Lágrimas do Paraíso escrita por Sensei Arê


Capítulo 1
Prólogo: Lembranças no Jardim da Rainha


Notas iniciais do capítulo

Pensem num amigo secreto demorado. Pois bem, foi esse! E pra melhorar, tirei a pessoa mais criteriosa do mundo como amiga. O medo de decepcionar bateu na minha porta e eu abri, huahauahauah... Mas tirando isso, Tilimzinha, quero que saiba que fiz essa história com muito amor e carinho por você. Eu juro que vou tentar terminar o mais cedo possível e espero que você goste, nem que seja um pouquinho. Te amo demais!

Música tema: https://www.youtube.com/watch?v=dHSqKMFnkeA&ab_channel=VloudLeonhart

Espero que todos tenham uma ótima leitura!
Nos vemos nas notas finais!



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Lágrimas cristalinas corriam desenfreadas pelo rosto marcado de Naruto Uzumaki.

Seus dedos já estavam adormecidos, tamanha era a força com que os enfiava na terra negra, arrancando alguns tufos de grama verdejantes na tentativa de conter os soluços desesperados que volta e meia escapavam. Sua espada, O Ferrão das Feras, estava fincado na terra também, e parecia reverberar o desespero de seu mestre.

Embora o momento e a presença pedissem decoro, sua alma estava quebrantada demais para manter as aparências.

O lugar onde estava poderia ser considerado uma pedaço do paraíso; o jardim secreto de sua majestade, guardado por um dos Cinco Grandes Guerreiros de Hallownest em pessoa. Era um local de paz e meditação, uma pequena selva particular que incitava a imaginação e abrandava as almas. Mas o Uzumaki não conseguia sentir nenhuma paz.

Ali, na presença da grande Dama Branca, a Rainha Kaguya, o jovem errante não conseguia conter a aflição que o tomava de corpo e alma. Pois embora a profecia de salvação para tivesse se cumprido, e o Cavaleiro Vazio tivesse alcançado seu propósito, Naruto sentia como se toda a esperança tivesse escapado por entre seus dedos.

— Por que choras em tamanho desalento, criança? — A voz de Kaguya soou etérea, seu manto e seu cabelo brilhando platinados contra a luz que incidia por entre as copas das árvores. — A salvação foi enfim alcançada. Devemos todos nos regozijar em alegria!

— A qual custo, minha senhora? — Naruto inqueriu, fechando os olhos com força e rangendo os dentes. — Apenas trocamos o sacrifício por outro. Um mais novo e mais forte... Um que não será lembrado por ninguém!

— O Cavaleiro Vazio será lembrado eternamente como o Salvador de Hallownest, minha criança. — Kaguya o respondeu, inclinando-se para frente em seu trono de raízes e flores e esboçando um sorriso doce. — Assim como seu antecessor, este Cavaleiro teve o papel mais importante de todos nessa cruzada. Aquela doce criatura de cabelos e olhos negros como o Abismo onde fora criado, o receptáculo perfeito para aprisionar o mal que corrompia nosso reino.

— Então me diga, minha Rainha... — Naruto abriu os olhos cheios de fúria e mágoa, erguendo-os para ela. — Qual é o nome dele?

Sim, o nome dele. Naruto percebeu a confusão e a surpresa nos olhos da grande Dama Branca, mesmo que fosse por apenas um instante. Alguém sem nome nunca seria lembrado como deveria, pois se existem três coisas que não se pode controlar são: quem vive, quem morre e quem conta sua história.

O nome dele... Aquele que ficaria marcado eternamente no coração de Naruto Uzumaki.

~*~*~*~

Desde que nascera, Naruto sabia qual era seu papel.

Ele sabia que era o fruto de uma barganha entre Kushina Uzumaki, a Rainha das Bestas, e Minato Namizake, o Rei Pálido. Uma barganha que garantiria um futuro de esperança e redenção para todos os viventes de Hallownest. Uma criança seria concebida para que Kushina aceitasse ser o selo de proteção do Reino, deixando seu domínio para seu único filho e herdeiro. E mesmo em pouco tempo de convivência, Naruto amou a mãe pelo tempo em que a conheceu.

Ainda na infância, o príncipe Uzumaki conheceu a história de seus progenitores e do reino ao qual pertencia. Conheceu a verdade por trás da “Infestação da Memória” e todo o esforço do Rei Pálido e da Dama Branca, Kaguya, para reverter a situação. Ele admirava muito todo o esforço dos grandes líderes para proteger o reino, sacrificando até mesmo o que lhes era de mais sagrado.

Minato era a verdade e a luz por trás de cada mente pensante em Hallownest, não era apenas um rei comandante e sim a “mão” que tirava as vendas dos olhos de todos. Vendas colocadas por Madara Uchiha, o falso profeta que manipulava a todos com sua conexão mental.

O Uchiha, o Antigo Monarca, acreditava que submissão era poder e o controle total por meio dos terrores mentais faria com que seu reinado fosse perfeito. Mas Minato o confrontou com a verdade e a coragem, dando asas às imaginações férteis e fortaleza aos que precisavam de esperança. E assim, com um esforço monumental e várias perdas, o Rei Pálido subjugou o mal de Madara e o selou numa câmara negra com a ajuda de Kushina, Jiraiya – O Observador – e Tsunade – A Professora.

Três selos, três sacrifícios, três chances de recomeço para Hallownest.

No entanto, embora o corpo físico de Madara tivesse morrido na batalha, sua mente sombria e mente maligna resistiram ao ataque, aguardando nas sombras o momento certo de contra-atacar. Mas mesmo este movimento havia sido previsto, desta vez pelos próprios descendentes do Uchiha.

O antigo monarca só podia infectar aqueles que continham sentimentos, transformando tudo em medo e raiva primitiva. Aqueles que eram infectados tornavam-se incontroláveis, ferindo aos próximos e destruindo as coisas durante o dia, ficando inertes na escuridão completa das minas e subterrâneos do reino.

O clã dos Uchiha foi unânime em defender a terra que lhes era considerada como lar, tomando a decisão que julgaram ser a mais correta: de tempos em tempos, um deles de sacrificaria para fortificar os selos na câmara negra, mantendo a alma de Madara aprisionada pela eternidade. E para tal sacrifício, os Uchiha eram “forjados” no Abismo, onde abdicavam de todo e sentimento e emoção que possuíam, tornando-se “vazios”.

Eles eram chamados de Receptáculos Vazios, os Salvadores de Hallownest.

~*~*~*~

Diante do silêncio da Dama Branca, Naruto abriu as mãos cheias de grama e terra e ergueu-se. Limpou as lágrimas com a barra da capa esfarrapada e suspirou por um instante. Não havia mais nada que pudesse dizer à ela que fizesse diferença naquele momento, sua decisão já estava tomada. 

— Onde vais, criança? — Kaguya inqueriu, a voz denotando certa preocupação. Ela pressentia que algo iria acontecer.

— Vou acabar aquilo que vocês começaram. — Naruto respondeu diretamente, sem mostrar qualquer dúvida. — Ele ainda está lá, a senhora bem sabe.

— Que loucura estás planejando? Pensas que serás mais bem sucedido do que todos os esforços prestados até hoje? — A Dama Branca agora tornava-se mais rígida, embora mantivesse a compostura. — Sabes que teu coração é branco, criança. Não pode lidar com o vazio da escuridão.

— Branco ou não, meu coração é a única coisa que tenho para lutar. Ele e meu ferrão serão um, e eu mesmo me encarregarei de que ninguém mais precise ser forjado no Abismo para enfrentar o mal do antigo monarca.

— É como uma erva daninha, este teu egoísmo. — Kaguya replicou, estreitando os olhos e erguendo-se do trono. As flores ao seu redor começaram a murchar e a perder a cor. — Pensas que tudo o que perdemos não foi o suficiente?

— O que a senhora sabe sobre perder alguma coisa?!

O grito enraivecido de Naruto ecoou em meio ao jardim, fazendo com que a grande rainha se assustasse com tamanha fúria vinda de alguém tão pequeno. Naruto estava tomado pela chama da justiça e da cólera, nada que fizesse poderia mudar aquilo.

— Achas que não sei perder? A minha vida inteira foi uma grande perda! — O Uzumaki tornou a falar mais baixo, mas não com menos intensidade. — Minha mãe me entregou um domínio inteiro para tornar-se o selo da câmara. O Rei Pálido, embora seja meu pai, nunca teve a oportunidade de estar ao meu lado, pois viveu e morreu para defender Hallownest. Eu fui criado para a batalha, mas quando posso e devo lutar a senhora me pede para baixar meu ferrão!

— Minha criança, eu bem compreendo este teu coração e sei bem como a escuridão e a solidão podem ser aterradoras. — Kaguya tentou abrandar o coração do jovem com um sorriso gentil e contrito. — Peço-te apenas para não desperdiçar a vida que tem em troca de uma vingança sem sentido.

— Mas não é a vingança que eu busco, minha rainha. — Naruto tornou a olhar para ela com seriedade e determinação. — É uma missão de resgate. E desta vez, não vou falhar!

Sem dar chance da Dama dizer qualquer outra coisa, Naruto puxou sua espada da terra e rumou para fora do jardim. E quando estava na saída, virou-se apenas para dizer:

— O nome dele é Sasuke. E eu vou salvá-lo.

E então, desapareceu entre a mata densa do jardim da Rainha.


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Notas finais do capítulo

Sim, continua...

Não me matem!



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