Dancing is a Dangerous Game escrita por prongs


Capítulo 2
You can have your way with me ‘til you go




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/801358/chapter/2

Os dias se passaram e Albus conseguiu ignorar Rigel com sucesso; ou quase isso. Trombou com o rapaz, que parecia estar lhe perseguindo, em algumas oportunidades, mas na maioria das vezes conseguia ir embora antes que ele sequer pensasse em alguma piadinha sem graça ou provocação desnecessária. Em outros momentos teve que lidar com piscadelas à distância nos intervalos entre takes, que Albus fazia questão de responder com um revirar de olhos. Ele simplesmente sabia que tinha que manter sua distância daquele garoto ou iria fazer alguma besteira (como esganá-lo com as próprias mãos), e não queria arriscar perder seu emprego por conta de um cara chato.

Depois de umas três semanas nesse jogo de gato e rato, Albus finalmente foi encurralado contra a sua vontade. Era o fim de outro longo dia de gravações, além de estar insuportavelmente frio em Vancouver (ele mal podia esperar para as gravações de verão em abril e maio, que seriam muito mais agradáveis), e Albus estava no trailer de Scorpius, agasalhando-se e arrumando suas coisas enquanto o ator não chegava — ele tinha ficado para trás conversando com alguns de seus colegas de trabalho sobre as próximas cenas a serem gravadas — quando escutou a porta se abrindo e se virou animado, esperando ver Scorpius, mas se deparou novamente com aquele sorriso irritante.

— Mas olha só, é o assistente do galã! — Rigel exclamou animado, e Albus sentiu sua paciência diminuindo imediatamente.

— O assistente tem nome.

— Eu sei — Rigel se apressou a dizer, ainda parado na porta. — Albus Potter, não é? E eu sou—

— Rigel Thomas-Finnigan — Albus o cortou, querendo que ele fosse embora logo, e o sorriso do outro rapaz aumentou. — Eu sei. Todo mundo sabe.

— Você sabe que pode me chamar só de Rigel, não é?

— É, eu só não quero — Albus se virou e voltou a organizar suas coisas, logo se aprontando a arrumar as de Scorpius também. — O que você quer? Entrou no trailer errado?

— Não, só procurando o Scorpius, a sola dos meus sapatos estavam soltando e ele me emprestou as botas dele pra eu gravar uma cena… — Albus ouviu ele subindo as escadas do trailer e fechando a porta atrás de si, e fechou os olhos e respirou fundo.

— Ele ainda não chegou — Albus disse, virando-se para o ator.

— Eu percebi — Rigel abriu um sorriso enorme, confundindo o menino em sua frente. — Encontrei alguém bem melhor!

Pra tirar do sério, Albus completou em sua mente, e revirou os olhos. Não era possível que aquele garoto insuportável estivesse ali só para lhe encher o saco, ele realmente não tinha nada melhor pra fazer?

— Você pode deixar as botas aí e ir embora.

— Tá mesmo me expulsando, Albus? — Rigel fez um biquinho enfuriante, e Albus não conseguiu evitar encará-lo com uma sobrancelha arqueada.

— Um pouco, sim — E suspirou quando o moreno se jogou no sofá em frente a ele, tirando as botas vagarosamente. — Você não tem seu próprio trailer, Sr. Finnigan-Thomas?

— Rigel — Ele o corrigiu de novo. — E sim, eu tenho, mas o Scorpius não está lá, não é mesmo?

— Nem aqui — Albus deu de ombros. 

— Claramente — Rigel rebateu. — Mas as botas dele precisam estar!

Albus suspirou e cruzou os braços, prestes a desistir.

— Seu trailer é do outro lado do parque, tudo isso pra devolver um par de botas?

— E pelo prazer de ter uma doce, leve e ótima companhia que aprecia a minha presença — Sua voz e seu rosto estavam carregados de sarcasmo e Albus respirou fundo outra vez, tentando não revirar os olhos mais uma vez com tamanha babaquice.

Para a sorte dos dois, antes que Albus pudesse responder algo além do limite da educação que pusesse seu emprego e sua reputação em jogo, a porta do trailer se abriu novamente, revelando um Scorpius sorridente com os cabelos cobertos de neve.

— Rigel! O que você tá fazendo aqui? — O loiro perguntou, animado em ver o colega.

— Devolvendo suas botas e dando um oizinho pro Albus — Rigel sorriu inocentemente, como se não tivesse passado os últimos minutos implorando por uma briga com o assistente do rapaz.

— Estão fazendo as pazes, finalmente? — Scorpius sorriu, esperançoso.

Rigel levantou uma sobrancelha na direção de Albus, que apenas o encarou e deu de ombros.

— Acho que ele ainda não tá pronto pra isso, Scorp — O moreno balançou a cabeça e sorriu minimamente.

— Bem, precisamos resolver isso e eu sei exatamente como — Scorpius dizia com rapidez, como toda vez que ficava animado. — Eu tava conversando com a Alice e a gente pensou em reservar um clube na cidade só pra gente e fazer tipo uma cast party semana que vem para comemorar o fim da primeira parte das gravações! Mas, assim — Ele olhou para Albus, preocupado. — Mesmo que você não seja do elenco, é lógico que eu vou te arrastar pra lá, você sabe.

O garoto suspirou, derrotado.

— Sim, Scorpius, eu sei.

— Ótimo! — O seu amigo sorriu e colocou as mãos nos ombros de Rigel e Albus, um de cada lado. — Eu passo as informações pra vocês essa semana!

Rigel, que parecia estar se divertindo um pouco demais com toda a situação, sorriu para os dois.

— Te vejo lá, Albus?

— Para o meu azar, Rigel — Ele resmungou de volta.

— Perfeito! Mais uma vez, obrigado pelas botas, Scorp — O rapaz disse, calçando pantufas com rostos de tigre que trazia no bolso do casaco do figurino, e saiu do trailer sem mais cerimônias.

Albus passou os próximos dez minutos ouvindo de Scorpius como ele precisava ser mais agradável e dar uma segunda chance para pessoas que mal conhecia, e Albus só queria revirar os olhos até enxergar seu crânio para toda aquela bobagem. Não precisava conhecer Rigel para saber que ele não era o tipo de pessoa que Albus queria por perto, então sim, faria de tudo para mantê-lo afastado.

A semana passou, com conversas e provocações aqui e ali. Revirava os olhos, bufava e ignorava o rapaz até ele o deixar em paz; ou até Albus poder se livrar daquele palerma.

A festa com o elenco era no sábado antes da última semana de gravações, e para a infelicidade de Albus, o fim de semana chegou mais rápido do que gostaria. Ele acompanhou Scorpius até o tal clube, desviando dos paparazzis do lado de fora do clube com sua roupa toda preta, e percebeu que o lugar até que não era tão ruim. Ninguém que não fosse do elenco estaria ali, o bar era repleto de bebidas, havia um karaokê em um dos cantos do espaço, e as luzes coloridas no meio da escuridão certamente eram sinal de pura diversão.

Scorpius passou um tempo sentado no bar com o amigo, mas logo se levantou e foi dançar com seus outros colegas de trabalho. Albus não era próximo de ninguém e só estava ali por Scorpius, então aproveitou o open bar para tomar vários copos dos melhores drinks que poderia imaginar, enquanto as batidas altas de música pop reverberavam em seu peito. O álcool já lhe deixara tão alegre que ele nem se importou quando Rigel Thomas-Finnigan sentou-se ao lado, sua pele escura brilhando na escuridão com o suor de tanto dançar, os primeiros botões de sua camisa abertos. Ele observou o peito exposto do rapaz por alguns segundos e o encarou.

— Rigel — Cumprimentou-o, tentando não ser simpático.

— Albus! — O garoto sorriu. — Não vai fugir de mim ou me expulsar?

O rapaz deu de ombros, bebericando seu drink, que já estava perto de acabar.

— Para quê? Se você vai voltar a encher meu saco? Só me resta te aguentar — Disse, derrotado, arrancando uma gargalhada do ator.

— E o que você tá fazendo, sentado aqui sozinho a noite inteira? Não te vi dançando uma vez sequer — Albus observou seus lábios brincando com as palavras, escapando entre seus dentes e sua língua, era quase hipnotizante. Quase.

— Ninguém me chamou pra dançar — Albus sorriu pela primeira vez na noite.

— Estou chamando agora — Rigel o provocou.

— Quer que eu dance com você? — Foi a vez dele gargalhar. Ele jamais dançaria com Rigel Thomas-Finnigan. — Você só pode estar brincando, Rigel.

— Eu pareço estar brincando? — Ele levantou uma sobrancelha, e Albus suspirou. Normalmente resistiria mais, mas não sabia muito bem o que era teimosia depois de alguns (ou vários) shots de tequila.

— Já que você está insistindo tanto… 

Rigel abriu um sorriso enorme enquanto Albus se levantava, seu corpo já se balançando ao som de Electric Love, que ensurdecia a todos na pista de dança. Ele segurou o braço do assessor e o arrastou até o meio das pessoas, onde todos estavam embriagados e dançando ou beijando, fora as pessoas que estavam vomitando no banheiro, e os dois começaram a dançar juntos no ritmo contagiante da música.

— Por que você gosta tanto de encher meu saco, Thomas-Finnigan? — A voz embriagada de Albus chamou por cima da música, seus olhos verdes encarando o rapaz mais alto. Rigel riu e balançou a cabeça. — Eu vim dançar com você, o mínimo que eu mereço é uma resposta! Eu não sou famoso nem nada, muito menos rico—

— É sério? — Rigel o interrompeu, com aquele mesmo sorriso arrogante de sempre e um olhar enigmático que Albus nunca conseguia decifrar. — Você tá realmente falando sério?

— Claro que sim — Albus disse, confuso — Não entendo porque você gasta tanto do seu tempo para me irritar.

— Potter, eu não sabia que você era tão estúpido, achei que você tava só brincando comigo — Rigel disse e se aproximou do rapaz, seus olhos colados no dele. — Eu te disse na primeira vez que falei com você. 

Albus piscou os olhos sem reação, inebriado pelo álcool e pela proximidade do corpo forte de Rigel do dele.

— O quê? — Ele perguntou, e Rigel sorriu mais e balançou a cabeça.

— Você não sabe flertar, seu idiota? Eu te acho gato. Muito gato. Eu não quero te fazer perder a cabeça, eu quero te beijar.

A mente já confusa de Albus deu voltas enquanto ele perdia o fôlego. Se lembrava brevemente de algo sobre ele ser bonito ter sido mencionado algumas vezes, mas achava que Rigel só estava tirando sarro dele. Rigel era gay? Ou bi? Aquilo realmente importava? Ele concluiu que não, pois não se demorou em colocar os braços ao redor do pescoço do garoto, que sorriu de lado para ele.

— Não me chame de idiota — Ele disse, encarando os lábios de Rigel.

— Não posso prometer isso quando você é um grande idiota — Foi tudo o que ele disse antes de cortar a distância entre eles com um beijo.

As mãos fortes dele correram sobre as costas suadas de Albus, que puxava o rosto de Rigel para mais perto de si. Nunca havia pensado na possibilidade de beijar aquele rapaz insuportavelmente irritante, mas com certeza não estava arrependido. Seus corpos se chocavam, seus lábios estavam salgados de suor e doces de bebida, ele sentia arrepios em todos os lugares que as mãos fortes de Rigel exploravam em sua pele e não queria sair dali nunca. O desgraçado tinha o melhor beijo que ele já havia provado na vida.

Infelizmente, Albus sentiu algo vibrando em seu bolso de trás e se separou bruscamente do ator, que o observou ofegante ao passo que ele pegava o celular e lia a mensagem de Scorpius dizendo que ele tinha chamado um Uber e estava prestes a vomitar na calçada na frente de todos os paparazzis de Los Angeles. Albus praguejou e olhou para Rigel uma última vez.

— Foi mal — Ele o beijou uma última vez e correu para o lado de fora à procura de Scorpius.

Encontrou o amigo com o rosto esverdeado, mas felizmente Scorpius conseguiu segurar o vômito até eles estarem na frente do hotel, onde não haviam paparazzis por perto. Ele ajudou o loiro a tomar banho e ir se deitar, e apenas quando entrou em seu quarto sentiu sua cabeça rodando ao lembrar do beijo com Rigel, além do calor que ainda tomava seu corpo.

Ele sabia que não devia ter ido dançar com Rigel. Aquela tinha sido uma péssima ideia. E, mesmo assim, não conseguiu pensar em outra coisa até adormecer.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!