caderno de desenhos, se desligando completamente do mundo ao seu redor.” 

...E Rose implicava com Hugo cantando em voz alta. 

— Hugo, a Taylor já está cantando. Vamos deixar só ela, que tal? 

 – Na verdade, eu estou bem assim. – Respondeu o mais novo e continuou a murmurar a canção. 

Estavam no carro trouxa de vovô Arthur que Rose havia conseguido permissão para dirigir após tirar sua habilitação. Assim, sempre que iam a Londres trouxa para se divertirem, podiam pegar o velho carro azul, não sem antes ouvir um sermão de Hermione sobre responsabilidades. Tudo ia bem nessas pequenas viagens, até algum deles resolver ligar o rádio, pois Rose queria ouvir Taylor Swift e Hugo queria ouvir As Esquisitonas.

Infelizmente para o caçula, Rose sempre ganhava essas discussões alegando que ela era a motorista e, portanto, tinha direito de escolher o que ouviria e, se ele não gostasse, poderia muito bem ir a pé. Entretanto, o feitiço havia virado contra a feiticeira e Hugo havia adquirido uma estranha afeição pelas músicas preferidas dela, mesmo não admitindo isso para a irmã. Porém quando as primeiras notas das músicas que ele mais gostava começavam a tocar, Hugo fazia uma performance vocal junto com a cantora, no mínimo, animada.

— Dá para parar de cantor logo? Você vai me deixar louca!

Ela virou o rosto para o lado, pensando em falar diretamente com o irmão, mas Hugo apontou para frente com um sorriso de lado.

— Você deveria olhar para frente, Rose. Com certeza não queremos que você bata em uma árvore de novo e papai cumpra a promessa de não deixá-la pegar o carro mais.

— Eu só bati o carro porque você estava me irritando. Mexendo no rádio, aliás.

— Isso é irrelevante. – Pelo canto do olho, Rose viu o sorriso debochado dele. – Afinal, você não é a motorista responsável, hum?

— Ah, eu com certeza vou ser responsável por cometer uma agressão se você continuar cantando.

Hugo apenas riu, cantando mais alto o refrão da música em seguida.

— Você é um chato. Primeiro dizia que essas músicas eram horríveis e agora seu novo hobby é cantá-las?

— Não, meu antigo hobby é te irritar.

Rose grunhiu, desistindo de discutir com ele. Até sair da adolescente e amadurecer um pouco, Hugo ainda provocaria as discussões mais idiotas possíveis. Diante da respiração acelerada de Rose e de sua expressão descontente, ele desistiu de cantar, afinal realmente não queria que a irmã batesse o carro de novo – mesmo que da outra vez sua parcela de culpa talvez tivesse sido quase inexistente!

Rose o olhou com os olhos semicerrados, o que Hugo respondeu com um sorriso falsamente angelical.”

No entanto, não importava o quanto discutissem quanto aos gostos musicais, segundos após já estavam conversando normalmente, como se nunca tivessem divergido. Nem sequer se lembravam do momento em que deixaram a irritação de lado.

E, no fim, Hugo levou Rose para um show da Taylor Swift como presente de aniversário e Rose conseguiu que o irmão tivesse seu violão autografado por todas as integrantes das Esquisitonas. Porque a relação deles era assim e funcionava para eles.

***

Porque Hugo quebrou a varinha de Rose acidentalmente...

— Eu te odeio, Hugo! – Gritou Rose, entre lágrimas. – ODEIO!

O pequeno garotinho ruivo sentiu o lábio inferior tremer, mas corajosamente segurou as lágrimas nos olhos.

— Me desculpe, Rosie. – Suplicou. – Eu não fiz por mal.

— Mas mesmo assim minha varinha está quebrada! Como eu vou para Hogwarts amanhã?

A ruivinha não se importava com as lágrimas deslizando por seus rostos, um grande sinal de fraqueza que quase nunca mostrava. Porém, ela estava animada para o seu primeiro ano em Hogwarts e tudo já estava arrumado, pronto. Entretanto, Hugo tinha que mexer com sua varinha – uma das mais raras segundo o vendedor. Agora, ela estava partida ao meio e todo o seu sonho cor de rosa estava despedaçado.

Ronald olhava a cena a sua frente, petrificado. Nunca pensara que a brincadeira satisfeita dos filhos poderia terminar naquele pandemônio. Em um momento Rose mostrava a Hugo seus materiais para Hogwarts e, então, o pai resolveu ir até a cozinha beber um copo de água. Quando voltara, Hugo estava chorando, Rose estava chorando e a varinha de sabugueiro estava partida em dois pedaços. Nesse momento, somente desejava que Hermione estivesse para ajuda-lo a controlar a situação.

— Eu te odeio! – Repetiu Rose, a voz embargada. – Queria não ter um irmão.

— Ok, ok, já chega! – Interrompeu Ron, percebendo que aquilo já estava indo longe demais. – Rose, o Hugo não fez por mal. Garanto que foi um acidente, certo?

Mesmo abalado com as palavras da irmã, o pequeno assentiu positivamente.

— Além disso, ele só tem oito anos. Você, como irmã mais velha, deveria entender a situação. E o mais importante: nunca falar que não queria ter um irmão. As palavras machucam, filha. Isso não é algo legal a se dizer.

Rose olhou fixamente para o irmão mais novo antes de voltar-se para o pai, ainda com a expressão chateada.

— Como vamos fazer com a minha varinha?

Ron pigarreou antes de dizer qualquer coisa. Essa era especificamente a única pergunta que ele não sabia como responderia para a filha. Porém, apresentando a expressão mais confiante que conseguiu o pai disse:

— Não se preocupe, vamos resolver isso antes de você ir para Hogwarts.

Meio desconfiada, Rose apenas fungou enquanto assentia, saindo do quarto em seguida com o malão debaixo do braço. Em silêncio Hugo e Ronald observaram à pequena Weasley arrastar a bagagem que quase possuía o seu tamanho pela casa. Ronald já estava sorrindo, orgulhoso de si por ter acalmado os ânimos, quando ouviu o choro baixo do filho mais novo:

— A Ro-rosie me o-odeia! – Após dizer isso, Hugo começou a chorar alto, não se importando com quanto o pai tentava consolá-lo.

Mesmo com Ronald dizendo várias vezes a Hugo que aquilo que a irmã dissera era apenas fruto da raiva momentânea, o caçula ainda passou o resto do dia triste e cabisbaixo. Quanto a Rose, se arrependeu do que disse assim que ouviu o choro desolado do irmão, mas era muito orgulhosa para voltar atrás e pedir desculpas.

No fim, Rose foi para Hogwarts sem sua varinha, a qual seria enviada depois pelo vendedor, sem conversar com Hugo e sem um sorriso no rosto.”

...E Rose quebrou a vassoura de Hugo, também acidentalmente.

— Por que, exatamente, você pegou minha vassoura, Rose? – Perguntou Hugo, expirando forte pelo nariz para controlar sua raiva.

— Me desculpa, eu...eu não... – A ruiva tentou, mas nem sabia ao certo se explicar. Tudo tinha dado tão errado tão rápido... – Eu queria ir até a casa do tio Harry agora e pensei que de vassoura seria mais rápido, só que...a minha está sem polir, então eu peguei a sua. Mas eu me distraí durante alguns segundos e bati naquela árvore perto de casa e...me desculpa, Hugo!

Os irmãos olhavam para a vassoura dividida em três pedaços aos seus pés. Aquela cena parecia tanto com o que ocorrera anos atrás, quando Rose iria para Hogwarts pela primeira vez, que Hugo nem conseguia raciocinar direito. Não diria que odiava a irmã, obviamente, afinal não eram mais crianças – ele já estava no terceiro ano e Rose no sexto ano em Hogwarts – mas isso não o impedia de ficar com raiva. Muita raiva. Aquela era a sua chance de entrar para o time de quadribol da Grifinória e agora fora completamente destruída junto com a vassoura.

— Bastava polir a sua vassoura! Você não tinha o direito de pegar a minha sem permissão!

— Eu sei, eu...posso te emprestar a minha! Por quanto tempo quiser. –Disse Rose, com um sorriso amarelo.

Hugo não era debochado, mas nesse momento seu sorriso e sua sobrancelha arqueada, junto com o riso seco, não poderiam defini-lo de outra forma.

— E por que eu iria querer a sua vassoura, Rose? A minha era o novo lançamento e eu precisei trabalhar junto com o tio George para conseguir compra-la! Não é a mesma coisa. – Não conseguindo se segurar, o caçula completou: – Além disso, você nem cuida da sua vassoura direito, é a pessoa mais desorganizada que eu já vi.

— Ei, ei, ei! Não precisa falar assim também! – Rose, que até o momento tentava ser pacífica, irritou-se: – Eu estou tentando resolver as coisas aqui!

— E não teria nada para resolver se você não estivesse estragado tudo, como sempre faz. – Soltou Hugo, se arrependo em seguida.

Porém, o que já fora dito não podia ser editado ou apagado; Hugo já havia dito e Rose já escutara. Vestindo a máscara de indiferença no rosto, Rose o fitou atentamente antes de dizer:

— Quer saber? Vai se fuder! Eu também não ligo para você e para essa sua vassoura idiota!

Ela saiu pisando duro, deixando um raivoso Hugo para trás, junto com sua vassoura quebrada. Entretanto, Rose se importava, tanto que juntou todas as suas economias e deu uma vassoura nova para o irmão, apesar de não ter coragem o suficiente para entrega-la cara a cara. Não, Hugo apenas recebeu um pequeno bilhete junto com o embrulho no seu quarto: “Você vai precisar de muito mais do que essa vassoura para ganhar da Sonserina esse ano, irmãozinho. Boa sorte, mas nem tanto assim. Com amor, Rose. Ps.: desculpe-me, ok?”

Ele apenas abraçou Rose forte na primeira vez que se encontraram após ele receber o embrulho e, simples – ou complicado – assim, eles estavam bem. De novo.”

Na realidade, não importava quantas brigas mais sérias eles tivessem, tanto Rose quanto Hugo se arrependiam e se sentiam culpados minutos depois. Se não fossem tão orgulhosos, tão temperamentais, tão irmãos se resolveriam muito mais rápidos. Mas não, aquele era o jeito deles e, apesar de ser difícil, funcionava. Afinal, uma briga entre irmãos nunca era sobre quem estava certo ou errado, mas sim sobre quem pediria desculpas primeiro.

***

Porque era Hugo quem consolava Rose...

— O Scorpius é um babaca! Idiota! – Rose disse para Hugo assim que o irmão entrou em casa. – Eu nunca mais quero vê-lo na minha vida!

Apesar da surpresa inicial, Hugo logo percebeu o que estava acontecendo ali. Rose e Scorpius namoravam desde o sexto ano e era óbvio que gostavam demais um do outro, mas isso não impedia que brigas catastróficas ocorressem às vezes. Normalmente elas aconteciam por motivos bobos, afinal os dois eram muito orgulhosos e quase nunca admitiam estarem errados, e terminavam com algum dos dois pedindo desculpa no estilo comédia romântica dos anos 2000. Entretanto, no meio tempo em que estavam brigados, era Hugo quem consolava a irmã.

Indo até a geladeira para buscar o sorvete favorito de Rose, Hugo percebeu que não se importava em fazer aquilo. Sentar-se junto com a irmã, ouvir tudo que ela tinha a dizer e comer algumas guloseimas enquanto ouviam alguma música ou assistiam algo na TV. Na realidade, gostava muito de passar um tempo com a irmã, a única parte ruim desses momentos era a dramaticidade deles, com a qual o Weasley mais novo não levava o menor jeito.

— Quer sorvete? – Ofereceu, sentando-se ao lado da irmã no sofá da sala.

— É morango? – Fungou Rose e quando viu o doce rosado voltou a chorar. – Esse também é o sorvete favorito do Scorpius. Droga, ele conseguiu estragar até isso para mim!

Hugo já estava pronto para voltar com o doce para a geladeira, mas Rose o tomou de suas mãos e enfiou uma colherada generosa na boca.

— O que aconteceu dessa vez? – Perguntou Hugo, paciente.

— Não quero falar sobre isso.

Era sempre essa a resposta de Rose, mas ela sempre acabava falando. Às vezes Hugo percebia que a irmã estava certa e a apoiava, porém, em outras percebia que Rose só estava sendo uma idiota e jogava isso na cara da irmã, o que lhe garantia algumas olhadelas raivosas. Não importava, o final daquelas tardes eram sempre o mesmo:

— Quer assistir algum filme?

— Não quero nenhum romance para me lembrar da minha decepcionante vida amorosa. – Sentenciava Rose.

— Podemos assistir terror. – Sugeria Hugo, já imaginando a resposta da irmã.

— Não quero ficar com medo agora.

— Comédia?

— Eu estou parecendo alguém que vai rir agora, Hugo?

— Drama?

— Eu também não preciso chorar mais.

— Ok, então escolhe logo, Rose.

— Obrigada, você é o melhor irmão do mundo!

Então, ela abria o primeiro sorriso brilhante desde que Hugo chegara e corria até seu quarto para pegar uma caixa com animações infantis. No fim, Hugo não entendia o apelo daqueles filmes para Rose, mas assistia mesmo assim, afinal não era todo dia que a durona sonserina dizia que ele era o melhor irmão do mundo.

...E era Rose que defendia Hugo de qualquer um que implicasse com o caçula.

— Então, você é a filha de Ronald Weasley e Hermione Granger? Do Trio de Ouro? – Perguntou o garoto sentado a sua frente, com os olhos arregalados.

Com um sorriso orgulhoso e prepotente, Rose respondeu:

— Sim.

Logo, vários jovens que estavam próximos e haviam ouvido o curto diálogo se juntaram a ela naquela mesa. Era seu primeiro dia no curso de Medibruxa e Rose estava confiante, ainda mais por ter certeza que não ficaria sozinha no decorrer do dia. Obviamente ela sabia que muitas daquelas pessoas somente se aproximaram dela devido a seus pais, mas um pouco de companhia nunca fazia mal a ninguém. Além disso, poderia ir filtrando as amizades de acordo com o passar do tempo, afinal era especialmente boa em ler pessoas.

Faltavam poucos minutos para a aula começar e o professor ainda não havia chegado, o que permitia que todos os estudantes ficassem conversando entre si. Uma batida na porta chamou a atenção de todos, que se voltaram para a entrada a tempo de ver um ruivo alto e um tanto desajeitado entrar na sala.

— Rose, você esqueceu essas anotações em casa. – Hugo lhe entregou a pasta que a irmã havia preparado dias antes. – Trouxe para você porque achei que poderiam ser importantes.

— Obrigada, Hugo. – Ela deu um sorriso aconchegante para o irmão e, mesmo sendo contra demonstrações públicas de afeto, o abraçou de lado.

Com as bochechas coradas e um aceno breve para os futuros colegas da irmã, Hugo saiu da sala em passos apressados. Diferente de Rose que adorava ser o centro das atenções, Hugo gostava de passar o mais despercebido possível, o que era bem difícil dado sua altura e seus genes Weasley.

— Era seu irmão?

Rose se virou para o garoto que perguntara, o mesmo que indagara sobre seus pais, e viu um sorriso zombeteiro no rosto dele. Com os olhos semicerrados, ela respondeu:

— Sim, aquele era Hugo. Por quê?

— Ele não se parece nada com você, Rose. – Ele disse, não se importando com a expressão insatisfeita dela ao continuar: – Ora, vamos lá! Ele pode ser seu irmão e ser estranho, ok? A genética nem sempre acerta, afinal. Creio que Ronald e Hermione tenham desaprendido com o passar do tempo, já que você é linda e ele...

O garoto, o qual Rose silenciosamente já amaldiçoava em sua cabeça, deixou as palavras no ar, o que arrancou risadinhas debochadas de diversos jovens em volta deles. A Weasley olhou no rosto de um por um, visualizando e memorizando quais deles estavam tirando sarro de Hugo e quais não. Quando terminou a inspeção, disse em uma voz falsamente doce:

— Na verdade, acho que a genética Weasley sempre acerta. Hugo não é estranho, ele se parece muito comigo, aliás. – Ela semicerrou os olhos. – Sabe no que mais somos parecidos? Nós dois somos muito orgulhosos e não aceitamos que idiotas prepotentes debochem da nossa família desse jeito.

Percebendo que a garota realmente se ofendera, o garoto abriu a boca para dizer algo, porém Rose o interrompeu:

— Não se incomode em dizer que se expressou mal ou qualquer merda do gênero. Eu não quero suas desculpas e Hugo não precisa de sua aceitação. – Levantando-se da mesa, Rose lançou um olhar de desprezo a ele e a todos que debocharam do irmão. – Eu não costumo me relacionar e ser amiga de babacas como você.

Assim, saindo de perto deles como uma rainha, Rose sentou-se em uma mesa próxima, a expressão fechada e insatisfeita. Se havia uma coisa boa naquela cena toda era que facilitara seu trabalho de filtrar as amizades, afinal ninguém debocharia do irmão perto dela, ninguém.

A verdade era que se alguém quisesse mexer com Hugo primeiro teria que enfrentar o furacão chamado Rose Weasley. Além disso, ninguém conseguia acalmar melhor Rose do que a brisa que Hugo Weasley era. Porque, por mais diferentes que fossem, eles eram irmãos, eles se amavam e eles se protegeriam acima de tudo.

***

Porque Hugo foi o primeiro a saber que Rose iria se casar...

— Rose, está tudo bem? – Hugo perguntou à irmã, a qual olhava fixamente para a parede desde que ele chegara a cozinha. Diante da falta de resposta, o ruivo estalou os dedos na frente do rosto dela. – Rose? Oi?

— Ah, oi. Hugo, oi. – Ela deu um pequeno sorriso. – Como você está?

— Bem e você.

— Ótima, bem mesmo.

— Sério? Não parece.

Rose não o respondeu, apenas continuou a olhar para a parede inexpressivamente. Hugo pegou uma cadeira e se sentou em frente a irmã, encarando-a.

— O que aconteceu, Rosie? – Perguntou, preocupado, afinal não era comum que Rose Weasley passasse mais de dez segundos em completo silêncio.

Em resposta, ela apenas lhe mostrou a mão direita, na qual um anel com uma esmeralda brilhava no dedo anelar.

— É um bonito anel, combina com você. – Comentou Hugo, sem entender a situação.

Rose fixou o olhar nele pela primeira vez e revirou os olhos, esfregando as têmporas com uma das mãos.

— Scorpius me pediu em casamento, Hugo. Hoje, há uns vinte minutos atrás.

— Oh, oh!

Rose parecia um pouco irritada com a resposta monossilábica do irmão, o qual tentou se recompor o mais rápido possível. Para ser sincero, Hugo ainda não sabia como deveria reagir, mas supunha que isso era algo bom, certo?

— E o que você respondeu? Quer dizer, obviamente você deve ter aceitado e...me desculpe...eu só estou surpreso. Vocês não parecem o tipo que se casam com uma festa grande, alianças, roupas espalhafatosas e tudo mais.

— Eu também pensava isso! – Revelou Rose, a expressão um pouco desesperada. – É óbvio que eu quero ficar com Scorpius o resto da minha vida e que eu amo ele, mas nunca pensei que nós oficializaríamos as coisas assim! Ele sequer me pediu em namoro algum dia, nós apenas...decidimos que tentaríamos e...eu não sei o que fazer, Hugo.

— Como assim? Você não quer se casar?

— Não, quero, não sei. Eu fiquei tão nervosa no momento que simplesmente resmunguei que precisava de um minuto e fugi. Ah, por Merlin! Scorpius deve me odiar agora!

Percebendo que a irmã estava a ponto de chorar, Hugo a abraçou de lado, acariciando os cabelos ruivos com as pontas dos dedos.

— Calma, Rosie. Scorpius não te odeia, ele só deve estar confuso, assim como você. Foi uma surpresa para você e tudo o que vocês precisam é uma conversa sincera sobre casamento e expectativas agora, ok? – Rose assentiu, o que fez Hugo abraça-la mais forte. – Vocês se amam, vai ficar tudo bem.

Alguns segundos passaram antes que Rose levantasse a cabeça, um sorriso surgindo no rosto.

— Quando foi que você cresceu tanto mesmo? – Disse, mais calma. – Obrigada, Hugo. Acho que eu deveria falar com Scorpius agora.

Não foi uma pergunta, mas Hugo assentiu mesmo assim. Rose se levantou e ajeitou as roupas, analisando o anel antes andar a passos largos até a porta. Quando ela já estava quase saindo, o Weasley a chamou de volta, o que fez Rose parar e encará-lo.

— Eu quero ser o padrinho, ok?

Rose gargalhou, sendo acompanhada por Hugo em seguida. E foi com a sombra das risadas deles que o clima se tornou leve, dando a Rose a força necessária para encarar uma nova fase de seu relacionamento.

E Rose foi a primeira pessoa a saber sobre a sexualidade do irmão.

— Rosas vermelhas combinariam com a decoração? – Perguntou Rose, acima do volume alto da música.

Hugo voltou-se para a irmã, arqueando uma sobrancelha. Como ele saberia quais rosas combinariam com o quê? Mas, aparentemente, Rose queria uma resposta concreta, o que o fez balbuciar:

— Hum...acho que sim.

Rose assentiu e continuou anotando algo no pequeno caderno que levava consigo para todos os lugares desde que Scorpius a pedira em casamento, alguns meses antes. Eles já estavam na fase final do planejamento e a cerimônia aconteceria em uma semana, o que seria perfeito se Hugo não estivesse um pouco desesperado. A causa de todo o desequilíbrio do ruivo tinha nome e sobrenome: Luke Zabini, o irmão mais novo do melhor amigo de Scorpius, Anthony.

Obviamente, Hugo já conhecia o Zabini, o qual era apenas um ano mais novo que ele, mas nunca havia realmente interagido com o garoto. Porém, com a repentina proximidade com a qual tiveram de lidar diante de todos os preparativos e pequenas comemorações para o casamento, quando Hugo percebeu já estava acordando ao lado de Luke na cama dele. E isso não era nada, nada, bom. Primeiro porque ele não sabia como estavam em relação a...aquilo. Nunca fora bom lendo sentimentos e não fazia ideia do que eles tinham para o Zabini. Segundo porque, bem, ninguém em sua família sabia que ele era bissexual e aquilo o estava consumindo aos poucos. Descobrira há alguns anos, mas nunca lhe pareceu o momento certo para se abrir, até agora. Olhando para Rose, concentrada olhando para o caderno fixamente, decidiu que aquele era o momento perfeito.

— Rose?

— Hum?

— Posso falar com você?

— Você já está falando, Hugo. – Diante do suspiro exasperado dele, Rose largou o caderno e o olhou. – O que foi? Se for sobre a playlist da festa, eu não vou tocar As Esquisitonas como...

— Eu sou bissexual. – Disse Hugo, rápido e em um fôlego só.

Ao mesmo tempo que um peso parecia ter sido tirado de seus ombros, outro se instalara imediatamente. Estava ansioso para a resposta de Rose e ela o encarar sem dizer nada não ajudava nem um pouco.

— Você não vai dizer nada? – Perguntou Hugo, um tanto quanto exasperado.

— Ah, claro. Desculpe-me. – Rose lhe ofereceu um sorriso reconfortante. – Eu fico muito feliz por você estar me contando isso, Hugo, e quero que saiba que isso não muda nada pra mim. Você é e sempre vai ser meu amado irmãozinho mais novo, apesar de ser um chato às vezes. – Ele sorriu, apertando a mão de Rose na sua. – O que eu quero dizer é que sempre vou estar aqui para te apoiar e nunca vou te julgar por suas escolhas. Eu te amo, Hugo, e quero que você seja muito feliz.

Naquele momento, Hugo teve certeza que tudo ficaria bem. Não porque já soubesse como o restante de sua família iria reagir ou como aquilo com o Zabini iria se desenvolver, mas simplesmente por saber que Rose estava ao seu lado e que ele poderia contar com ela. Como sempre. Para sempre.

Sempre era uma palavra muito curta e muito simples para expressar tanto significado, mas para esses dois irmãos Weasley ela bastava. Eles sempre brigariam, mas sempre acabariam se entendendo. Eles sempre quebrariam alguma coisa no outro ou do outro – a vida era assim – mas eles sempre fariam todo o possível para concertar. Mas acima de tudo, eles sempre se apoiariam e se se protegeriam porque aquele laço que eles tinham não era só de sangue, era de sentimentos. Porque Hugo sempre viveu em um mundo que Rose existiu e Rose nunca queria viver em um mundo onde Hugo deixasse de existir.


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Notas finais do capítulo

Um pouco dramático, talvez? haha muito da fanfic foi baseado na minha relação com meu irmão e por isso que eu gosto tanto dela! Enfim, espero vocês nos comentários!
Beijooos



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