Dear Mr. Nemesis escrita por Nekoclair


Capítulo 11
Epílogo




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Tomorrow is eternal



Quinta-feira. Um final de tarde em um certo cruzamento no centro da cidade.

Uma multidão agitada tomava conta das ruas, passos apressados ​​e altos reverberando no concreto da calçada.

Era o final de outro longo e cansativo dia de semana e um mesmo pensamento — um mesmo anseio — governava todas as mentes igualmente; as pessoas mal podiam esperar para chegar em casa e desfrutar da paz e do sossego, do conforto de seus sofás e do ruído de fundo da televisão, enquanto desperdiçavam o restante do dia assistindo a vídeos de gatinhos no Youtube.

Em meio a essa multidão apressada e cansada, havia um homem — de aparência comum, vestido em um terno preto e uma gravata turquesa, e com cabelo escuro como uma noite sem lua, os fios penteados para trás e longe de seu rosto, nenhum fora do lugar. Devido às suas roupas e feições simples, ele se assemelhava aos vários assalariados que enchiam as ruas do centro da cidade.

Parado na beira da calçada, o homem olhou para frente e então permitiu que seus olhos castanhos se erguessem em direção ao céu, o qual escurecia gradualmente. Diante dele havia um cruzamento movimentado, os carros zumbindo alto ao passarem por ele. Um pouco mais à frente, do outro lado da rua, havia um edifício realmente alto, que — assim como o homem — havia conseguido se tornar um só com o cenário, assemelhando-se a todos os demais da vizinhança.

O homem observava o prédio com uma atenção inabalável, mal piscando. E ele não era o único olhando furtivamente para ele.

O edifício em si não era de forma alguma especial. Ele era consideravelmente alto e bonito, com grandes janelas cobrindo toda a frente do prédio, e quase todos os andares eram alugados e abrigavam algum tipo de loja ou serviço. No entanto, esses não eram os motivos pelos quais o prédio atraía tantos olhares diariamente.

A Torre de São Petersburgo tinha uma reputação, pois ali era possível encontrar um homem como nenhum outro.

— Estou entrando — o homem falou em seu celular e, em seguida, atravessou a rua quando os carros pararam ao que o semáforo ficou vermelho.

 

—--

 

Houve o toque familiar de uma campainha e então a porta do elevador se abriu, revelando ao seu ocupante um corredor iluminado consideravelmente comprido. Com as sobrancelhas franzidas, em alerta, o homem deu um passo cauteloso para fora do elevador, em direção à fonte de um som mecânico que ele já podia ouvir do átrio..

O salão à frente era bem iluminado, dando-lhe uma visão nítida do tamanho e do interior do cômodo. Posicionadas junto a uma das paredes, encontrava-se algumas estantes, que haviam sido preenchidas até o limite com materiais diversos e protótipos. Uma mesa também jazia em um canto, mais uma dezena de livros em exposição sobre ela. Mas isso não era tudo; de onde estava, o homem também podia ver a porta da sala de controle, onde se podia assistir imagens ao vivo de toda a cidade.

O homem conhecia bem o cenário à frente, mas algo o incomodava. Hoje, com exceção da respiração das máquinas, o laboratório se encontrava terrivelmente silencioso, algo que não era muito incomum, mas que, ainda assim, era uma fonte grande de preocupação. Seu nêmesis podia ser bastante imprevisível. Às vezes, ele falava tão alto que as pessoas podiam ouvir sua voz nas ruas lá fora; em algumas ocasiões, porém, ele ficava tão quieto que o silêncio fazia o agente estremecer.

Quando Katsudon finalmente alcançou o Treinador, encontrou o homem postado no lado oposto da sala. Distraído, ele estava olhando na direção da janela aberta, o vento agitando a longa cauda de seu casaco roxo. Inicialmente, Katsudon pensou que sua chegada não havia sido notada, mas então o homem se virou e ele se viu alvo de um olhar profundo e astuto.

O Treinador olhou para ele e sorriu. 

Katsudon retribuiu o sorriso e deu mais alguns passos na direção de seu nêmesis, parando pouco antes do espaço entre eles desaparecer por completo.

— Desculpa pela janela — Katsudon disse a seguir. — Não acredito que quebrei uma segunda vez.

Victor balançou a mão diante do rosto, de forma despreocupada.

— Sem problemas. Ossos do ofício. Quebrar uma ou duas janelas é inevitável — respondeu o Treinador, e Katsudon não pôde deixar de estremecer perante a sensação de déjà-vu.

Eles caíram em silêncio, aguardando, simplesmente observando um ao outro com uma atenção cautelosa. O vento sussurrava em seus ouvidos, e era a única fonte de ruído exceto as máquinas. 

Então, de um segundo para o outro, o frágil equilíbrio existente entre eles desmoronou.

Katsudon endireitou as costas quando percebeu que o Treinador havia começado a se mover. Quando deu por si, o vilão já havia investido sobre ele, o sobretudo roxo agitando-se em suas costas conforme ele encurtava a distância entre eles. O Treinador se movia tão rápido que sua figura logo se tornou em um borrão em sua visão. Felizmente, por já esperar uma reação do tipo, Katsudon teve tempo de sobra para se preparar adequadamente para o que estava por vir.

Ele se preparou para o impacto da perna do Treinador contra seu braço, mas então o homem se virou e, não fosse pelo brilho capturado por suas lentes de contato, Katsudon teria agora um corte correndo por seu abdômen. Felizmente, por ter antecipado o ataque, nem mesmo seu traje havia sofrido danos.

Katsudon saltou para trás, mantendo-se afastado da lâmina da faca que estava sendo apontada para ele. O agente deu mais um passo para trás e logo o vilão estava vindo de novo atrás dele, a distância entre eles nunca crescendo tanto quanto Katsudon gostaria. Eles só pararam de se mover quando o Treinador começou a mostrar sinais de cansaço, finalmente ficando para trás.

— Sua resistência continua incrível — o vilão resmungou enquanto tentava se recompor, sua respiração ainda vacilante. 

— Talvez você esteja apenas ficando velho — Katsudon replicou, indiferente. Então, piscou provocativamente, sabendo exatamente onde mirar seus ataques para causar o maior dano.

— Não me lembro de você reclamar disso duas noites atrás — o Treinador sorriu e piscou de volta.

Katsudon imediatamente sentiu suas bochechas esquentarem. Seus braços tencionaram ao lado de seu corpo, suas mãos se fechando em punhos.

— Victor!

O vilão deu mais um passo à frente e o reluzir da faca passou a poucos centímetros de seu queixo.

— Neste momento eu sou o Treinador — o vilão disse e segurou seu antebraço quando Katsudon tentou dar um passo para trás, desejando por alguma distância entre eles. — Não se esqueça disso.

Não lhe faltou vontade de apontar acusadoramente para o namorado e culpá-lo por trazer a vida pessoal deles para a luta, afinal foi Victor quem cruzou essa linha primeiro, mas no fim acabou optando por se manter em silêncio, ciente de que ficar quieto era a coisa mais sábia a se fazer naquele momento. O Treinador estava realmente levando a luta deles a sério. Katsudon teria que trabalhar mais duro do que nunca, se não ele não conseguiria sair hoje ileso.

O coração de Katsudon batia frenético, e suor escorria por suas costas de forma tão intensa que certamente deixaria sua camisa branca ensopada. Entretanto, um sorriso permanecia firme em seus lábios.

O Treinador veio para cima dele novamente, fazendo com que seu sorriso crescesse ainda mais. 

Katsudon tentou recuar, mas não foi suficientemente rápido. Quando o mundo começou a girar em seu eixo, ele segurou a respiração. Conseguia sentir o chão se aproximar, mesmo sem checar por cima do ombro. Resistindo aos seus instintos, Katsudon permaneceu com os olhos bem abertos, parte de sua consciência lhe garantindo que não havia necessidade de se preocupar, que não havia chance dele bater a cabeça no chão frio de concreto duro.

Como antecipara, sua queda foi repentinamente interrompida.

O Treinador o agarrou pela gravata, e a única razão pela qual Katsudon não sufocou foi porque ela foi feita especialmente para não pressionar sua garganta em casos como esse; um fato do qual Victor já estava ciente há bastante tempo, e também algo que os dois tinham que agradecer a Phichit.

Pendurado no ar enquanto era segurado pela gravata, Katsudon abriu os braços e estendeu a mão em direção ao seu nêmesis, querendo se agarrar nele. Ele tinha acabado de alcançar seu sobretudo roxo quando o Treinador decidiu encurtar a distância entre eles e soprar em seu rosto. O arrepio que percorreu o corpo do agente foi forte o suficiente para fazer seu corpo inteiro estremecer.

Sem um pingo de piedade ou misericórdia, o Treinador largou a gravata. Katsudon caiu para trás ao perder sua única fonte de apoio, sua bunda batendo no chão, dolorosamente. Perdendo o equilíbrio, todo o seu corpo tombou para trás, deixando-o caído com as costas no chão frio. 

Com olhos arregalados que transpareciam surpresa, Katsudon observou o vilão rir, seu corpo inteiro tremendo conforme ele gargalhava.

Katsudon fez bico.

— Foi mal, desculpa. Deixa eu te ajudar — o Treinador deu uma mão ao seu nêmesis e o ajudou a se pôr novamente em pé.

Então, o Treinador apanhou a gravata turquesa e a ajustou ao redor do pescoço do agente. Antes de soltá-la, permitiu que seus dedos deslizassem pelo tecido estampado, um sorriso apaixonado repousando em seu rosto. O vilão levou o pano aos lábios e o agente se viu segurando a respiração perante a visão diante de seus olhos.

— Sei que ainda estamos no meio do trabalho, mas...

O Treinador — não, Victor na verdade — ergueu os olhos e os pousou no homem à sua frente, cujo cabelo se encontrava completamente bagunçado após se mover tanto. O supervilão engoliu em seco, como se sua garganta tivesse ficado seca de repente.

— Vai passar a noite aqui hoje?

Katsudon olhou para cima, notando o rubor que cobria o rosto de Victor, e um sorriso surgiu em seus lábios antes que pudesse se conter.

— Por quê? — o agente perguntou, provocou.

Incapaz de se conter, Katsudon deslizou um dedo pelo peito do homem, para cima e para baixo, lentamente. Podia sentir Victor estremecer sob seu toque, e isso fez com que um arrepio percorresse seu próprio corpo. 

— Tem algum grande plano maligno agendado para mais tarde? Ou isso é algum tipo de convite pervertido? 

Victor corou, seu rosto ficando tão vermelho que era quase como se ele tivesse sido atingido por uma febre alta. Yuuri se viu satisfeito com a reação que recebeu em troca de sua provocação, a visão a sua frente saborosa o bastante para deixar seus lábios secos e solitários. 

No coração de Yuuri, não existia dúvida de que ele ficaria esta noite.

Se possível, ficaria para sempre.

 

—--

 

Era inverno, mas a noite estava quente; ou pelo menos era esse o caso dentro da privacidade do quarto do Victor. 

Dois corpos se viam unidos, um encaixe tão perfeito que era como se fossem as metades de uma mesma peça. Suas peles colidiam conforme eles se moviam, barulhento e úmido, e seus lábios eram capazes de encontrar o caminho tão facilmente no corpo um do outro que pareciam ter um mapa apontando todos os melhores locais.

Lábios encontraram lábios, ardentes e desejosos e apaixonados.

Dentes cravaram na delicada pele de um pescoço, e um grito alto ecoou nas paredes do quarto.

Ouviu-se um gemido ofegante, e então alguém se desfez nos lençóis, seu prazer evidente no volume de sua voz rouca.

E, por fim, silêncio, o par se aninhando na cama em busca do calor um do outro.

 

—--

 

Na manhã seguinte, não foi fácil se desvencilhar do abraço de Victor por dois motivos — primeiro, porque o peito nu de seu parceiro era caloroso, e a maciez de seus músculos era perfeita para Yuuri descansar a cabeça e sentir como se estivesse descansando nas nuvens; segundo, Victor estava com os braços em volta dos seus quadris e, mesmo nas profundezas do sono, não mostrava vontade alguma de soltá-lo. Ainda assim, Yuuri foi capaz de se afastar o suficiente para alcançar as revistas esquecidas na cabeceira. Rapidamente folheou as páginas, não demorando para encontrar aquilo que estava procurando.

O homem na foto quase lhe parecia um estranho por causa do estilo incomum em que seu cabelo platinado havia sido penteado. Seus olhos também lhe causavam estranheza, mostrando-se bem mais misteriosos do que o habitual. 

Yuuri olhou para o terno carmesim que Victor estava vestindo na foto e franziu os lábios ao perceber que podia ver todas as curvas do seu corpo por causa do pano justo. Nunca pensou que seria do tipo ciumento, mas era como sua mãe sempre dizia: nunca era tarde demais para descobrir coisas novas sobre si mesmo.

Virando-se para o homem que, mais uma vez, havia começado a lhe agarrar em seu sono, Yuuri se viu sorrir. Pelo menos algumas coisas, algumas visões, ainda eram suas e somente suas. Sua mão encontrou os fios macios e bagunçados do cabelo de Victor e afundou neles, maravilhando-se com a sensação de correr os dedos pelo cabelo de seu amado. Ainda adormecido, Victor sorriu e empurrou seu corpo contra o de Yuuri, como se desejando ficar ainda mais próximo dele — embora isso já fosse impossível.

Yuuri observou o homem ao seu lado e sentiu-se amado, e então seus olhos pousaram na marca de mordida que ele deixou no pescoço de Victor na noite passada e corou, envergonhado pela falta de controle que às vezes demonstrava na cama. Precisava seriamente aprender a se conter um pouco mais. Não devia deixar marcas no corpo de um modelo; afinal, era o instrumento de trabalho do Victor — ou do trabalho secundário, no caso.

Largando a revista de novo na mesa de cabeceira, Yuuri se acomodou de volta na cama e se aninhou ao Victor, que pareceu bastante satisfeito com sua decisão.

O silêncio havia começado a reinar novamente no ambiente quando a porta foi escancarada aberta e, sem qualquer aviso prévio, alguém adentrou o quarto com passos altos que claramente queriam ser ouvidos.

— Quanto tempo mais planeja ficar na cama, velho preguiçoso? — A voz era alta e impaciente.

O menino — não, o jovem não era outro senão Yurio. Nos últimos seis meses, ele havia crescido bastante após finalmente passar pelo seu primeiro estirão Seu belo cabelo loiro também estava mais comprido, porém, já que não tinha paciência para estar sempre cuidando dele, o mantinha quase sempre preso.

Yurio entrou no quarto, parando de avançar apenas quando percebeu que havia dois corpos na cama. Dois corpos nus. Dois corpos nus colados um ao outro como se tivessem nascido daquele jeito, inseparáveis.

Seus olhos se esbugalharam e ele se virou imediatamente.

— Por que caralhos não disse que o porco estava aqui?! — gritou, sua nuca tingida de um vermelho vibrante.

Devido a todo aquele barulho, Victor se viu arrastado para fora da tranquilidade de seu sono e atirado diretamente no meio do campo de batalha.

O homem bocejou alto, ainda sob o efeito da característica preguiça que geralmente o abatia nas primeiras horas da manhã. Seu corpo — em especial a metade inferior — doía um pouco, podendo ser contabilizado como mais um dos motivos de porque ele gostaria muito de tirar o dia de folga, se possível. Entretanto, se o barulho e as reclamações constantes de Yurio fossem algum indicativo, então isso não parecia provável de acontecer, infelizmente.

— Bom dia — Victor disse, enfim, desvencilhando-se do namorado.

— Só… merda… levantem e venham tomar café! E vistam alguma roupa, pelo amor de Deus!

O jovem não esperou por uma resposta e saiu furioso do quarto, sua partida tão barulhenta quanto sua chegada. Victor gargalhou a plenos pulmões, claramente achando a reação de seu aprendiz bastante engraçada; Yuuri olhou para ele e sorriu sem nem perceber, completamente encantado com a risada do namorado.

Então, Victor se virou para ele e, de repente, dois olhos azuis muito brilhantes o estavam observando. Victor se aproximou, lentamente e deixando suas intenções claras. Quando pousou seus lábios nos de Yuuri, foi apenas para dar-lhe uma bitoca rápida, entretanto, ainda assim, Yuuri sentiu seu coração falhar por um momento.

Mesmo depois de tanto tempo, ainda sentia que cada beijo era tão especial quanto o primeiro.

 

—--

 

Quando finalmente se juntaram ao Yurio na cozinha, tempo suficiente havia passado para que o jovem tivesse perdido tudo que lhe restava de paciência.

— Estava começando a me perguntar quanto tempo mais as duas princesas iam demorar pra sair da torre — Yurio reclamou quando Victor adentrou o cômodo, seguido de perto por Yuuri.

Yurio estava agachado, reabastecendo as tigelas de Makkachin com comida e água fresca. A cadela aguardava pacientemente ao seu lado, a boca já salivando e o rabo balançando tão rápido que não passava de um borrão no campo de visão.

Victor e Yuuri se sentaram à mesa, servindo-se de café e torrada. Yurio não se juntou a eles.

— Estou de saída — Yurio anunciou, pegando uma mochila e jogando-a sobre o ombro.

Victor se virou para ele, ignorando as notícias que passavam na televisão.

— Já?

— Tenho aula, caso tenha esquecido — Yurio respondeu enquanto se direcionava rumo à porta. Antes de sair, porém, virou-se uma vez mais na direção dos dois adultos. Ficou em silêncio por alguns longos segundos, lábios firmemente cerrados, e então disse: — Tchau.

Yuuri e Victor sorriram e acenaram para o garoto, que, por sua vez, recusava-se a encará-los novamente, como se o constrangimento que estava sentindo após dar voz a uma simples despedida fosse demais para ele suportar.

A sós, o casal voltou sua atenção para a televisão. O quadro dos vilões havia acabado de começar, e essa era honestamente a única parte do show com a qual qualquer um deles verdadeiramente se importava.

— Olá, Christine! Bom dia para você e para todo nosso querido público!

— Bom dia, Tom. É bom estar aqui.

— Tivemos uma semana bastante tranquila — disse Tom, olhando diretamente para a câmera — mas isso não quer dizer que nada aconteceu. Christine, que vilões foram avistados nesta última semana?

— Bem, Tom, o Viajante fez uma parada em nossa cidade na quarta-feira. A prefeitura estava bastante preocupada, já que este vilão tem a reputação de causar um bocado de problemas, mas além de ficar na frente das pessoas enquanto fazia turismo, ele não fez muito para chamar a atenção.

— Um alívio para a nossa cidade — disse Tom com um sorriso largo e plástico. — O que mais pode nos contar?

— Os irmãos Crispino também estiveram envolvidos em alguns problemas — informou, puxando alguns papéis em sua direção e examinando-os a fim de revisar as informações. 

— Um roubo?

— Oh, sim, certamente! — respondeu Christine, empurrando os papéis na direção de Tom. — Embora os Crispino tenham se visto no lado perdedor desta vez.

Mesmo do outro lado da tela, Yuuri foi capaz de ouvir o sarcasmo presente na voz da âncora.

— O que aconteceu? — Tom perguntou, parecendo quase que curioso, como se ele mesmo não soubesse o que tinha acontecido.

— Foi na quinta-feira. O mais velho dos irmãos, Michele Crispino, teve os lábios roubados por um jovem loiro vestido em um terno preto. Algumas pessoas inicialmente pensaram que o homem se tratava de PewDiePie, o famoso youtuber do qual você certamente já ouviu falar, mesmo que contra sua vontade, mas então foi revelado que o homem era, na verdade, o agente designado aos irmãos. Embora o nome do agente não tenha sido revelado pela agência, todos estão se perguntando acerca da relação dos dois homens e das consequências que aquele beijo terá no relacionamento deles como vilão e agente.

Yuuri se virou para Victor e não ficou surpreso ao encontrá-lo já olhando para ele. Eles também pareciam compartilhar o mesmo pensamento, pois ambos começaram a rir ao mesmo tempo. 

— Bem que Phichit me disse que algo aconteceria mais cedo ou mais tarde — disse Yuuri, referindo-se às notícias sobre Michele Chispino. — Mas não pensei que Emil fosse ter realmente coragem de beijar o crush no meio da rua, na frente de todo mundo.

— Será que também devemos tornar nosso relacionamento público? — Victor perguntou entre um gole e outro de seu café, as pontas dos seus lábios curvadas para cima.

Yuuri caiu em silêncio. Ele piscou uma, duas vezes… Não sabia dizer se Victor estava falando sério ou não.

— Não agora, se achar que ainda é cedo… — Victor acrescentou após um tempo, esfregando a nuca e desviando o rosto. 

Então ele estava sim falando sério...

Yuuri buscou a mão do namorado sobre a mesa e entrelaçou seus dedos aos dele. Victor olhou novamente para ele, e Yuuri corou só de pensar no que estava prestes a dizer. Estava nervoso, e nem um pouco confiante de que conseguiria transmitir seus sentimentos por meio de palavras.

— Se tudo bem por você... Podemos esperar um pouco mais?

Sentindo-se um pouco ansioso, nervoso, Yuuri olhou para baixo, para as mãos unidas sobre a mesa. 

Confundindo o silêncio com culpa, Victor puxou Yuuri para seus braços e permitiu que seus corpos se encaixassem em um abraço, tomando proveito da proximidade de suas cadeiras.

— Tudo bem se não estiver pronto. Estou disposto a esperar tanto tempo quanto for necessário.

Yuuri levantou a cabeça. Estavam tão próximos que tudo que precisava fazer era erguer o rosto um pouco mais e os lábios de Victor estariam ao seu alcance. Mas agora não era hora para isso. 

Ele se desvencilhou de seus braços e se afastou lentamente, para a surpresa de Victor. Depois de respirar fundo e contar até dez três vezes, Yuuri apanhou uma pequena caixa em seu bolso — uma caixa que ele vinha carregando consigo há dois meses, sempre mantendo-a por perto, no aguardo do momento certo.

— Eu sei que não é tão brilhante quanto você, mas espero que aceite — Yuuri disse, timidamente.

Os olhos de Victor se arregalaram, ficando tão grandes e brilhantes quanto uma lua cheia. Sua boca se abriu mas, por mais que desejasse dar voz aos sentimentos que haviam tomado conta de cada canto de seu corpo e alma, viu-se completamente sem palavras. Lágrimas se acomulavam em seus olhos azuis, e já escorriam por seu rosto quando ele finalmente sucumbiu aos seus desejos e se atirou nos braços abertos de Yuuri.

Dentro da caixa, havia um anel banhado a ouro.


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Notas finais do capítulo

Oi gente!
E é isso, depois de váaarios meses de updates mensais (nem eu mesma acredito que consegui me manter no cronograma rs) finalmente chegamos ao final! Espero sinceramente que esta história tenha sido capaz de trazer um pouco de alegria pra vocês!
Pessoalmente, eu estava passando por um momento difícil da minha vida quando comecei a escrever essa fic, fugindo de qualquer coisa mais dark e pesada, por isso a fic acabou assim... meio bobinha. Mas não me arrependo, mesmo não sendo muito meu estilo. Aprendi muito e com certeza esses ensinamentos vão me ajudar muito com os livros que tanto quero escrever ^^
Quem puder comentar, por favor! Adoraria ouvir o que acharam! Críticas, elogios... Aceito tudo, pode vir pra cima! ❤
É por hoje é só~
Espero nos vermos por aí!



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