A Dream Is a Wish Your Heart Makes escrita por Saori


Capítulo 1
Sobre as almas gêmeas.


Notas iniciais do capítulo

E aí, pessoal, tudo bem? Espero que sim! Então, eu deveria estar escrevendo as fanfics para os projetos de fanfics, é, mas daí veio essa ideia aqui e... Eu senti que precisava escrever! Por isso, desejo uma boa leitura e espero que gostem do que está por vir. ♥



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Dezoito anos é a pior idade para se fazer. De acordo com a lei, você atingiu a maioridade. Segundo a sociedade, é a hora de você se portar como um adulto, mesmo que até a meia noite do dia anterior, você fosse apenas um adolescente. Na opinião dos seus pais, você não é maduro o suficiente para lidar com as supostas coisas de adulto, no entanto, também não deve agir feito uma criança, porque já é velho demais para isso. É como um limbo, que inevitavelmente deve ser vivido, e nunca será satisfatório o suficiente.

Eu não estava nem um pouco ansiosa para completar os meus dezoito anos. Eu não queria lidar com a nova responsabilidade de cursar uma faculdade, porque estava tomada por uma ansiedade sem tamanho. Estudei na mesma escola a vida toda, e saber que eu teria que conhecer novas pessoas me deixava com os nervos à flor da pele. Eu também não queria mudar de cidade. Passei a vida inteira convivendo com os meus primos e meu irmão diariamente, recebendo o amor da minha família constantemente, e ter que viver os meus dias sem eles seria como uma espécie de tortura. E como se não bastasse tudo isso, eu também não queria saber quem era a minha alma gêmea.

Quando completamos dezoito anos, sonhamos com nossas almas gêmeas, e eu sempre achei isso uma grande besteira. As pessoas criavam expectativas acerca desse acontecimento, como se fosse uma espécie de grande evento. Algumas ficavam tão ansiosas, que mal conseguiam dormir, e isso só as deixava ainda mais estressadas, pois precisavam dormir para sonhar. Eu não estava nem aí. Na verdade, eu não fazia questão alguma de dormir, porque eu definitivamente não queria descobrir quem era. Não estava nem um pouco disposta a deixar de viver o que havia planejado por causa de alguém que eu não conheço ou não reconheço como o amor da minha vida. Aliás, será que todo mundo mesmo tem uma alma gêmea? Eu realmente duvido.

Muita gente chega aos dezoito anos sem nunca sequer ter um namorado, porque sentem que precisam esperar para conhecerem suas almas gêmeas, como se fosse o correto a ser feito. Eu me recusei a seguir essa regra ridícula. Eu tive um único namorado no ensino médio, e foi o suficiente para me fazer desacreditar em qualquer conceito semelhante ao de alma gêmea. Amar é uma droga. Quando você experimenta o amor, te cria sensações novas incríveis, que você nem sequer sabia que existiam. Tudo se torna intenso demais. Inclusive a queda. Porque, quando o perde, é como se você pulasse de um precipício. É como se partisse o seu coração em milhares de pedacinhos que jamais ficariam inteiros novamente. Quando você se entrega por completo, você também se machuca por inteiro.

A Toca estava cheia naquele fim de tarde. Uma brisa leve e fria balançava os meus fios de cabelo ruivos, que encontravam-se soltos de modo razoavelmente desgrenhado. Albus estava recostado na mesa, e eu encontrava-me sentada em uma cadeira, de frente para ele. Eufórica, Lily Luna se aproximava, dando pequenos pulinhos de animação. Eu revirei os olhos e suspirei, um pouco impaciente. Eu amava a minha prima de todo o coração, mas não estava pronta para toda uma euforia desnecessária. E Lily realmente sabia como ser eufórica, de uma maneira até mesmo quase irritante.

— Está ansiosa para hoje a noite? Hein? Porque, se eu fosse você, eu estaria morrendo de ansiedade! — ela disse, com um sorriso que ia quase de orelha a orelha. Definitivamente, Lily Luna Potter estava mais feliz do que eu.

— Não — retruquei, impaciente.

— Nem um pouco? — insistiu, com um pouco de expectativa em sua voz e olhar.

Acenei negativamente com a cabeça.

— Nadinha mesmo?

— Nada, absolutamente nada. Na verdade, eu preferia que esses sonhos estúpidos nem sequer existissem — falei, por fim.

— Pois eu não vejo a hora de chegar a minha vez de ter esse sonho. Sabe, Rose, você é muito ranzinza às vezes, tenho certeza de que será dez mil vezes mais feliz quando descobrir quem é a sua alma gêmea. — Ela não ficou para ouvir a minha resposta. Apenas saiu do cômodo, tão saltitante quanto chegara.

— Rose — dessa vez, foi Albus que me chamou. — Eu não sei se você sabe, mas... — Ele suspirou, parecendo preocupado. — Bem, o Scorpius volta hoje dos Estados Unidos. E ele é meu amigo, eu prometi que iria vê-lo, mas se isso for te magoar, eu posso ficar.

Scorpius Hyperion Malfoy havia sido o meu primeiro e único namorado. A única pessoa para qual eu entreguei o meu coração sem pensar duas vezes, sem pensar na minha suposta alma gêmea. Na verdade, eu estava completamente disposta a abrir mão do tal amor da minha vida por ele. Porque eu tinha total convicção de que Scorpius era o amor da minha vida, e sonho nenhum mudaria isso. No entanto, o destino podia ser um tanto quanto traiçoeiro e, devido a algumas circunstâncias, nós acabamos precisando nos separar.

Nós nos conhecemos desde que éramos apenas crianças. Crescemos juntos, na mesma cidade, e frequentamos a mesma escola. Scorpius sempre foi o melhor amigo de Albus e, por isso, sempre estávamos unidos. Nossa aproximação foi algo simplesmente inevitável e natural. Era como se fôssemos feitos um para o outro. Namoramos por um ano, até que, há dois anos atrás, Astoria, a mãe de Scorpius, faleceu e, com isso, ele foi morar com o seu pai nos Estados Unidos.

Eu não odiava Scorpius. Na verdade, era exatamente o contrário. Todos os dias, eu acordava e tentava me convencer de que não gostava mais dele. De que ele não era a pessoa certa da minha vida, e que eu, Rose Weasley, precisava seguir em frente e esquecer aquele romance bobo adolescente. Albus, mais do que ninguém, saberia que vê-lo apenas me traria mais dor. Uma dor que eu não estava disposta a viver de novo.

— Certo. Eu não me importo, eu só... Não quero falar sobre ele. — Um sorriso forçado surgiu em meus lábios.

— Claro — falou, um pouco sem graça. — Bem, eu volto antes de meia noite. Podemos passar a madrugada assistindo filmes, se você quiser, daí você não vai precisar sonhar tão cedo. Que tal todos os filmes dos “Vingadores”, você adora a Marvel, não é? — sugeriu, animado.

Um sorriso largo apareceu no meu rosto. Eu amava filmes de herói.

— Claro, vai ser incrível. Você é o melhor primo do mundo!

— Bom, está decidido — ele disse. — Te vejo mais tarde então! — proferiu, enquanto caminhava para o outro lado da porta.

Você já ficou tão perdida em seus pensamentos, que nem percebeu as horas passarem? Tentei ficar com os meus primos por algum tempo, mas eu definitivamente não queria ouvir sobre como a vida de Victoire mudou quando ela descobriu que Teddy Lupin, seu melhor amigo de infância, era a sua alma gêmea. Eu adorava saber que os dois estavam felizes, mas não havia a menor condição de ouvir aquela história de amor verdadeiro quando faltava menos de sete horas para que eu completasse dezoito anos.

Passei o resto do meu dia trancada no meu quarto, pensando e repensando sobre toda a minha vida até então. Conforme os ponteiros do relógio se aproximavam da meia noite, um novo medo surgia em minha mente. E se eu realmente tivesse uma alma gêmea? E se ela for uma pessoa que eu odeio? Ou uma pessoa que eu jamais irei conhecer. Se eu não tivesse alma gêmea nenhuma, eu seria a ovelha negra da família? Será que alguém nesse mundo não tinha uma alma gêmea? Eu, particularmente, não sabia de nenhum caso. Felizmente, ou infelizmente, todos os Weasley até então já estavam com os amores de suas vidas. Quanta sorte. Será que eu precisava mesmo me preocupar?

Não, eu não me importava. Tentava me convencer disso a cada segundo. Meu coração estava trancado a sete chaves, protegido apenas na garantia de que ninguém chegasse perto dele novamente. Eu não suportaria deixa-lo se partir mais uma vez. Eu não estava disposta a dar uma nova chance ao amor.

Quando os ponteiros do meu relógio de cabeceira marcaram exatamente onze e cinquenta e três, ouvi alguém bater na porta do meu quarto. Levantei-me da cama de prontidão, sem ligar para a almofada que havia sido derrubada no chão.

— Finalmente, Albus, achei que eu ia precisar esperar até onze e cinquenta e nove, por que você...

Quando eu abri a porta, percebi que não era Albus do outro lado. Era Scorpius Malfoy, o único amor que eu tivera até então.

— Oi, Rosie — ele falou, calmo. — Já faz um tempo.

— Não me chame de Rosie — pedi. — Cadê o Albus? — perguntei, autoritária. Eu estava prestes a matar o meu próprio primo.

— Rosie... Quero dizer, Rose, nós precisamos conversar.

— Eu não tenho nada para falar com você. Absolutamente nada — insisti, inflexível.

Scorpius Malfoy suspirou fundo e passou as mãos pelo cabelo, como se reunisse paciência. Eu não estava disposta a ceder para ele.

— Rose, é importante. Eu preciso que você me ouça. Eu juro que você vai entender, eu só preciso...

— Por favor, não faça isso comigo, Malfoy. Não hoje — pedi, quase que desesperada. Eu sabia que havia um certo tom de tristeza em minha voz, mesmo que eu não quisesse deixa-lo transparecer. — Você teve dois anos. Eu estive disposta a te ouvir por dois anos, mas hoje não.

— Eu posso te explicar, eu...

— Não, você não pode. — Eu ri, completamente sem humor. — Você não pode, porque eu não quero te ouvir.

— Por que está sendo tão teimosa?! — falou, indignado. — O que eu tenho para dizer é importante!

— Teimosa? — Senti a minha voz sair trêmula, mas, ainda assim, continuei a falar. — Você foi embora, Malfoy. Você cruzou um oceano, e eu tentei de tudo para que nós não nos afastássemos. Eu te liguei quase todos os dias, eu te enviei cartas por semanas, e você nunca me respondeu. Achou mais fácil me deixar para trás, como fez com a mobília da sua antiga casa. Então eu realmente acho que tenho todo o direito de não querer ouvi-lo.

— Você sabe, melhor do que ninguém, que aquele foi um período difícil para mim. Eu havia acabado de perder a minha mãe, eu estava uma bagunça. — Ele suspirou novamente, visivelmente machucado. Eu sabia que ele detestava ter que falar da mãe no pretérito. — Eu estava quebrado. Havia perdido tudo que eu tinha. Eu preciso que você entenda.

— Sim, você estava quebrado, Scorpius. — concordei. — Mas eu estava disposta a consertá-lo. Será que você não consegue entender isso? Eu estava pronta para ajuda-lo a catar caco por caco, se fosse preciso, até que você estivesse bem de novo. Eu estava aqui por você, para ajudá-lo a se reerguer, mas você preferiu fugir e me deixar para trás.

— Eu não podia te envolver na minha bagunça, era um problema meu. Você não precisava lidar com isso, já tinha seus próprios problemas, e isso era o suficiente.

— Mas eu estava disposta a lidar com isso, com toda a sua bagunça. Eu estava disposta porque eu te amava.

Houve um momento de um breve silêncio constrangedor, que foi interrompido por um suspiro de Scorpius. No entanto, eu não fui capaz de decifrá-lo. Sua expressão facial era como um misto de mágoa e saudade, que eu não conseguia entender. No entanto, ele não disse nada. A ausência de palavras fez meu coração apertar, enquanto as lágrimas começavam a escorrer pelo meu rosto. O Malfoy ergueu uma das mãos e, quando ameaçou limpar as lágrimas que escorriam impiedosamente, eu dei um passo para trás.

— Por favor, vai embora.

— Rosie...

— Por favor — eu o interrompi, tentando parecer firme.

— Eu... — Ele interrompeu a própria fala, parecendo frustrado consigo mesmo. — Feliz aniversário, Rosie.

Depois de dizer aquelas palavras, ele deu meia-volta e, em passos largos, sumiu do meu campo de visão. Bati a porta do quarto com força e joguei-me sobre a cama, enquanto sentia as lágrimas rolarem sem pudor. Scorpius Malfoy havia estragado meu décimo oitavo aniversário, e eu nem sequer estava ansiosa para aquela idade estúpida.

Ouvi alguém bater na porta, mas ignorei. Do outro lado, Albus insistiu para que eu o deixasse entrar para que pudéssemos conversar. Permaneci em silêncio, até que ele finalmente desistiu. Eu não estava nas mínimas condições de ter um diálogo.

Eu chorei tanto, que, mesmo sem me dar conta, e totalmente contra a minha vontade, eu caí no sono. E então, eu sonhei.

Era uma tarde de inverno. Eu estava sentada no balanço do parque que ficava na esquina de casa. Distante, a mamãe me observava, enquanto conversava com o papai. Eu tinha oito anos. Ao balançar-me forte demais, caí com tudo no chão, de joelhos. Não chorei e, tampouco, gritei, por isso, meus pais nem sequer se deram conta de que eu havia me machucado.

No entanto, um garoto loiro havia percebido. Ele correu para perto de mim, desajeitado, e retirou um par de band-aids do bolso. Sem dizer uma única palavra, ele os colocou sobre os machucados e, em seguida, exibiu um sorriso radiante em seu rosto.

— Isso acontece o tempo todo comigo. Hoje vai arder um pouquinho, mas amanhã não estará doendo mais! — falou. — Vem, você consegue se levantar? — indagou, ao mesmo tempo em que estendia a mão na minha direção.

Eu hesitei por um mísero segundo, até ver o sorriso nos lábios dele novamente. De repente, toda a insegurança sumiu. Segurei nas suas mãos e, finalmente, me levantei. Só naquele momento meus pais perceberam que eu havia me machucado e vieram correndo até mim.

De repente, o cenário mudou. Estávamos na Toca, eu e toda a minha família. Meus primos corriam de um lado para o outro, brincalhões. Exceto por James, que se achava grande demais para brincar, simplesmente por estar na pré-adolescência. No canto, colados na TV, estavam Albus e seu agora inseparável melhor amigo, Scorpius Malfoy, jogando videogame. Eu estava isolada, sentada sobre um tapete, brincando de boneca. Não me lembrava exatamente do motivo, só lembrava de me sentir deslocada.

No entanto, naquele dia, Scorpius se levantou, estendeu a sua mão em minha direção, de novo, enquanto carregava um sorriso encantador.

— Vem jogar com a gente — falou, ainda sorridente. — Eu vou te detonar no videogame.

Eu sorri de volta, segurei em sua mão para me levantar, saí correndo e sentei-me no lugar dele.

— Minha vez. — Ri, travessa. — Vou acabar com você!

De repente, lá estava uma Rose Weasley de quinze anos, com um sorriso feliz estampado nos lábios, enquanto uma de suas mãos encontrava-se entrelaçada na do garoto e, na sua outra mão, carregava um pote de pipoca, parcialmente vazio. No seu cabeço bagunçado, havia também alguns milhos espalhados. Eles tinham acabado de se enfrentar em uma grande guerra de pipocas, bem em um parque de diversões.

Gargalhávamos um para o outro, descontraídos. No entanto, logo a minha feição foi tomada por uma expressão de puro encanto. Bem na minha frente, era possível ver a Londres noturna por completo. Estávamos no topo de uma roda gigante, e a vista era simplesmente magnífica.

— Scorp, olha. Essa vista é... Linda! — Meus olhos brilhavam, eu estava genuinamente encantada.

Scorpius, por outro lado, não tirava os olhos de mim.

— É, é realmente linda... — disse. — Mas não estou falando sobre a vista.

— Seu bobo! — falei, um pouco envergonhada, e joguei mais uma pipoca na direção dele, que gargalhou.

De súbito, o cenário mudou novamente, e eu já não sorria mais. Eu estava aos prantos, em meio a um aeroporto. Scorpius me segurava em seus braços, mas logo se afastou. E eu tive a sensação de que estavam tirando o meu mundo inteirinho de mim. Ele depositou um beijo na minha testa.

— Eu vou sentir sua falta, Rose Weasley — ele sussurrou. — Eu preciso que saiba que você foi a melhor coisa que já me aconteceu.

Não consegui respondê-lo, porque estava presa em meus próprios soluços desesperados. Senti Albus me abraçar, conforme falava para Scorpius ir, porque ele cuidaria de mim. Não me lembro de ter sentido uma dor mais dilacerante do que aquela em toda a minha vida.

Acordei assustada, com o meu coração disparado. Acendi o abajur que ficava na mesa de canto, bem ao lado da cama e olhei a hora. Três e quarenta e sete da manhã. Eu, definitivamente, havia dormido. E sonhado. Eu havia sonhado com Scorpius Malfoy. Mas eu não havia simplesmente sonhado, eu havia visto uma série de lembranças nossas, como se fosse um filme da nossa vida até então. Demorei um pouco até entender o que aquilo significava, entretanto, quando eu me dei conta, foi o suficiente para eu sentir o meu coração perder uma batida.

Scorpius Malfoy era a minha alma gêmea.

Eu não podia acreditar. Na verdade, eu não queria acreditar, e eu nem sabia o que pensar sobre tal fato.

Desesperada, levantei-me da cama, calcei os meus sapatos e saí correndo de casa, sem nem sequer avisar aos meus pais. Quando percebi, eu estava no parquinho, sentada no mesmo balanço de dez anos atrás. Exatamente onde eu o havia conhecido. Imersa em pensamentos, lembranças e sentimentos.

— Eu sabia que estaria aqui — uma voz masculina que eu conhecia ecoou atrás de mim.

Mais uma vez, senti o meu coração acelerar. Levantei-me do balanço com um salto.

— O que você está fazendo aqui?

— Seu primo, ele me mandou uma mensagem — disse, enquanto apontava para o próprio celular. Logo em seguida, guardou o aparelho no bolso da calça. — E eu fiquei preocupado. Eu...

— Scorpius, você já tem dezoito anos. — Só então eu me dei conta. — Você é mais velho do que eu, já tem dezoito anos.

— É, eu...

Eu o interrompi, sem qualquer receio.

— Com quem você sonhou?

— Você está realmente me perguntando isso? — questionou, quase incrédulo.

Eu precisava ter certeza. Estava repleta de dúvidas e inseguranças que me invadiam sem qualquer piedade.

— Só me responde, por favor.

— Rosie... — O rapaz suspirou e desviou o seu olhar na direção do chão. — Com você. Eu sonhei com você, Rosie.

— Não. — Movi a minha cabeça de um lado para o outro, em negação. — Você não... — minha voz falhou.

— Você precisa me ouvir.

— Não, eu não preciso — respondi, tentando parecer forte, mas, na verdade, tudo o que eu queria gritar e chorar, tudo ao mesmo tempo. — Eu não quero te ver. Nunca mais. Eu pensei que eu estava superando, droga! Aí, de repente, você volta para a cidade! E daí eu chego aos dezoito anos e tenho esse sonho estúpido! Eu não pedi por isso! Eu não queria isso! Quem foi que inventou essa porcaria? Eu não posso entregar o meu coração para alguém que deixou ele em pedacinhos. Eu apenas não posso... — Então, mesmo contra a minha vontade, eu desabei em lágrimas.

De repente, senti os braços de Scorpius ao redor do meu corpo e, mesmo que minha mente dissesse para não fazê-lo, aconcheguei-me eu seus braços, enquanto os soluços se tornavam cada vez mais exagerados. Eu era exatamente o tipo de pessoa que desmoronava quando recebia um abraço em momentos difíceis. E aquele estava sendo um momento difícil. Scorpius, mais do que ninguém, sabia disso, porque, todas as vezes em que eu fiquei triste, ele fez questão de me dizer que era para eu chorar tudo o que precisasse nos braços dele, até que eu me recuperasse e pudesse sorrir novamente.

— Eu não quis ir embora, Rosie. Eu não quis te deixar — ele falou, com um tom de voz que misturava tristeza e vergonha. — Eu precisei. Você não podia lidar comigo, eu estava destruído. Nem eu mesmo estava conseguindo lidar comigo. Eu sei que você é forte, mas eu não podia deixar que fosse forte por nós dois. Eu não podia deixá-la encarar os meus monstros, porque eles são apenas meus.

— Mas era para serem nossos. Eu só queria cuidar de você, eu só queria... — minha voz sumiu por um instante. — Eu só queria não ter te perdido. Quando você foi embora, eu... Eu fiquei sem chão, Scorpius. Como acha que eu me sinto agora que voltou? Sou eu que estou uma bagunça.

— Não houve um único dia em que eu não pensei em você. Ou que eu não li e reli as suas cartas — confessou. — Eu me arrependi de ter te magoado tanto, e cada mensagem que eu trocava com Albus criava uma nova ferida. Eu sei que é difícil de entender, mas nunca foi a minha intenção partir o seu coração. Eu nunca quis te machucar, eu só queria o melhor para você e, naquele momento, eu achava que o melhor era ficar longe.

— Por dois anos? — perguntei, ainda com a voz embargada. — Você precisou de dois anos para perceber que se arrependeu? — Eu queria me afastar dele, mas, ao mesmo tempo, não queria que ele me visse chorando.

— Não. Eu me arrependi no instante em que Albus me mandou a primeira mensagem. Eu perguntei sobre você e ele me disse que você passou o dia inteiro chorando.

— Então por que não voltou? — Finalmente, reuni forças e dei um passo para trás.

— Porque eu não suportaria vê-la dessa forma, assim como não estou suportando agora. E eu tinha medo de que você não fosse me perdoar.

— Você foi um covarde, seu idiota — resmunguei, sem a menor pretensão de parecer educada.

— Sim, eu fui um grande covarde por muito tempo... Até que eu fiz dezoito anos. — Um pequeno sorriso surgiu nos lábios dele. — E eu te vi, mas não em fotos que o Albus me enviava escondido. Eu te vi como lembranças vívidas em minha mente. Senti a sua falta mais do que nunca. Eu realmente quis voltar, mas àquela altura do campeonato, eu sabia que você não entenderia e, segundo Albus, você estava se reerguendo novamente. Eu não queria estragar tudo de novo.

— Você é um idiota, Scorpius Malfoy — falei. — Um grande idiota. Você nunca estragou a minha vida. Na verdade, você foi a melhor parte dela.

— Eu te amo, Rose Granger-Weasley. Desde os oito anos de idade, não houve um único dia que eu não te amei.

Eu não o respondi de imediato. Primeiramente, aproximei-me dele e o envolvi em meus braços. Sentia falta daquela sensação de pertencer a alguém; de pertencer a Scorpius Malfoy. Ele não hesitou em retribuir o abraço e puxar-me para mais perto dele. Eu voltei o meu olhar para cima, fitando o fundo dos seus olhos cinzentos.

— Eu te amo, Scorpius Malfoy. Cada detalhezinho seu. Eu nunca, por um único segundo, deixei de amar você. — Sorri, era como se finalmente o meu mundo voltasse a ter cor. — Fico feliz por essa baboseira de alma gêmea realmente existir e, especialmente, por você ser meu parceiro de vida.

— Eu te prometo que eu nunca mais vou deixá-la sozinha. De agora em diante, a única coisa que me importa é fazê-la feliz. — Scorpius deu um passo para trás e esticou um de seus braços na direção dela, erguendo, em seguida, o dedo mindinho. — Promessa de dedinho.

Rose riu, lembrando-se da infância deles.

— Promessa de dedinho. — Respondeu, selando a promessa ao entrelaçar seu dedo mindinho no dele.

Scorpius, então, acabou com toda a distância que havia entre os dois dando um único passo. De repente, Rose pôde sentir os lábios dele contra os seus e, como em uma viagem no tempo, todas as lembranças que tinha sobre eles invadiram a sua mente. Só então ela se deu conta que, afinal, ter uma alma gêmea não era algo tão ruim assim.


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Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam? Quais os seus pensamentos? Tô ansiosa para saber! De qualquer modo, espero te ver de novo em breve e espero que tenha feito uma boa leitura. Até a próxima!



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