Goodbye my friend escrita por Dani


Capítulo 1
Adeus lista de compras


Notas iniciais do capítulo

Eu fiquei com medo de postar essa história, pois ela é muito meu xodó, mas ao mesmo tempo não sabia se o Mike ganharia vocês da mesma forma que ele me ganhou.

Eu espero sinceramente que vocês gostem e se apaixonem por ele e pelos amigos como eu, tenham uma boa leitura!



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Existem muitos jeitos de começar uma história, sério, realmente é uma diversidade muito grande. Você pode começar descrevendo um triste dia, normalmente chuvoso, onde o personagem ainda está dormindo. Ou quem sabe até descrever um lindo dia de sol, onde o clima parece estar tão aconchegante, que seria perfeito uma cena na praia. Claro que há também, os inícios cheios de ação. Sim, são aqueles onde a história já começa com sua pitada de ação diária. Temos também os inícios finais, onde a história é contada a partir do fato final. E claro, não se pode esquecer-se dos grandes inícios da velha guarda, aqueles como o inesquecível "Era uma vez...".

É, realmente os inícios são diversos, não?

Queria poder contar-lhes minha história com algum desses inícios, infelizmente não poderei, fazer o que né?

Mas antes de lhes contar tudo, desde o meu infeliz e diferente início, acredito que por educação devo falar mais de minha pessoa. Bem, primeiramente olá, chamo-me Mike Devens ou pelo menos gosto de ser chamado assim, meu real nome é Michael, mas ninguém me chama assim. Sou um garoto razoavelmente alto e musculoso na base do gostoso, tenho cabelos curtos e castanhos iguais a meus olhos, o que, segundo comentários é um charme. Não sou atlético, nem um nerd. Sou igual você. Claro que mais bonito, mas tudo bem, no entanto, por favor, não pensem que não sei fazer nada, sou uma pessoa muito talentosa, apenas não demonstro, sou humilde, sabem? Porém posso dizer que meus muitos talentos escondidos, serão revelados ao longo dessa história.

Mas continuando, acredito que está pequena descrição de mim tenha sido o suficiente para me conhecerem por agora. E agora podemos começar. Porém comecemos do começo, não do início.

 

Aquela noite começava como todas as outras, o sol ia se escondendo atrás dos prédios, deixando assim, que a lua tomasse seu lugar no céu. O astro vinha acompanhada de suas inseparáveis estrelas, que iam surgindo rapidamente à medida que escurecia. Eu gostava de olhá-las, era algo como um hobby, vê-las reluzindo à noite, aquilo era realmente algo aconchegante, embora meu pescoço pedisse por penico depois de 1 minuto olhando para cima, ainda assim eu gostava de apreciá-las sempre que possível.

Não sei explicar bem o porquê, mas aquilo me trazia certa paz e um sentimento de reflexão, que devo dizer, não era muito comum para mim. Eu pensava na minha vida, nas pessoas ao meu redor e em como tudo parecia ser tão insignificante perante aquele céu.

Mas então fui tirado de meu momento pensador, ao ouvir meu irmão me chamando para mais um round.

— Mike vai ao mercado, preciso de umas coisas pra fazer a lasanha — Meu irmão gritava do andar de baixo.

Sai meio relutante da janela, era uma vista linda demais para ser desperdiçada, mas o dever me chamava. Andei pelo corredor massageando meu pescoço, e sem fazer movimentos bruscos, acho que se eu saísse daquela posição meu pescoço iria travar.

— Ham... Preciso mesmo? — Reclamei já no final do corredor, enquanto descia as escadas ainda com a mão no pescoço — Tô com sono, e com preguiça, e cansado... Já disse que tô com preguiça? — Perguntei me sentando em um dos degraus, encostando-me preguiçosamente nas grades.

— Awnnn, coitado do pobre Mike, está tão cansado de não fazer absolutamente nada, como sinto pena de você — Falou se aproximando, jogando um papel dobrado em mim.

— Nossa como você é carinhoso, também te amo — Zombei.

Meu irmão revirou os olhos.

— Vai logo garoto, a menos que prefira ficar com fome — Falou enquanto se aproximava novamente me entregando algumas notas de dinheiro.

— Ta ta, calma, não sabia que você estava de TPM.

— Como é que...

Porém antes que ele pudesse completar sua ameaça de morte, levantei-me com um pulo, correndo em direção à porta, pegando meu casaco pendurado ao lado e corri em direção ao mercado lhe mandando um beijo. Um amor não, esse meu irmão?

Eu corri durante apenas uns três minutos, e parei ofegante ao lado do mercado. Certo, estou muito velho para isso. Tenho que parar de ser sedentário mesmo, eu sei que falei que sou meio musculoso, e acredito que imaginaram que eu era alguém que praticava exercícios. Sinto desapontá-los, mas os meus músculos e corpo definido é em grande parte por conta dos ônibus lotados que pego e daqueles que eu ao menos tento pegar, e também um ótimo metabolismo que me deixa sempre ótimo, mas enfim.

Entrei no mercado, peguei as coisas escritas na lista, me controlando para não comprar aquelas lindas barras de chocolate expostas no caixa — que eu quase podia ouvir implorando para que as tirassem daquela estante fria. Mas consegui ser forte, paguei e sai. Apertei o casaco um pouco mais contra meu corpo, me protegendo da melhor forma do vento frio que assoviava em meus ouvidos. Pensei em correr para casa, mas ainda estava cansado. E também, por que não aproveitar a noite? Não tinha quase ninguém na rua, o clima estava consideravelmente bom — mesmo que frio— e acredito que caminhar não faça mal a ninguém.

Nossa como eu estava errado.

Andava tranquilo, apenas respirando o delicioso ar noturno e de vez em quando olhando para as estrelas já que a dor no meu pescoço havia aliviado. No entanto minha tranquilidade foi interrompida quando uma voz grossa soou atrás de mim.

— Hey garoto.

Virei-me devagar, temendo o pior. Isso é óbvio não? Quando se está praticamente sozinho, numa rua à noite e um cara desconhecido lhe chama, convenhamos que isso já seja o suficiente para sujar as calças.

— Sim? — Respondi tentando não mostrar que estava morrendo de medo.

Ele tirou uma pistola do bolso esquerdo do casaco e a engatilhou devagar apontando para mim. Soltei as compras e levantei as mãos, totalmente apavorado. Pude ver uma lata de tomates em conserva rolar para os pés do homem e ouvir o barulho estrondoso do vidro de azeitonas sendo quebrado.

— Passa o dinheiro, agora.

— Senhor, eu o gastei todo, com as compras — Gaguejava — Por favor me deixe ir.

— Não quero saber, passa a droga do celular e tudo de valor que você tiver ai! — Ele começou a alterar a voz — Agora droga!!

— S-Senhor — Perdi o controle sobre minha voz — Deixei meu celular em casa, por favor, eu não tenho nada — Estava prestes a começar a chorar.

— Droga garoto! — Falou enquanto se aproximava ainda com a arma em punho, me olhando dos pés à cabeça inquieto, enquanto eu me encolhia — Passa tudo droga, passa o casaco e a droga do relógio.

— S-Sim — Disse tremendo, enquanto me apressava a tirar tudo.

O homem olhava preocupado e frenético para trás, como se temesse a chegada de alguém. Eu tirava o casaco e o relógio enquanto ele colocava a arma cada vez mais perto da minha cabeça. Eu choramingava, as compras estavam espalhadas pelo chão. Tirar o relógio estava demorando muito, minhas mãos trêmulas impediam qualquer agilidade. Enquanto que o homem ao meu lado agora gritava para que fosse mais rápido, e ordenava que tirasse os sapatos também, enquanto eu pude sentir uma vez ou outra o cano gelado da arma tocar minha nuca.

— Aqui, aqui, está tudo aqui, por favor, me deixe ir — Juntei tudo no chão para que ele pegasse.

— Ótimo — Falou recolhendo minhas coisas — Mas, é melhor você não contar a ninguém, se falar pra alguém eu te mato, ouviu bem? — Foi se afastando devagar, ainda mirando minha cabeça, quando já estava a, pelo menos dois metros de mim, empurrou sua arma de forma ameaçadora — Eu te mat...

E nesse momento um estrondoso ruído de bala ecoou. E meu corpo foi ao chão. O homem ao empurrar sua arma engatilhada, acabou por apertar o gatilho. Atingido assim minha cabeça.

E esse é o infeliz início da história, quando um homem inexperiente e medroso me assaltou, levou minhas coisas.

E atravessou minha cabeça com uma bala.

Eu devia realmente ter corrido... É pelo menos a dor no pescoço sumiu.

 

Os momentos seguintes foram à velha monotonia de hospital. Eu sentia meu corpo sendo movimentado em alta velocidade. Pessoas gritavam ordens para as outras ao meu lado. Era difícil manter-me acordado. Haviam posto uma máscara em mim para que respirasse. E um pano grosso por sobre meu rosto, quase me impedindo de ver qualquer coisa, enquanto que alguém me pedia para que não dormisse, para que mantive-se os olhos abertos. Mas eu não consegui, e então tudo escureceu e minha consciência foi embora, dando apenas tempo para escutar o bater das portas da sala de cirurgia.

E de repente, tudo estava escuro.

 

Eu me sentia flutuando, meu corpo parecia ter acabado de acordar de um longo sono, meus membros se moviam muito devagar. E meu corpo inteiro doía.

Movi uma de minhas mãos com um pouco mais de esforço para que chegasse aos olhos, conseguindo massageá-los. Torcia internamente para que aquela escuridão terminasse logo, eu não me sentia bem, meu corpo estava fraco, dolorido, e eu não entendia o motivo daquilo.

E então meu desejo foi atendido.

Uma luz fraca iluminava uma rua abandonada. Não parecia ser muito tarde, ao longe se podiam ver as luzes de uma cidade bem acordada. Conversas vinham das várias lojas enfileiradas naquela rua, e uma delas não me parecia ser estranha.

— Mas...Esse é o Marchel's — Encarava a vitrine repleta de mercadorias de cozinha, notando a sonolência em minha própria voz — Então, tudo foi um sonho?

Consegui colocar os pés no chão, tendo que me escorar em uma parede, eu simplesmente não conseguia ficar em pé, me sentia estranho, fraco, sem nenhuma energia sequer.

Minha cabeça latejou. Segurei-a com as duas mãos, tentando massagear a testa. A dor ficava cada vez mais forte e mais aguda. E então, simplesmente parou. Quando olhei novamente para a rua, meu coração acelerou e cai sentado. O lugar não era o mesmo, eu estava algumas lojas a frente. E meu corpo jazia logo a minha frente, meu rosto estava virado em minha direção, estava péssimo, havia um buraco na minha cabeça, uma expressão assustada, e uma poça de sangue que crescia cada vez mais.

— N-Não, não pode ser, isso só pode ser um pesadelo — Olhava abismado para meu corpo — É um pesadelo, só pode ser!

E então tudo ficou preto novamente e um grito ecoou.

— Mike!

 

Levantei-me de súbito. Minha respiração estava acelerada. Apalpei de imediato minha cabeça, exclusivamente a testa. Acalmei-me um pouco ao não sentir nenhum buraco e torci mentalmente para que minha calça não estivesse molhada. Sai da cama e fui diretamente para o banheiro, lavei meu rosto, jogando grandes quantidades de água seguidamente. Não o enxuguei, deixei a água pingar e refrescar o resto do corpo, passei a mão em meus cabelos bagunçados, os molhando um pouco também, olhei-me no espelho procurando olheiras de uma noite mal dormida. Mas encontrei outra coisa.

— De quem é esse banheiro?!

Olhei para fora, encarando o quarto, ainda desesperado e confuso.

— De quem é esse quarto?!

 

Cai sentado. Talvez aquela não fosse a melhor reação. Afinal, o que você faria se visse um garoto estranho, sentado no chão de seu banheiro?

Mas foi a única reação que minha surpresa me permitiu fazer. Meus olhos corriam todo o quarto. Procurava algo conhecido, talvez fosse o quarto de algum amigo. Não sei. Ainda tinha esperanças de não ter sido sequestrado, ou algo pior.

Porém, logo reconheci. As paredes tão brancas. O banheiro tão bem organizado e higienizado. As janelas, com suas persianas recolhidas. A cama reclinável. O barulho inconfundível de uma máquina, que contava incessante os batimentos de alguém. Alguém, a qual tinha medo de aproximar-me, porém meus passos eram involuntários. Estava cada vez maior perto. Até que apenas uma fina cortina branca nos separava. Naquele momento queria sentir meu coração acelerar, quase sair pela boca. Mas ele estava quieto. Quieto demais.

Aproximei a mão devagar e medrosamente da cortina. E a puxei. Meu corpo caiu, se escorando na parede mais próxima. Aquilo não podia ser verdade. Eu só podia estar tendo um pesadelo.

A pessoa deitada era eu.

 


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Eu espero de verdade que sim, e que me acompanhem nessa jornada ♥



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