Academia de Poderes Inúteis escrita por Creeper


Capítulo 34
Recebemos convidados no esconderijo


Notas iniciais do capítulo

Espero que tenham uma boa leitura ♥



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Milena encarou minha mão por mais tempo do que o necessário, hesitando em segurá-la. Por fim, abaixou a cabeça e ficou de pé sem minha ajuda, dando batidinhas em sua roupa para retirar a sujeira.

Sem graça, recolhi minha mão e meu sorriso tornou-se amarelo até ficar cada vez menor. 

— Você, melhor ir para a enfermaria. – o professor usou a caneta para apontar para a pequena. – Próximo. – apitou.

Ela retirou-se da fila, totalmente constrangida e de ombros encolhidos, já que alguns alunos ainda riam dela.

— Posso ir contigo na enfermaria. – ofereci.

— É, pode ser. – Milena curvou-se para enfiar os cadarços dentro dos tênis.

Notei que Yara havia se juntado ao grupo que corria em volta da quadra, totalmente concentrada com o rabo-de-cavalo balançando de um lado para o outro. Depois mandaria uma mensagem para ela.

Saímos da quadra sem dizer nada um ao outro e entramos no prédio ainda mais calados. Chegamos à enfermaria a passos rápidos e Jéssica empalideceu assim que me viu, possivelmente pensando no horror que seria me atender. Sua expressão mudou ao identificar os arranhões em Milena, de onde saíam pequenos fios de sangue.

— Acidente na educação física, é? – a enfermeira riu enquanto limpava as feridas. Milena fez uma careta de dor e encolheu-se. – Se for uma menina forte, posso pensar em te dar um pirulito.

Torci a boca. Eu não ganhei nenhum pirulito nas minhas consultas.

Jéssica jogou fora o algodão levemente ensanguentado, passou uma pomada nos machucados e os cobriu com curativos. Então andou até sua mesa, abriu uma das gavetas e estendeu um pirulito em formato de coração para a paciente. Milena pegou o doce e agradeceu baixinho, balançando os pés em cima da maca. 

— E como anda o seu poder, Milena? – Jéssica sentou-se em sua cadeira giratória e cruzou as pernas.

Eu e a garota arregalamos os olhos simultaneamente e nos entreolhamos assustados. Era de se esperar que a enfermeira soubesse do seu poder, mas falar sobre ele na minha frente foi uma surpresa.

— Bem. Eu acho. – balbuciou.

Jéssica afirmou lentamente e olhou para mim, perguntando a mesma coisa.

— Bem também. – afundei as mãos nos bolsos. – O antialérgico tem funcionado e eu ando evitando mexer em poeira e…

Por um breve instante, me lembrei do que deveria fazer depois da aula. Arrumar o esconderijo. Arrumar um lugar cheio de poeira. Eu estava morto.

— Ótimo. Qualquer alteração, podem me contar. – a enfermeira anotou algo em uma folha solta. – É melhor voltarem para a aula agora.

Agradecemos pelos cuidados e deixamos a enfermaria caminhando vagarosamente pelo corredor e escutando as vozes misturadas e abafadas que saíam das outras salas.

— Não quero voltar agora. – Milena colocou o pirulito na boca.

— Quer matar aula? – dei de ombros.

— Eu… Queria conversar com você. Nada demais, só queria tentar me sentir um pouco melhor. – me estendeu a mão.

— Quer que eu aperte? – arqueei uma sobrancelha.

— Por favor. – ela passou o pirulito de uma bochecha para a outra.

 

>>> 

 

Encarei Milena extremamente atordoado e com a estranha sensação de que não era para estarmos ali. Parecia que meu corpo havia ido para outro lugar, sendo que sequer havíamos nos afastado direito da enfermaria.

— Espera, cadê seu pirulito? – perguntei confuso ao reparar na garota. – Você estava com ele agorinha…

— Devo ter deixado em algum lugar. – Milena deu de ombros e desviou o olhar.

Um sinal tocou de maneira estridente, assustando-me, afinal, aquele só podia ser o sinal do almoço, mas era impossível já ser 12:20. Como o tempo passou tão rápido e eu não vi? 

— Vamos almoçar? – a garota suspirou.

No refeitório, após terminar de comer e afastar meu prato, conferi os stories do Babados da API.

— Notícia de última hora, gatinhas e gatinhos!— Bianca anunciou animada. 

Ela havia melhorado desde a reunião na sala de informática, apesar de continuar usando pijama e cabelos amarrados em um coque, alegando ser o estilo do dia.

— Por causa da postagem misteriosa de ontem e de um tribunal acirrado, o líder e a vice-líder do Nova Era estão… Se separando!— contou fingindo surpresa.

Eu e Milena nos engasgamos e fixamos toda nossa atenção no aparelho.

— Eles disseram que é temporário, claro.— Bianca revirou os olhos. — Então, temporariamente, Nova Erainos… É assim que se chamam?— pigarreou. — Vocês precisam escolher um lado. O Nova, representado por Ana ou o Era, representado por Felipe. — apontou para cada um.

— Quem resolver me seguir, saibam que o Era vai continuar com os objetivos antigos. Somos o futuro dessa nação.— Felipe bateu a mão no peito, orgulhoso.

— Como se faz um futuro sendo uma estátua ambulante? – Milena fez uma careta.

Realmente, ele tinha que parar com aquela história.

— E quem quiser vir para o Nova, digo que será diferente. Vamos aprender a conviver com nossos poderes e decidir o que fazer com eles. — Ana afirmou confiante.

Será que eu continuava expulso dos dois?

— É isso, gatinhas e gatinhos.— Bianca tremeu um pouco a câmera. — Escolham um lado. E se não souberem para qual ir, venham para o Super Gatinhas!

Os alunos das outras mesas iniciaram um burburinho afobado e colocaram-se agitados, levantando-se e começando a transitar pelo refeitório, falando uns com os outros.

Ninguém mais se lembrava da postagem anterior, o assunto do momento era a separação do grupo Nova Era. Secretamente, agradeci por isso e me levantei, pronto para sair dali antes que alguém colocasse os olhos em mim e se lembrasse que invadi um quarto.

 

>>> 

 

Terminei de fechar as caixas e colocar uma em cima da outra. Meu nariz coçou um pouco e eu olhei para a luz, o que fez meus olhos lacrimejarem.

Houve um espirro. Mas não foi meu.

— Argh, odeio rinite. – Breno esfregou seu nariz. 

Espirros não eram como bocejos, então por que aquilo me contagiou? Sem aviso prévio, curvei-me para frente e cobri a boca e o nariz, sentindo meus dedos queimarem.

— Mas que droga, por que vocês não são a prova de fogo? – reclamei olhando para minhas mãos sensíveis e avermelhadas. 

— E alguma parte do seu corpo é? – Eduardo brincou e parou de varrer.

— Bem… Eu não sinto dor na garganta, boca ou nariz quando espirro. – desviei o olhar, acanhado. – E naquele dia de gripe, o fogo não queimou meu pescoço.

— Uau. – o vice exclamou impressionado. – Será que conforme crescemos, nosso corpo passa a tolerar melhor os poderes? 

Ponderei por um instante, encostando-me nas caixas de braços cruzados.

— Apenas se a tolerância aumentasse na mesma medida que os poderes. O fogo do loiro oxigenado ficou mais intenso e mesmo assim as mãos dele ainda ficam machucadas. – Victor estava de costas para nós, retirando as teias de aranha com uma vassoura. – Ou seja, não é proporcional.

— Afe, tá em matemática. – Breno mostrou a língua.

— Usei palavras simples para o Norte conseguir entender, não reclama. – o gêmeo bufou.

Não vou mentir, me senti ofendido.

— Então os poderes vão continuar a crescer, crescer e crescer até… – Victor parou de mover a vassoura. – Nossos corpos não aguentarem mais. – virou-se para nós, sério.

Arregalei os olhos e prendi a respiração. 

“Até nossos corpos não aguentarem mais?”, repeti mentalmente e engoli em seco. Significava que em algum ponto, meu corpo, sei lá, explodiria? 

— É só uma teoria. – Victor deu de ombros e desviou o olhar. – Além de que isso não aconteceria com todos. Eu, por exemplo, já que meu poder depende da Amanda. Só que em outros casos, falando de você e da azarada, isso os machucaria bastante.

Pensei na onda de azar da Érica, ela não afetava somente sua dona, mas também quem estivesse ao seu redor. Se isso crescesse sem que seu corpo tolerasse o suficiente, o pior podia acontecer. Paralisei no lugar, tentando a todo custo barrar a imagem horrível criada em minha mente, a qual me fez querer vomitar.

— Vamos falar de outra coisa, por favor. – pedi baixinho cerrando os dentes.

— É melhor. – Eduardo concordou e deu tapinhas em minhas costas.

Respirei fundo e fitei o vice-líder, buscando por qualquer assunto longe dos poderes. 

— Então… Você beijou mesmo o Kaíque? – disparei.

Eduardo parou os tapinhas imediatamente, arregalou os olhos e deu um sorriso amarelo. 

— Isso é ciúmes meu ou dele? – arqueou uma sobrancelha.

— De nenhum dos dois. – revirei os olhos. – Só fiquei curioso.

— Espera aí. – Victor exclamou incrédulo. – Você beijou o do cabelo grande? 

— Uau, de repente tem dois garotos interessados em quem eu beijo ou deixo de beijar? – Eduardo perguntou em um tom zombeteiro.

Minhas bochechas ficaram quentes e eu me castiguei por ter puxado aquele assunto, não era como se estivesse tão interessado assim na vida do Eduardo. Do outro lado da sala, Breno me encarava fixamente balançando a cabeça em negação e gesticulando exageradamente na direção de Victor.

— Não estou interessado. – Victor resmungou. – Dane-se quem você beija ou deixa de beijar.

— Que bom, porque se eu tivesse de dizer, ia demorar. – o vice deu um sorriso de canto.

— Você é tão insuportável! – o gêmeo expirou olhando para cima e caminhou até a porta a passos pesados. – Vou ao banheiro, assim olho menos tempo para você. – e saiu batendo a porta.

Eduardo ajeitou o cabelo, deu de ombros e voltou a sua tarefa de varrer. Breno aproximou-se de mim, começou a tatear algumas das caixas e sussurrou sem me olhar:

— Você é mais tapado do que eu pensei.

Eu teria perguntado o porquê, todavia, a porta se abriu e quatro garotas entraram carregando um pequeno quadro branco em um suporte de rodinhas. A líder fechou a porta e virou-se confiante com uma bolsa em mãos e vestindo uma camisa branca de botões, gravata preta e saia pragueada cor café.

— O esconderijo não era a mesma coisa sem o quadro e o notebook. – Ienaga sorriu e abriu a bolsa. – Prontos para receberem nossos convidados?

Eduardo assoviou ao reparar na roupa da garota. Confesso que fiquei impressionado, já que nunca imaginei ver a líder usando algo que não fosse seu uniforme rasgado na barra ou camisetas de banda.

As garotas terminaram de ajeitar o quadro branco em um canto e sentaram-se no chão, instigando-nos a fazer o mesmo.

— O mais surpreendente foi achar algo que não fosse totalmente preto e vermelho na arara dela. – Yara comentou. 

— E qual é a da produção? – Breno deu um sorrisinho malicioso ao ver Ienaga sentar-se, tentando a todo custo não deixar a saia mostrar o que não devia.

— Amigão, para eu bater em ti com essa bolsa é daqui pra ali. – a líder retirou o notebook da bolsa e o ligou, deixando-o no campo de visão de todos.

Eduardo deu um peteleco na testa do garoto e acomodou-se próximo a Ienaga.

— Antes de tudo, precisamos contar algo para os membros novos. – Ienaga franziu as sobrancelhas. – Prometo detalhar tudo depois dessa reunião, mas basicamente estamos atrás de uma mulher que pode ou não estar morta. O nome dela é Hanna Sato e ela tem ligação com nossos poderes. 

Breno e Milena gritaram incrédulos e dispararam mil perguntas por segundo, absolutamente pasmos e chocados. Eduardo fez o favor de acalmá-los explicando uma coisa ou outra e prometendo aprofundar o assunto depois.

Fiquei inquieto, perguntando-me sobre a tal visita. A líder terminou de fazer o login na tela de bloqueio e abriu um aplicativo, o qual não vi qual era, pois minha atenção focou-se na porta que se abriu repentinamente.

Deixei os ombros caírem e toda minha empolgação foi cortada, pois tratava-se apenas de Victor retornando e sentando-se ao lado de Breno com a carranca de sempre.

— O som está funcionando? – Ienaga clicou em uma das teclas.

— Está sim.— uma voz saiu do notebook.

Arregalei os olhos ao ver duas pessoas na tela: um rapaz de black power e uma senhora de cabelos grisalhos adornados por um lenço. O rapaz sorriu e acenou educadamente, já a senhora semicerrou os olhos por cima dos óculos e praguejou alguma coisa.

— Pedro, com quem você está falando?— ela perguntou desconfiada.

— Com os adolescentes que perguntaram da Hanna Sato para a senhora, lembra, vó?— Pedro encarou a mulher.

— Ah, Hanna Sato. Por onde será que ela anda?

Nos entreolhamos em silêncio, engolindo em seco. Ienaga pigarreou e arrumou sua postura.

— União Rebelde, essa é a dona Marília e o neto dela, o Pedro. Dona Marília e Pedro, essa é a União Rebelde. – apresentou orgulhosa.

Encarei aqueles dois por mais um tempo, nem acreditando que de fato existiam. A pessoa com quem Stefanie conversou e que havia visto Hanna Sato depois da data do acidente. Sorri empolgado e fui para mais perto de Yara, a fim de enxergar melhor o notebook.

— Bom, podem perguntar o que quiserem para minha vó. Pelo menos, até a hora da novela.— Pedro riu e ajeitou-se no sofá em que estava sentado.

— O capítulo de hoje vai ser muito bom.— Marília afirmou. 

— Tudo bem. – Ienaga respirou fundo. – Dona Marília, quando foi mesmo que você a viu?

— Foi na rodoviária. Ela tinha cortado o cabelo e emagrecido. — a senhora mascou alguma coisa. — Faz uns bons anos, viu?

A líder mordeu o lábio inferior e todos compartilhamos da mesma sensação de ansiedade, temendo que aquilo pudesse ser um engano.

— Mas eu a vi esses dias, acreditam? — Marília riu. Pedro arregalou os olhos e deu um sobressalto no sofá.

O ar faltou em nossos pulmões e ninguém conseguiu pronunciar uma única sílaba, totalmente paralisados em frente a tela e a revelação da senhora. Hanna Sato foi vista em 2019?!

— O-Onde? – Ienaga perguntou afobada. – C-Como e quando? – inclinou-se na direção do notebook.

— Eu tinha ido cortar o cabelo aí na cidade de vocês… Faz umas duas semanas, eu acho. Depois fui no mercado e vi uma mulher, pensei: eu conheço essa figura, mas de onde? Então percebi a queimadura no cotovelo. Uma pequenininha, sabe? — Marília gesticulou. — Mas a Hanna está diferente. O cabelo bem curtinho e de uma cor acaju, usando lentes azuis e magrinha que só vendo, coitada. Nem parece ela.

E pela descrição, não era ela. Hanna Sato, na foto como enfermeira, era uma mulher gorda de olhos escuros e longos cabelos pretos. A descrição de Marília não correspondia nem um pouco.

Ienaga pediu licença por um instante, mutou o microfone e virou-se para nós, sussurrando nervosamente:

— Tudo bem, ela pode ter mudado bastante em quinze anos. 

— Aceita, japa, ela morreu e essa velha está vendo coisas! – Victor resmungou impaciente. – Quantas mulheres tem mancha de queimadura no cotovelo? 

Ienaga cerrou os dentes e enrijeceu os ombros, completamente tensa. Troquei olhares de dúvida com Yara e reparei em Milena encolhida no canto, tinha os olhos arregalados e arfava baixinho, todavia, sua mente parecia ter se distanciado do que acontecia na tela.

Eduardo respirou fundo e desmutou o microfone, perguntando educadamente:

— Dona Marília, como a senhora pode ter certeza de que essa mulher era a Hanna Sato? Outras mulheres podem ter manchas no cotovelo.

— Escuta, meu filho!— Marília o interrompeu. — Se tem uma coisa que eu reconheço, é queimadura. De fogo, de panela quente, de cigarro e até queimadura química! Já atendi muita gente com queimadura, viu? E a da Hanna Sato é química.— afundou-se no sofá, certa de si.

O neto dela cobriu o rosto com as mãos e balançou a cabeça, constrangido. 

— A senhora disse que atendeu… Já foi médica ou algo assim? – Eduardo continuou.

— Eram consultas. Mas não, nunca fui médica.— Marília afirmou vagamente. — Médico é meu neto!— contou orgulhosa.

Pedro sorriu sem jeito e consertou:

— Ainda estou no primeiro ano da faculdade, vó. O que a minha vó fazia era dar consultas de vidência no centro da cidade, por isso ela conheceu muita gente e acabou decorando marcas e sinais.

O fato dela ser uma vidente de centro me causou um estalo na cabeça e algo dentro de meu peito agitou-se, por mais que eu não encontrasse significado naquilo. Talvez tivesse mexido comigo por causa da história do meu nome.

— E… Você viu para onde a Hanna Sato foi? Conversou com ela? – Ienaga questionou eufórica.

— Ah, não. — Marília negou com a cabeça. — Acho que agora já deu, Pedro, é hora da novela. — pegou um controle remoto.

Pedro conferiu o relógio em seu pulso, assentiu e voltou-se para a câmera.

— Então, parece que isso é tudo. Espero que tenham saciado suas dúvidas. 

— Pode ter certeza de que sim! – a líder afirmou. – Muito obrigada por isso.

— Vó, vamos nos despedir.— cutucou a senhora e acenou. Marília gesticulou brevemente, sua atenção já havia sido tomada pela TV.

Todos nós acenamos também e agradecemos. A chamada foi encerrada e a tela ficou escura, marcando o fim da nossa reunião. Ienaga fechou o notebook, guardou-o e levantou-se vitoriosa.

— Está viva! Está viva! – contou fascinada jogando os braços para o alto. – Com uma marca de queimadura!

Encostei-me na parede e fitei meus tênis, parando um pouco para refletir. Hanna Sato estava mesmo viva e podia ser encontrada pela queimadura em seu cotovelo? A mulher que deu origem a nossos poderes estava vivendo normalmente e indo a um mercado?

— Ainda acho isso uma furada. – Victor murmurou descontente.

— Certo, viva ou não, alguém pode nos explicar o que está acontecendo? – Breno cerrou os dentes.

— N-Na verdade... – Milena ergueu-se cambaleante. – Eu preciso ir. – mordeu o lábio inferior. – Estou com… Dor de estômago. – passou o braço por sua barriga e curvou-se.

— Foi aquela gororoba do almoço, né? – Érica arrepiou-se. – Ainda bem que não comi.

— É, foi isso. – Milena afirmou abrindo a porta. – Depois vocês me contam sobre essa Hanna Sato. – e desapareceu pelo corredor.

Ao que parece, ninguém deu muita importância a saída repentina de Milena, todos estavam extasiados demais (exceto Victor, claro) com a possibilidade de Hanna Sato estar mesmo entre os vivos.

Assim que Ienaga terminou de contar sobre nossa teoria para Breno, o garoto engoliu em seco, fez uma breve pausa e comentou:

— Sabia que vocês eram malucos, mas não tanto. 

— Para o seu azar, você é do grupo dos malucos agora. – Victor alfinetou.

— É, posso viver com isso. É meio emocionante brincar de ficção científica. – sorriu.

— E agora? – Eduardo olhou para Ienaga. – Depois de saber disso, você quer sair da academia de novo para ir procurá-la, não é?

— Vão nos barrar outra vez. – a líder balançou a cabeça. – Esse será o plano B.

— Tenho medo de qual é o A. – Yara ficou de pé e passou as mãos pelo short-saia.

— É para ter medo mesmo. – Ienaga mordeu o lábio inferior. – Eu vou ser a cobaia, não se preocupem. – desamarrou a gravata. – Vou seguir na teoria das amostras de sangue. Estamos aqui dentro por termos um poder. Se não tivermos um, o que acontece?

Victor foi o primeiro a protestar, quase berrando:

— Você ficou doida?!

— Alguém precisa sair daqui para procurar a Hanna Sato. – ela assentiu determinada. – Não sei vocês, mas eu sou a que mais quero me livrar do meu poder.

Devia ser difícil viver longe do sol e pão de alho, entretanto, algo me incomodou profundamente quando ela voltou a falar sobre as amostras de sangue. Eu sabia de algo, contudo, não conseguia me lembrar do que era. 

Aquele sonho piscou em minha mente. Eu precisava conversar com a Milena.


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Notas finais do capítulo

Marília está doida ou a Hanna Sato mudou radicalmente?
Até semana que vem.
Beijos.
—Creeper.



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