Os Cavaleiros do Zodíaco: A Lenda de Seiya escrita por Masei


Capítulo 5
O Cosmo da Amizade


Notas iniciais do capítulo

Dentro de um Torneio misterioso e sem sentido, Seiya e Shiryu vêem-se obrigados a lutar intensamente pela vitória em uma batalha com fins dramáticos.



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O Coliseu aberto aos poucos vai se enchendo do público que verá o terceiro dia de batalhas. Muita empolgação, algumas meninas usando elmos de plástico imitando seus heróis favoritos, garotos com bonecos articulados fingindo usar técnicas como a Cólera do Dragão.

Nos vestiários, no entanto, o clima é de preocupação e tensão entre os jovens, organizados em roda.

— Conte Jabu, afinal, o que foi que aconteceu com o Ichi? — perguntou Shun.

Jabu, que geralmente era cheio de si, também tinha uma expressão preocupada e mesmo Shiryu que geralmente se preparava longe deles, estava por perto para saber.

— Ichi tem vindo aqui para o Coliseu já faz alguns dias. Ele vinha escondido para treinar, pois queria ficar forte para a luta de vocês. Então ontem ele veio novamente, sempre de madrugada. Só que dessa vez eu decidi vir com ele. Pra sorte dele.

Shiryu, Shun, Seiya e Jack estavam ao redor de Jabu atentos.

— Enquanto eu me trocava no vestiário, eu escutei Ichi falando com alguém. Eu achei que ele estava louco, mas logo depois eu ouvi ele gritando e saí correndo pra ver o que era. Ele estava branco. Coberto de gelo dos pés à cabeça.

— Congelado? — perguntou Jack.

— Sim. Eu olhei pros lados e não vi ninguém, mas também senti uma presença gelada nas sombras, que logo desapareceu. Realmente tinha alguém ali.

— Um Cavaleiro com poderes de gelo? — perguntou Shiryu.

— Eu peguei Ichi, o arrastei para o vestiário e chamei a Fundação. Eles o internaram imediatamente. Pelo menos parece que vai ficar bem.

— Deve ser só o começo...

— O que quer dizer, Seiya? — perguntou Jack.

— Essas batalhas, esse torneio. Tudo isso é proibido pelo código dos Cavaleiros. Nós não devíamos estar lutando dessa forma. — a voz de Seiya tinha uma seriedade e uma preocupação no tom. — E a punição para quem usa as Armaduras Sagradas dessa forma...

— Os Cavaleiros de todos os lugares do Mundo irão caçar e punir aqueles que estiverem violando esse código. — completou Shun.

— Eu nunca soube disso. — falou Jack e Jabu pareceu concordar com ele.

— Há uma Constelação que historicamente faz o uso do poder gelado.

— Sabe quem é o desgraçado, Shiryu? — perguntou Jabu. 

— Não. Mas meu Mestre me contou que há muitos e muitos séculos que não existe um Cavaleiro da Constelação de Cisne, pois a Armadura estaria selada em uma geleira na Sibéria.

— Um guerreiro da Sibéria? — ponderou Shun.

— Dragão, Pégaso. Dez minutos. — anunciou um organizador invadindo o vestiário e saindo tão rápido quanto havia entrado.

Seiya e Shiryu entreolharam-se preocupados.

— Mas se é mesmo errado, porque a Armadura de Pégaso protegeu Seiya na nossa luta? — perguntou Jack.

— Eu também não sei. — respondeu Seiya. — De todo modo, se estamos sendo caçados e punidos, acho que não tem como voltar atrás mais. A Marin vai me matar.

— Se esse cara do gelo não te matar primeiro. — disse Jabu.

Estavam todos confusos sobre o que fazer e tanto Seiya como Shiryu tinham uma luta por combater diante de milhares de pessoas. A voz estridente dos anunciadores já ecoava por todo o Coliseu. Do vestiário, viram e ouviram o holograma de Saori Kido dando suas já costumeiras boas-vindas.

— Vocês acham que ela sabe de alguma coisa? — perguntou Shiryu.

— Bom, elas nos chama de Cavaleiros do Zodíaco. Ela num deve fazer ideia do que está acontecendo. — respondeu Seiya.

— Você devia dar um pouco mais de crédito para ela. — disse Jabu e antes que Seiya pudesse tirar um barato, ele completou. — Não sabemos o que ela pensa ou deixa de pensar.

— Bom, Cavaleiros. — interrompeu Jack. — Parece que vocês têm uma luta para fazer. — disse ele bem humorado batendo nos ombros de Seiya e de Shiryu.

— Seiya… eu sei o quanto isso é importante para você. E honestamente eu não ligo em vencer. Eu realmente não entendo ainda o que meu Mestre queria quando me enviou para cá. Mas não acho que tenha a ver com a vitória nesse Torneio.

— O que está querendo dizer Shiryu?

— Que vou deixá-lo vencer. Assim você pode chegar até a final e ter alguma chance de encontrar a sua irmã.

Seiya sorriu, pois embora gostasse muito de lutar, não via mesmo sentido naquelas batalhas ridículas.

 

—/-

 

— Senhoras e senhores! —  começou o narrador empolgadíssimo. — É a primeira semi-final. Quem vencer esse duelo já estará classificado para a Grande Final da Guerra Galática!

A plateia foi ao delírio.

— E temos de volta dois grandes lutadores que já conhecemos, né Milene.

— A torcida tá dividida, Rogério. Não dá pra saber quem vencerá hoje e irá disputar a Sagrada Armadura de Ouro!

— Quem terá essa honra? Será Seiya de Pégaso? O lutador que veio do berço dos mitos, diretamente da Grécia? Ou será Shiryu de Dragão, a lutadora chinesa que trouxe a Cólera do Dragão dos Cinco Picos Antigos? Saberemos em instantes!

Os dois entraram juntos, sem suas Armaduras, acenaram para a plateia efusivamente e resolveram o primeiro round em favor de Seiya depois de uma luta sem empolgação. Não houve muito entusiasmo do público, nem dos narradores; houve, inclusive, alguns focos de vaias iniciando-se em alguns pontos da plateia.

Iniciou o segundo round e a história se manteve; um combate morno, de poucas emoções e um resultado óbvio: Seiya caiu para fora da Arena de maneira pouco natural e Dragão venceu a segunda bateria para então o público inteiro vaiar largamente, cantando o retorno do dinheiro dos ingressos e ameaçando irem embora.

Antes do início do terceiro e derradeiro combate, no entanto, os dois foram chamados para dentro do vestiário debaixo de vaias.

Dentro do vestiário, haviam dois senhores de terno andando tensos de um lado para o outro; os demais jovens estavam recolhidos a um canto apenas escutando. E assim que os dois entraram, um maior e careca foi logo esbravejando:

— Dragão, você tem uma visita. Seja rápida. — disse ele com Shiryu e virou-se para Seiya. — Pégaso. Ou vocês lutam direito ou serão os dois desclassificados. Está muito claro que vocês combinaram alguma coisa e estão todos furiosos com vocês.

— Esse torneio inteiro é um grande teatro! — esbravejou ele.

— Levem isso a sério ou serão os dois desclassificados, está claro? — tornou a dizer o homem.

— Isso não é justo! — disse Seiya. — Eu preciso chegar na Final!

— Então lute direito!

Seiya e o homem desataram a discutir e, ao lado de Seiya, Shun passou a argumentar também contra aquele absurdo, temendo pelo amigo não ter a chance de estar na Final junto dele para terem alguma chance de encontrarem suas irmãs.

— Ei. Shiryu! O recado vale pra você também. Serão os dois desclassificados se não lutarem direito.

E assim saiu pela porta, deixando os jovens espumando no vestiário. Shiryu já havia retornado e as palavras daquele homem pouco mexeram com ela, pois ela já estava em choque. Seiya esmurrou um armário afundando o metal contra a parede.

— Idiotas… — reclamou ele.

Havia uma tensão enorme no vestiário quando começaram a piscar as luzes anunciando que logo começaria o terceiro e derradeiro round da luta.

— Seiya… — começou Shiryu de forma muito séria.

— Shiryu, eu não posso ser desclassificado tão perto da Final. Eu não sei como pedir isso, mas…

— Vamos lutar com todas as nossas forças, Seiya. — disse ela muito séria.

— Como? — confundiu-se Seiya.

— É isso que eu falei. Se eles querem uma luta. Então vamos lutar com todas as nossas forças. 

Seiya encontrou nos olhos de Shiryu um fogo enorme, mas também havia um ligeiro sorriso amigável no rosto de quem o desafia para uma disputa irrecusável. Não precisaram dizer muito mais e Seiya sabia que algo naquela visita havia mudado o semblante de Shiryu de maneira determinante.

— Bom, a gente já está sendo caçado mesmo. Já estamos perdidos de tudo. Se eles querem um espetáculo. Vamos dar a eles um espetáculo, Shiryu! — disse Seiya cerrando os punhos.

— Só que eu vou vencer. — anunciou a garota.

— Veremos. — ameaçou Seiya.

Os dois se cumprimentaram antes voltarem a entrar na Arena.

 

—/-

 

As vaias retornaram com força quando Shiryu e Seiya voltaram à Arena; o narrador tentou contemporizar, mas alguns copos inclusive já voavam para dentro da área de batalha.

— Eu não vou mais segurar meu punho, Seiya. Prepare-se.

E os dois então queimaram seus cosmos que manifestaram-se como fogo ao redor de seus corpos; imediatamente calando as vaias do público maravilhados com os efeitos especiais. Ressoando com aqueles cosmos quentes, as duas urnas de Armadura explodiram e de seus lugares veio flutuando dois totens imponentes que romperam-se no ar para cobrir o corpo dos dois jovens. Seiya percebeu que Shiryu tinha um escudo no braço esquerdo.

Imediatamente, investiram um contra o outro de maneira absolutamente feroz; Shiryu mais de uma vez precisou recorrer ao seu escudo para se defender, e por outras vezes, Seiya experimentou a força do punho de Dragão. O som do clangor metálico das Armaduras se encontrando ecoava pela Arena e logo foi acompanhado de um urro de alegria da plateia.

— Parece que voltaram ligados, hein Milene!

— Ah, Rogério. Num dava aquela ladainha do começo, né. Acho que estavam guardando energia. 

— E lá vem a Dragão!

— Que golpe!

Shiryu avançou e com um gancho finalmente quebrou a esquiva do rápido Pégaso para levá-lo à lona com força e o sangue pela primeira vez manchou a Arena. Com um pouco de dificuldade, Seiya pôs-se de pé.

— Seiya, eu vou lhe mostrar o golpe mais forte do Dragão que meu Mestre me esinou nos Cinco Picos Antigos de Rozan.

— A Cólera do Dragão? Ora, Shiryu. Eu já vi você usar esse golpe contra Xiaoling. Até as crianças conhecem. — Shiryu sorriu.

— Só que agora eu vou usar de verdade.

Os longos cabelos de Shiryu tremularam com a força de seu próprio Cosmo que queimava além de seu corpo. Seus braços moveram-se como o vôo de um Dragão ascendente e ela juntou toda a potência do seu corpo em apenas um ponto: seu punho. E rasgou os céus chamando sua força.

— Cólera do Dragão!

Seiya mal viu de onde veio e quando deu por si, pouco antes de apagar novamente, ele voava a uma altura inacreditável no Coliseu.

— Seiya de Pégaso foi arremessado a muitos metros da Arena, que coisa impressionante, Milene!

— Essa Cólera do Dragão é muito mais forte do que aquela da primeira luta.

— Ele quase tocou o teto do domo, mas isso é impossível.

— Se ele cair fora, está eliminado, Rogério!

— Não! Caiu dentro. Mas olha o que está sangrando o garoto.

— Abrimos contagem, Rogério.

— Dez, nove… não, mas ele está se levantando.

No centro da Arena, Seiya com dificuldades foi aos poucos se levantando.

— Eu imaginei que iria voltar à luta, Seiya.

— Sua Cólera do Dragão é realmente impressionante Shiryu. Mas eu tenho um motivo muito forte para continuar lutando e não posso perder aqui.

— Pois então lute com toda a sua força.

Seiya traçou suas estrelas no ar, concentrou seu Cosmo e disparou a chuva de meteoros. O Meteoro de Pégaso!, mas Shiryu usando seu escudo simplesmente bloqueou todos os golpes.

— O que está acontecendo, Milene?

— Não dá pra ver direito, mas no replay em câmera lenta, parece que Shiryu está bloqueando os Meteoros de Seiya usando seu escudo!

— E ele tentou de novo sem sucesso. Os incríveis Meteoros de Pégaso não fazem efeito!

Seiya não podia acreditar que nenhum arranhão havia sido feito naquele escudo maldito.

— Então esse é o famoso Escudo do Dragão? — comentou Shun olhando a batalha.

— Seiya tá perdido. Não tem nada que consegue penetrar em uma defesa como essa. — adicionou Jabu ao seu lado.

— Seiya, o escudo em meu braço esquerdo é muito mais resistente do que as outras Armaduras. — começou Shiryu. — Eu sou de um lugar chamado de Cinco Picos de Rozan, na China, onde existe uma antiga lenda. A Lenda do Deus Dragão. A lenda conta que a grande cachoeira de Rozan nasceu das próprias estrelas que caíram da Via Láctea. E esta Armadura de Dragão dormia no ponto mais profundo da grande cachoeira. Ela é considerada a encarnação do Dragão e passou a eternidade sendo forjada pelas águas celestiais até adquirir o brilho e a dureza que superam aos de um diamante.

O público que vaiou nos dois primeiros rounds, agora mal conseguia respirar de tanta tensão. A vitória de Shiryu parecia sacramentada.

— O Deus Dragão está entre nós Milene.

— E o seu escudo é inquebrável, Rogério! Seiya não tem chances.

— A sua única chance parece ser… talvez ele tenha que destruir o Escudo do Dragão, Milene.

Shiryu deixou escapar um sorriso.

— Mas isso é impossível. — disse ela. — E não é só isso, Seiya. Veja!

Seu punho voou no ar em um soco aparentemente simples, que Seiya bloqueou usando seu braço protegido, apenas para perceber que a sua Armadura de Bronze despedaçou-se e novamente ele foi à lona com ainda mais violência. Pois tanto o Punho, como o Escudo do Dragão eram os mais fortes. A melhor defesa. E o melhor ataque.

— Não há como vencer quando você enfrenta a defesa e o ataque mais forte.

Seiya olhava para Shiryu, confiante, seus cabelos negros espalhados pelo corpo. E pecado ou não, Seiya sentiu seu orgulho ferido por estar perdendo de forma tão decidida. Tão fácil. A plateia gritava o nome de Dragão, de Shiryu, imitavam a Cólera do Dragão e a contagem ecoava nos seus ouvidos. Ele sabia que tinha apenas uma chance se quisesse vencer.

E assim se levantou.

— Shiryu… — começou ele colocando-se diante da Cavaleira de Dragão, absolutamente sem ter levado um arranhão. Sua voz soou confiante. — Eu vou destruir o seu escudo e o seu punho do Dragão!

Um breve silêncio entre os dois; a plateia foi à loucura, Milene e Rogério ecoavam a ameaça valorizando o momento enquanto Shiryu olhava confusa para Seiya. E nos olhos de Seiya, ela julgava ter encontrado os olhos de alguém que havia perdido um pouco da razão, provavelmente depois de tantas quedas violentas no chão.

— O que está dizendo? Está louco?

Seiya não respondeu, mas pulou de forma totalmente desontrolada para cima de Shiryu que defendeu-se com o Escudo arrancando novamente sangue de Pégaso; a investida, no entanto, foi o suficiente para que os dois fossem ao chão desequilibrados. Seiya montou por cima e acertou um, dois socos no braço esquerdo de Shiryu conseguindo assim, soltar o seu Escudo do braço.

Shiryu respondeu com um cruzado fortíssimo de direita no rosto de Seiya que não teve qualquer chance de desviar e foi arremessado para as cordas; seu elmo destruído rolou para fora da Arena.

— Mesmo sem o escudo, eu ainda tenho o Punho do Dragão! — ameaçou Shiryu.

E quando Seiya levantou-se para apoiar-se nas cordas, Shiryu armou sua Cólera do Dragão e desferiu com toda sua força para cima de Seiya.

Uma explosão de luz enorme aconteceu e o som do bronze rachando ecoou nos alto-falantes.

A plateia toda engoliu a respiração.

— O Escudo do Dragão foi estilhaçado! — anunciou Rogério.

A imagem amplificada nos telões não deixava dúvidas: tanto o Escudo como o Punho do Dragão estavam estilhaçados.

Shiryu estava asombrado ao ver que seu Punho do Dragão carregando a Cólera de sua técnica estava rachando da ponta ao braço e à sua frente, Seiya segurando o Escudo do Dragão com as duas mãos à sua frente, também rachado em ruínas.

— Mas… 

A força do impacto fez com que Seiya fosse pressionado contra as cordas e voasse de volta para dentro da Arena finalmente soltando o Escudo estilhaçado para o lado. Shiryu olhou incrédula para o próprio braço destruído.

— O punho mais forte e o escudo mais forte só podem se destruir se… — ela olhou para Seiya. — Seiya, você....

Mas o Cavaleiro de Pégaso tinha muito sangue no rosto, os dois braços machucados e sua armadura seriamente destruída. Foi ao chão estafado.

A contagem novamente começou a soar, e tudo que Seiya podia discernir de seu estado catatônico eram justamente os números descendo. E a cada número que o anunciador contava, ele lembrava de alguém que decepcionaria. Sua mestre Marin. Sua amiga Miho. As crianças que torciam por ele. Shun e os garotos do vestiário. A garota da ponte. E Seika. Lembrou-se do motivo pelo qual ainda lutava. E também ouviu uma voz gritar-lhe acordando-o do que parecia ser um pesadelo.

— Vamos, levante-se Seiya! — vociferou Shiryu.

E novamente ele se levantou com dificuldades. Seu rosto regado a sangue, mas sua mente ainda apta a compreender o que precisava ser feito para seguir adiante.

— Eu não posso perder, Shiryu.

— Então venha me vencer.

Shiryu tirou seu elmo, o que restava de seu punho e a proteção do tronco.

— O que está fazendo?

— A sua Armadura está toda despedaçada Seiya. Não quero vencer um guerreiro desarmado.

— Pois então eu também quero lutar com você em condições iguais.

E Seiya tirou também o que restava de sua Armadura.

— Senhoras e senhores, esse é o ápice da batalha. Esses dois jovens vão lutar sem suas proteções. É inacreditável!

— Tudo pode acontecer, Rogério. Eu não consigo piscar!

Shun invadiu o piso desesperado.

— Vocês estão loucos! Não podem lutar sem suas Armaduras se a luta for séria, isso é loucura! O poder de vocês é sobre-humano, mas os corpos de vocês são vulneráveis como o de qualquer pessoa. Seiya, nós podemos encontrar sua irmã. Não tem necessidade disso! Shiryu! Por favor, parem!

A plateia imersa naquela tensão, sequer ouviu Shun, que não estava microfonado. E ainda que estivesse, nada daquilo faria sentido à eles.

— Veja nas costas da Shiryu! Foquem a câmera nela!

— É um Dragão, Rogério!

— Uma tatuagem fabulosa de Shiryu. É o Deus Dragão na pele dela!

Shun não encontrou resposta entre os dois, pois tanto um como outro, pareciam decididos a se enfrentarem até as últimas consequências.

— O meu Mestre é tudo para mim, Seiya. E eu vou arder o meu Cosmo de modo que ele possa sentir lá da China. — disse Shiryu, deixando escapar uma meia convicção do que a fazia tão forte. Seiya, mesmo perdido, compreendeu parte de sua determinação.

— Eu tenho certeza que ele está muito orgulhoso de você, Shiryu. Espero que ele entenda quando você perder. Meteoro de Pégaso!

A plateia foi à loucura com o golpe, mas Shiryu saltou esquivando dos golpes. 

— Se acha que vou ficar parada recebendo seus Meteoros, está muito enganado Seiya.

— Pois então vamos ver até quando vai conseguir escapar deles!

Mas Shiryu evitava todos os punhos de Seiya, sem exceção.

— Parece que o Pégaso não está conseguindo encaixar seus golpes, Milene.

— É verdade, Rogério. Ele parece muito cansado e um pouco zonzo, talvez isso esteja atrapalhando o Cavaleiro de Pégaso.

— É uma luta bem estudada. Os dois estão no seus limites, senhoras e senhores. E olha a galera, Milene!

— Estão gritando Meteoro de Pégaso com o Seiya!

— Será que vai ajudar?

— Atrapalhar num vai né.

Porém Shiryu continuava desviando de todos os golpes de maneira exemplar.

— Você está muito ferido Seiya. Seus meteoros não atingem a velocidade máxima que você gostaria, apenas alguns chegam próximo disso, e esses são os únicos que eu preciso realmente prestar mais atenção. Os demais, eu posso simplesmente…

E Shiryu foi à lona.

— Shiryu foi atingida! — levantou-se o narrador da cadeira.

— E parece que a galera ajudou, Rogério!

— Mas será? E vem outro Meteoro de Pégaso! E ela caiu de novo! Acho que tá dando certo, Milene!

— A galera tá com o Pégaso!

A torcida vibrava, batia os pés e gritava por seus preferidos.

— O que está acontecendo? Parece que seus Meteoros estão ficando mais perfeitos e precisos, mas como isso é possível? Eu tinha certeza que tinha desviado de todos, mas… se continuar assim, sem a minha Armadura eu não vou resistir a mais um golpe.

— Que luta, Shiryu… — comentou Seiya. — Mas acho que está na hora de acabar com ela.

— Seiya… Seiya, nesse caso, só me resta uma coisa. — disse ela.

— Tem certeza que vai usar a Cólera do Dragão, Shiryu?

Não houve resposta, e Shiryu sentiu um espinhaço subir-lhe frio o corpo.

— Eu sei do seu ponto fraco. A garra do Dragão.

— O quê? Mas… como? Viu a minha técnica uma vez e… 

— Não, Shiryu. Você também usou contra a Xiaoling na primeira luta, não se lembra? Mas aquela era só uma versão de mentira e quando usou a de verdade em mim, eu pude notar a diferença. Para usar a Cólera do Dragão em sua potência máxima, você deixa o seu coração desprotegido. E nesse instante você está vulnerável. É melhor não usar.

— Ainda que saiba do meu ponto fraco, você não tem condições de me acertar no ponto e no momento exato, Seiya. Antes que você pense em fazer, já estará vencido!

— Pois vamos ver então. — ameaçou Seiya.

Shiryu se levantou, montou sua guarda e ascendeu seu Cosmo. Seiya limpou o sangue que lhe escorria do rosto e também fez queimar o universo dentro dele. Um silêncio se instalou no Coliseu inteiro, sequer os narradores ousavam dizer qualquer coisa, pois todos sabiam que era o momento derradeiro.

Seiya tinha o olho fixo na postura de Shiryu; não piscava, seu Cosmo era forte e quando ela realmente baixou a guarda por um instante impossível de contar, Seiya sentiu como se o tempo houvesse parado. E seu punho avançou em um único Meteoro de Pégaso.

Shiryu voou pela Arena, rompeu as cordas e só parou quando destruiu a parede da arquibancada. A tudo isso Seiya não viu, pois ele alçou vôo pelo Coliseu, bateu contra o teto do domo, causando falhas na imagem do Universo e caiu novamente dentro da Arena ensanguentado.

O silêncio permaneceu, pois não estava claro quem seria o vencedor. Seiya estava aparentemente nocauteado, mas Shiryu também estava fora da Arena. Afinal, quem seria o vencedor?

O telão finalmente anunciou o resultado: Seiya de Pégaso era o vencedor. 

A plateia delirou, jogou bebida, gritaram, pularam, se abraçaram. Uma catarse imensa na plateia.

— E que final retumbante, minha gente! — soou a voz do Narrador. — Seiya de Pégaso como é o único competidor dentro da Arena, foi considerado vencedor dessa batalha!

— Eu tô tremendo, Rogério. Que luta incrível! E olha lá…

— Foi a luta mais intensa mesmo. Que bom que os médicos estão sempre atentos para a segurança desses meninos e meninas incríveis.

— Não tentem isso em casa, crianças. — brincou Milene sorrindo.

— Lá vai o Pégaso na maca. Dêem tchau para o nosso vencedor, senhoras e senhores!

Seiya, muito ensanguentado e quase perdendo a consciência era carregado por médicos em uma maca e coberto por um cobertor branco já todo manchado de sangue. A outra equipe, cuidando de Shiryu parecia mais agitada.

— Precisamos levar Seiya imediatamente para o centro médico. Como está a Shiryu? — gritou o diretor médico da equipe.

— Ela… O seu coração parou. — respondeu a médica responsável trêmula.

— O quê?! — assustou-se Shun.

Na confusão que se instalou na Arena, uma garota pulou da plateia para dentro da Arena e foi até a maca de Seiya sendo levado pelos outros médicos. Ela chorava.

— Por favor, salve a Shiryu. — disse ela. — Você é o único que pode salvá-la!

— Moça, ele está muito ferido. — disse um dos médicos.

— Não, por favor, não. — protestou ela. — O Mestre Ancião dizia que o coração que para por um golpe de Cavaleiro pode voltar a bater se receber o mesmo golpe no coração. Por favor, salve a Shiryu!

— Isso é loucura, Seiya já não tem condições. Nós vamos cuidar de Shiryu.

— Ela tem razão. Só o Seiya pode fazer o coração de Shiryu voltar a bater! — disse Shun chegando mais perto.

— Eu lamento, mas Seiya precisa ser cuidado imediatamente.

— Eu quero tentar. — balbuciou Seiya.

— Seiya!

— Vamos Shun, me leve até a Shiryu.

— Ah, Seiya, muito obrigado. — agradeceu a moça.

A plateia não compreendia muito bem aquela movimentação toda na Arena, mas logo os narradores trouxeram a história. Com a voz muito misteriosa, vieram contar.

— Senhoras e senhores. A luta incrível entre Seiya de Pégaso e Shiryu de Dragão alcança contornos dramáticos, pois o coração da Dragão, infelizmente parou. Mas ainda há esperanças! Pois o milagroso Meteoro de Pégaso que selou a vitória para Seiya também é a solução para trazer Dragão de volta à vida. Será que Seiya conseguirá?

Com muita dificuldade, Seiya ficou novamente de pé, sua visão turva e o sangue escorrendo-lhe pelo rosto. Shun correu até Shiryu e a levantou de modo que Seiya pudesse acertar seu coração pelas costas. Jabu cuidou de impedir que a moça fosse para perto de Shiryu.

— Confie no Seiya. — disse ele para ela.

— Seiya. Mire no Punho do Dragão. — Shun puxou o enorme cabelo escuro de Shiryu e todos puderam ver a enorme tatuagem do Dragão.

Seiya armou seu punho com força para superar a dor e potencializar o foco, mas uma mão pousou em cima da dele, de modo que tivesse mais calma.

— Desse jeito você só vai machucá-la ainda mais. — disse a garota. Era Alice.

Ela limpou o sangue no rosto de Seiya e pediu que ele se concentrasse, mas ele caiu de joelhos com muitas dores e muito tonto.

— Parece que Seiya está muito, muito ferido.

— Eu não sei se ele vai conseguir, Rogério.

— Mas olha a plateia. A plateia está com ele.

— Estão gritando o nome dele!

O Coliseu inteiro torcia e chamava por Seiya; Shun notou que a tatuagem do Dragão estava desaparecendo e alertou o amigo.

— Vamos Seiya. Levante-se e acerte o Punho do Dragão antes que a tatuagem suma.

Seiya lembrou-se como Shiryu fez de tudo para que ele se levantasse quando achou que estava perdido. E novamente se colocou de pé e fez voar um único meteoro que era na verdade seu próprio punho, atingindo em cheio a Garra do Dragão da tatuagem de Shiryu. Que junto de Shun foi arremessado de volta para a arquibancada.

Silêncio e tensão no Coliseu.

Shun no entanto rolou o corpo de Shiryu e sorriu para Alice e Seiya.

— Posso ouvir claramente o coração dela batendo de novo. Você conseguiu Seiya.

A garota chinesa largou-se de Jabu e correu então na direção de Shiryu pulando sobre ela de alegria, sendo contida pelo corpo médico que ainda gostaria de avaliar a guerreira.

— Dragão está salva! — berrou Rogério no microfone para uma explosão de felicidade ao redor da plateia. Os telões do lado de fora do Coliseu piscavam com a mensagem de que ela estava viva, e todo mundo invadiu as ruas comemorando.

— Que história, Rogério!

— Talvez eu chore, Milene!

Jack invadiu também a Arena, colocou Seiya nos ombros e o fez comemorar o renascimento de Shiryu antes de entrar pelo túnel dos vestiários.

— Pra onde tá me levando Jack? — perguntou um Seiya totalmente tonto.

— Pro hospital!


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Notas finais do capítulo

SOBRE O CAPÍTULO: A batalha do Ichi, que conhecemos na história eu escolhi manter escondida para criar um mistério sobre um observador externo. =) Eu escolhi falar o Geki de Jack por puro estilo, pois uma vez que ele treinou no Canadá, eu achei que o nome faria todo sentido. No mais, eu gostei de brincar com a ideia de Seiya e Shiryu combinarem a luta e então a produção ficar revoltada e obrigá-los a lutar pra valer. O resto é o que Kurumada escreveu, pois a luta é um dos marcos de Saint Seiya e eu não mudaria o que é perfeito.

PRÓXIMO CAPÍTULO: Axia

Shun vai para a batalha, mas suas correntes o alertam de algo perigosíssimo ao redor!



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