Querido idiota escrita por mjrooxy


Capítulo 1
Introdução




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Mais uma vez eu babava no garoto recém chegado, como se ele fosse um grande pote de sorvete no verão. Cara, ele era lindo demais, olhos castanhos como duas avelãs suculentas, cabelos com as pontinhas levemente queimadas de sol, pele bronzeada e sorriso de derreter corações. Mais precisamente o meu.

Eu não sabia como chamar sua atenção, estava esperando um milagre acontecer ou Kiba finalmente me notar. Porém, tinha tanta garota rodeando ele, que ficava meio impossível eu me aproximar sem causar a quarta guerra mundial no colégio. Mas, era aquelas, eu não iria desistir. Hinata Hyuuga não fugia de um desafio e eu conquistaria Kiba nem que fosse a última coisa que eu faria naquele ano.

Por outro lado, eu estava feliz, mamãe tinha dito que papai receberia um aumento, talvez agora sobrasse algum dinheiro para eu comprar um celular novo. Visto que o meu estava em um estado deplorável. A tela toda rachada e já nem dava mais para fazer ou atender ligações. Enfim, eu não queria pensar nisso por hora, já que Kiba vinha vindo esbanjando seu charme, quase que na minha direção. Suspirei e senti meu coração acelerar. Ele falaria comigo? O que estava acontecendo ali?

A. Meu. Deus!

— Bom dia, Hinata — cumprimentou-me com um sorriso torto nos lábios, enquanto colocava as mãos no bolso da calça jeans. — Tudo bem?

— Bo-bom dia. — gaguejei toda e corei feito um tomate. Respirei fundo, buscando meu autocontrole e continuei — Tô bem e você?

— Melhor agora. — sorriu ainda mais, olhando-me com os olhos apertadinhos. — Faz tempo que eu quero falar contigo, mas você tá sempre com suas amigas e sua irmã, eu ficava meio sem graça. — esfregou a nuca, parecendo encabulado.

— Sé-sério? — quase morri de emoção, eu estava sonhando? Dei um beliscão sutil em meu braço para me certificar, eu estava acordada.

Aparentemente era meu dia de sorte.

— Sim, você vai fazer alguma coisa depois da escola? — questionou, sem se importar com minha gagueira ridícula.

— Não. — neguei, muito baixo, quase num sussurro.

— Quer tomar um sorvete comigo? — foi direto ao ponto e eu só fiz que sim com a cabeça. — Te espero na saída ao final das aulas, tá bom? — não esperou resposta, me deu um beijo estalado na bochecha e saiu andando em direção à sala dele.

Coloquei a mão no coração, tentando fazê-lo voltar a bater normalmente. Foi em vão. Minhas mãos suavam, meu estômago pulava dentro de mim e eu sentia que pisava em nuvens de algodão.

— O que aconteceu aqui? — Sakura, minha melhor amiga, correu até mim ostentando um sorriso de orelha a orelha.

— Eu tô sonhando, não tô? — devolvi ainda meio confusa. — Me belisquei, mas acho que devo estar sonhando, não é possível. Kiba realmente me chamou para tomar sorvete após a aula?

— Ele te chamou pra sair? — indagou toda feliz. — Ah meu Deus, finalmente sua paixão platônica vai acontecer!

Só que eu ainda não acreditava no que havia acontecido. Fazia dois meses que eu tinha um crush do tamanho do universo no Kiba, e jamais imaginei que teria alguma chance, tendo tantas meninas no pé dele.

— Meu Deus, meu Deus, meu Deus! — comecei a saltitar no pátio do colégio, finalmente me dando conta da realidade que me golpeou com força. Eu iria de verdade sair com Kiba. — Ele me chamou para tomar sorvete, isso é um bom sinal, não é?

Era o que eu pensava de imediato, mal sabia que ainda tinha muita água para rolar debaixo da ponta da minha vida. Aliás, a felicidade pelo meu possível novo celular não duraria tanto tempo assim.

Obviamente, devido a minha ansiedade nível hard, a hora demorou a passar e às aulas se arrastaram, parecia que cada segundo equivalia a uma hora. Quando, por fim, faltava apenas cinco minutos para o sinal tocar. Minha irmã me mandou uma mensagem, me intimando a comparecer na minha casa assim que saísse da escola. Como assim?, resmunguei comigo mesma. Eu não podia ir para casa agora, tinha que encontrar Kiba na saída da escola. Qual é, era minha chance!

Respondi a mensagem informando que iria demorar um pouco mais, pois tinha um compromisso. Entretanto, Hanabi foi irredutível, alegando que, se eu não voltasse, mamãe comeria nosso fígado com cebola. Tentei contestar, pedi ajuda da minha irmã para driblar mamãe, mas todo meu esforço foi inútil. Assim que o sinal tocou, como se Hanabi adivinhasse, meu celular apitou:

''Sei que não pode receber ligação nesse celular podre, mas se não vier pra casa agora. Você estará verdadeiramente encrencada.''

Argh, bufei contra o meu material e saí batendo o pé, com Sakura no meu encalço. Logo hoje que finalmente consegui um encontro com o garoto mais lindo do colégio, minha mãe me joga esse balde de água fria, me obrigando a voltar pra casa de imediato? O que eu fiz para merecer tal destino? Para esse mundo que eu quero descer!

(...)

Ao chegar em casa, encontrei mamãe eufórica. Fiquei até com medo de perguntar o motivo de tanta alegria, não podia ser o aumento, pois estava programado apenas para o próximo mês, no mínimo.

Puxei na memória a última vez que a encontrei tão feliz e quase chorei. Pois, foi quando a amiga da mamãe, dona Kushina, ficou alguns dias em casa e trouxe aquele garoto insuportável a tiracolo. Foram as piores férias da minha vida, exceto por Karin, a irmã de Naruto, que era um amor.

Inclusive, apesar da distância, mantemos contato e ela comentou comigo que estava de mudança. No entanto, que era segredo o destino, e que eu logo saberia.

A. Meu. Deus!

Seria isso? Os irmãos Uzumaki estavam vindo para ficar? Alguém me mata, por favor.

— Mãe, não me diga que sua amiga está vindo pra cá? — indaguei, orando mentalmente que a reposta fosse não.

— Minha filha, estou tão feliz — divagou, vindo me abraçar. — Kushina vai demorar um pouco para chegar, está resolvendo algumas coisas sobre a venda da casa — explicou e comecei a gelar, o negócio era real. — Dessa vez eles vêem para ficar e, devido a isso, ela pediu que eu recebesse aquelas criaturinhas lindas em casa por um tempo, até que ela venha com o esposo.

— Naruto está vindo morar em Tóquio? — exigi saber, sentindo minhas pernas bambearem. Certo, a Karin era uma fofa, mas o irmão dela não. Definitivamente não.

— Sim, por isso você irá recebê-los no aeroporto com a sua irmã. Infelizmente eu tenho uma consulta marcada e não posso faltar — respondeu, com um certo pesar na voz. — Se apresse, porque eles já estão pousando.

— A senhora só pode estar de brincadeira comigo, eu não vou buscar aquele garoto insuportável no aeroporto! — quase gritei, tamanho o meu desespero. — Eu e Naruto somos incompatíveis, não podemos viver sob o mesmo teto!

— Não se esqueça que sua amiga está vindo também, vai mesmo fazer essa desfeita, Hinata? — retrucou, impostando a voz. — Deixe de frescura, Naruto sempre foi um amor de menino.

— Ah mãe, a senhora sabe como ele é implicante e vive me azucrinando, eu tenho mesmo que ir buscá-los? — choraminguei, eu amava a Karin, mas Naruto era sempre tão petulante e cheio de si. Eu preferia adiar o momento em que o encontraria, apesar de estar louca de saudades da minha amiga.

Olha só o que aquele insuportável fazia comigo, colocava em xeque minha certeza sobre ver Karin o quanto antes. Só porque temia encontrar com ele. Sério, não é exagero meu. Naruto sempre fez de tudo para tornar minha vida um inferno, sempre que vinha para Tóquio.

Uma vez ele colou chiclete no meu cabelo e eu fiquei louca da vida, porque fazia mais de ano que estava deixando o cabelo crescer. Outra vez Naruto colocou na minha mochila da escola essência de gambá e, imaginem o que aconteceu quando eu abri a bendita bolsa no meio da sala? Fui humilhada por toda a classe e até hoje alguns engraçadinhos me zoam por causa disso. Resumindo, eu tinha meus motivos para não querer vê-lo nem pintado de ouro, podem acreditar!

(...)

A contragosto, segui com Hanabi até o aeroporto, bufando feito um bode velho e resmungando sem parar.

Conforme a chegada deles se aproximava, um misto de sentimentos tomavam conta de mim. Da alegria ao desespero, eu estava louca para rever minha amiga e completamente apavorada de precisar olhar novamente para a cara deslavada de Naruto. Era aquela história, eu não tinha obrigação alguma de fingir simpatia por alguém que me tratou a vida toda como um cachorro de rua. Qual é! Eu e ele não tínhamos nada em comum, éramos opostos em tudo, se ele chegava eu saia. Se ele acordava, eu dormia, se ele sorria, eu chorava. Naruto era noite e eu dia, ele era o sol de um dia quente e insuportável de verão, daqueles que te queimam mesmo usando protetor solar fator 60. Já eu era a lua, que acalentava a noite, trazendo certa claridade, de forma sutil e difusa.

Tudo isso era um claro sinal dos céus, de que nascemos para viver longe um do outro. Ou seja, não poderíamos conviver sob o mesmo teto sem que a quarta guerra mundial explodisse. Mas, quem disse que mamãe ouvia meus lamentos? Limpava a casa feito louca, enquanto assava bolo, fazia torta de limão e preparava lasanha. Tudo junto e misturado. Isso porque disse que tinha consulta hoje, ela ficava ensandecida quando recebíamos a família Uzumaki.

Não é exagero meu, deixa eu explicar melhor. Naruto não fazia apenas o estilo chato, tipo aquele mosquito fazendo zimmm insistentemente na sua orelha de madrugada. Ele era mais como uma granada, que obliterava tudo que estivesse ao seu redor, mais precisamente, eu.

 


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