Steampunk escrita por Aiwa Schawa


Capítulo 2
Capítulo 1




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Capítulo 1

O Desaparecimento de Edwin Thursby

 

Em 1913, o mundo havia a pouco presenciado o maior salto tecnológico já visto na humanidade, a chave disso, vapor, o calor e engrenagens. Com ela o mundo era capaz de coisas jamais vistas.

Máquinas que levavam pessoas de um lado ao outro do mundo por cima das nuvens, dispositivos menores que estantes capazes de armazenar informação equivalente a uma biblioteca inteira, luzes que podiam queimar perpetuamente e claro… tudo isso tinha um fim.

Para a guerra, para os campos de batalha e para se tornarem ferramentas da morte, a guerra estava próxima, todos sabiam disso. E cada país desejava tomar a maior vantagem possível das novas tecnologias. Na Inglaterra, então, o centro dessa revolução e do seu uso para guerra era um homem: Edwin Thursby.

Nosso projeto era além de insano, assim ouviria de uma pessoa comum, mas eu sabia a verdade, ele também era brilhante o que nós chamamos de Coração a Vapor seria um órgão artificial que se integraria ao corpo perfeitamente, pois o coração é a fonte da vida de um humano, o fazendo funcionar com uma fonte de energia tão vasta.

—Aiwa, você não entende? Vamos criar um humano que não pode morrer.

Ele me disse isso. Enquanto a energia continuasse a fluir, seria impossível parar essa pessoa, um órgão desconectado às fraquezas, mas suportando todas as forças de um humano, era genial, e desde que a esposa de Edwin havia sumido, nós trabalhamos incessantemente nisso, eu tinha certa hesitação, havia algo que me impedia de colocar todo meu empenho, mas até Edwin pode ver quando essa hesitação sumiu, a meio-ano atrás, após o fatídico dia em que minha família foi quebrada mais uma vez.

Contudo, Edwin havia sumido há algumas semanas, enquanto eu era o primeiro a descobrir como seu laboratório havia sido roubado, os projetos pertinentes ao coração, todos haviam sumido, finalmente, naquela manhã fria de inverno, um mensageiro me trouxe uma carta do governo, para um ponto que eu deveria aparecer exatamente ao meio dia.

Parecia uma piada, uma ofensa, ou até um desafio para mim, porém o inverno estava me fazendo muito bem, poucos feixes do sol atravessavam por entre as densas nuvens que cobriam o céu. Foi assim que eu atravessei a cidade.

Por meio das ruas movimentadas, onde cada vez mais minha vista mudava, dos pobres e miseráveis, carregando carroças com imundices, ruas de pedras mal colocadas e desgastadas pela natureza. Para cavalheiros, damas de classe, carruagens elegantemente levando aristocratas de um lado ao outro da cidade. As ruas que eram enfeitadas por motores enormes que dispensavam jatos de vapor, conectando-se por engrenagens, do chão ao topo das casas, das casas ao chão. Enquanto as ruas, construídas com tecnologias impossíveis de sequer se sonhar quando eu era um garoto, me agradavam com seus padrões simétricos e pelo brilho de suas pedras refinadas.

“Realmente será aqui, né?”

Eu não estava na frente do grande relógio, do Big Ben, eu estava a alguns metros dele, em uma construção que deveria ser igualmente importante, que ainda assim, eu não vejo valor em mencionar seu nome. Também sequer estava dentro dela, em vez disso…

A carta me levou a encarar uma parede em um canto estranhamente vazio…

Meus instintos diziam, isso não era um erro. Havia algo a ser descoberto no local em que fui mandado, um segredo que deveria ser descoberto por mim, Aiwa Schawa.

—O cientista insanamente louco… o maior cientista da Inglaterra.

Quando estava prestes a encostar naquelas pedras, no entanto, eu fui interrompido repentinamente, no canto do meu olho…

“...!”

Eu me virei para a direita, encontrei então…

Uma garota certamente, podia ser alguns anos mais nova que eu, uma criança, por um instante pensei ser como eu, com a pele e os cabelos brancos. Contudo quando minha visão não estava mais embaçada, eu notei a verdade. Seu cabelo era como a neve… um pouco literalmente.

Entre seus fios e especialmente no topo de sua cabeça, estava um monte de neve, o cabelo loiro me fez misturar as duas cores, fazendo parecer ser algo uno, porém não era o caso. Assim como a pele dela não era um pálido quase translúcido como a minha, era um branco genuíno, típico de partes mais ao norte da Europa, eu diria.

A primeira coisa vindo dela foi…

—O que você está fazendo aqui?

Eu não havia ouvido mais que dez palavras dela, porém eu soube instantaneamente que havia algo de errado naquela garota, ela certamente não era normal, portanto…

—Eu esperava uma resposta sua antes, eu estou em uma operação secreta, afinal.

Talvez falar tão ousadamente tenha sido demais, eu não faria isso hoje em dia, porém, naquela situação específica, isso acabou funcionando muito bem para o meu lado.

—Edwin.... Thursby…

—Hum… ainda bem. Agora com licença, eu preciso analisar essa parede, eu sinto que nós dois temos a ganhar se agora, você não me distrair disso.

Minhas mãos tatearam aquela parede que apenas tinha gravuras de algo como uma horda de cavaleiros pelo céu, portando armas em meio a uma tempestade. Eu não tinha tanto interesse nisso, no entanto, parecia  não se ligar ao segredo que buscava.

—Você… é um cientista?

—Claro, eu estou usando um jaleco por isso, o que mais eu seria.

Pois havia passado a noite no laboratório, ao sair, eu sequer percebi como ainda estava com o meu jaleco, contudo, não havia visto isso como um problema:

—Um cientista deve se vestir de acordo, se eu sou um cientista, eu devo usar um jaleco, pois eu sou um cientista, eu irei o usar a qualquer momento, ainda mais quando é tão útil. 

Ela parecia ter me lançado um olho torto, mas eu ignorei, talvez ela não fosse inteligente suficiente para acompanhar minha lógica.

—Você, conhece Edwin Thursby também? Eu acho difícil acreditar que ele tivesse uma filha, na verdade… imagino por que ele não tinha uma…

—Ele… nunca falou sobre mim?

—Não. Em todos esses anos, nunca ouvi sobre você, apesar que… qual o seu nome?

—Normalmente, me chamam de “Yuki”

—E quando não é o “normalmente” você tem um nome que não parece algum trocadilho dado por um morador de rua, por acaso?

—...

—Huh… perdão, você claramente não é desse país, eu devia esperar um nome que soasse anormal aqui. Meu próprio nome… Aiwa Saki não é exatamente normal também.

—Esse é o seu nome, então? Tão estranho… faz sentido com uma pessoa assim.

—A algumas semanas, eu era aprendiz de Edwin Thursby, seu assistente de laboratório também, nós estávamos trabalhando em seu mais novo invento até… isso acontecer. A maioria das pessoas acha que ele é apenas um símbolo da revolução tecnológica, mas há um homem por trás disso e… temo o que esse homem tenha se envolvido.

“E apesar das conexões com o rei… como isso aconteceu?”

Sem poder responder aquela pergunta ainda, vendo que mais esforços seriam futeis, apenas continuei a mexer naquela parede, eu sabia, havia algo a mais nela. E foi enquanto finalmente achei, ao colocar os meus dedos por baixo da gravura dos cascos de um cavalo, eu achei duas cavidades nada naturais e tive a certeza daquele ser o segredo da parede… mais uma pessoa apareceu.

Era um homem que não podia passar despercebido em uma multidão.

Ele era alto, eu pude ver num olhar, usando as lajes nas paredes como referência, ele tinha pelo menos 1,90. E apesar de estar usando um largo sobretudo, havia certamente algo que ele não queria mostrar. Algo ao redor dos seus braços no formato de grandes retângulos, as costas eram cobertas por uma caixa de metal que fazia um leve chiado que me lembrava dos sons de uma chaleira.

Em seus pés, subindo por trás das pernas e entrando por baixo dos sapatos, eu via algo um grande pedaço de metal, ele entrava pelo sobretudo e se conectava a mochila em suas costas. Ao mesmo tempo em que se curvava para entrar no meio da sola do sapato como no formato de uma enxada.

—Aiwa e Yuki, são vocês?

—Esse sou eu. Aiwa é o meu nome.

—Yuki… correto.

—É um prazer os conhecer, as circunstâncias que nos uniram não são das melhores, mas confio que juntos, temos como superar esses obstáculos em breve.

Falando tudo com um sorriso de canto, aquele homem enorme estendeu sua mão para mim, por dentro das mangas eu vi ainda outros indícios do que ele estava portando, imediatamente entendi…

—Você é o Jacob… o que está fazendo aqui?

Eu perguntei isso e ele imediatamente abaixou sua mão, desistindo daquele cumprimento.

—O agente deve dizer mais, o motivo de eu estar com vocês é… ao menos “diferente” por assim dizer.

—Claro, você parece bem mais a par dessa situação do que nós dois. Se sabia nossos nomes, ao menos, é isso o que parece.

“O que um garoto propaganda está fazendo por aqui? Ele não devia estar cumprimentando mulheres ou beijando bebês agora?”

Eu não me importava tanto com a política, apenas ao que era pertinente ao meu próprio trabalho. E Jacob era algo assim. Ele era o garoto propaganda de um partido comunista, além de aparentemente ser o primeiro homem a usar o que foi chamado de um “exoesqueleto” eu entendia boa parte da teoria de como tal equipamento funcionária, de certa forma é o mesmo princípio superficial do coração a vapor, substituir uma parte do corpo por aço e carvão.

—Bem, eu imagino que vamos trabalhar juntos, então...

E quando finalmente havia acabado aquele papo sem sentido, retirei as duas “lanças” dos cavaleiros e as coloquei sobre os “cascos” dos cavalos para então…

Com o bater forte e constante de engrenagens, o cheiro de vapor e um rugir de metal, uma entrada se abriu para nosso objetivo.

—Huh, você descobriu sozinho como essa entrada funcionava? Eu imaginei que seria eu a liderar os dois agora…

—Eu sou o segundo, não, agora que Edwin sumiu, eu sou o maior cientista da Inglaterra. Também o homem mais inteligente deste país.

Isso não era um blefe e isso não era um exagero. A maioria dos meus contemporarios não aceitava, porém eu tinha certeza de tudo o que afirmava. Atualmente eu poderia ser classificado como um doutor em todos os campos da ciência, claro, biologia e engenharia eram os principais para minhas invenções e especialmente do coração a vapor, contudo, física, matemática, e química eram também áreas de meu domínio, eu vivi pela ciência, era apenas natural eu poder alcançar esse nível. O único que se equiparava… era Edwin Thursby.

Logo após Jacob tomar a dianteira, Yuki o seguiu e após garantir que não havia ninguém nos observando, eu fui o último a entrar.

Por trás de nós, a porta se fechou e nós nos encontramos em um caminho iluminado por tochas medievais e que guiou-nos até uma escadaria, nos levando para o subsolo.

Sendo o único caminho, nós seguimos sem pensar tanto, eu não podia observar nada suspeito naquele local, bem, tirando a ideia de uma entrada secreta para o subsolo em um monumento histórico, isso é.

Enquanto descíamos para o subsolo, o ar ficando cada vez mais pesado, dava mais tempo para dúvidas serem formadas, se tivéssemos chegado mais cedo, teria sido melhor, infelizmente a estrutura em que estávamos não suportava tal possibilidade.

“Sabia que ele tinha alguma conexão com o rei, ainda mais pois ele era um cientista tão vital, considerando seu projeto e mais, ainda assim… isso me parece estranho”

Quando as escadas acabaram, nos atravessamos um portal de ferro, para finalmente encontrar o que era tão bem escondido, por uma passagem tão dificil de ser aberta e uma escadaria tão longa.

A sala tinha paredes de pedra. O ar claramente não tinha tanta chance para viajar por lá, era frio e sufocante. No meio havia uma grande mesa, ela se conectava a outro motor do tamanho de uma caixa de sapatos, por cima… um mapa que mostrava toda a terra. De leste a oeste, do norte ao sul.

Assim como havia um grande quadro negro em um dos cantos da sala, com dizeres mal escritos, porém que eu pude deduzir ser algo como “Nós vamos perder assim!” imaginei ter sido escrito em algum impulso de um agente, considerando os restos de giz pelo quadro, como se tivesse quebrado parte do que usou para escrever.

E lá, lá havia um homem, ele usava as roupas verdes e sobre sua cabeça, um chapéu que o identificava imediatamente como um membro do exército, alguém de alto escalão ainda, imediatamente eu dei um passo para trás, cheguei a considerar dá meia-volta e nunca mais voltar naquele mesmo instante, contudo… se o fizesse, eu sabia que não poderia completar minha missão, assim…

—Boa tarde, meu nome é Oliver Blois. Eu sou agente do serviço secreto inglês e imagino que… todos vocês saibam do desaparecimento de Edwin Thursby, não é?

—Quem não saberia? Apesar de eu ter notado algumas tentativas de subterfúgio do governo, como poderiam tentar mascara o desaparecimento de alguém como Edwin?

—Err, eu irei direto ao ponto. Nós temos uma pista de onde o Edwin possa ter ido, essa pista nos leva em direção da Alemanha. Pode não parecer, mas o governo acredita que vocês três serão mais que suficiente para fazer esse resgate.

—Resgatar… Edwin…? -Como se essas duas palavras não fizessem sentido juntas, a garota coberta de neve perguntou ao agente.

—Nós acreditamos, sim, que Edwin tenha sido sequestrado, é apenas natural. Ele estava em um projeto que, apesar de eu não saber mais do que uma pessoa comum, tenho certeza…

—Era fantástico, seu projeto faria uma união perfeita de homem e máquina. Era o pinaculo, o objetivo final que essa revolução nos levaria. E ainda assim… você tem alguma ideia do motivo deles sequer terem tentado me levar também? Eu posso não ser um décimo do gênio de Edwin, mas completar o projeto agora seria apenas uma questão de tempo.

—O governo não me falou nada sobre isso, se tivesse de adivinhar, seria porque você nunca apareceu publicamente como assistente de Edwin, talvez o inimigo sequer saiba quem você é no momento.

“Pensando bem… o que ele fala é estritamente a verdade”

—Como vocês me encontrarão? Eu não entendo…

—Yuki, é? Eu também não sei disso, sinceramente até eu estou surpreso com o fato de terem lhe encontrado, sabendo de tudo que… houve no passado, mas não foquem nisso agora, o próprio rei responderá qualquer pergunta se trouxerem Edwin de volta, eu tenho certeza.

—Aliás, agente, pode explicar o que é esse garoto propaganda aqui? Eu não sei como alguém assim pode nos ajudar.

—Oras, pois vocês precisam de algum poder de fogo. Ele é um soldado altamente treinado, o exoesqueleto pode ainda estar em testes, porém… acredito que com ele Jacob tem, quase literalmente, a força de dez homens consigo.

—Exatamente!

O homem, Jacob, tirou aquele sobretudo e eu vi então, as ligas de metal, dobradas e redobradas, mais que claramente faziam um caminho por todo seu corpo, da coluna para os braços e pernas. Era com certeza um protótipo, mas ainda assim… impressionante.

—Mas ainda assim, por que logo nós três fomos chamados para isso? O exército não está disponivel? O que esperam que eu faça? Ainda mais essa garotinha aqui!

—O Edwin aparentemente conhecia pessoas muito, muito especiais. Você não é só um assistente de laboratório, pelo o que me disseram, você é tão bom quanto Edwin Thursby. Um ótimo recurso. E também não subestime sua aliada. Ela é mais do que esse exterior faz parecer.

“Eu estou achando bem difícil de acreditar nisso...”

—Não se preocupe, camarada Aiwa, eu não vou deixar que qualquer alemão nos pare enquanto estivermos em nosso caminho.

—...

Era dificil responder a algo assim, com isso, o agente acabou com aquela reunião.

—Podem pegar o que acharem necessário daqui antes de partir, nós provemos um piloto e uma aeronave para vocês viajarem a Alemanha. Obrigado pela ajuda… glória ao nosso império.

Enfim, nós tínhamos terminado de conversar com aquele agente, o Jacob, como fez questão de fazer um pedido de alguns armamentos pesados, fuzis e outros, eu pensei em o interromper, mas desde que não me arrastasse em seus problemas… não devia ser ruim para mim ter um escudo humano como aquele.

Enquanto a Yuki… sequer perguntou o que poderia ser oferecido.

Para mim… eu na verdade fiz um pedido.

—Munição, por favor, para os meus revolveres.

—...?

Eu vi o rosto confuso no rosto daquele agente, porém ele obedeceu sem pensar depois.

E assim, nós formamos o time que iria ao resgate de Edwin Thursby, composto por um cientista, uma garotinha minúscula e um político equipado com uma tecnologia que ele provavelmente sequer entendia como funcionava.

Mais tarde, naquele mesmo dia, nós partimos.

Era exatamente como nos havia sido dito, eu nem precisava de ajuda, muito menos da oferecida liderança do garoto propaganda para saber onde encontramos nosso transporte. Eu fui em frente e apontando para o caminho mais curto possível, até chegarmos enfim no porto de Londres.

Aquela invenção massiva, o torso de um navio acoplado a um balão tão grande quando um prédio inteiro, funcionando com as tecnologias que só se tornaram uma possibilidade a apenas alguns anos. Ao pousar, o forte chiar de vapor e barulho de centenas de engrenagens girando pelo invento se fazia absolutamente presente. Era esse um dos milagres científicos feitos apenas nos últimos anos.

Era aquilo o que usariamos para viajar pelo oceano, pela Europa e alcançar a Alemanha, um dirigível.

O nosso piloto era um homem do exército, ele parecia bem velho e não era sequer mais alto que eu. Fiz questão de o cumprimentar brevemente, sem sequer olhar em seus olhos, então entrei no dirigível.

Enquanto o Jacob ainda estava tentando conseguir algum tipo de suporte dele, seja lá no que fosse, eu preferi gastar meu tempo inspecionando a máquina. Tendo em vista a possibilidade de algo ruim acontecer enquanto viajávamos, isso me pareceu necessário, pelo menos.

Dentro daquele veículo ainda havia alguns aposentos, era um quarto minúsculo, uma cama para cada um de nós e ainda uma a mais. Talvez o piloto fosse a usar.

Contudo, alguns logos que via pelas paredes me indicaram de aquele dirigível não ter sido feito apenas para essa missão, provavelmente fosse de alguma linha de transporte comercial e o governo tivesse meramente o mudado um pouco para  servir nossos propósitos.

“Ao menos tem como eu continuar trabalhando nos meus inventos…”

Foi o que pensei ao ver a sala, era próxima ao quarto e se tratava de um minúsculo aposento que continha tudo o necessário para alguém viver. Uma cozinha compacta, mesas e cadeiras. E ainda uma bancada com vários tipos de ferramentas, eu deduzi pelo cheiro de o real uso delas deveria ser a manutenção de armamentos, porém eu não me importava, para mim serviria tão bem quanto um laboratório de verdade… se tivesse mais alguns materiais.

Enquanto analisava aquela bancada, mais alguém entrou na sala, pelos passos não serem tão barulhentos, eu pude falar com aquela pessoa sem sequer me virar:

—Aiwa, esse é o seu nome?

—Sim… É como eu lhe falei. Precisa de algo? Eu vou tentar fazer essa mesa funcionar para mim…

—Você pode falar sobre o projeto? O coração…?

—O que precisa saber? Eu responderei se não ver problema em responder. E se não achar necessário, simplesmente não irei falar. O projeto era bem secreto ainda, de qualquer jeito.

—...

Eu ouvi outros passos e quando me virem, confirmei o que meus ouvidos diziam. Ela havia saido da sala sem dizer mais nada.

“Que garota estranha. Eu até tentei cooperar um pouco e ela me agradece assim? Nós realmente não estamos em tempos perfeitos”

Eu pensei que após aquela interrupção insignificante, eu teria as chances de passar as próximas horas em paz, deixaria o piloto fazer o que desejasse enquanto eu preparava aquela bancada e transformava a sala em um laboratório voador. 

E quando o dirigível subiu aos ares, sinalizado pelo súbito aumento no barulho do impacto entre engrenagens que batiam umas nas outras, veloz como um furacão, enquanto eu sentia certa mudança no balanço,conforme o grande motor principal daquele dirigível fazia seu maior esforço para erguer o veículo…

E o cenário urbano que nos rodeava por todos os lados se tornasse um céu de um azul fraco, escurecido e então, para além da fumaça das fábricas, por entre as nuvens e então… ainda mais além das nuvens.

Pensando bem, eu nunca havia tido a chance de voar em um dirigível até aquele dia. Quando era mais novo, quando estava vindo para Londres… se usavam navios e trens. Eu não sabia dizer a sensação que sentia, porém me conformei em chamá-la de uma variação do caótico sentimento da absoluta liberdade, a mesma sentida quando estava em um laboratório, prestes a pôr meu mais novo experimento ao teste. Era essa a sensação que eu tinha.

 

Contudo…

—Aiwa! Camarada, você viu a Yuki?

—Err… eu vi sim, mas ela só passou aqui, falou alguma coisa críptica e depois sumiu, garotas são sempre assim?

—Não se desentenda com ela, eu diria que isso pode causar problemas no futuro. É o que acontece quando o grupo não está plenamente unido.

—Eu vou tentar o que posso, claro, mas não posso bem garantir que isso vai ser tão útil assim. Ela quem parece ter algum problema comigo, um problema que eu nem tenho ideia de qual seja…

Normalmente minha percepção não era tão boa, julgar o carater e pensamentos dos outros não era um forte meu. Contudo… dessa vez eu estava um pouco mais, até seguro demais dessa suposição, apesar de ainda não ter certeza do motivo.

—Bem, fique atento camarada, nós vamos adentrar no território alemão antes do próximo nascer do sol. Pelo o que vejo

—Ok, eu vou tentar não me perder nessa… coisa… 

E antes de que eu comentasse mais sobre como a escolha de palavras dele não era normal, o primeiro desafio que enfrentamos na jornada para consertar nosso mundo apareceu, isso é, na forma de um flash, um raio atravessando os céus.

O alerta do dirigível acionou e nós dois imediatamente corremos para o lado de fora, quando vimos então…

—Piratas! Malditos…!

Foi esse o grito de Jacob, mas.... aquilo eram mesmo piratas? Repentinamente um dirigível inteiro estava ao nosso lado, apenas alguns metros de distância, como poderiam ter feito isso? E o que havia sido o raio que vimos?

E assim… um homem apareceu do lado de fora daquela aeronave.

Apesar de estarmos a metros de distância, em meio as nuvens, ele falava normalmente e ainda assim, sua voz soava como trovões pelo céu, nós ouviamos claramente:

—ESQUADRILHA REAL! VOCÊS IRÃO VOLTAR AGORA MESMO! VOCÊS NÃO IRÃO RESGATAR EDWIN THURSBY!

“Huh…? Esquadrilha real? O que ele está falando?”

—Camarada, nós precisamos ganhar um tempo e fazer uma manobra para fugir.

—Não diga…

Eles pareciam tão bem armados quantos nós, aquele dirigível mais parecia algo usado para uma guerra do que qualquer outra coisa, ele tinha dezenas de armas em seu exterior, imaginando que houvessem mais fora de vista, passaria de uma centena. E aquele homem também, ele parecia bem armado.

—Ei! Se expliquem! Quem são vocês?!

Com todos os meus pulmões, eu gritei para aqueles homens do outro lado, por incrível que pareça, acompanhado dos trovões de sua voz, ele respondeu.

—SE VOCÊS CONTINUAREM, O FUTURO SERÁ CONDENADO. VOLTEM AGORA MESMO E DESISTAM DESSA BUSCA, OU NÓS VAMOS FAZER VOCÊS DESISTIREM!

—...!

—Aiwa, eles falaram… é isso o que eu tô pensando?

Não era meu intuito chegar a isso, mas naquele dia, a maior verdade do mundo nos foi revelada, era possível viajar pela água, terra e até pelos ares como pássaros, porém, nenhum cientista daquele tempo poderia acreditar que viajar pelo tempo, para frente e para trás, livremente assim poderia ser possível. 

Ainda assim, fazia sentido, eles não estavam mentindo, não naquela situação, o que ouvimos era um grupo proclamando serem viajantes do tempo. Viajantes de um futuro condenado pelo presente e que agora buscavam mudar esse mundo, para então, mudar o próprio.

Entretanto… como eles podiam esperar que essas palavras me convencessem? Pessoas do futuro não deveriam saber esse tipo de coisa? Eu jamais seria convecido apenas por isso. O que há nesse mundo condenado? Isso sequer importa para mim? Minha determinação em consertar meu passado, ela não era fraca assim.

—Viajante! E de que isso nos interessa! Voltem para o seu próprio tempo e consertem esses erros! Isso não é o meu problema!

Obviamente… eles não tomaram isso nada bem. Uma batalha agora, ela era inevitável.

E quando ela começou, eu vi, um tiro foi disparado, uma bala passou por cima de meu ombro, eles haviam errado por apenas alguns centímetros, foram apenas cinco que salvaram minha vida.

Nosso chão começou a se inclinar e nos puxar para trás, enquanto o dirigível deles imitava esse movimento e se inclinava em nossa direção, seguidamente, veio os diversos estrondos de quando canhões dispararam em nossa direção, ao mesmo tempo que nosso próprio navio revelava seu pequeno arsenal e retaliou com o que era possível. 

Fui jogado contra a parede pela inclinação e agora, em minha frente, havia três daqueles viajantes em nosso deque. Uma batalha havia começado.

Eles tiveram a iniciativa de agir, ambos sacando armas de fogo e apontando em nossa direção.

Os disparos vieram.

Só ouvir o barulho me fez pular por instinto e tentar me afastar do ataque, isso não deveria ser relevante, as armas estavam a apenas um ou dois metros de mim e atravessariam essa distância num décimo de segundo, ainda assim.

Foi justamente isso o que me salvou, novamente os tiros passaram por debaixo dos meus braços, enquanto isso…

—AAAAAAAHHH!

Apesar de um tiro acertar em cheio no peito de Jacob, ele sequer tremeu, em vez disso, avançou com tudo contra aquele viajante que havia o atacado.

O segurando pelos ombros, quase esmagando os seus ossos e então o lançado para os ares, direto para oceano.

“Eu não posso deixar ele tomar isso sozinho”

Não era um lutador e com certeza não conseguiria fazer algo tão impressionante quanto jogar um homem pelos ares com só minhas duas mãos, contudo… talvez eu tivesse algo ainda melhor do meu lado, isso era, uma teoria. Uma que podia estar errada, ainda assim…

A natureza de um cientista louco é arriscar sua própria vida para provar suas teorias. Isso era inegavel.

E em vez de correr, eu respirei fundo e caminhei em direção daquele viajante, enquanto ele parecia estar entendendo o que ocorria e tendo ainda mais problemas para mirar.

—Parece que eu estava certo…

No fim daquela sentença, ele fez outro disparo. E por sorte, ou talvez, pois era o destino.

Eu apenas senti algo raspando pelo meu pescoço, uma bala que errou por pouco. Naquele momento, eu achei que tinha entendido. E para que todos os inimigos ouvissem, eu gritei:

—O FUTURO NÃO PODE SER MUDADO! VOCÊS NÃO PODEM ME MATAR!

Tal qual aquilo já fosse um fato, eu pulei sobre o parapeito daquele dirigível, a centímetros de uma queda mortal e ainda assim, eu ainda não cai. Algo me protegia, naquele momento, eu tinha certeza disso.

E assim parece ter pego os inimigos também, eu havia notado um homem do outro dirigível que apontava uma arma em minha direção… antes de outro disparo, ele jogou sua arma no chão e correu para dentro do dirigível.

Me deixando voltar para a segurança do deque, por alguns segundos, eu achei que aquilo iria acabar, porém ainda tinham dois inimigos  ao nosso lado.

Enquanto Jacob estava brigando com um deles…

—Aiwa! Cuidado!

Eu me virei de uma vez, apenas para ver que ele não estava mais atirando em mim, em vez disso, ele jogou o cano de sua arma contra minha cabeça, o que acerto em cheio na minha testa.

Senti, aquilo havia sido quase suficiente para quebrar o meu crânio. Dentre as diversas coisas que já fui, resiliente nunca foi uma delas. Eu fui direto ao chão com aquele golpe, já sem ar, mas…

Como resposta, eu ainda tentei algo, me pôs de joelhos e tentei jogar um soco contra aquele homem, por mais futil que fosse a tentativa, era apenas isso o que sobrava.

E tal qual era esperado, isso foi respondido com ele segurando meu braço e…

—AAAAAAAAAAAAAAAAHHHHHH!

Segurando com cada mão e o levando para lados opostos, ele estava tentando quebrar o meu braço, naquele mesmo momento e eu só podia tentar atrasar aquilo, como um reflexo, a única coisa possível eram os mais básicos reflexos.

Até…

Enquanto o Jacob sofria para lutar contra aquele outro viajante, repentinamente, uma luz atravessou aquele dirigível, ela chegou ao viajante e quando vi… ele estava no chão, com um corte enorme atravessando por suas costas.

O talento da garotinha, Yuki, era esse. Ela era rápida como um trovão e havia assim, livrado Jacob do resto daquela luta, após agradecer, ele correu em minha direção, então....

Eu ouvi o chiar de uma caldeira.

E aquele homem voou para longe.

Cai de joelhos novamente, agora me agarrando aquele braço dolorido.

—Camarada! Eu me livrei dos três, mas os outros…

Quando nos viramos para o outro dirigível, nós vimos voando pelo ar, algo minúsculo, menor do que um punho cerrado, mas…

Em seguida, de dentro daquele dirigível, uma explosão veio, aquele veículo começou a perder altitude e enquanto nós tomávamos distância e o voo feito para nos afastar estava cada vez mais íngreme, eles continuavam a cair, nós vimos ainda mais explosões vindo de dentro daquele veículo e logo…

Eles sumiram por entre as nuvens.

—Jacob, parece que eles não vão ser mais um problema…

Eu não tinha visto como, porém algum membro da nossa tripulação conseguiu fazer um arremesso olímpico, uma granada que acertou exatamente onde devia e desestabilizou aquela aeronave por completo.

—Você está bem?

—Ele torceu o meu braço um pouco, podia ter sido bem pior…

Foi porque eu resisti até o último segundo, especialmente porque eu tive uma ajuda, e por isso…

—Obrigado, Jacob, você chegou bem a tempo… agora vamos pegar aquele ali. Tenho algumas perguntas para ele.

Enquanto dois deles haviam sido lançados para o abismo, o resto da tripulação fugiu e por fim caiu ao mar. Havia um deles que não tinha caído ainda. Um bem perto da gente.

Com o fim da batalha, o piloto afirmou que iríamos precisar parar por perto para fazer reparos, tais foram os danos que tivemos durante a batalha. E enquanto essa viagem acontecia… nós estávamos levando o homem desacordado até um armazém do navio…

Levamos uma cadeira, mais cordas, amarramos todos os seus membros, tomamos suas armas também, por segurança. Enquanto Jacob estava ajudando o piloto a fazer seu pouso. Eu e… a Yuki, após ela insistir em observar, esperamos o homem acordar.

“Provavelmente foi ela quem lançou aquela granada… eu vou deixar isso comom um agradecimento e só deixar por isso”

Após só alguns minutos, aquele homem acordou.

—Ah…? O que…? AH! Ahhh!!

Ele tentou na mesma hora se mover, pegar suas armas, então correr, ainda bem que o Jacob havia feito ótimos nós. Ele não tinha conseguido se mover um centímetro a mais do que era permitido.

—Comece a falar. Agora.

Foi minha primeira ordem. Imaginei se depois de tudo aquilo, sua vontade de lutar não estaria fraca suficiente para até algo assim, uma ordem simples ser suficiente, no entanto…

—Jamais! Vocês não vão conseguir nada de mim! Me matem logo!

Eu vi que a garota, a Yuki já estava ameaçando puxar sua lâmina novamente, entretanto, eu ainda não havia desconsiderado totalmente a possibilidade do nosso inimigo não cooperar imediatamente.

A parei com um gesto então, pôs a mão em meu jaleco…

E um dos motivos de eu sempre estar com ele, era pois carregava comigo vários tipos de equipamentos, em meus compartimentos internos havia todo tipo de coisa, incluindo objetos de uso que parecia óbvio… armas.

No caso, três revólveres. As únicas armas que eu sabia usar.

—Viajante… no seu tempo ainda existe roleta russa?

—...!

—Eu coloquei antes apenas uma bala em apenas uma dessas armas…

Aquilo era mais um truque de festas do que algo realmente útil, eu havia visto um outro homem o fazendo e consegui imitar após umas dezenas de tentativas. Jogar aqueles revólveres pelos ares e nunca os perder, isso era, botando de forma simples, malabarismo.

—Irei apenas parar quando você me falar, o que acha?

—...

Ele continuou em silêncio, então eu vi que teria de começar a arriscar.

Após alguns segundos, eu preparei e puxei o gatilho uma vez, claro, nada aconteceu, a chance ainda era bem baixa de realmente acontecer um disparo, mas o estralar daquela arma deixou claro para o homem como eu estava sério.

—Vamos, eu só posso fazer isso no máximo mais 17 vezes antes de você morrer.

E outra vez, o gatilho foi puxado, ele ainda não havia encontrado seu fim, de jeito nenhum. Aquele show deveria continuar.

Mais uma vez, uma arma estalou, tentando disparar, mas apenas encontrando um compartimento vazio. Foi quando…

—Ok! Eu conto tudo!

Peguei as três armas no ar, as guardei e apreciei minha obra de arte. Um guerreiro corajoso que agora estava tão pálido quanto uma folha de papel e suando enchentes inteiras.

—Uff! Você está mais pálido do que eu, agora… diga exatamente o que você quis dizer sobre um futuro devastado? O que houve…?

—Edwin… é tudo culpa dele, aquele coração é poderoso demais! Eu estou lhe dizendo! Com um poder daqueles, o mundo se lançou em uma guerra sem fim, pessoas de qualquer tipo podiam conseguir um daqueles e depois disso… você é aquele assistente, né?

—Aiwa Schawa ao seu dispor…

—Você sabe muito bem qual o problema daquele coração. O meu mundo está em frangalhos agora, mas!... Se vocês não fizerem esse resgate, depois que o Edwin morrer, eu tenho certeza de que sem o coração o nosso mundo vai encontrar um futuro melhor! Eu lhe garanto!

—...Falou que qualquer um podia ter o coração? Incluindo você?

—É… e sinto que você já tirou, ele está aí no seus pés.

Realmente, eu havia achado algo estranho nas posses do viajante, tinha a forma de um coração, sim, porém as ligas de metal estavam queimadas até a cor de carvão, assim como havia um grande buraco atravessando pelo meio, diria que só havia metade do objeto original em minhas mãos.

—Isso não parece com nosso projeto. Está quebrado é?

—Sim… eu achei esse ai em um corpo, tivemos de aprender a como matar alguém com o coração, ainda mais considerando… aquela falha nele.

—Uma falha?! Do que você está falando agora! O coração é um projeto perfeito! Nós somos as maiores mentes da Inglaterra! Nunca deixariamos uma falha passar pelos testes.

—Não é isso que a história nos diz. O projeto do coração tem uma falha intrisica ao seu projeto. É impossível ele funcionar sem esse problema.

—...

—Hum, você devia saber, a maioria das pessoas enlouquece depois, o cerebro perde tantas funções que eles viram como animais selvanges, animais que são super fortes e levam uma centena de balas para pararem. E ainda assim… é imortalidade, não é? Muitas pessoas continuam buscando essa caixa de pandora, não importa o que…

Havia veneno escorrendo por seus lábios, tal era a maliciosidade que envolvia suas palavras, um ódio a existência daquele coração, por consequência, a mim, que parecia ser quem ele decidiu pôr toda a culpa do seu futuro devastado, tal é essa a reação de humanos fracos quando não podem superar os desafios em sua frente.

—Silêncio. Eu não preciso ouvir mais nada disso. Me diga agora… como vocês viajaram no tempo?

—Huh… eu não sei nada disso. Só vejo eles apertando alguns botões e… coisas acontecem. Nós simplesmente conseguimos viajar.

Ele realmente não parecia o tipo de entender sobre ciência, mais cedo enquanto ele explicava o motivo de me odiar tanto, suas palavras também pareciam as de quem havia sido ensinado a falar aquilo. Não de quem viu com os próprios olhos. Portanto…

 Era um gado (igual o dn kkkkkkkkkkkk)

—Bem… você foi mais útil do que eu imaginei. Um pouco mais covarde também, a maioria das pessoas só pede que eu pare depois da quinta vez, com você eu só precisei puxar o gatilho três.

Nos olhos daquele homem, eu podia ver que se não estivesse preso, ele teria pulado para me atacar naquele mesmo instante.

—Yuki, faça o que quiser com ele. Eu vou ver o que o Jacob está fazendo…

Eu não tinha certeza, mas havia visto algo “ruim” nos olhos dela, depois de fazer aquele corte brutal que acabou por matar aquele homem, eu tive a impressão de não haver remorso algum, na verdade, talvez eu tivesse visto justamente o contrário.

“Tomara que ela não seja tão perturbada quanto eu imagino…”

Eu ouvi muito sobre homens que viam prazer em matar pessoas, mas uma garota daquela idade assim era… triste, ao menos.

Estava prestes a sair da sala, porém.

Com outro estrondo de trovão, eu imediatamente me virei para ver…

Uma cadeira vazia, agora havia apenas uma marca de queimado nela, as cordas e tudo o que foi retirado do viajante. Pelo o que havia visto até lá, era fácil deduzir, ele tinha voltado para o seu tempo.

“Tomara que não nos cause problemas lá”

Em algumas horas, nós pousariamos em algum lugar da França e lá passariamos algum tempo até podermos continuar nossa jornada.

Analisar mais o coração não rendeu fruto algum. Apesar de eu tentar, ele simplesmente estava danificado demais e eu não sabia o que aprender daquele pedaço de sucata.

Enfim… agora veremos o que o futuro aguarda para nós.


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