Os Cavaleiros do Zodíaco: A Lenda de Seiya escrita por Masei


Capítulo 85
O Coração de Tangaroa


Notas iniciais do capítulo

O Capitão Meko Kaire finalmente chega à câmara da Relíquia do Mar, mas precisará lutar contra um inimigo temível de seu passado: Ikatere, o filho de Tangaroa.



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Na escuridão de Tangaroa, uma porta se abriu e dele surgiu um rosto belo, seguido de um jovem guerreiro de cabelos escuros, mas queimados pelo sol do Pacífico. Era o jovem Meko Kaire e sua amada Mia Kahurangi, que haviam adentrado o domínio dos monstros para buscar algo muito precioso: a Concha-Íris, uma herança antiga deixada para os navegantes de Wahitapu, a ilha em que moravam.

Dizia-se nas histórias que a Concha-Íris foi usada por Tāne quando ela mesma deu origem às diversas ilhas da Polinésia, fazendo brotar de seu próprio ser todas as árvores e flores que habitam a terra. A velha Te-Maia dizia que a concha foi então dada para os navegantes de Wahitapu para que nunca se esquecessem daquele presente. Mas aquele presente foi roubado por Ikatere há muitos e muitos anos, e tudo que Mia Kahurangi gostaria de fazer era tomá-lo de volta.

Ela era uma mulher poderosa, forte, de cabelos escuros e olhos duros, tatuagem pelos braços e pernas firmes. Quando abriu a porta para um breu, a princípio não viram nada, mas fundo na grota um brilho revelou-se na escuridão.

— Ali. — falou ela. — Aquela deve ser a concha.

— Vamos. — falou Meko às suas costas.

Mas então foram atacados na escuridão, o corpo de Mia arremessado contra as pedras; Meko chamando por seu nome e brandindo a tocha para encontrar a criatura que os atacava na escuridão, quando percebeu apenas o vulto de tentáculos escondendo-se nas sombras.

— Mia! — gritou ele novamente, aproximando-se dela.

— Não venha, Meko!

Mas ele foi e tomou a morena nos braços para que a ajudasse a se levantar, quando sua tocha iluminou um único tentáculo que o atacou, ele esquivou e Mia soltou-se dele, rolando para o lado. O segundo ataque rasgou o olho esquerdo de Meko, que verteu sangue e foi ao chão. Mia ajoelhou-se diante dele para ajudá-lo, mas foi então atingida por algo às suas costas.

— Mia, não! Mia! — gritou ele.

À sua frente, a tocha iluminou uma lâmina de água que havia atravessado o corpo de Mia e então retraiu-se, deixando o sangue de sua amada cair aos seus pés. Ela caiu em seus braços e balbuciou suas últimas palavras, que ficaram para sempre ecoando em seus ouvidos.

Meko Kaire ali chorou, e em seu desespero ainda ouviu a voz trevosa de alguém que o amaldiçoou.

— Porta errada.

 

—/-

 

Seiya, Geist e June chegaram a um lugar absurdo naquela profundeza. Um labirinto de portas. De todos os estilos, tipos e idade. O artífice daquele labirinto talvez tenha saqueado todos os barcos que um dia naufragaram na região, roubando seus conveses, suas cabines e o que mais estivesse à mão para montar aquele ambiente lúgubre e assustador.

Algumas portas pareciam mesmo dar acesso a salões profundos atrás de paredes úmidas, enquanto outras estavam deitadas no chão como alçapões, mas havia também portões que pareciam não levar a lugar algum, ou mesmo portas que ficavam de pé sem ter nada ao redor, de forma que pareciam completamente inúteis.

— Cuidado com o Labirinto de Portais. — lembrou-se Geist, relembrando a voz de seu Capitão Meko.

— O que fazemos? — perguntou-se Seiya, colocando a mão em uma maçaneta. — Não temos tempo de abrir todas essas portas.

— Pare! — pediu Geist. — Não devemos abrir porta alguma. Se isso é um labirinto, devemos chegar até o final dele.

— Não vejo qualquer caminho aqui. — alertou June.

Geist olhou melhor para as portas, como também para o chão e o teto.

— Esqueçam as portas, devemos chegar ao fundo desse lugar. Vamos em frente.

Seiya e June escolheram seguir o caminho por entre as portas e escolher as direções que mais os levassem para a profundidade da caverna, pois de fato o labirinto parecia fazer um leve declive onde a luz aos poucos ia morrendo. A tocha que antes estava com o Capitão Kaire ficou para trás, de modo que Geist os guiava agora pela escuridão, sempre adiante.

Havia o barulho de goteira e a constante impressão de não estarem sozinhos, embora não tivessem sido atacados por ninguém enquanto desciam. E ainda assim portas e portais se revezavam por todas as direções em que olhavam; a vontade de abrir qualquer uma delas estava quase matando Seiya, mas ele se manteve sob controle até que pareceram chegar até o final daquele lugar.

Uma única porta no fim do caminho.

Uma porta linda de madeira escura, talhada ao estilo daquele povo dos mares, com um tentáculo gravado em relevo com outras muitas criaturas marinhas e, no meio dela, uma concha bonita. De todas as portas e portais, portões e alçapões, Seiya observou no entanto que aquela não tinha qualquer maçaneta que pudessem abrir.

— Vejam. — alertou Geist.

Acima da porta, em um semicírculo, haviam dizeres em um idioma que nenhum deles fazia ideia do que se tratava.

— Droga. — falou Geist. — É um enigma, mas a não ser que um de vocês saiba falar o idioma dos maoris, ficaremos aqui por toda a eternidade.

— Geist! — chamou June olhando para suas costas.

Quando a imediata olhou para trás, percebeu que o corredor por onde haviam vindo simplesmente havia desaparecido, dando lugar àquela parede úmida que agora, por incrível que fosse, parecia pulsar de algum modo. Estavam em uma câmara vazia com uma única porta diante deles.

Geist passou a mão pelos relevos da porta tentando compreender o que poderia ser, mas ela sabia perfeitamente que o segredo estava nas palavras que ela não reconhecia acima da porta.

— Minha armadilha a tudo captura. 

Os três olharam para trás, sobressaltados, mas deram de cara com o Capitão Kaire e Lunara, que finalmente os haviam alcançado pelo labirinto de portais. Seiya ajoelhou-se e imediatamente abraçou Lunara o mais forte que podia.

— Quando voltarmos pra casa, eu vou te treinar pessoalmente!

Ela sorriu, mas o Capitão Kaire adiantou-se junto de Geist.

— É um enigma, Capitão. — disse ela.

— Sim.

 

Minha armadilha a tudo captura

A tudo e a cores ela mistura

Nunca igual, sempre diferente

De muito perto, lhe roubo a frente

 

— O que significa? — perguntou Seiya.

O Capitão Kaire parecia absorto diante daquela porta, olhando para cada detalhe, cada caractere, cada memória que o fazia sentir. Ele tocou o olho esquerdo ferido e ele imediatamente latejou, como se suas memórias trouxessem de volta também a dor que sentia, não só no olho como também no coração.

— Foi aqui que perdi Mia. — falou o Capitão Kaire para sua tripulação. — Foi atrás dessa porta que me tornei o Cavaleiro de Prata de Cetus.

June lembrou-se da história do Capitão diante da grande árvore e lamentou por ele internamente, enquanto os demais pareciam um pouco perdidos com aquela tristeza repentina.

— Sabe o que significa o enigma, Capitão?

— O Espelho.

Quem adivinhou foi Geist ao seu lado, e o Capitão Kaire falou com sua voz branda diante da porta.

Te whakaata.

Todos ouviram claramente como a porta se destrancou, deixando uma fresta entreaberta por onde uma baixa luz se fazia aparecer; era a Concha-Íris, imaginou o Capitão Kaire, revivendo aqueles duros momentos de então. Ele respirou fundo e deu um passo adiante para abrir a porta, quando Geist chamou sua atenção.

— Espere, Capitão.

Ele parou por um instante, olhando para a porta, como se desperto de uma viagem, e olhou para sua imediata.

— É uma armadilha. — falou ela. — Uma armadilha que tudo captura. O caminho não é esse.

O Capitão olhou de volta para a porta e então para Geist e notou, com surpresa, que nunca havia notado como o caminho havia se fechado atrás deles para aquela parede rochosa úmida e pulsante.

— A resposta é o espelho. Esse não é o caminho.

Ela virou-se para aquela estranha parede pulsante e viscosa e colocou a mão entre as fibras do que parecia ser uma árvore encharcada; e, com efeito, encontrou o toque metálico de uma maçaneta. As raízes daquela estranha matriz pulsante finalmente se afastaram, revelando uma réplica perfeita daquela mesma porta que havia se aberto atrás deles, com os mesmos dizeres acima do pórtico, mas com seus caracteres todos invertidos. Espelhados.

O Capitão Kaire parecia estar sem fôlego quando juntou-se à sua imediata e, com os olhos, ela pareceu compreender que ele a agradecia, mas ao mesmo tempo June sabia que Meko Kaire sentia uma certa dor. E se tivesse acertado a porta tantos anos atrás?

Pois desta vez ele acertou. 

 

—/-

 

A porta abriu-se para um enorme espaço iluminado onde escorria água das paredes e um pequeno rio escuro corria de uma parede represada onde uma concha do tamanho da mão de Meko espalmada brilhava em milhares de cores diferentes. Era a Concha-Íris. Era a Relíquia do Mar que precisavam selar.

Mas eles não eram os únicos que estavam ali, pois a risada sincopada e profunda de Ikatere também soou naquele salão, e seu corpo flutuante com seus tentáculos escuros reapareceu entre eles e aquela Relíquia.

— Meus parabéns, viajantes, passaram por todos os testes de Tangaroa e chegaram ao coração profundo dos mares.

Havia um sarcasmo terrível em sua voz e em seu sorriso de escárnio quando ele virou sua atenção para Meko.

— Não perdeu ninguém dessa vez.

O Capitão ralhou os dentes com vontade de arrancar todos aqueles tentáculos, mas tentou manter-se dono de si ali.

— Saia da frente, Ikatere. — ordenou ele.

Mas ele não saiu. Pelo contrário, todos viram com assombro um espetáculo incrível, que foram os diversos tipos de conchas que desceram do teto e revestiram seu corpo como se ele usasse uma Armadura furta-cor maravilhosa. Ele estava pronto para a batalha, e atrás do Capitão Meko todos colocaram-se para lutar também.

— Esperem. — falou ele. 

E encarando fundo nos olhos de topázio de Ikatere, Meko anunciou a todos.

— Eu lutarei com ele. — sua voz dura, seu cosmo de Prata. — Selem a Relíquia.

Ikatere sorriu e Meko saltou para atingi-lo com seu punho, mas o incrível filho de Tangaroa parecia conseguir nadar com seus tentáculos pelo ar, como se o ar fosse o fundo do oceano o qual ele comandava. O Capitão Kaire surgiu ao lado da Concha-Íris e imediatamente pulou novamente para acertá-lo, ficando cara-a-cara com o algoz de sua amada Mia.

— Vão de uma vez, selem a Relíquia! — ordenou Meko Kaire.

Geist e Seiya finalmente saíram da entrada para cruzarem o salão com o Selo de Atena, enquanto June cuidava de Lunara. Geist, no entanto, foi arremessada na parede por um dos tentáculos de Ikatere, e um segundo jogou Seiya também para longe. Meko foi ao chão, atingido pela força bruta daquele monstro, que forçava sua lâmina de água para furar seu pescoço, enquanto ele tentava com todas suas forças segurar seu punho.

— Meteoros de Pégaso! 

Novamente de pé, Seiya não deixaria seu Capitão cair, e seus meteoros ao menos afastaram aquela criatura de cima de Meko, enquanto Geist levantou-o do chão para que se colocasse em pé.

— Vamos ter de vencê-lo primeiro se quisermos selar essa Relíquia, Capitão.

— Droga. — balbuciou Meko.

Os tentáculos novamente atacaram os três, mas eles se esquivaram como podiam; Seiya saltou na direção da criatura e a acertou com seus Meteoros, mas foi atingido por outros tentáculos. Ikatere viu-se sendo atacado, no entanto, por um enorme cíclope, o que surpreendeu o filho de Tangaroa por um breve segundo até que ele percebesse de que se tratava de uma ilusão; tarde demais, teve o peitoral de conchas destruído pelo punho de Meko, jogando-o contra a parede pulsante daquele enorme salão.

Juntos talvez tivessem alguma chance.

Mas Ikatere levantou-se ainda mais furioso, seus tentáculos pareciam agora soltar fumaças de ódio, que na verdade eram seu cosmo dourado manifestando-se pelos poros de seus braços todos, os olhos carmesins e o que havia sobrado de sua armadura brilhante.

Ao abrir os braços com fúria, ele manifestou um impulso tão forte que jogou todos, até mesmo June e Lunara, que estavam no fundo, contra as paredes do salão. A força de Ikatere era mesmo assombrosa, mas Meko Kaire estava decidido a continuar lutando por sua tripulação e por Mia; ele queria vingá-la, queria acertar Ikatere e fazê-lo sentir a dor que ele sentia.

Mas antes que ele mesmo se colocasse de pé, ele viu outra pessoa de pé.

Seiya de Pégaso.

Seiya brilhava seu Cosmo enormemente naquele lugar, sua Armadura de Pégaso iluminada por seu cosmo brilhante, seus olhos fechados, seus sentidos aguçados, como se fizesse parte de todo aquele oceano. Era o Sétimo Sentido que Seiya manifestava tão enormemente.

— Selem a Relíquia que eu vou acabar com esse monstro. — falou Seiya, e Meko Kaire nunca havia sentido um cosmo tão brilhante em toda sua vida.

Ele colocou-se de pé e buscou Geist com seu olhar.

Seiya correu na direção de Ikatere e gritou por todos os Sete Mares que certamente naquela noite escutaram sua voz.

— Cometa de Pégaso!

Um raio de luz dourada invadiu o salão e o cometa iluminou a todos chocando-se contra os braços poderosos de Ikatere, que foi arrastado para trás, sua proteção do braço direito destruída, seus cabelos esvoaçantes queimando com o cosmo de Seiya; mas ele finalmente reduziu o Cometa de Pégaso com suas próprias mãos, estourando a técnica de Seiya, causando uma explosão de luz no local. Mas quando Ikatere abriu novamente os olhos viu diante de si o Cosmo de Prata e maravilhoso de Meko Kaire.

Ele tomou Ikatere nos próprios braços fortes e fez seu Cosmo de Prata brilhar tanto quanto aquele de Seiya.

— Selem a Relíquia! — gritou ele.

Geist correu para o outro lado do salão com o Selo de Atena.

Os tentáculos de Ikatere a deixaram em paz, pois eles estavam todos em volta de Meko, em suas pernas, em seu pescoço, seu torço, tudo para tentar vencê-lo naquele duelo de forças. Os dois cara-a-cara. Olho a olho.

— Vou vingar a morte de Mia.

— Vai juntar-se à ela, Meko Kaire.

Mas Meko tinha ao seu lado a Deusa Atena.

Ikatere viu que o Cosmo de Meko brilhou dourado, um sino soou no horizonte e o impossível parecia acontecer: sua força oceânica aos poucos sucumbia ao Sétimo Sentido de Meko, cujos olhos brilhavam em ouro à frente dele.

— É o seu fim, Ikatere. Força Explosiva de Cetus!

Abraçado ao monstro, o Cosmo de Meko explodiu, obliterando aqueles tentáculos e dizimando a presença de Ikatere, cujo urro gutural ainda soou pelos oceanos tentando de tudo.

O brilho escondeu todos debaixo da luz do cosmo de Meko, e quando Geist viu-se novamente enxergando estava diante da Concha-Íris. Ela retirou o Selo de Atena e grudou na Relíquia, fazendo com que todo o salão parasse de pulsar e um grave barulho se calasse.

— Muito bem, imediata!

Meko Kaire estava no chão, ofegante, mas Geist notou que a Relíquia do Mar se desprendeu daquela parede silenciada e flutuou acima de suas cabeças até o teto daquele salão. Seiya foi até o Capitão Kaire para levantá-lo, pois ele tinha muitas dificuldades para se colocar de pé, mas foram todos surpreendidos por um maremoto.

O salão inteiro chacoalhava.

 

Onde antes estava inscrita a Concha-Íris, a parede parecia aos poucos ceder, deixando vazar fortes fluxos de água, como se atrás daquela parede houvesse um oceano inteiro represado. Não houve tempo de fazer qualquer coisa. A parede explodiu e foram todos varridos do salão por uma correnteza violenta e profunda, afogando-os a todos imediatamente e carregando-os para longe de Tangaroa.

 

—/-

 

O som das ondas do mar na praia.

Seiya abriu os olhos lentamente e a primeira coisa que viu foi a coroa do sol sumindo no horizonte do mar, um dia longo demais que se punha. Ele tinha areia nos cabelos e nas mãos. Olhou para os lados e viu que estava deitado na praia, sua Armadura de Pégaso no corpo, o gosto de sal na boca.

À sua frente estava o Capitão Kaire de pé, olhando para o sol que morria no horizonte. Já sem a sua Armadura, espalhada na areia. Com sua missão cumprida e a Relíquia do Mar selada.

Seiya levantou-se aos poucos e percebeu que, na vegetação que se levantava depois da faixa de areia, os tripulantes do Galeão e até mesmo os habitantes daquele festivo vilarejo estavam ali para receber os vitoriosos guerreiros.

Um sorriso cruzou o rosto de Meko Kaire.

— Seiya. — começou ele. — Que imenso privilégio foi ver o quão brilhante é o seu Cosmo ao meu lado.

— Capitão? — perguntou ele, colocando-se de pé.

— Eu tenho certeza absoluta de que encontrará sua irmã novamente. Mais cedo do que imagina. Estou seguro disso. Você é capaz de realizar milagres e Atena confia em você.

Seiya de pé não parecia entender, mas Geist ao seu lado percebeu a ferida mortal que Meko Kaire tinha no abdômen, trespassado de um lado ao outro do torso; provavelmente um último ataque terrível de Ikatere antes de desaparecer. Ela, que era tão contida, socou a areia onde estava, pois sabia que não havia retorno mais.

— Geist, minha imediata. — começou ele, antes de se corrigir. — Não: Capitã Geist. O Navio de Argo retorna à sua dona por direito. Ele é a sua Constelação e você o levará adiante em sua missão.

— É isso então? — reclamou June, com lágrimas nos olhos, que era seu modo de demonstrar sua imensa tristeza. — Vai mesmo morrer? Vou mesmo falhar em minha missão?

Ela tinha uma dor enorme no peito e Meko reconheceu aquele seu modo de sentir-se triste, deixando escapar um sorriso de seu rosto.

— Que enorme privilégio foi servir ao seu lado, June de Camaleão. Pois não falhou em absolutamente nada: eu estou exatamente onde eu deveria estar. E onde eu quero estar.

Lunara era muito jovem, mas havia visto também já muito sofrimento e até mesmo a morte; seus pequenos olhos estavam tristes e ela correu até Meko, buscando segurar sua mão, para que não se fosse, mas percebeu que não podia tocá-lo, pois a mão direita de Meko estava translúcida, como se aos poucos se desfizesse em luz.

— Capitão. — choramingou ela diante dele.

Meko Kaire ajoelhou-se e, com sua mão esquerda, limpou as lágrimas de Lunara e a abraçou novamente, uma última vez.

— Pequena Lunara. — disse ele, com dureza para ela. — A família está naqueles que estão sempre ao nosso lado e conosco vivem nossos sonhos.

Ela desatou a chorar enormemente e agarrou o Capitão.

Ele afagou seus cabelos uma última vez, mas então era hora de partir. Meko Kaire quebrou o abraço e olhou para a pequena com um sorriso no rosto. Levantou-se, finalmente; Seiya abraçou a pequena e o Capitão Kaire viu ao seu redor o rosto triste de Geist, sua mão-direita, de June, que tanto o testava, e dos jovens Seiya e Lunara, tão jovens, tão enormes.

Ele sorriu para eles e então tomou seus passos na direção do mar.

As vozes dos habitantes daquela ilha se levantaram em um canto fúnebre e belíssimo quando Meko Kaire pouco a pouco entrou no oceano. E, a cada passo que dava, a água retrocedia e abria-se para que o Capitão voltasse para seu lugar. 

A água do mar retrocedia de tal maneira para dar caminho a Meko Kaire que ela chegou a se acumular em uma onda que chegou à altura de seus próprios olhos. E, com a água do oceano que ele tanto adorava à sua frente, ele parou, pois ela lenta e magicamente tomou a forma de uma belíssima mulher, cuja silhueta Meko Kaire reconheceria em qualquer lugar do universo.

— Mia… Deusa Tāne. — chorou ele. — Eu voltei.

— Para sempre Mia, meu Meko.

A mulher revelou braços naquela silhueta, que envolveram Meko Kaire, cobrindo-o da água cristalina daquele oceano até que se quebrasse inteira no ar em um espetáculo de luzes, fazendo desaparecer tanto a mulher como o corpo de Meko Kaire. E no mesmo instante daquele espetáculo de luz, um pulsar de vento pareceu afastar as árvores da ilha de uma só vez; todos os habitantes do vilarejo, enquanto cantavam baixo, levantaram as mãos para saudar Meko Kaire ao mar. 

Um brilho de luz disparou por debaixo das águas cristalinas em uma velocidade enorme até desaparecer no horizonte, onde uma belíssima baleia de detalhes em dourado pelo corpo saltou no oceano, cantando uma última vez antes de desaparecer pelo mar.

A velha senhora Te-Maia, em seu santuário no topo do monte, tinha lágrimas nos olhos e tinta negra nos dedos.

— Por Tāne. E por Atena.

Ela desenhava em uma cortina de vime a história de seu neto Meko Kaire, o bravo Capitão de Atena e valoroso Cavaleiro de Prata de Cetus. Que agora descansaria em paz ao lado de sua amada.


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Notas finais do capítulo

SOBRE O CAPÍTULO: A despedida do melhor capitão que existe. =) A morte de personagens queridos é uma marca de Saint Seiya, então eu sempre fico pensando que de tempo em tempo, alguém precisa morrer, pois o mundo de Saint Seiya é mesmo cruel e os personagens não voltam. E logo que a história de navegar os 7 mares e Moses voltar pra sua ilha-natal, me deu a chance perfeita de criar um personagem muito legal e dar à ele uma passagem emocionante.

PRÓXIMO CAPÍTULO: REUNIÃO DE CONSELHO

No Santuário, Saori divide-se entre suas funções divinas e seus erros do passado na Fundação Graad, enquanto os Cavaleiros de Bronze enfrentam seus treinamentos.



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