Kiss me, Weasley escrita por Anna Carolina00


Capítulo 12
Epílogo




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Anos depois

 

Eu sempre soube que esse dia chegaria. Depois de tanta dedicação… Aquele era meu grande momento de alegria! Sei que para muitos pode parecer bobo, mas eu tinha de usar branco, como sinal de vida nova. Ao meu lado, estava Percy Weasley, que sorria e me guiava até onde a cerimônia se iniciaria. 

—Preparada, Granger?

— Com certeza! Será uma honra, Weasley.

Audrey estava ao seu lado, sorrindo. Encontramos um meio termo saudável entre nós duas: ajudei a morena a  colocar Percy numa melhor posição, que é se arrastando pela esposa e implorando por perdão; em contrapartida, os dois passaram a dividir a repartição no Ministério e eu ocupei sua vaga como assistente do Ministro da magia.

O ruivo, junto à esposa, abriram as cortinas, revelando as centenas de bruxos que me fitavam. Talvez a Hermione de anos atrás estaria nervosa e desconfortável com tanta atenção, mas aquele era meu dia e a Hermione de hoje tem plena confiança na direção em que deseja prosseguir. 

Olhei para os bruxos e reconheci muitos sorrisos. Gui e Fleur estavam sentados junto às duas filhas e a loira carregava o terceiro no ventre. Senhor e senhora Weasley tinha no colo a pequena Molly 2, a filha do casal Weasley que me acompanhou até aqui. Eu pude ver Harry com o afilhado e Gina ao lado amamentando o pequeno Thiago. A ruiva parecia ainda mais radiante com os primeiros meses da segunda maternidade! Além disso, usava azul e parte de mim queria acreditar que era o símbolo de um segredo só nosso. Eu lhe desejei boa sorte assim em seu grande dia, agora ela retribuia no meu.

Um par de sorrisos igualmente estonteantes me acalentaram de longe… Ou deveria dizer, dois pares iguais. Fred e Jorge estavam sentados juntos de Padma e Parvati, os quatro formavam uma combinação curiosamente inusitada e, ao mesmo tempo, conseguia imaginar como deveria funcionar bem! Por experiência própria, eu lembrava como tudo podia ser melhor em dobro. 

Ainda observando a todos, eu sentia que faltava alguém em meio às centenas de bruxos… Uma cabeleira ruiva, talvez? Talvez...

O que pareceram vários minutos guardando na memória todos os detalhes daquele momento, se revelaram ser apenas poucos segundos em transe. No mesmo instante, a realidade veio à tona e eu soube o que deveria fazer agora: dar o primeiro passo.

—Senhoras e senhores, bruxos de toda Europa, é com grande orgulho que venho apresentar Hermione Jean Granger. Nascida trouxa, heroína de guerra. A nova ministra da Magia do Reino Unido!

Kingsley  fez sinal para que eu me aproximasse do centro e ocupasse sua posição. Agora sim… Um sonho se realizava, somente agora caiu a ficha de aquilo realmente estava acontecendo.

Antes de dizer minhas primeiras palavras oficiais, vi uma pequena movimentação próxima aos Weasley. Não pude ouvir o som de aparatação, mas vi duas cabeleiras ruivas surgindo do nada. Rony trazia consigo um irmão com expressão desorientada: Charlie.

Sorri pela bela surpresa. 

Com a saída não premeditada do Ministro, tive de aceitar repentinamente o convite e nem todos da família puderam ser contatados. Com “nem todos” eu quis dizer especificamente Charlie, o treinador de dragões, livre por natureza e estabelecido tão longe de Londres, na Romênia.

 

* * *

Depois da cerimônia, discursos e toda a pompa burocrática, eu pude enfim sentar com minha família. 

A verdade é que depois de escolher aproveitar minha vida e guardar as melhores memórias com as pessoas que amo, percebi que o “Weasley” ao qual devia me dedicar naquele momento era eu mesma. Pude ver de perto cada momento feliz dos membros da família Weasley, cada novo neto e cada casamento. Provavelmente, o mais feliz de todos, foi ser escolhida para ser madrinha do primeiro filho de Gina e Harry! Foi como se nossas últimas desavenças fossem enterradas de vez naquele momento.

—Como devo lhe chamar agora? Excelentíssima ministra?Chefe?

—Hermione está bom, Rony… Como você achou seu irmão? Eu devo ter mandado centenas de corujas sem respostas!

— Sempre o mesmo tom de surpresa. Ainda tenho alguns truques que nem a nova Ministra conhece… E coincidentemente, estou saindo com uma bruxa que toca numa banda de gaita de fole. Ela comentou sobre um ruivo parecido comigo, mas cheio de tatuagens de dragão que estava acompanhando a turnê por toda a Europa oriental. Foi um chute… E eu estava certo. De nada.

Antes que eu pudesse responder, o bruxo apenas piscou para mim e se afastou acenando para alguém atrás de mim. Charlie.

— Então…

— Então…

— Grande dia não? De todas as formas que já imaginei seu futuro, confesso que sendo a Boss Ass Bitch solteirona da Inglaterra é … Diferente… Até para mim.

— Vou considerar isso um elogio… Obrigada Charlie.

O bruxo parecia estar vestido como se tivesse acabado de sair de um Dragão da Romênia. Seus olhos com delineador, um leve cheiro de vodka, a inevitável sensação de liberdade de alguém que havia encontrado ao seu modo o jeito de aproveitar a vida. Eu olhava para o bruxo e lembrava de mim mesma, minhas roupas sofisticadas, a expressão assertiva e todo o peso de ser responsável pela comunidade bruxa do Reino Unido. Tomamos caminhos realmente diferentes… Mas é claro que eu ainda pensava em nosso “ e se”...

Alguns bruxos me cumprimentaram pelo cargo. Pessoas influentes, donos de negócios  milionários ou que possuíam grandes cargos do mundo público bruxo. Eu respondia com cortesia, sabia que boas relações com todos era essenciais para minha nota posição, mas ao mesmo tempo, meu desejo naquele momento era de ouvir a voz de um bruxo em especial.

—Podemos marcar uma reunião assim que possível, enviarei uma coruja caso tenhamos algum progresso.

Depois de me despedir da ministra da França, voltei novamente minha atenção para Charlie, que parecia sem graça com os cortes eventuais de nossas conversas. Eu certamente preferia ouvir sobre o bebê dragão de três cabeças que estava sobre seus cuidados… Mas enquanto estivesse à vista de todos, eu tinha o dever de respondê-los diplomaticamente.

—Hermione, acho melhor eu ir… Rony me trouxe direto de Bruxelas, acho que preciso de um banho e cama… Mas podemos nos ver amanhã, se quiser...Se não tiver reuniões ou… Trabalho em geral… Algo assim.

Sorri. Era fofo como Charlie não parecia querer “tomar meu tempo”, mas a verdade é que adoraria dar para ele toda a minha noite… Dar meu tempo livre, é claro.

—Ou podemos sair agora, só preciso de uma justificativa adequada… Ou melhor, - avistei Percy e Audrey conversando animadamente com o representante do consulado grego - a cobertura adequada. 

De onde estava, acenei para a morena, que entendeu minha expressão de “quero dar uma fora daqui”. A bruxa se encaminhou até mim para me lembrar de um importante compromisso.

—Oh, ministra Granger! Preciso lhe lembrar que precisa terminar de escrever o acordo da comissão de preservação ambiental sobre o uso de carvalho rubi em varinhas. Sei como esse momento é importante, mas receio que precise voltar ao trabalho agora mesmo.

Percy que estava ao seu lado, entendeu o recado e reforçou o comentário, garantindo que ambos fariam as devidas despedidas.

Me despedi dos que estavam próximos e sorrateiramente puxei Charlie para nos despedirmos da família Weasley e o bruxo viria comigo.

— O acordo da comissão, Hermione? Jurava que havia terminado há dois dias atrás.

Rony comentou segurando a risada, Harry em seguida completou:

—E imagino que Charlie vai com você porque além de dragões ele também é um exímio conhecedor do reflorestamento de Carvalhos rubis…

Eu sentia meu rosto corar com os comentários, mas antes de lançar mais uma desculpa, Charlie lhe respondeu:

—Na verdade, Harry, a seiva dos carvalhos rubi são uma fonte nutritiva para dragões órfãos. A Romênia possui uma grande reserva em equilíbrio entre dragões e a floresta, pretendo apresentar a ideia para  talvez Hermione adaptar para a Inglaterra.

A expressão séria de Charlie foi o suficiente para calar os comentários dos meus melhores amigos, eu só pude acompanhar a história com uma expressão neutra até aparatarmos em meu apartamento.

Estando seguros, nos encaramos por um milésimo de segundo até que as risadas saíram livremente.

—Excelente saída, Weasley! Já pensou em trabalhar no Ministério?

— Nem nos meus piores pesadelos, Mione, mas vou considerar isso um elogio… Obrigado.

Um silêncio preencheu o espaço. Estávamos de mãos dadas devido a aparatação, mas nenhum de nós parecia ter a intenção de soltá-las. Charlie tinha mãos com calos e cicatrizes, a aparência grosseira contrastava com a expressão gentil de seu rosto. 

Diminui a distância entre nossos corpos, o suficiente para puxar sua gravata deixando-a frouxa.

—Assim faz mais seu estilo, Charlie.

O bruxo manteve a proximidade e desatou minha capa branca  cheia de plumas revelando um vestido simples sob toda aquela pomposidade.

— … E assim parece mais você, Mione.

Eu estava gostando daquele jogo.

Terminei de retirar sua gravata e abaixei seus suspensórios, sem nunca perdemos o contato visual. Poucos botões depois, a camiseta de Charlie estava aberta revelando o corpo cheio de marcas. Enquanto apreciava a vista, dedilhei o caminho com pêlos do seu torço, até que o ruivo segurou minha mão com firmeza, levando-a até seus lábios e distribuindo beijos sob a minha pele. A conclusão dos beijos nos deixava próximos, quase tanto quanto eu gostaria… Então encerrei a distância com o beijo que tanto ansiava lhe dar esta noite.

Nossos beijos estavam sempre regados a bebidas, mas aquele era quase puro. Havia uma espécie de ingenuidade, talvez pelos anos passados, mas era agradável a sensação de reconhecer cada detalhe do beijo de Charlie.

Eu senti suas mãos desvanecendo das alças do meu vestido, deixando tecido escorrer para o chão.

Há quanto tempo não me deixava levar por essa adrenalina? É triste não conseguir responder… Mas isso só aumentava a expectativa do que Charlie poderia reacender em mim. O arrepio de sentir suas mãos percorrendo minhas costas, alcançando o feixe e deixando meus seios livres para serem apertados contra seu corpo. Eu queria me sentir desejada, queria que, por um segundo, seus olhos percorressem meu corpo como se fosse uma escultura para seu bel prazer… Mas ao mesmo tempo, seria uma lástima me separar do seu corpo agora que me recordo da sensação aconchegante de seus braços me envolvendo.

Foi Charlie quem tomou a decisão do próximo passo, ignorando as duas opções que me faziam delirar naquele momento. O ruivo se separou apenas o suficiente para sussurrar:

—Sua casa, Mione. Não é um bom momento para me apresentar seu quarto?

E com beijo na bochecha, eu podia imaginar um sorriso travesso ornando o rosto do Weasley. Fechei os olhos e nos aparatei  um pouco acima do chão, o suficiente para que Charlie se desequilibrasse e eu pudesse lhe empurrar para a cama, então me colocando de costas.

—Esse é meu guarda roupa, minha estante de livros… Aquela porta dá para um banheiro e a outra para um escritório.

… Como pedido, eu estava apresentando o quarto e, ao mesmo tempo, ganhei seus olhos atentos a mim, enquanto eu apontava os locais e deixava meus seios eventualmente à vista.

—... Mais alguma coisa que queira conhecer, Charlie?

Perguntei com um sorriso malicioso enquanto escondia apenas as pontas com os polegares.

— A cama, Mione…. Que tal me apresentar ela agora?

— É uma excelente ideia.

Subi na cama, mais especificamente, sobre o bruxo deitado nela. Dali em diante, minha memória ainda estava fresca, eu sabia o que fazer, lembrava o que ele gostava… Um noite inteira com Charlie só para mim era uma excelente forma de encerrar meu grande dia.

 

***

Acordei assustada, com flashbacks do que aconteceu na primeira  e, até ontem, última noite juntos. Não queria imaginar Charlie novamente me dispensando, mas era inevitável cogitar essa possibilidade.

O ruivo não estava ao meu lado, nem sua última peça de roupa estava jogando no chão do quarto.

Me consumindo de ansiedade, saí do quarto à procura de algum sinal de vida e ouvi barulho na cozinha.

—Bom dia, dorminhoca…

Preciso apontar alguns fatos sobre a cena que presenciei na cozinha:

Primeiro: Charlie usava sua cueca e a jaqueta de dragões que roubei dele anos atrás. E um avental. Só. Segundo, sobre a mesa da cozinha havia alguns documentos que eu tenho certeza que estavam em meu escritório… Charlie estava lendo uma burocracia?Por livre e espontânea vontade? Terceiro: o ruivo estava cozinhando, assim que me viu, serviu um prato com ovos e bacon e puxou a cadeira para eu me sentar.

Foram tantas informações ao mesmo tempo que não consegui formular uma resposta simples como “Bom dia”.

— O que estava fazendo… Aliás, Por que… E onde você...O acordo…

— Não, Mione. Café da manhã primeiro, negócios depois.

É difícil não seguir uma ordem de alguém com um par de coxas tão atrativo.

Sentamos e comemos. Perguntei da comida, Charlie comentou sobre como eu estava linda e, definitivamente, eu lembrava o estado do meu cabelo pela manhã, então seus elogios me deixavam ainda mais encabulada.

Depois de pratos serem enfeitiçados para se lavarem, Charlie se arrumou para falar de negócios, o que nesse caso quer dizer tirar o avental e ficar apenas de cueca e jaqueta, provavelmente a melhor vista que já tive em uma reunião. O ruivo tossiu para chamar minha atenção e falou:

—Apesar de ter sido apenas uma desculpa ontem, Hermione, é verdade que temos uma reserva de carvalhos rubi junto aos dragões criados em cativeiro, é um excelente ambiente para se criar ovos de dragão sem a presença de um dragão para chocá-los. Os dragões também ajudam na polinização das sementes aéreas e auxiliam na compactação do solo, ideal para os carvalhos… O que poderia ajudar em uma reserva criada em Londres. Vocês precisariam de um especialista em dragões, é claro. Mas eu conheço um muito bom, que está disponível  e morrendo de vontade de ficar aqui permanentemente.

Eu entendi onde Charlie queria chegar com isso, mas a ideia era boa demais pra ser verdade, eu precisava ouvir diretamente dele.

—O que você está propondo, Charlie?

— Uma forma de ficar aqui com você, Hermione. Se for isso que você quer, é isso que eu quero.

Dei a resposta da melhor forma que pude, beijando o ruivo e transmitindo esse misto de sentimentos que ele me desperta. Eu queria abraçá-lo e gritar de empolgação, mas nada naquele momento seria melhor do que um beijo apaixonado em meu ruivo. Meu Weasley.

Quando perdemos o fôlego e nos separamos apenas o suficiente para nos encaramos, pude apreciar suas sardas, seu sorriso...Um olhar sedutor em minha direção. Eu tive certeza, depois de todo esse tempo, que Charlie Weasley era tudo que eu queria.


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Notas finais do capítulo

Fim da história, espero que tenham gostado... Foi um prazer ter a atenção de vocês até aqui!



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