Capítulo Único

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Sasuke Uchiha

Deixei o sorriso de canto incrédulo escapar enquanto fitava a fachada do restaurante que anos atrás era considerado o meu preferido e que agora eu nem conseguia passar na frente sem me sentir abalado e até mesmo, nostálgico.

As recordações daquela noite vinham à minha mente com mais frequência do que eu queria e o aperto que sentia em meu coração continuava o mesmo sufocante daquela noite mesmo depois de quatro anos desde o meu rompimento com Sakura.

Soltei um longo suspiro e baguncei meus cabelos enquanto pegava o celular para ligar para o cliente dizendo que não ia poder ir àquela reunião marcada ali, naquele lugar cheio de recordações boas e não tão boas assim para mim.

Contudo, como se a vida quisesse me mostrar que as coisas não acontecem do meu jeito, mas do dela, uma voz familiar invadiu meus ouvidos, fazendo meu corpo inteiro se arrepiar com a possibilidade.

— Sasuke?

Demorei um pouco para olhá-la, talvez o medo de que não fosse real me atormentasse, já que desde o rompimento nunca mais nos vimos, nem mesmo de longe, mas virei e lá estava ela, sorrindo e com os olhos cintilantes, agora não sabia se era por causa do pôr do sol que despontava ou porque ela estava emocionada em me ver ali, em frente a um lugar cheio de lembranças para ambos.

E ela está mais linda do que eu me lembrava, a mesma sensação que eu senti quando a vi pela primeira vez na faculdade retornou e eu me senti o mesmo carinha daquela época e foi aí que eu me toquei que eu nunca deixaria de amá-la.

— Sakura? – Seu nome saltou de meus lábios antes que eu percebesse, talvez fosse minha mente pensando que fosse mais uma peça pregada por ela mesma.

— Quanto tempo, não é mesmo? – Quando a voz melodiosa dela invadiu meus ouvidos mais uma vez, eu percebi que era real.

Que ela estava bem ali, parada à minha frente.

Por um momento eu esqueci do que eu havia ido fazer ali, aliás, eu tinha esquecido de como se respirava, tamanho era a minha surpresa de vê-la ali, diante dos meus olhos, depois de tantos anos sem saber o que ela fazia da vida.

Meu coração estava agitado, muito mais que o normal, minhas mãos tinham certeza que estavam tremendo e o nervosismo voltava com tudo ao meu corpo enquanto as recordações daquela noite há quatro anos voltavam com tudo.

Eu queria correr, me esconder no meu apartamento e fingir que não a vi, mas não conseguia, eu não me movia, era como se eu tivesse sido fixado ali, encarando-a como um idiota.

Ela pareceu perceber que eu não sabia o que falar, então resolveu continuar se aproximando, fazendo meu coração se agitar ainda mais com a possibilidade de tê-la cada vez mais próxima a mim.

— Você gostaria de jantar comigo hoje?

E agora eu estou aqui, após desmarcar com meu cliente, sentado à sua frente, na mesma mesa de anos atrás, tendo o nosso vinho argentino sendo servido pelo maître enquanto ela me sorria amigavelmente.

— Como está a vida? – Ela perguntou e eu ainda não sabia o que responder. 

Não, não estava desconfortável a sua frente, eu só não estava sabendo como me comportar ou o que falar. Se eu falasse que tinha superado o nosso fim, eu estaria mentindo, mesmo passando anos, eu nunca conseguia superar aquela noite.

Por isso, vê-la ali, diante dos meus olhos, era surreal.

Eu não sabia se estava assustado ou até mesmo, feliz. Só sei que a única coisa que, por mais que tudo parecesse diferente, era igual, era o amor que sentíamos um pelo outro.

— Está indo... – Consegui falar, mas diferentemente daquela noite, eu não me seguraria, eu precisava beber algo mais forte. – Um uísque duplo sem gelo, por favor! – Pedi ao maître antes que ele se afastasse.

Sakura achou graça da minha atitude e eu pude vislumbrar, mais uma vez, o seu sorriso feliz, fazendo meu coração se aquecer e perceber, novamente, que eu jamais superei aquela mulher, nem mesmo nos meus sonhos e vendo-a ali novamente só me fez ter a certeza que eu não queria perdê-la novamente.

— E a sua? – Resolveu perguntar após tomar um longo gole de uísque, como se isso fosse colocá-lo nos eixos, já que Sakura o fez sair dos trilhos rapidamente.

— Ah, está boa, acabei de voltar para a cidade, estava trabalhando fora. – Ela declarou tomando um gole do vinho e foi aí que eu entendi porque eu nunca mais a tinha visto, ela tinha ido embora, talvez o choque tenha ficado evidente em meu rosto, já que ela riu e brincou com a taça me olhando nos olhos, me hipnotizando mais uma vez com aquelas irises esmeraldas. – Mas estou feliz de estar de volta, de estar aqui, com você.

Meu coração deu um salto com isso, foi impossível não beber mais uma dose de uísque que me foi servido o que fez com que Sakura risse. Quem nos via agora jamais imaginaria que estamos separados a anos.

Talvez esse tempo fosse necessário para ambos.

O clima daquela noite foi ficando cada vez mais descontraído, só que diferentemente daquela noite a quatro anos, não saímos de mãos dadas do restaurante, mas lado a lado, e agora estávamos aqui, do lado de fora, se encarando.

— Foi bom te rever, Sasuke. – Ouvir meu nome saindo da boca dela mexia comigo, mais do que eu queria e mais uma vez eu me pegava pensando naquela noite e como eu não queria que ela acabasse como da última vez.

— Eu também acho, Sakura. – Dei um pequeno sorriso, queria saber qual seria a atitude dela.

— Espero te ver mais vezes. – Mas ela me decepcionou, ela se retraiu e isso me desmoronou.

— Eu também espero, então é isso, tchau Sakura. – Resolvi encerrar a noite mesmo não estando com vontade e diferente da primeira vez, eu quem dei as costas.

E não, eu não ia ficar ali para vê-la ir embora mais uma vez, contudo, assim que dei os primeiros passos, eu senti a necessidade de olhar para trás e fiz, sem me segurar – coisa que eu estava fazendo desde que a vi – voltei e a beijei.

Naquele momento não queria saber se ela tinha alguém ou não, a única coisa que eu queria era sentir seus lábios sobre os meus, mais uma vez.

E naquela noite eu não precisei segurar o meu tchau.

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Sakura Haruno

Eu estava de volta à cidade, depois que terminei com Sasuke, eu resolvi aceitar uma proposta de emprego na cidade vizinha apenas me afastar um pouco das lembranças dele e daquela fatídica noite, onde nossa história chegou ao fim.

Contudo, agora de volta, as lembranças e os sentimentos me inundaram por completo, tanto que naquele final de tarde eu havia saído para dar uma volta pela cidade e meus pés me levaram até lá, a mesma calça onde quatro atrás eu terminei com o homem que eu amava.

Eu estava parada em frente ao nosso restaurante favorito e isso mexia comigo de uma maneira que eu não conseguia explicar.

Entretanto, antes que eu pudesse sair dali meus olhos pousaram nele que estava a poucos metros de mim suspirando e bagunçando os cabelos de forma ansiosa – coisa que só fazia quando estava chateado ou nervoso – enquanto pegava o celular.

Meu coração deu um salto no peito e por um momento pensei que poderia morrer sem ar, já que prendi a respiração. 

Não, eu não esperava encontrar o homem que, mesmo depois de quatro anos de rompimento, ainda mexia com meu coração e com minha cabeça parado em frente ao estabelecimento que trazia tantas lembranças para nós.

Sasuke Uchiha ainda tinha a capacidade de mexer comigo sem ao menos me olhar.

— Sasuke? – O seu nome saltou de minha boca antes que eu pudesse pará-lo.

E lentamente ele se virou e me viu, por um instante eu parei de respirar ao sentir aqueles orbes escuros presos ao meu, foi inevitável não sorrir e sentir meus olhos se encherem de lágrimas, como sentir falta daquele olhar, mesmo que assustado, sobre mim.

Notei pelo seu olhar que ele não conseguia acreditar que eu estava ali, percebi que também o medo de que fosse algo de sua imaginação, assim como eu tive esse mesmo vislumbre em todos aqueles anos, como se o visse a cada canto que eu ia e quando percebia, não era ele, apenas uma ilusão pregada pela minha mente.

Sasuke conseguiu ficar ainda mais bonito do que eu me lembrava e eu só sabia me sentir encantada, mais uma vez, por ele.

Foi quando eu me toquei que não deixei de amá-lo nem por um segundo em todos esses anos, inclusive meu amor apenas aumentou.

— Sakura? – Ouvir meu nome com sua voz fez meu corpo se arrepiar e as lembranças invadiram minha mente.

Como eu senti falta de ouvir isso, de meu nome sair de seus lábios.

— Quanto tempo, não é mesmo? – Deixei as palavras saírem e notava que eu estava emocionada.

Eu estava de volta e Sasuke estava, depois de tanto tempo, na minha frente. Eu não conseguia conter a minha emoção.

Sasuke parecia estar tão surpreso quanto eu, talvez ele achou mesmo que fosse uma peça pregada por sua mente, senti vontade de rir, mas sabia que ele estava em choque, mesmo que momentâneo, como eu também fiquei ao perceber que era ele realmente, bem ali, na minha frente.

Meu coração se agitou quando ele mostrou confusão e nervosismo, mas me mantive quieta e esperando que ele se acalmasse, porque ele sempre se acalmava no final.

Ele não ia falar nada, até porque, não tinha o que fala, dei mais alguns passos em sua direção parando numa distância segura, porque eu não sabia se seria capaz de me manter firme se me aproximasse mais, meu coração estava ainda mais agitado e minhas mãos suadas, sentia que a qualquer momento poderia perder a força nas minhas pernas, por isso, tinha que ser rápida.

— Você gostaria de jantar comigo hoje? – Convidei sabendo que ele poderia negar.

E agora estava ali, um de frente para o outro, sentados na mesma mesa de anos atrás, sendo servidos pelo maître o nosso vinho favorito enquanto eu sorria amigavelmente, tentando camuflar todo o meu nervosismo.

— Como está a vida? – Eu perguntei com o intuito de saber se ele estava com alguém ou não.

Me julguem ok, mas eu preciso saber dessa informação, mesmo meu coração não aguentando a verdade, se ele estiver com alguém.

O clima não estava pesado e nem desconfortável, uma coisa que nunca teve entre nós, só não estávamos sabendo como se comportar o que falar, as coisas haviam mudado, disso eu tinha certeza, mas no fundo, bem no fundo, eu esperava que nada tivesse mudado entre nós dois.

Contudo, eu conseguia ver em seus olhos o amor que ele sentia por mim, e eu tinha certeza que ele conseguia enxergar o meu amor por ele estampado em meu rosto, ele tinha que ver.

— Está indo... – Ele respondeu depois de um tempo, em um rápido movimento chamou o maitre, Sasuke parecia nervoso. – Um uísque duplo sem gelo, por favor.

Foi impossível não rir diante de sua atitude, Sasuke me fitou e eu pude ver ali um pequeno sorriso de canto aparecer fazendo meu coração se aquecer diante daquele gesto, já que não era de seu feitio sorrir muito.

Naquele momento algo me agitou. Eu não queria ter que dizer adeus a Sasuke novamente.

— E a sua? – Resolveu perguntar após tomar um longo gole de uísque, e notei que ele estava mais relaxado após isso.

— Ah, está boa, acabei de voltar para a cidade, estava trabalhando fora. – Respondi tomando um gole do vinho e algo pareceu dar um estalo em Sasuke, já que desde que rompemos nunca mais nos vimos, talvez ele tenha descoberto que o motivo foi por que eu resolvi me afastar, dei um pequeno sorriso e brinquei com a taça enquanto o olhava nos olhos, sentindo aquelas irises escuras me agitar ainda mais. – Mas estou feliz de estar de volta, de estar aqui, com você.

Confessei.

Cansei de esconder o que eu sentia, eu estava feliz de estar de volta, de vê-lo e quem sabe, recomeçar de onde paramos. Egoísmo? Talvez, mas naquela altura do campeonato, eu não me importava mais com isso, só com o que eu sentia e era pra ficar com Sasuke, para sempre.

Sasuke tomou mais um gole após minha confissão e eu rir. Quem nos visse de fora, jamais imaginaria que estamos separados há anos.

Talvez esse tempo tenha sido necessário para ambos.

O clima daquela noite foi ficando cada vez mais descontraído, só que diferentemente daquela noite a quatro anos, não saímos de mãos dadas do restaurante, mas lado a lado, e agora estávamos aqui, do lado de fora, se encarando.

E como naquela noite, eu não queria me despedir.

— Foi bom te rever, Sasuke. – Eu disse suavemente, mesmo não querendo dizer aquelas palavras e sem querer, me peguei pensando naquela noite. Hoje eu poderia fazer diferente, mas será que eu conseguiria?

— Eu também acho, Sakura. – Ele me respondeu dando um pequeno sorriso, por um momento pensei que ele esperava algo mais, só que eu não conseguia decifrá-lo, ou tinha medo de interpretar errado suas ações.

— Espero te ver mais vezes. – Eu disse decepcionada comigo mesma, porque não tive coragem de fazer o que tinha vontade e me retrair, isso também pareceu decepcionar Sasuke.

— Eu também espero, então é isso, tchau Sakura. – Sasuke resolveu dar aquela noite por encerrada, algo em mim se agitou mais ainda e me deu as costas, antes mesmo da minha resposta a sua despedida. 

E por um instante eu me vi me xingando mentalmente enquanto implorava para que ele voltasse e me beijasse, me tomasse em seus braços, me perguntando porque eu não tinha coragem, dei um pequeno passo em sua direção, mas como se ele tivesse lido a minha mente, ele se voltou em minha direção e segurando meu rosto, ele me beijou.

E eu, retribui.

Eu esperei por aquele beijo a noite toda. Porque naquele momento nada importava, a não ser meus lábios sobre os deles mais uma vez.

Diferentemente daquela noite, eu não ia precisar dizer adeus.

Porque nossa história estava apenas começando, naquele mesmo lugar onde um dia havia sido encerrada.