Lover escrita por Lady Anna


Capítulo 2
The Feelings


Notas iniciais do capítulo

Oi, oi, oi! Voltei com o segundo capítulo!
Apesar de ser o maior, esse é de longe o capítulo que eu menos gostei dos três haha mas ele é muito importante para a história, então vamos lá!
Ah, temos dois avisos:
1°: temos menção a Scorose nesse capítulo
2°: apesar de ter MUITO Tedtoire, acho que vocês vão perceber que o foco principal é a Victoire e o processo dela com seus sentimentos
É isso, espero q gostem!



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Quando o despertador tocou, pela primeira vez em anos Victoire se sentiu aliviada ao ouvir o som estridente. Achava que se mover a ajudaria a parar de pensar em Teddy e em sua declaração. Isso já estava lhe dando dor de cabeça, afinal não sabia o que responder e passara a noite em claro refletindo. Entretanto, estava enganada: seus movimentos pareciam ser feitos por outra pessoa, meramente no automático, enquanto sua mente vagava por suas lembranças com o melhor amigo.

Victoire sempre se sentira bem perto de Teddy. Ele era seu porto seguro, em quem ela podia confiar de olhos fechados sem se preocupar. Sabia que eram mais do que amigos, eram melhores amigos desde que se lembrava. Não existia uma vida sem Teddy – ou como somente ela chamava, Lups – a irritando, a provocando, a fazendo rir e cuidando dela; e ela não queria uma vida sem isso. Porém não sabia se seus sentimentos por ele iam além de uma grande amizade, afinal não pensara nisso dessa forma até a noite anterior. Já o conhecia há anos e, nesse momento, a única certeza que tinha era que não queria perder aquela amizade importantíssima. E se tentassem algo e depois desse errado? E se estragasse a amizade deles? Ela não poderia simplesmente ignorar todas essas possibilidades, o que a deixava ainda mais confusa e indecisa sobre o que queria fazer.

Pegando o celular para colocá-lo dentro da bolsa, viu que Teddy lhe enviara algumas mensagens enquanto ela tomava banho. Suas emoções ainda estavam conflitantes e não sabia se realmente queria ler o que ele mandara, mas quando percebeu já estava com a conversa aberta.

Lups♥ [7:05]

Toire? Me desculpa pelas mensagens

Podemos conversar?

Não sabia por que, mas se sentiu um pouco ansiosa com a mensagem, um frio na barriga consumindo-a até todo ser corpo estar arrepiado. Não responderia Teddy agora, decidiu. Pensaria mais um pouco e não faria nenhuma besteira, nada capaz de estragar a amizade deles. Caminhando até a cozinha, viu sua família reunida em volta da elegante mesa da cozinha.

— Ressaca, Vic? – Perguntou Domi, em tom debochado enquanto via a irmã tomar uma poção para dor de cabeça com um pouco de água. Diante do olhar cortante da irmã, a mais nova sorriu. – A noite anterior deve ter sido boa, hum?

Victoire sentou-se à mesa, servindo-se de um copo de café amargo. Olhando para sua família reunida ali, seria fácil associá-los a integrantes de um comercial qualquer: a família perfeita tomando café da manhã unida, mas ela sabia que não era essa a realidade. Eles não eram perfeitos, tinham problemas e erravam como quaisquer outros seres humanos, porém, permaneciam unidos e se apoiavam incondicionalmente, o que a fazia amá-los ainda mais. Louis soltou uma risada debochada diante da pergunta de Domi, se calando ao receber um olhar de aviso de Victoire. Bem, quase incondicionalmente; seus irmãos ainda eram uns pirralhos irritantes e provocativos não importava a idade deles.

— Não estou de ressaca, Domi, apenas dor de cabeça. – Esclareceu. – Eu nem mesmo saí de casa ontem.

— Você não sai com Teddy nas quartas-feiras? O que aconteceu? Problemas no paraíso, Toire?– Sugeriu Louis com o rosto inocente, mas malicia brilhando nos olhos.

Victoire queria dizer ao irmão para não usar aquele apelido com ela, ainda mais de forma debochada, já que Teddy era o único que a chamava assim – o que ela estava se perguntando desde a noite anterior se era algo comum entre melhores amigos. Todos em sua família e círculo de amigos a chamavam de Vic e sabiam que apenas uma pessoa a chamava de Toire. Entretanto, sabia que se falasse algo daria ainda mais material para que Louis usasse em sua teoria de que eles eram almas gêmeas, o que ela com certeza não precisava nesse momento. Dentre os três Delacour Weasley, ele fora o que mais puxara Fleur em relação a manias e trejeitos, o que o fazia acreditar no amor de forma incondicional e bancar o cupido em muitas das vezes. Mas ela não estava com paciência nesse momento para a enorme lista de Louis do “porque Victoire e Teddy são perfeitos um para o outro e deveriam sair da friendzone”, então apenas revirou os olhos para o irmão.

— Não impliquem com sua irmã. – Ralhou Fleur, o sotaque francês mais fraco após anos. – Como você está, mon amour?

Victoire pegou uma maça a fim de ganhar tempo antes de responder. Preferia as insinuações mais sutis dos irmãos do que as perguntas diretas de sua mãe. Com Fleur, ela sabia que não adiantava enrolar ou dar meias respostas, pois ela insistiria até descobrir o que queria. E a Delacour Weasley não tinha vontade nenhuma de explicar para toda a sua família enxerida e amorosa sobre o áudio que recebera.

— Bem.

— Tem certeza? Está com uma carinha muito desanimada!

— Só estou cansada, não consegui dormir direito à noite e estou com uma dor de cabeça horrível.

— Não seria melhor você ficar em casa hoje, filha? – Sugeriu Fleur, com aquela expressão de mãe preocupada que se tornara tão comum com o passar dos anos. – Posso ligar para o ministério se quiser e avisar que você não está bem.

Victoire realmente queria ficar em casa. Tinha medo de encarar Teddy no ministério, mas tinha ainda mais medo de ficar em casa e encarar os próprios sentimentos e pensamentos. Assim, abriu o sorriso mais animado que conseguiu e disse:

— Não, a poção já está fazendo efeito. Eu estou bem melhor e acho que nem precisarei tomar uma poção revigorante!

Ah, ela teria que tomar a poção revigorante com toda certeza, afinal aguentar o Sr. Reigher sendo um chefe babaca após uma noite em claro não era algo nada fácil.

***

Uma semana, dois dias e um bocados de horas sem dormir direito depois, Victoire decidiu que precisava fazer alguma coisa, aquela situação já estava insuportável. Sentia-se um pouco culpada ao pensar que talvez, só talvez, ela piorara tudo ao ignorar Teddy durante todo aquele tempo, não o respondendo e fugindo dele no ministério, mesmo que o Lupin não tivesse a procurado pessoalmente. Enquanto o ignorava na vida real, o encontrava todas as noites em seus sonhos, alguns repletos de lembranças do que já haviam vivido e outros meras insinuações de um possível futuro. O ápice chegara na noite passada, na qual sonhara com eles na praia do Chalé das Conchas com uma menininha estranhamente parecidas com eles correndo pela praia, o que a fez acordar muito sobressaltada. Precisava fazer algo imediatamente!

Ao ouvir o celular vibrar de novo, Victoire sentiu vontade de jogá-lo na parede, porém, em um ato quase masoquista, pegou o celular para verificar se Teddy lhe enviara alguma mensagem. Entretanto, não era ele e sim Rose querendo marcar alguma coisa no final de semana com todas as primas Weasley. Ignorando a mensagem e prometendo a si mesma que a responderia logo – o que provavelmente não aconteceria – Victoire saiu da conversa no grupo com as primas e entrou na conversa com Teddy, voltando até aquele áudio. Após ouvi-lo de novo, o que se tornara uma mania patética e irritante, Victoire leu as poucas mensagens seguintes.

Lups♥ [quinta-feira]

Toire? Me desculpa pelas mensagens

Podemos conversar?

[sexta-feira]

Hey, Toire. Tudo bem? [22:00]

Me manda mensagem assim que puder, ok? [22:15]

Acho que precisamos conversar sobre aquele áudio (e mais uma vez, me desculpa) [22:20]

[domingo]

Se você precisa de um tempo tudo bem [00:19]

Eu não vou te mandar mais mensagens, ok? Mas se quiser falar comigo sabe que pode me ligar ou mandar mensagem a qualquer hora [00:20]

Fica bem [00:25]

Beijos [01:25]

Ela esperava que, mesmo dizendo que não mandaria mais mensagens, Teddy entrasse em contato, o que a fazia correr para o celular toda vez que o mesmo vibrava. Porém, ela tinha medo ferir os sentimentos dele se o respondesse. Estava confusa demais para entender como se sentia e não queria envolvê-lo naquele caleidoscópio sem lógica de emoções e, até descobrir como realmente se sentia, era melhor ficar afastada.

Entretanto, Victoire não tinha ideia de como iria descobrir isso sozinha, afinal como se descobre se está apaixonada ou não pelo melhor amigo? Duvidava que encontrasse algum tutorial se pesquisasse no Google ou alguma thread no Twitter. Talvez pudesse perguntar a Rose como fora descobrir repentinamente que gostava de Scorpius por meio de uma poção do amor, mas...arregalou os olhos quando a ideia surgiu em sua mente: poderia utilizar esse mesmo método para descobrir se gostava realmente de Teddy! Afinal, já sabia como era o aroma amadeirado do perfume dele e tudo que precisaria fazer para ter certeza dos seus sentimentos era cheirar a poção do amor.

Rapidamente, procurou no armário de poções finalizadas se havia alguma amortentia, ignorando uma vozinha irritante em sua mente lhe dizendo que aquela não era a forma certa de se fazer isso. Ela precisava saber com certeza antes de tomar uma decisão, certo? Sentiu uma leve irritação ao perceber que não havia nenhuma naquele estoque e, sem pensar muito, foi até a sala ao lado, onde outro pocionista do ministério mexia alguma substância no caldeirão.

— Oi...hã...–quando o jovem loiro se virou em sua direção, Victoire percebeu que aquele era Lorcan, filho de tia Luna. Fazia algum tempo que não o via, mas o fato dele ter cortado os cabelos e estar com vestes pretas, tão diferente das coloridas que ele usava no dia-a-dia, com certeza a ajudaram a não identificá-lo. –Lorcan! Quanto tempo! Não sabia que estava trabalhando como pocionista no ministério.

— Oi, Vic. Pois é, não se parece com algo que eu faria, não é? – Ele apontou para a sala a sua volta. – Mas eu estranhamente gosto de poções e, para ser sincero, essa é minha primeira semana. Ainda estou me adaptando a tudo.

— Espero que tudo dê certo, é muito bom tê-lo trabalhando aqui. – Disse, sincera. Sempre gostara de Lorcan, com sua enorme calma e estilo único. – Eu estou...hã...precisando de um favor.

— O que é? Se estiver ao meu alcance, ficarei feliz em ajudar.

— Tem alguma amortentia no estoque dessa sala? Eu preciso de uma dose, no mínimo.

— Vou procurar. – Pegando um pequeno banquinho no canto da sala, ele o utilizou para alcançar a última prateleira do armário e conseguir ler os rótulos. – Para que você precisa de uma?

Antes que Victoire pudesse responder e inventar alguma mentira, Lorcan encontrou a poção, o que o fez descer do banquinho animado.

— Aqui está!

Ele lhe entregou a poção, já esquecido da pergunta que fizera. Havia uma grossa camada de poeira rodeando-a, o que sugeria que já estava ali há muito tempo.

— Ela parece um pouco antiga, você deveria verificar se ainda funciona. – Ele sugeriu. – Quer ajuda?

— Não, obrigada. Você já me ajudou muito. Obrigada, Lorcan! – A poção pesada em sua mão, o que a fazia apertá-la ainda mais entre os dedos.

— Certo. Use com sabedoria, Vic.

Não sabendo o que responder, Victoire apenas assentiu e foi para sua sala. Finalmente sozinha, abriu a poção e deixou-a na bancada. Pensou que a cheiraria assim que tivesse oportunidade, mas agora, com a amortentia ao seu alcance, não tinha coragem de fazer isso. Não era medo de descobrir o que sentia, mas sim a sensação de aquilo era errado, de que aquela não era a forma certa. Ignorou essa sensação e pegou a poção na mão, sentindo-a ainda mais pesada do que se lembrava. Ela queria saber com certeza o que sentia, não queria? Estava preste a leva-la até o nariz quando ouviu uma suave batida na porta. Escondendo a poção atrás de si, Victoire abriu a porta.

— Pode entrar. – Respondeu endireitando-se.

Um cansado e sorridente Scorpius Malfoy passou pela porta, cumprimentando-a com um aceno de cabeça.

— Weasley.

— Malfoy.

— Sabe que é estranho chamar todos vocês de Weasley? Confunde-me, às vezes. Se alguém chega e me entrega um bilhete dizendo “Weasley pediu para te entregar” eu não sei se vou encontrar uma declaração apaixonada da minha namorada ou uma mensagem passivo agressiva do meu sogro.

Victoire abriu um pequeno sorriso. Desde que Scorpius e Rose assumiram o namoro quando saíram de Hogwarts, a relação do Malfoy com os primos Weasley evoluíra bastante. Não somente porque teriam de se aguentar em datas festivas e afins, mas porque Scorpius realmente era alguém legal e confiável, com seu humor ácido e piadas inteligentes. A relutância que alguns sentiam em relação a ele se dissolvera com o tempo e, atualmente, Vic afirmaria que ele era tão bem vindo na Toca quanto qualquer um de seus primos.

— O que o traz aqui?

— Preciso de uma poção para furúnculos. – Ele respondeu, fazendo uma careta. –  Você não quer saber.

Naquela profissão, Victoire havia aprendido que em muitos dos casos não queria mesmo saber o que acontecera para os bruxos precisarem de suas poções, ainda mais os aurores. Nunca era algo simples ou um acidente divertido e, quando era esse o caso, o Malfoy contava antes mesmo de cruzar a porta, como o ótimo fofoqueiro que era.

Ela foi até o pequeno armário no canto direito da sala e pegou um frasco, entregando-a ao Malfoy em seguida.

— Acha que essa quantidade é o suficiente?

— Na verdade, acho que vou levar duas só por precaução.

Victoire fez uma careta enojada enquanto entregava o segundo vidro a ele. Scorpius o guardou no bolso do casaco, agradecendo-a com um aceno de cabeça e já estava saindo da sala quando ela disse:

— Malfoy?

— Sim? – Ele parou, encostando-se no batente da porta.

— Eu preciso de um favor. – Ele apenas arqueou uma sobrancelha, ouvindo pacientemente. Reunindo coragem, mostrou a poção que estava na sua mão a ele e disse: –Cheire essa poção, por favor.

Afinal, ela precisava verificar se a poção ainda funcionava depois de tanto tempo guardada – observando a camada de poeira, Victoire poderia garantir que ele estava lá há, pelo menos, cinco anos. Além disso, sempre havia a possibilidade de algo estar errado e a única forma de ter certeza que a poção estava certa era pedindo a alguém que já sabia o que a amortentia cheiraria para sentir o odor.

— Você está zoando comigo? Da última vez que eu cheirei alguma coisa que você preparou sem saber o que era, eu ganhei um rabo! Um rabo, Victoire!

Ela tentou segurar a risada. Aquela fora uma das melhores pegadinhas que ela e Teddy fizeram na época de Hogwarts, apesar da detenção enorme que receberam por isso. Havia sido uma pena que o professor Longbottom encontrara o antídoto tão rápido, afinal o Malfoy ficara bem melhor daquela forma.

— Estávamos em Hogwarts e éramos adolescentes idiotas. – Justificou.

— Uns mais idiotas que outros. – Resmungou ele, em protesto, olhando para a poção como se o líquido pudesse atacá-lo.

— Por Merlin, Scorpius! Eu sou uma pocionista respeitada do Ministério da Magia, acha mesmo que eu faria algo assim agora? – O sim dançava no rosto dele, mas o Malfoy foi inteligente o suficiente para não dizer nada. – É apenas uma amortentia e eu preciso que você veja se ela tem os mesmo cheiros de sempre. Simples assim.

Meio relutante, Scorpius pegou a poção da mão dela, olhando-a mais uma vez antes de aproxima-la do nariz.

— Hum...livros e o perfume floral de Rose. A mesma coisa de sempre.

— E o terceiro cheiro? – Perguntou, curiosa.

— Você não vai querer saber. – Ele deu um sorriso malicioso, colocando a poção na bancada e dirigindo-se até a porta. – Tchau, Weasley!

— Tchau, Malfoy. – Respondeu, mas sua atenção estava fixa no vidro na bancada.

Agora tinha a certeza absoluta que a amortentia estava certa e bastava somente alguns passos para ter certeza sobre seus sentimentos em relação a Teddy. Não era aquilo que ela tanto queria? Então, por que tinha medo de levar o líquido até o nariz? Sabia a resposta para essa pergunta, mesmo não querendo admitir nem para si mesma: queria gostar de Teddy.

***

— Da última vez que saímos você estava bem mais animada. – Observou Dominique, vendo Victoire jogada na cama, já vestida.

Vic apenas fez uma careta e fechou os olhos, quase jogando um braço por cima deles, mas desistindo disso ao se lembrar da maquiagem que fizera.

— Já sou uma jovem idosa, Domi. Não tenho mais tanta energia e predisposição.

— Mas sai na quarta-feira, no meio da semana. – Comentou Lily, desviando os olhos do espelho a sua frente e abrindo um sorriso malicioso para a prima. – E você só tem 23 anos, não é uma jovem idosa! Vamos lá, Vic, se anime!

— Você só está falando isso porque tio Harry vai deixar você ficar até mais tarde se eu for. – Victoire semicerrou os olhos, ignorando propositalmente a primeira parte do que a prima disse.

Lily bufou, revirando os olhos e voltando a fazer o delineado.

— É um saco ainda ser menor de idade, não vejo a hora de poder aparatar e sair sozinha.

.– Às vezes eu me esqueço de que você ainda está em Hogwarts. – Rose caminhou até a cama, sentando-se na beirada do colchão. – E a nossa querida Victoire não saiu quarta-feira passada, mas não acho que isso tenha a ver com ela ser uma jovem idosa.

Todas as garotas se concentraram em Rose – até mesmo Roxanne que digitava algo no celular – e a ruiva aproveitou a atenção alguns minutos antes de dizer naquele tom animado que usava para fofocar:

— Teddy contou para James que contou para Albus que contou para Scorpius que me contou que ele e Victoire não estão se falando ultimamente.

— Ele quem? – Perguntou Roxanne, deixando o celular de lado e concentrando-se totalmente na conversa.

— Teddy, mas o porquê Scorpius não soube me dizer. – Rose lançou um olhar significativo para Victoire, o que fez a loira se encolher um pouco.

Era demais esperar que as primas não descobrissem aquilo e quisessem mais informações. Na verdade, estava surpresa por conseguir esconder delas por duas semanas, era uma vitória considerando de quem estava falando. Entretanto, não se sentia nem um pouco compelida a contar-lhes sobre o áudio e os sentimentos confusos dentro de si, parecia algo que dizia respeito somente a ela e Teddy. Assim sendo, apenas deu de ombros e se levantou.

— Não está acontecendo nada, apenas estou muito ocupada ultimamente e por isso não saí. – O que não era mentira, pensou. – Até mesmo não tive tempo de responder vocês no Whatsapp.

— Como se você respondesse normalmente. – Queixou-se Roxanne.

Victoire apenas fez uma careta, ignorando a prima. Não tinha argumentos para se defender, a não ser que se considerasse responder mentalmente e se esquecer de digitar um argumento válido. Retocando a maquiagem em frente ao espelho, disse:

— Vamos lá, garotas Weasley! Nós precisamos de diversão.

***

Victoire estava se divertindo mais do que imaginava com suas primas, em uma das mesas quadradas dos Três Vassouras, onde elas decidiram beber algumas cervejas amanteigadas e colocar a fofoca em dia. Lily Luna, como sempre, sabia de literalmente tudo que acontecia no mundo bruxo e, nesse momento, contava sobre um boato particularmente interessante envolvendo seu irmão, Albus Potter.

— Sirius não quis me confirmar nada, aquele idiota. Mas, aquela sobrinha-neta da Rita Sketeer, Mary, estuda comigo em Hogwarts e garante que sua tia-avó está escrevendo uma matéria sobre Albus e esse médico do St. Mungus. – Ela se inclinou na mesa, confidenciando em tom mais baixo: – Aparentemente, Albus se machuca muito e sempre vai ao St. Mungus e é atendido por esse médico! A única coisa ruim é que eu não sei o nome dele.

Suas feições mostravam o quanto estava animada com a notícia. Desde que Albus se assumira, uma das pessoas que mais o apoiara fora Lily Luna e, particularmente, Victoire ficava feliz por eles terem aquela relação harmoniosa.

— E por que você simplesmente não pergunta? – Perguntou Rose, passeando os olhos pelo bar. Antes que Lily Luna pudesse responder, Rose abriu um sorriso e acenou para alguém, chamando: – Hey, Scorp! Estamos aqui!

Lily Luna, aparentemente esquecida do que estavam conversando, virou-se para ver quem estava chegando. Um segundo após, sua expressão se fechou e seus lábios foram comprimidos em desgosto.

— Isso tudo é felicidade em me ver, Little Potter? – Anthony Zabini parou atrás da cadeira de Lily Luna, bagunçando os cabelos dela com uma das mãos.

— Sai, Zabini! Argh! Por que você o convidou, Rose? O Scorpius pelo menos é civilizado!

— Eu não convidei ninguém. – Rose deu de ombros, encostando-se em Scorpius que a abraçava pelo ombros. – Acho que os aurores vêm aqui frequentemente após o trabalho, não?

— Foi só uma adorável coincidência, Little Potter. – Concordou Zabini.

Victoire estava tão distraída com Lily Luna e Zabini que não percebera que, juntamente com eles, Teddy também entrara no Três Vassouras. Ele parecia cansado após um dia de trabalho, mas estava incrivelmente mais bonito do que a última vez que ela se lembrava. Os cabelos castanhos estavam bagunçados, os olhos brilhavam um pouco e as feições bem definidas estavam relaxadas. Pelo menos até vê-la, quando seu rosto ficou primeiro surpreso e depois um pouco desconfortável. Ele pigarreou e cumprimentou todos com um aceno de cabeça e um cumprimento baixo, o qual ela não conseguiu ouvir de onde estava.

— Que tal juntarmos mais uma mesa aqui e todos ficarmos juntos? – Sugeriu Roxanne e todos, exceto Teddy e Victoire, concordaram animados.

Logo, todos estavam conversando entre si e rindo alto, não notando a tensão que se instaurara entre Teddy e Victoire. Ao fundo, alguma música trouxa que Victoire não conhecia tocava e ela tentou se concentrar na letra para não precisar se concentrar em si mesma. Sentia-se péssima por ainda estar confusa em relação aos seus sentimentos e agora queria conversar com Teddy, mas não sabia como fazê-lo, como iniciar a conversa. Eles nunca tiveram dificuldade em se comunicar e nesse momento se sentir assim parecia errado, o que tornava a situação ainda pior.

Decidindo que precisava tomar um ar, Victoire falou alguma coisa e saiu da mesa, indo rapidamente na direção da saída do bar. O ar frio da noite londrina atingiu seu rosto, fazendo suas bochechas arderem um pouco. Sem saber ao certo o que fazer, ela se sentou em um banco embaixo de um poste, observando sua sombra no chão, seus pensamentos a quilômetros de distância dali. Assustou-se ao perceber que uma sombra chegara ao lado da sua e o grito em sua garganta morreu assim que levantou a cabeça, visualizando Teddy ao seu lado.

— Desculpa, não queria te assustar. – A voz dele estava um pouco rouca, como se não a usasse havia muito tempo. – Posso me sentar?

Victoire assentiu e, em silêncio, Teddy se sentou ao seu lado. De perto, ela percebeu que os sinais de cansaço nele eram mais evidentes: os olhos eram duas pequenas fendas, com bolsas escuras visíveis na pele mais pálida que o normal. Os ombros também estavam encolhidos, como se ele estivesse cabisbaixo há muito tempo.

— Está tudo bem com você? – Perguntou, preocupada.

— Si...não. Podemos conversar?

Até mesmo o tom de voz dele parecia mais cansado e cabisbaixo.

— Você ficou assim por causa de mim?

— Não, na verdade eu fiquei assim por causa de mim mesmo. – Ele soltou uma risada seca e sem humor. – Me desculpa por aquele áudio idiota, Vic. Eu me arrependi de enviá-lo assim que acordei no dia seguinte.

Aquela fala a machucara mais do que achara possível e, sem conseguir controlar sua língua, perguntou:

— Você não queria ter me contado o que sente?

— Na verdade, eu não queria ter contado desse jeito e fazer você parar de falar comigo. Eu tenho tentado contar a anos, mas nunca tive...coragem. E, bem, agora você sabe. – Ele abriu um pequeno sorriso e bagunçou os cabelos, o que fez um estranho frio passear pela barriga dela. – Você quer falar sobre isso?

— Sim, eu...também fui um pouco covarde  não te respondendo. – Ele deu de ombros e um silêncio constrangedor se instaurou entre eles. Para quebrá-lo, Victoire pigarreou. – Eu estava...ainda estou, na verdade, confusa com meus sentimentos. E não queria te machucar por isso, mas acho que acabei só piorando tudo. Me desculpe.

Teddy olhou no fundo dos olhos dela, a intensidade sendo palpável entre eles.

— Não precisa se desculpar, afinal você precisava de tempo para absorver. Mas você falou sobre estar confusa, então isso quer dizer que...hum...você acha que pode sentir algo por mim? Romanticamente falando?

— Eu...acho que sim.

Até mesmo Victoire se surpreendera com a rapidez com que respondeu, com a verdade contida em suas palavras. Porque sim, ela podia sentir algo por Teddy naquele sentido e, mesmo com o caleidoscópio de sentimentos dentro de si, sabia que o carinho e o amor que tinha por ele nunca desapareceriam. Aqueles sentimentos poderiam se modificar no sentido romântico, mas isso apenas o tempo lhes diria.

— Só que eu estou confusa, Lups. – Não usara aquele apelido com ele havia algum tempo e aquela simples palavra pareceu diferente em sua boca, mais significativa. – Vou precisar de algum tempo para saber o que sinto.

— Tudo bem, eu não me importo de esperar por você, Toire. Só me promete que quando souber o que sente eu serei o primeiro a saber?

— Prometo.

— Vamos só ver no que vai dar.

Ele lhe ofereceu o dedo mindinho, o que a fez sorrir e encaixar seu próprio dedo no dele, na concretização da promessa. E fácil assim eles haviam feito o clima desconfortável desaparecer, tornando-os o que sempre foram: Victoire e Teddy, melhores amigos inseparáveis. Outra hora, talvez, eles pudessem parar e refletir sobre os sentimentos, sobre como aquilo afetaria na amizade e como fariam para aquele laço entre eles não ser destruídos, mas, agora, eles só colocariam o papo em dia.


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Notas finais do capítulo

aaaaa eu amo friends to lovers!
O que vai acontecer com esses dois agora? Temos mais um capítulo pela frente e muitas coisas para acontecer haha
Queria aproveitar para agradecer todos que estão acompanhando e deixaram comentário incríveis, vocês merecem o mundo todinho!
Nos vemos nos comentários!
Beijooos