Like a Vampire 4: Endgame Volume 2 escrita por NicNight


Capítulo 4
Capítulo 3 - Injustiça


Notas iniciais do capítulo

Mais um caaaap! Dessa vez atrasado por motivos de: escola e terceirão assasinam a autora!
Mas enfim, boa leitura!



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Narração Lua

O pequeno corte no meu nariz já estava praticamente todo cicatrizado. Nem doía mais quando eu encostava nele.

E os hematomas no corpo já haviam sumido a boas semanas.

É, ela havia levado um bom tombo. E na neve ainda.

Era uma pena que não se lembrava muito de como caiu, porque isso ajudaria muito na hora de convencer minhas irmãs e Cousie que não, eu não fui atacada por uma criatura mágica não identificada, muito menos um invasor que secretamente vive no nosso subsolo.

Só que claro, como eu era uma recém-maior de idade (o que aqui era basicamente código pra criança) e não me lembrava de nada, não podia fazer nada pra convencer elas.

Balancei a cabeça, tentando ignorar meus próprios pensamentos. Segurei meu cabelo com as duas mãos, enfiando a gominha por fora do monte de fios.

Com bastante agilidade, consegui cruzar a gominha algumas vezes até meu cabelo se transformar no rabo de cavalo alto de sempre.

—Você vai acabar estragando seu cabelo depois de tanto tempo usando o mesmo penteado.

Me virei na cadeira, observando meu namorado recém-chegado no quarto.

—Bem, é o único penteado que realmente me cai bem.

—E isso é uma mentira.- Subaru se aproximou de mim, e eu pude ver pelo reflexo do espelho ele apoiando as mãos no apoio da cadeira.

Ao fazer isso, seus dois colares se descolaram da sua pele e ficaram pendurados no ar.

Eu suspirei de forma meio cansada, ajeitando o cabelo sem ter muito o que responder.

—Você não está nem no ânimo de fazer piada mais.- Subaru comentou

—Eu acho que é meio de mau tom fazer piada quando estamos… na situação que estamos.- Ajeitei meus óculos de novo, soltando um riso mais de nervoso.

Não deixava de ser mentira. Nos últimos meses, eu sentia que toda a minha alegria tinha despencado de um penhasco e ainda estivesse no meio da queda até hoje.

Na maior parte das vezes eu mal conseguia arrumar um motivo pra fazer um comentário minimamente divertido.

—Lua.- Subaru chamou minha atenção- Eles vão ficar bem.

Mordi a bochecha.

Primeiro havia sido Daayene. Eu considerava ela minha melhor amiga… quer dizer, considero. Era basicamente a única pessoa daquele lugar inteiro que me suportava plenamente e tinha um senso de humor parecido com o meu.

Mesmo quando nossas famílias brigaram, eu nunca senti raiva dela.

E mesmo assim não contei pra ela sobre o plano que haviam criado pra a mandarem embora daqui.

Grande amiga sou eu.

—A gente precisa ver se alguém teve notícias sobre eles.- Dei uma leve pigarreada- Sabe-se lá o que eles podem ter feito com o bebê, meu pai e os meus dois padrastos.

—Lua, você não precisa surtar por causa disso.

—Subaru, eles são minha família.- O encarei nos olhos pelo reflexo- Talvez seja diferente pra você, mas a maior parte das pessoas se preocupa de verdade com os pais.

Subaru ficou assustado.

—Desculpa.- Suspirei- Falei sem pensar.

—Tudo bem. Tá meio estressada.

—Não significa que você é obrigado a aturar eu descontando o estresse em você. Desculpa!

—Desculpada, então.- Subaru puxou uma cadeira e se sentou do meu lado- Lua, vai dar tudo certo. Vamos achar seu pai, não importa o que custe.

Subaru apertou minha mão por cima da mesa.

—Eu só queria… que tudo voltasse ao normal. Assim, num estalar de dedos. Não quero mais lidar com guerra civil aqui.

—Bem, não tem muito que se possa fazer. Quem quer ser idiota vai continuar sendo.

—As coisas deram uma amenizada depois da Daay, mas…- Suspirei- A minha própria família! A Nikki ficou um bom tempo falando no meu ouvido sobre o perigo das Hudison aqui. Um saco.

—O Shu tá no mesmo nível. Chatão.

—É quase como se eu nem pudesse mais sofrer pelos meus amigos.- Me afundei na cadeira.

—Ei, fica assim não. O que você pode fazer é ser você mesma.- Subaru comentou- Fazer o que sempre faz. Ser feliz, sorrir e fazer os outros sorrirem.

—Eu acho que eu entro mais na linha de "fazer os outros revirarem os olhos" do que qualquer outra coisa.

—E tudo vai se resolver. Aos poucos. mas não tem muito o que você possa fazer, né?

Subaru fez carinho no meu cabelo levemente.

—Ainda bem que eu te tenho aqui pra ser meu senso comum.- Sorri pra ele.

—É a melhor coisa que eu tenho pra fazer, né?

Fiz uma pequena careta pra ele, que segurou uma risada.

Subaru se levantou e parecia prestes a ir embora, antes de se virar bem na porta.

—Lua, eu tava falando com os meninos, e...

Me virei na cadeira pra olhar pra ele.

—E...?

—Ah.- Seus olhos vermelhos olharam pra vários cantos diferentes do quarto.- Na verdade, pode deixar. Te falo depois.

—Tem certeza?- Mordi a bochecha.

—Claro. Se fosse importante eu te contaria agora.- Subaru deu de ombros- Te vejo no jantar?

—A gente mora na mesma casa, Subs.- Ri.

—Mesmo assim, imagino eu que você tenha mais de um milhão de outras coisas pra fazer. E se preocupar.- Subaru comentou.

—Claro, claro. E eu imagino que o seu grande compromisso seja socar umas paredes pela fortaleza? Cuidado, ein. Depois a Cousie te obriga a pagar.

Subaru forçou uma risada:

—Muito engraçado. Eu vou cuidar das rosas.

—Ah, sim, claro. Seu outro talento.

—Tchau, Lua.- Ele insistiu e saiu, me fazendo soltar uma pequena risada.

Pelo menos eu tinha o lucro de falar que meu namorado era paciente o suficiente pra lidar com meu humor.

Credo, quase dois anos de namoro e eu ainda acho estranho chamar ele de namorado.

Quer dizer, mais estranho do que cujo namorado saber voar e vampiro não era, então acho que eu estava tranquila.

Percebendo que ficando de boca fechada eu iria me perder em um milhão de metáforas e analogias pro meu relacionamento estranho, resolvi procurar outra pessoa disposta a me escutar.

Me olhei pela última vez no espelho, ajeitando o cabelo e desamassando as roupas. Por fim, empurrei o óculos que havia escorrido pelo meu nariz e os meus dois colares.

E basicamente fui pulando pelas escadad, saltando alguns degraus.

—Bem, pelo menos eles responderam.- Ouvi uma voz murmurada, Anna.

—Era o mínimo, no caso.- Priya falava um pouco mais rápido- Mas agora a gente pode ter ferrado a patrulha toda por causa disso.

—A culpa não é nossa. Eles que são estressados.- Ouvi a voz de Brunna, junto com um som de papel se amassando.

—Brunna, por favor. O único motivo de morarmos aqui ainda literalmente é pena.- Priya continuou falando- Você acha mesmo que quando ficarem sabendo disso não vão nos expulsar na primeira chance?

—Eu não quero ficar sem casa de novo...- Anna comentou.

Ouviu-se um suspiro.

—E não vamos. Eu prometo.- Era Brunna.- Eu... eu posso consertar isso, ok? Eu e Ruki vamos arrumar uma solução, e um Plano B.

—Brunna, você sabe que eu te adoro, mas...- Priya tentou conversar.

—Eu já disse que vou consertar tudo!- Brunna falou de forma mais aguda- Olha, no pior dos casos, os Mukami ainda tem dinheiro suficiente pra morarmos alguns meses num hotel humano.

—Podemos falar com a Cousie...- Anna sugeriu.

—Fora de questão. Eu estar viva depois de publicamente desacatar a autoridade dela já foi sorte.- Priya repreendeu- Imagina se eu ainda for forçar a barra pedindo favor. Aceitemos, meninas. Somos a minoria aqui. Não sabemos em quem podemos confiar.

Um pequeno silêncio.

—Eu odeio fazer o papel da surtada, mas alguém que sobrou da família tem que ser.- Priya continuou- Daayene fugiu, e nós sabemos disso. E se ela fugiu, é porque motivo tem.

—Eu odeio quando você está certa. Mas talvez as Herbert podem nos ajudar...- Brunna tentou aconselhar.

—Aconteceu alguma coisa?- Perguntei, já com medo da resposta.

As três garotas se viraram pra mim num único gesto.

Fiquei quase acanhada com os seis olhos sob mim. 

—Ah.- Brunna pigarreou- Nós mandamos uma mensagem pros profetas. Perguntando, sabe, sobre a Daay.

Me senti tensionar:

—E?

—Eles responderam. Nadica de nada.- Priya jogou o papel na mesa, respirando fundo de frustração.- E agora ainda parecem estar com raiva.

—Mas por que?-  Falei basicamente antes da mais velha terminar.

—Alguma coisa sobre "perder uma joia valiosa"- Brunna revirou os olhos- É muita pachorra mesmo pra falar isso quando estávamos falando literalmente da nossa irmã.

—Que...cruel.- Murmurei.

—Nem me fale.- Anna suspirou pesadamente.

—É... a gente já estava planejando sobre sair da patrulha.- Brunna parecia nervosa.

—Mas por que?- Questionei.

—Lua, se você não teve mais algum caso de amnésia, eu preciso realmente te dizer o motivo?- Priya fez uma careta- Olha, eu adoro as pessoas daqui, e fico feliz que alguns se arrependeram. Mas...

—É díficil ficar num lugar onde as pessoas claramente só te tratam bem por arrependimento.- Brunna completou.- Isso não envolve algumas de vocês, claro.

—Até os criados me olham de mal jeito depois da minha demissão.- Priya cruzou os braços.

—Bem, pelo menos vocês podem discutir?- Sugeri- Acho que se mais alguém se perder ou sair dessa patrulha esse lugar vai ruir.

—Podíamos pelo menos sair de vez em quando. Sol, Yui, Jackson e Mao vivem fazendo isso.- Anna falou.

—É, mas isso é porque eles tem medo de piorarem a situação com a Yui ficando no mesmo espaço da Victoria.- Priya respondeu- Se bem que um afastamento não é uma má ideia...

Meu rosto deve ter sido bem preocupado, pois Brunna conseguiu falar de forma calma:

—Relaxa, é um projeto de longa data ainda. Precisamos falar com o Ruki ainda. E o Azusa. E eu juro que convido vocês pro casamento.

—Ah é, esse é o outro motivo de não querermos ficar. O casamento.- Priya concordou.

—E como anda o planejamento?- Tentei mudar pra um assunto mais leve.

—Em hiatus, desde que Daayene se foi.- Brunna respondeu.- Eu e Ruki tentamos resolver algumas coisas mas... não flui. Eu nem sei que tipo de vestido eu quero ainda.

—Já tentou escrever sobre isso?- Anna sugeriu.

Brunna negou com a cabeça.

—Eu bem que senti uma festa por aqui.- Sarah se aproximou do nada da porta.

Cheguei a levar um susto:

—Eu achei que a Haruka e a Sofie estavam com você...?

—Ah, nós estávamos com a Haruka. Mas aí a Cousie e o Carla chamaram ela pra voltar a falar sobre a história de noivado.- Sofie chegou logo atrás dela.

—É, aí o Kino fez uma piada nada legal sobre a Haruka se noivar do Marko e acredito eu que o Shin tenha mordido a canela dele.- Sarah continuou- Ah, olá, P, B e A.

—Hã.. Você sabe que não tem ninguém por perto então não precisa falar como uma agente secreta, né?- Brunna comentou.

—Nunca se sabe. Os criados tem ouvidos, sabia?- Sarah brincou.

Era realmente surreal como as duas pareciam ficar mais parecidas com o passar do tempo. Naquele exato momento, ambas usavam vestidos longos de inverno.

A única diferença entre eles era que o de Sarah era amarelo e o de Sofie vermelho. Cortesia de Cousie.

Até os cabelos pareciam mais agora.

Daqui a algum tempo ficaria díficil pra quem não as conhecessem diferenciar uma da outra.

—Enfim, qual o papo?- Sarah se sentou do meu lado, e Sofie ficou do lado das Hudison.

—Na verdade nada dema...- Brunna tentou começar a falar.

—Estavam esperando fofocar sem mim?- Marie chegou na porta, e eu quase ouvi o suspiro conjunto das três irmãs.- Espero que não. Eu fiz chá.

—E cadê o chá?- Sofie perguntou.

—A Mun pegou e foi servir pro Reiijii.-

 Marie deu de ombros- Eu tentei gritar com ela, mas aí o Shu mandou eu não brigar com ela.

—Depois a gente que mima a menina.- Eu brinquei, e Marie revirou os olhos em concordância.

—Ninguém me respondeu.- Sarah notou.

—É porque toda hora a gente é interrompi...- Brunna começou de novo.

—Alguém sabe por que diabos o Reijii e o Shu tão brigando sobre alguma coisa envolvendo a Mun e chá?- Nikki surgiu.

Brunna nem se deu o trabalho de reagir.

—Depende. A briga envolvia eles se ofendendo e apenas mencionando a Mun?- Marie questionou. Nikki concordou com a cabeça- Ah, então é só o de sempre. Eles usando qualquer situação de fundo pra discussão. Pode relaxar.

—Menos mal.- Nikki tirou a jaqueta jeans antes de se sentar do meu outro lado- Eu perdi alguma coisa?

—Tecnicamente? Não.- Respondi antes que alguma das Hudisons rugisse.

Brunna massageou as têmporas:

—Só pra saber, por acaso mais alguém vai entrar por aquela por...

Ouvimos um barulho de alguém tropeçando.

—É. Eu imaginei.

Victoria apareceu meio descabelada na porta.

—Ah, oi pessoal. Eu só... ouvi uma falação daqui e... interrompi alguma coisa?

—Relaxa, Vic. Agora você só é, tipo, a quinta pessoa perdida na sala.- Sarah segurou a risada.

—Ah. Faz sentido.- Victoria ajeitou o cabelo- Eu tava bem procurando vocês 3 pra gente conversar e...

As três Hudison se entreolharam.

—A... gente?- Anna pareceu confusa.

—É.- Victoria pigarreou- Então, se quiserem a gente pode se retirar daqui agora e...

—Hã... Por mim pode falar aqui mesmo.- Brunna sugeriu- Se não se incomodar, claro.

Victoria pareceu levemente assustada:

—...Ok. Um pedido de desculpas público. Ok. Nem perto das coisas mais humilhantes que já fiz. E vocês bem que merecem.

Marie fez um sinal de silêncio discreto pra mim, Nikki e as gêmeas.

—Eu não fui justa. Nada justa, inclusive. Com nenhuma de vocês.- Victoria estava nada levemente vermelha.

As Hudison mal piscavam.

—E eu sei disso agora. Mesmo. Não tem coisa que me arrependo mais do que ter falado as maldades que falei pra Daayene. E pior, aquela ser talvez a última imagem que ela já teve de mim.

—Ok, talvez não a última…- Marie tentou interromper.

—Eu tava numa época complicada, ainda tô. Mas eu nunca tive o direito de descontar em nenhuma de vocês. Menos ainda na minha própria família.- Vic se virou lentamente pra nós.- Bem, pelo menos eu tenho irmãs bem dispostas a esmurrar minha cara quando eu estou errada.

Sorri de leve.

—Como alguém que já fez muita burrada na vida, eu posso dizer que precisa de muita coragem pra se pedir desculpas na cara dura.- Brunna deu uma leve pigarreada- Então eu…

—Não. Espera. Não terminei.- Victoria ainda parecia mega envergonhada.- Eu tô tentando, sabe. Melhorar como ser humano. Então eu queria te oferecer, Brunna, se você aceitar… A me deixar planejar seu casamento!

Todo mundo pareceu meio em choque com a proposta.

—Eu fui uma das poucas que realmente ficou contra a sua pressa pra se casar e tals, mas…- Victoria suspirou- Isso não é nem perto da reparação que vocês mereciam depois de tudo que passaram. E eu acho que posso dizer que sou tão boa quanto a Daay pra planejar eventos.

—…Pera, quê?- Nikki murmurou pra mim. Eu a encarei como sinal de deixa quieto.

Victoria ficou uns bons segundos em silêncio, e foi aí que notamos que ela já tinha acabado.

—Isso foi… inesperado.- Priya piscou algumas vezes.- De várias formas diferentes.

—Realmente.- Anna pareceu levemente chocada- Mas acho que… hã… eu falo por todas nós três, e Daayene, quando eu falo que… te perdoamos?

Victoria pareceu soltar um suspiro de alívio.

—E como noiva, eu acho que posso te dizer que será uma honra ter sua ajuda pro meu casamento.- Brunna sorriu- Todas vocês, se quiserem. É tudo que eu mais quero. Eu sei que nem sempre nós concordamos em alguns assuntos ou estamos bem mas…

Brunna hesitou um pouco antes de continuar:

—Eu não tenho mais uma família além das minhas irmãs, então eu talvez acabei considerando esse lugar todo a minha família.

—Urgh, isso foi tão grudento que me deu refluxo.- Sofie fingiu um barulho de vômito.

—Por favor, Sofie. Sua fachada de coração de gelo não engana mais ninguém.- Sarah riu.

Percebi que tanto Nikki quanto Priya estavam com expressões um tanto quanto incomodadas nos seus rostos, mas não tive muito tempo de questionar isso.

—Bem, então pelo menos teremos uma distração de toda a tristeza e tragédia!- Marie comemorou- Brunna, juro. Se eu algum dia discordei do seu casamento, eu retiro tudo que disse. Não tem nada que eu quero mais do que uma noite onde eu possa encher a cara e dançar.

—E celebrar o amor.- Sarah adicionou.- Ou talvez essa não seja uma parte tão importante assim.

Deixei escapar uma risada.

—Parecem estar bem alegres hoje.- Ouvimos a voz de Eliza da porta- Uma visão bem rara hoje em dia.

—Nem me fale.- Priya ajeitou o cabelo- Quer se sentar? Não devia ficar em pé muito tempo.

Rapidamente saí do meu lugar pra dar um assento mais próximo de Eliza.

Ela havia dado uma boa piorada nas últimas semanas. Eu mal sabia se ela devia ficar andando de boas assim.

—Não me olhem assim. Eu tava com o Shin.- Eliza nos encarou.

—Sabendo que o Shin é igualzinho ao Ayato, eu posso garantir que isso não é grandes coisas.- Sofie segurou uma risada.

—Isso é… bem verdadeiro, na verdade. Mas se eu ficar intocada mais algum dia no meu quarto fazendo as mesmas 3 coisas eu vou surtar.- Eliza deu um pequeno sorriso antes de se sentar no meu velho lugar.

—Não deve ser muito diferente do que você já viveu na vida.- Priya opinou- Sério, sem ofensa, mas ser princesa deve ser uma chatice.

—Como ex princesa, eu confirmo esss frase.- Victoria concordou.

—Lizzie, você não sente falta da vida longe da coroa não?- Sarah se virou pra Creedley.- Liberdade, solteirice, sem vestidos de luxo nem bailes pra atender.

—Bem, eu na verdade nunca conheci muito além disso.- Eliza deu de ombros- O pouco que vivi longe dos Tsukanami foi… complicado. Mas eu sei o que deve ser a vida da realeza pra quem cresceu entre os humanos.

—Uma chatice.- Sofie concordou.- Juro, eu prefiro passar uma vida inteira de moletom acordando cedo pra ir pra faculdade do que ter me preocupar com qual vestido vou usar pro baile de novo.

—Se a essa altura do campeonato sua maior preocupação for procurar um vestido pra um baile, acho que você está atrasada.- Marie brincou, fazendo Sofie revirar os olhos.

—O mundo humano deve ser divertido, se criou vocês.- Eliza disse meio docemente- Adoraria conhecer quando tudo isso acabar!

—A gente pode te levar pro Carnaval Brasileiro!- Comemorei.

—Não começa.- Nikki disse, meio brincando e meio reclamando- Por que vocês dão corda pra ela?

—Eu jurava que você precisava ser maior de idade pra curtir o carnaval… totalmente.- Brunna disse, meio envergonhada.

—E você claramente não conhece o nosso segundo país.- Victoria riu.

E por aquele pequeno momento de risadas e brincadeira, era como se nada estivesse errado no mundo.

Ninguém havia desaparecido. Não havíamos brigado.

Tudo estava bem.

—Mas e então, Brunna?- Eliza se curvou pra frente- Animada com o noivado?

—O máximo que consigo na minha situação, acredito eu.- Brunna deu uma pequena risada de nervoso.- Na verdade, antes de você chegar, estávamos falando do casamento.

Eliza pareceu curiosa:

—Então você resolveu prosseguir com a festa?

—A gente precisa de uma desculpa pra celebrar o amor, e Nikki não quer fazer o favor de juntar a família dela com o Shu logo.- Marie zombou.

—Eu não tô bem no clima de planejar um casamento inteiro.- Nikki fez uma careta.

—Ainda bem. Vocês noivaram depois de um beijo, então é melhor que esperem o tempo de um relacionamento normal mesmo antes de se casar.- Sarah concluiu.

—Se bem que se não contar a época que a Brunna enrolou o Ruki pra ele não namorar com ela,  dá um tempo de relacionamento parecido, os dois casais.- Priya riu de leve.

—Eu nem enrolei ele tanto tempo assim.

—Ahã, senhora "o Ruki dá de dez a zero em qualquer um desses caras sem camisa."- Sofie zombou.

Brunna ficou meio vermelha com o comentário.

—Bem, mesmo com toda a tragédia que anda nos assombrando, tenho certeza absoluta que vocês terão um lindo casório.- Eliza sorriu- E lindos filhos, também.

Brunna pareceu entrar em combustão:

—F…filhos?

—É, ué. Vocês não estão casando pra poder constituir família?- Eliza cerrou levemente o cenho.

—Hã… Tá cedo pra isso, né?- Brunna umedeceu a boca- Eu mal tenho vinte e um anos. 

—Nem todo mundo é maluco o suficiente pra tentar ter filhos no meio de uma guerra.- Priya pegou um copo de água da mesa e bebericou.- Sem ofensas, Marie.

—Nada.- Marie deu de ombros.

—Então… nenhuma de vocês quer ter filhos?- Eliza questionou, meio confusa.

—Não é isso, Lizzie.- Sarah explicou- Talvez você não manje muito dessas coisas, mas a gente foi meio que criada numa sociedade onde antigamente era esperado que as mulheres tivessem filhos desde muito cedo. Só que o tempo foi passando e isso parou de ser uma prioridade pra maior parte das mulheres.

—Exato. Então a maior parte de meninas da nossa geracão procuram finalizar os estudos, arrumar emprego, casa própria e tudo isso antes mesmo de pensar em ter filhos.- Sofie continuou- Isso é, se forem ter filhos.

—Ah.- Eliza fez uma careta discreta- Entendi.

—Você acha isso estranho porque foi criada numa sociedade que exalta fertilidade e criação dos filhos, relaxa. Não é nada pessoal.- Priya continuou- E eu até que quero ter filhos. Mas adotados. Nem se eu pudesse queria engravidar.

—Nem me fale.- Anna suspirou.

—Eu acho gravidez um processo bem bonito.- Opinei- Mas tem que ser forte viu. Admiro muito vocês pelo que tiveram que passar.

Marie, Vic e Priya me olharam com um sorrisinho.

—Vocês tem um ponto de vista… legal.- Eliza deu um sorriso- Acho que nunca conversei com meninas assim antes. Não que eu converse com muita gente.

—Lizzie, você é a mais legal das suas irmãs. Pode conversar com a gente, tipo, quando quiser. - Sarah comentou.

—A Haruka também é meio legal.- Brunna retrucou.

—Legal, sim. Mas depende do dia e do horário. Ela dá medo de conversar.- Comentei, decidindo finalmente me apertar ao lado de Anna.

—Elas são boas quando se conhece mesmo.- Eliza sorriu- Eu juro. Acho que o tempo fez elas ficarem mais amargas. Mas são boas irmãs.

—Ah, disso eu não duvido.- Marie comentou- Elas só são….

—Intensas?- Victoria sugeriu.

—Mente-fechada?- Priya completou.

—Donas de atitudes completamente questionáveis?- Anna pensou alto.

—…É. Algo assim.- Marie concordou.

Um pequeno silêncio se passou.

—Eu senti falta dessas conversas.- Brunna admitiu- Sabe, fofocar dos outros. Falar sobre macho. Amizade. Me dá uma vibe tão...

—2018?- Sofie sugeriu-  Quando nossas vidas eram absurdamente mais simples?

—Fale por si mesma.- Victoria retrucou.- A minha estava só no começo da complicação.

—E o pior é que ainda estamos só na metade da complicação.- Marie deu de ombros- Um brinde a não morrermos até agora então.

Fingimos brindar com copos que não existiam de verdade.

Eu ri. A maior parte de nós riu. 

Nikki deu um sorriso apenas, parecendo muito desconfortável.

Eliza estava meio confusa, mas foi na onda.

As Hudison pareciam um pouco mais soltas, mas não esqueci do que haviam me falado.

Aqueles podiam ser seus últimos dias na patrulha. 

E eu estava devastada por dentro que elas iam embora sem saberem que Daayene não havia fugido sozinha.

Alguém havia ajudado ela.


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