Raise Your Glass escrita por Sakuu-chan


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Boa noite meus amores! Então, essa história era para ter sido postada lá em novembro de 2019 (inclusive a capa foi feita pela maravilhosa @Solune naquela época), contudo, aconteceram algumas coisas e eu acabei não postando porque não tinha finaliza-lo, mas agora entrei numa onde de concluir todos os projetos de ones que falto terminar para postar, e não, não sei quando isso vai acontecer, mas vai ser postado.

Dedico essa história aos amores da minha vida: @amazzon, @saltodevil, @Joyju e @Solune, por todo apoio, palavra de carinho e varias outras cosinhas, vocês são sensacionais ♥

Enfim, espero que gostem, se algo saiu errado, me avisem, porque mesmo revisando, pode passar algo que eu não vi.

É isso, aproveitem.

Nas notas finais deixarei a musica da Pink e o posto no twitter onde está de onde tive a ideia.

Boa leitura.



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A música tocava alto, as pessoas dançavam ao ritmo dela, mas a única coisa que ela queria naquele momento era mandar para dentro mais uma dose de tequila para ver se esquecia o maldito dia que teve e a promoção que não veio, como ela tanto desejava.

Não era como se ela fosse a merecedora de tal promoção, né? Afinal, ela que era a responsável pelos projetos mais bem-sucedidos do escritório, Sakura também concordava que o afilhado do dono da empresa merecia – e era mais qualificado para – aquela promoção que ela, já que ele estava a apenas dois meses no cargo e ela há cinco anos.

Apertou o pequeno copo entre seus dedos e levou-o à boca, deixando o líquido dourado deslizar por sua garganta e a careta invadir sua face.

— Acho que deve ir devagar, Sakura. – Karin, colega de trabalho e amiga, alertou, mas naquele momento, a única coisa que ela queria e precisava era esquecer de tudo, pelo menos, por um instante.

Levantou a mão e chamou o garçom que atendia outra pessoa, quando o mesmo se aproximou com a garrafa de tequila pegou a mesma das mãos do pobre moço e passou a se servir.

— Vamos atrás de uma mesa. – Falou saindo do banco onde estava sentada e olhando em volta, em uma mão estava a garrafa quase cheia de bebida e na outra o pequeno copo de dose fluorescente. Os olhos verdes percorreram rapidamente o local que estava começando a lotar atrás de uma mesa e quase sorriu de alívio ao avisar uma mesa vazia. – Ali.

Apontou para o local e mesmo cambaleante, foi até ele. Tinha que admitir que o álcool já estava começando a fazer tudo rodar e ela estar de salto não estava ajudando em nada os seus passos e desvios das outras pessoas, mas por sorte – e ajuda – conseguiu chegar ao seu destino.

A mesa não ficava num canto afastado, ficava mais próximo a pista de dança, que estava começando a encher por causa da batida animada, mas, ao mesmo tempo, que era próxima, era afastada, Sakura notou que era fixa no chão e o pequeno estofado vermelho fazia uma meia lua. Perfeito para quem queria beber e, eventualmente, dançar um pouco.

Não, ela não soube quantas tinha bebido, a muito ela já não sabia onde estava, sua bolsa? Não fazia ideia, junto com o seu celular. Suspirou e levou o copo mais vez a boca sob os protestos de Hinata – outra colega de trabalho – que havia se juntado a ela e a Karin em um momento que ela não se recordava mais.

— Está quente aqui, não acham? – Questionou retirando o blazer que vestia, ficando apenas com a saia de couro brilhoso acima da metade da coxa e a blusa de alças preta.

— É por causa da bebida, Sakura… – Hinata falou um pouco alto e ela apenas revirou os olhos enquanto se abanava. – Acho que deveria ir mais devagar.

Sua amiga alertou, porém, ela ignorou, começando a dançar de forma desengonçada, em um determinado momento seus olhos verdes caíram sobre a garrafa de bebida à sua frente e notou que precisava de mais, foi neste instante que sua mente deu um pequeno lapso de memória e como se alguém tivesse editados suas memorias, o que aconteceu naquele curto período de tempo, sumiu.

— Oh meu Deus, eu amo essa música. – Gritou levantando-se em um pulo ao ouvir Raise Your Glass da cantora P!nk soar pelos alto-falantes.

Não tardou para Sakura estar de pé, pulando ao lado da mesa enquanto acompanhava a música. Quem a visse, jamais imaginaria que era uma mulher de vinte e sete anos, gerente de comunicação de uma grande multinacional.

Just come on and come on and raise your glass— A maneira desafinada que cantava se misturava a batida alta e as pessoas gritando e erguendo seus copos. – Oh shit my glass is empty, that sucks!

Neste momento seu corpo já não tinha mais domínio, o álcool já tinha se apossado de todo o seu sangue e a única coisa que ela ouvia e sentia eram as batidas da música, seu corpo rodava e não se via mais nada.

A última coisa que ouviu foi um: “Porra Sakura, desce dessa mesa!”. Antes de apagar.

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Soltou um longo gemido quando tentou abrir os olhos e uma dor aguda bateu em seu cérebro. Afundou o rosto no travesseiro e ficou quieta, esperando a dor de cabeça passar e o ambiente parar de rodar.

“Mas que merda aconteceu comigo? Fui atropelada por um caminhão?”

Foi o que pensou enquanto sentia tudo a sua volta rodar ainda mais, mas ela sabia a resposta do caminhão e ele se chamava tequila. Após bons minutos, ela se viu boa para abrir os olhos e sentar-se na cama. Olhou para o local e demorou a reconhecer, mas reconheceu. Era seu apartamento, mais precisamente, em seu quarto.

Mas, como ela havia chegado ali?

Fitou a escrivaninha onde tinha sua bolsa, um copo de suco e aspirinas para sua dor de cabeça. Entortou a cabeça sem entender, quem havia deixado aquilo ali? Não era do feitio de Hinata e muito menos de Karin cuidar dela em suas ressacas após exagerar na bebida quando elas diziam para não fazer, segundo as amigas, aquele era o castigo por ela não as ouvi-las. Entretanto, o que chamou sua atenção foi o pequeno post-it grudado no copo de suco.

Pegou o pequeno papel amarelo e ainda desconfiada, começou a ler.

Foi um prazer conhecê-la, mas preferia ter conhecido sóbria, espero ter essa oportunidade um dia. Tome bastante água. Sasuke. – Mas o que diabos aquilo queria dizer? Quem era Sasuke?

Ficou um tempo encarando o pedaço de papel, até as lembranças começarem a aparecer embaçadas em sua mente e quando tomaram forma, seus olhos se arregalaram.

Flash Back

Sakura não estava ligando se estava dançando de forma desengonçada ou se não tinha a menor coordenação em seus movimentos, a única coisa que ela queria era se sentir livre, extravasar todas as suas frustrações, incluindo a promoção que ela achou que viria, mas não veio.

Sabia que no dia seguinte tinha um almoço com seus pais e que deveria ir mais devagar, mas não conseguia, a frustração não permitia. Parou de dançar e encarou – ou tentou – a garrafa e viu que ela estava quase vazia, ela queria mais.

— Eu vou pegar mais bebida. – Disse enrolada e cambaleante enquanto ia em direção ao bar, ignorando os avisos e pedidos das amigas.

Andar de salto já era um pouco difícil num lugar cheio, mas levemente alterada por causa do álcool, estava ainda dez vezes mais complicado, as pessoas pareciam insistir em ficar em seu caminho, dificultando ainda mais sua caminhada, mas quando chegou ao bar e se sentou, soltou um suspiro de alívio.

Por um instante deixou o corpo relaxar e sentiu o sono bater, mas ela não poderia dormir, chamou o garçom, mas uma bebida apareceu em sua frente, encarou a taça de drink e fitou o dono da mão que a deixou ali.

Uau! Ele era um homem realmente bonito, seus olhos eram negros e pelo que parecia, seus cabelos também, não soube se era impressão sua, mas alguns fios brancos se misturavam aos fios negros, dando um charme a mais, se ele tinha um metro e oitenta, era pouco, o corpo era grande, mas não tanto, na medida certa e pelo que parecia, bem definido.

Não era um coroa, mas também não era um novinho, como dizia Karin.

Mas, o que a manteve ali, encarando-a encantada havia sido o sorriso, pequeno, sem mostrar os dentes, mas charmoso, misterioso e sexy.

— Obrigada! – Agradeceu, mesmo sabendo que não poderia receber uma bebida de estranho, mas naquele momento, o álcool falava mais alto, então deu um pequeno gole.

— Qual é o seu nome? – O homem perguntou ao pé de seu ouvido e ela sentiu seu corpo corresponder a aquela voz rouca e grave.

— Sakura e o seu? – Por um momento ela pensou ter falado o nome errado, mas o sorriso do homem deu uma leve aumentada e ela sentiu que fosse se derreter naquele instante.

Ele tinha um belo sorriso.

— Sasuke, muito prazer. – E Sasuke estendeu a mão, ela sorriu.

— Prazer é todo meu, Sasuke. – O nome dele tinha um tom diferente na sua boca e gostou disso, mas antes de falar alguma coisa a música Raise Your Glass da Pink começou a tocar. – Oh meu Deus, eu amo essa música. – Gritou procurando as amigas.

Agiu por impulso, pegou a mão de Sasuke e cantarolando a música foi em direção a mesa das amigas, encontrando Hinata com seu namorado e Karin fazendo a coreografia, que se resumia a erguer seu copo de bebida, quando estava próximo o suficiente soltou a mão do moreno e abraçou a amiga acompanhando a cantoria.

Não tardou para Sakura estar de pé, pulando ao lado da mesa enquanto acompanhava a música.

Just come on and come on and raise your glass— A maneira desafinada que cantava se misturava a batida alta e as pessoas gritando e erguendo seus copos. – Oh shit my glass is empty, that sucks!

Tudo aconteceu muito rápido, num momento ela estava no chão, no outro ela estava em cima da mesa ao lado de Karin, rindo, cantando e tentando dançar, já que sua coordenação motora havia dado adeus.

Porra Sakura, desce dessa mesa. – Foi Hinata que falou, o medo das amigas caírem falava mais alto.

Ela até responderia, se não sentisse tudo rodar, parou de dançar e antes que pudesse se desequilibrar totalmente, um par de mãos agarrou sua cintura, ajudando-a descer.

— Traz um pouco de água, por favor. – A voz masculina falou e mesmo vendo tudo embaçado, tentou vê-lo.

— Você é muito bonito. – Falou embolado quando ele a colocou sentada e ofereceu um pouco de água, que ela prontamente bebeu.

— Obrigado, você também é bonita.

— Eu acho que vou te beijar… – Sakura falou com a voz mais mansa, movendo o corpo para frente, deixando a poucos centímetros do rosto do homem bonito que ela encarava.

Porém, antes de beijá-lo, o sono bateu e ela não teve forças para driblá-lo, deixou com que ele a engolisse e seu corpo, relaxar.

Para Sakura, a sua noite havia acabado ali, com pequenos flashes onde Sasuke a levou em casa com a ajuda de Hinata e Karin, que a colocaram na cama e o moreno teve a atenção de colocar um suco e aspirinas para sua ressaca, até ela acordar no dia seguinte.

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Puta que pariu! – Saltou de sua boca ao recordar-se das coisas que havia feito, pouco se importando com o latejar de sua cabeça com toda aquela agitação, pegou a bolsa atrás de seu celular e soltou outro palavrão ao se dar conta de um novo fato: ela estava atrasada para o almoço com seus pais.

Saiu da cama em um pulo – mesmo que sua vontade fosse de ficar ali até o resto de sua vida – e rumou para o chuveiro para um banho rápido. Aquele almoço estava marcado a um mês, seus pais fizeram com o intuito de apresentar um colega de trabalho do Haruno a filha – já que eles tinham a incrível mania de querer desencalhar a filha.

Não que ela fosse encalhada, ela só priorizava outras coisas em sua vida.

E ver vinte e cinco chamadas perdidas de seus pais, só constatou o óbvio, ela estava atrasada e ferrada. Muito ferrada.

Só esperava que tudo desse certo nesse almoço. Porém, estávamos falando de Sakura Haruno, dá certo não era uma probabilidade. Ela constatou esse fato ao perceber que teria que pegar um táxi, porque seu carro não quis pegar.

Contudo, Sakura ainda não tinha se dado conta do tamanho de seu azar, por sorte – a única daquele dia –, o dia estava quente e seus pais escolherem um restaurante à beira-mar, assim que chegou ao local, amaldiçoou por ter ido de tênis, mas como não tinha volta, seguiu para o charmoso restaurante a poucos metros dali.

A parte de chegar ao local feito de madeira com detalhes em cores claras e conchas expostas, foi fácil, o difícil seria encarar sua mãe, que assim que a avistou, não demorou em brigar.

— Você está atrasada, Sakura Haruno! – Soltou um suspiro e gemeu baixo, aquele almoço seria longo, olhou para a mesa e só tinha seu pai lhe encarando com os braços cruzados e negando com a cabeça.

Kizashi Haruno já tinha desistido da filha a muito tempo quando o assunto era pontualidade.

— Desculpe, fui dormir tarde por causa do trabalho. – Mentiu descaradamente, esperava que seus pais não sentissem o cheiro de bebida que exalava misturado ao vidro de perfume e hidratante que ela havia jogado em seu corpo para amenizar o cheiro.

— Por sorte o Sasuke não chegou. – Seu pai falou suspirando vendo a filha se sentar na cadeira à sua frente. Por que aquele nome era tão familiar? Porém, resolveu ignorar.

Suspirou e pediu um copo de água com bastante gelo, tudo sob o olhar atento dos pais, levou o copo à boca esperando os questionamentos, mas antes que Mebuki pudesse fazê-los, uma voz masculina grave atraiu a atenção de todos e Sakura virou-se lentamente.

— Desculpe o atraso, senhor e senhora Haruno. – Foi impossível não arregalar os olhos diante do homem de cabelos e olhos negros, o mesmo homem que na noite anterior havia lhe levado para casa.

Foi difícil não se engasgar com isso.

Puta que pariu, e ela achando que seu dia não poderia piorar.

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Pegou o guardanapo de tecido e tentou – inutilmente – limpar a água que tinha escapado por entre seus lábios ao tossir por causa da surpresa e abafar a tosse, fitou o homem mais uma vez e mordeu o lábio inferior.

Seus olhos verdes se arregalaram e o homem, que até o momento não havia lhe olhado já que no campo de visão dele estava em seu pai, a fitou e ela pode notar o brilho de reconhecimento naqueles olhos negros.

— Não se preocupe, minha filha chegou agora também. – Seu pai começou a falar pouco se importando com o clima estranho que havia se instalado, já que nem Sasuke e nem Sakura sabiam o que falar. – Esta é minha filha, Sakura e este é meu colega, Sasuke Uchiha. – Kizashi fez as apresentações.

Se Sakura pudesse soltar um palavrão naquele momento, com certeza soltaria todos os que ela tinha conhecimento, mas a única coisa que ela sabia fazer era fitar Sasuke sem saber o que falar.

— M-Muito prazer, Sasuke. – Praguejou por gaguejar e notou que Sasuke estava começando a se divertir.

E estava mesmo. Na noite anterior, ele encontrou uma garota que realmente chamasse sua atenção após acompanhar um amigo na balada – coisa que não era de seu feitio –, mesmo sabendo que no dia seguinte tinha um almoço com um de seus funcionários para conhecer sua filha.

E sim, ele já tinha percebido através dos inúmeros elogios que o Haruno fazia a filha, que ele queria jogar a pobre garota em seus braços.

Nunca tinha visto uma foto da amada filha de Kizashi, mas pelo que ele falava, era uma moça tranquila, alegre, independente e muito bonita. Porém, isso não lhe atraiu, Sasuke gostava de intensidade e era difícil encontrar alguém que despertasse essa intensidade, por esse motivo, estava disposto a dispensar a filha de seu funcionário no almoço com muita educação.

Contudo, tinha que admitir que ver a mulher que mexeu com ele na balada no dia anterior à sua frente, o surpreendeu. Mas saber que ela era a filha de seu funcionário que ele tecia elogios por semanas, surpreendeu ainda mais.

A noite passada havia sido engraçada, tinha acontecido coisas com ele que jamais pensou que aconteceria um dia, como uma mulher dormir antes de beijá-lo e ele levá-la para casa sem ao menos a ter beijado, como queria. Segundo seus amigos, um fato inesperado, até mesmo para eles.

— Sente-se, senhor Uchiha. – A matriarca dos Haruno falou após dar um cutucão na filha, que estava sentada lhe encarando.

— Chame-me de Sasuke, por favor senhora Haruno. – Pediu sentando-se de frente a Sakura, era óbvio que ele não perderia a chance de encará-la frente a frente após a noite anterior.

Oh não! Foi o pensamento de Sakura ao ver que Sasuke estava sentado à sua frente e com um sorriso cínico, lhe encarando. Sim, ela queria que aparecesse um buraco bem debaixo de seus pés e a engolisse só para fugir daquela situação, mas tinha que manter as aparências, só não sabia se conseguiria.

O clima não tinha como ficar mais estranho do que já estava, Sakura não fazia a menor ideia. À sua frente, estava Sasuke Uchiha, supervisor de seu pai e o mesmo homem que lhe tirou em cima de uma mesa na noite passada. Ela não sabia se gemia de frustração ou se saia correndo. Então ela optou pela opção que não fazia parte de seu plano.

Ficar ali e pedir uma bebida forte, mesmo sob o olhar de protesto de seus pais.

— Garçom... – Chamou o rapaz de avental que passou ao seu lado, fazendo-o voltar. – Um martini, ou melhor, uma dose dupla de uísque. – E ignorando o olhar raivoso de sua mãe pediu, precisava de algo mais forte.

Quando a bebida de Sakura chegou, Sasuke arqueou a sobrancelha e quase gargalhou quando a mulher tomou um longo gole e ao fazer uma careta com o líquido alcoólico que ingeriu soltou um palavrão, se é que a palavra cacete pudesse ser considerado palavrão, e levou um tapa no ombro de sua mãe.

Revirou os olhos quando sua mãe lhe mandou ter modos e tratou de focar no cardápio enquanto seu pai ficava incumbido de distrair Sasuke, que mesmo ela tentando não prestar atenção no moreno, não tirava os olhos dela.

Tirou os olhos do prato que era servido e fitou Sasuke, o mesmo estava com a mesma expressão de antes, lhe encarado com um sorriso cínico como se soubesse de todos os seus pecados, e talvez soubesse, seu pai falava com o Uchiha e fazia questão – desnecessária – de falar todas as qualidades, até mesmo as que não existiam, de Sakura.

Será que seu pai entendia que o que estava fazendo era ridículo?

Sasuke sentiu vontade de rir ao sentir o olhar intenso de Sakura sobre ele, era até engraçado como tinha sorte, a garota que ele estava disposto a dispensar era a mesma que atraiu sua atenção numa balada tri-bêbada e seu pai ainda queria jogá-la em seus braços.

— Sakura, qual foi a resposta para sua promoção? – Seu pai perguntou e ela revirou os olhos, com tal lembrança levou o copo de uísque aos lábios, que já estava pela metade, Kizashi havia tocado num assunto delicado.

— Não quero falar sobre isso. – Foi direta e até mesmo grosseira, era um assunto que ela não tinha vontade de falar, não na frente do cara que a viu pagar o maior vexame de sua vida na noite anterior.

— Minha filha é uma excelente profissional... – Sua mãe tomou a frente quando seu pai se calou enquanto pedia um novo drink. – Trabalha na mesma empresa há cinco anos.

Cinco anos para vir o afilhado do dono da empresa e roubar minha promoção.”. Pensou enraivecida enquanto batia o copo vazio sobre a mesa, fazendo-a balançar, fitou Sasuke e ele lhe encarava com um sorriso pequeno enquanto sua mãe beliscava sua coxa.

— Perdoe minha filha, Sasuke, ela não está de bom humor. – Kizashi falou soltando um longo suspiro.

— Tudo bem, todos temos um dia ruim... – Sasuke falou encarando Sakura que lhe lançava um sorriso forçado e amarelo, deixou o sorriso debochado se formar e a fitou intensamente. – Ou de ressaca.

Seus dedos se fecharam contra o vidro do copo e por um momento Sakura sentiu vontade de arrancar aquele sorriso debochado e cínico de Sasuke com ele, mas manteve a calma e focou-se em sua comida.

O almoço, mesmo com o clima levemente pesado e com pouca participação de Sakura, transcorreu bem ou quase isso, já que durante o mesmo Sakura pediu mais uma dose de uísque enquanto Sasuke a fitava com o maldito sorriso cínico que estava começando a tira-la do sério.

Mas o ápice daquele dia foi com certeza seus pais dizerem as seguintes palavras: "Que tal uma sobremesa para se conhecerem melhor? Nós já estamos indo embora, aproveitem” antes irem embora e deixá-la ali, sozinha, com Sasuke, com o cara que a tirou de cima de uma mesa na noite anterior.

— Acho que deveria ir mais devagar para não subir na mesa, de novo. – Sasuke debochou quando Sakura finalizou o seu segundo copo de bebida com um sorriso debochado.

Foi inevitável não sentir suas bochechas esquentarem com a lembrança, mordeu o lábio inferior e suspirou. Ela se sentia envergonhada, havia feito coisas que não estava acostumada – no caso, era subir em mesas e dançar, não o fato de beber muito – e mais ainda pelo fato do supervisor de seu pai ter lhe visto em um estado de “baixa” dignidade.

— Eu... queria me desculpar pela noite passada. – Começou falando alguma coisa desde que sentou aquela mesa e Sasuke sentou à sua frente. – Eu não estava num bom momento.

— Acontece... – Sasuke comentou se ajeitando. – Mas devo admitir que é a primeira vez que levo uma mulher para casa e não ganho nem mesmo um beijo dela. – Riu quando percebeu que as bochechas de Sakura voltaram a ficar vermelhas.

Sim, ele estava tirando uma com a cara dela e pior de tudo, ele tinha razão e motivo para isso. Que vontade de sumir e se esconder que ela estava sentindo naquele momento. Mas claro, estávamos falando de Sakura Haruno e ela jamais deixaria um cara tirar uma com a sua cara, não tão facilmente.

— Devo admitir também que é a primeira vez que saio com um cara de uma balada e não acordo na cama dele... – O sorriso debochado saiu aos poucos enquanto bebericava sua bebida encarando o choque passar de relance naqueles olhos negros, muito bonitos por sinal. – Devo dizer que foi bem diferente, uma experiencia nova, até.

Foi impossível não sorrir diante das palavras de Sakura, que tinha uma língua afiada, talvez conhecer a filha de seu funcionário não tenha sido algo ruim, ainda mais agora, que ele estava se divertindo tanto.

— Eu queria pedir desculpas pela indelicadeza do meu pai... – Sakura voltou a falar de forma segura e direta, ele entendia o porquê de ela estar falando aquilo e Sasuke também tinha entendido a intenção do Haruno de jogar-lhe sua filha. – Ele parece gostar muito de você.

Sakura odiava quando seus pais davam uma de cupido, aquele não era o primeiro encontro que eles armavam, mas era sem dúvida o primeiro que ela sentiu uma vontade de conhecer, só não sabia se a outra parte também estava interessado nisso.

— Seu pai falou muito de você... – Sasuke começou a falar após o garçom lhe trazer uma bebida que ele havia pedido quando os pais da Haruno se foram. – Ele me disse que você é gerente de comunicação e que estava sendo promovida.

— Realmente, estava sendo promovida, mas o afilhado do dono era mais qualificado. – Soltou sem ao menos perceber tomando o resto de sua bebida sentindo o gosto amargo de uma promoção que ela merecia, mas que não veio.

— Foi por isso que bebeu tanto? – A pergunta saltou antes que ele pudesse prendê-la, Sasuke sentia uma enorme necessidade de conhecê-la mais e a noite anterior era uma incógnita, pois Sakura parecia não ser do tipo de mulher que bebia a ponto de perder o controle.

— Apenas juntei o útil ao agradável. – Deu os ombros porque aquele não era um assunto que ela queria falar, não quando sua cabeça ainda doía por causa da bebida de antes e da que estava ingerindo. – E você, é colega de trabalho do meu pai?

Sakura queria mudar o foco da conversa, ele havia percebido e ela não tinha sido nada sutil nessa tarefa, mas ela também parecia demonstrar interesse em continuar conversando com ele.

— Na verdade, sou supervisor do seu pai. – E pela primeira vez ele se sentiu acanhado diante dos olhos verdes esmeraldinos arregalados da Haruno.

— Quantos anos você tem? – A pergunta foi um pouco mais alta do que ela esperava, mordeu o lábio inferior e sentiu o rosto esquentar enquanto via que algumas pessoas os encaravam por causa de seu “grito acidental”. – Desculpe.

Sasuke riu, aliás, estava ali algo que estava fazendo muito naquele dia, sorrir. E a pessoa responsável por esses sorrisos não era ninguém menos que a mulher que ele tirou de uma mesa. Quem diria.

— Não se preocupe, as pessoas se assustam mesmo quando eu falo que sou supervisor de alguém. – Disse coçando a nuca e sorrindo, foi neste momento que Sakura notou alguns fios brancos se misturando entre os negros, então não havia sido impressão.

— Só falta você me dizer que é afilhado do dono, por isso conseguiu essa posição. – Sakura brincou rindo e fazendo Sasuke rir junto.

— Olha, eu bem que queria, mas sou só um proletariado, como você. – Sakura riu do jeito que Sasuke conduziu sua brincadeira.

E a partir daquele momento, a conversa fluiu sem que eles ao menos percebessem.

— Eu espero te ver outra vez, Sakura... – Sasuke comentou quando estava esperando o táxi de Sakura, o dia havia passado rápido, eles passaram boa parte conversando, rindo e tomando algumas bebidas juntos.

Há muito tempo Sakura não se divertia assim com alguém, de todos os rapazes que seu pai a tinha arrumado, Sasuke foi o primeiro que a fez se sentir confortável para fazer com que aquele encontro, arranjado, fosse mesmo um encontro.

— Eu também, Sasuke. – Disse sincera quando o táxi parou ao seu lado, encarou o Uchiha e deixou um sorriso se abrir mais abertamente. – E da próxima vez prometo não dormir antes de te beijar. – Brincou.

— Não seja por isso. – Sasuke completou e antes que a Haruno pudesse abrir a porta do veículo a puxou e a beijou.

Não, ela não esperava ser beijada, não por Sasuke, naquele momento, mas não deixou de retribuir, suas mãos foram para a nuca do Uchiha, puxando-o para mais perto e o incentivando a continuar com o beijo.

Porque ela não queria parar.

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Três anos depois

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A boate estava lotada, Sakura estava sentada na mesma mesa que anos atras tinha dançado em cima completamente bêbada e o DJ tocava a música Raise your glass da cantora Pink, fazendo com que sua mente voltasse a aquela noite, onde ela encheu a cara por uma promoção que não veio e foi tirada de cima da mesma por um completo estranho.

Só que diferente daquela noite, seus olhos pousaram no homem que se aproximava trazendo consigo algumas doses de bebidas, sorriu e o abraçou quando o mesmo chegou à mesa, Sasuke Uchiha ainda continuava maravilhoso e agora fazia questão de ir com ela para as baladas, porque segundo ele:

— Nenhum homem vai tirar minha noiva de cima de uma mesa por ela beber demais, esse trabalho é meu.

Sim, após aquele encontro na balada e depois no almoço com seus pais, eles estavam noivos.

E Sakura não se arrependia nenhum pouco de ter apagado nos braços daquele homem, do mesmo jeito que Sasuke não se arrependia de tê-la levado para casa sem receber nenhum beijo, afinal, ergam seus copos e brindem, porque o amor é lindo.


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Notas finais do capítulo

Música: https://www.youtube.com/watch?v=BE37sS0OS-s

Baseado em: https://twitter.com/sakuuchanofc/status/1374197556134215680



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