Sugar Heart escrita por Tord


Capítulo 18
Trivialmente precioso


Notas iniciais do capítulo

CHEGEY *Chuta a porta* Hey. I'm Back.... de novo.
Tudo bom, pessoal? Comigo marromeno, levei um esporro da minha supervisora por causa de algo que outro funcionario fez! Ha! Ha! Como eu amo meu emprego.
Ahem, mas deixando os dramas da vida real de lado... Como vocês estão nessa quarentena que ninguém aguenta mais? Continuem lavando as mãos, heim? Usam máscara!
Ahem² Voltei! E dessa vez postei dois capitulos seguidos, olhe só! Tordzin está retomando o ritmo talvez? Talvez não! Infelizmente depende do meu trabalho e da influencia dele na minha inspiração.
Bem, o que importa é que eu estava morrendo de saudade e de voltade de retomar essa fanfic! Alias, todas as minhas fanfics que está paradas. A boa noticia é que eu finalmente tive tempo de renovar a receita do meu oculos e comprar um com o grau certo! O que significa que eu enxergo direito e sem dor de cabeça! Yaaay!
Espero que isso me ajude a postar mais rapido!
Como de praxe, quero sempre agradecer por todo o carinho e apoio que vocês todos tem deixado pra mim nos capitulos não só desta fanfic como nas outras também. Obrigado por toda a paciencia que sem com meus sumissos do nada. Prometo tentar melhorar!
O capitulo de hoje é mais curtinho, mas está bem fofo e escrito de todo o coração! Espero que gostem!!! Boa leitura!

—Tord.



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O próximo dia se inicia e às nove da manhã, Ani que sempre teve o hábito de acordar cedo – Em decorrência de sua vida na fazenda. – ainda se encontrava deitada na cama com os olhos completamente arregalados enquanto encarava o teto. Não havia conseguido dormir, se manteve em um estado de processamento sobre se a noite anterior realmente havia acontecido ou foi apenas um delírio seu. Parte de si acreditava que tudo o que se recordava das últimas horas tivesse sido um mero sonho, embora mal tivesse pregado os olhos devido a sua agitação.

O coração em seu peito ainda acelerava bruscamente a cada vez que a voz de Al voltava a sua mente, juntamente com as lembranças de tudo o que havia acontecido.

"Eu também gosto de você."

Um novo aperto atingiu seu coração, a fazendo balançar a cabeça enquanto sentia seu rosto esquentar de forma semelhante a como havia acontecido na noite anterior.

Virou-se de bruços na cama, abraçando o travesseiro enquanto balançava seus pés como uma forma inconsciente de liberar toda aquela empolgação que corria seu corpo e quando se convenceu de que tentar dormir por mais alguns minutos era inútil, se levantou da cama e caminhou até o banheiro para lavar seu rosto. Feito isso, estava pronta para se reunir com os outros para o café da manhã, porém, no instante que viu sua imagem de relance no espelho, instintivamente parou seus passos e voltou os olhos para si mesma.

—Estranho... – Murmurou.

Ani se achava uma garota bonita e tinha certas vaidades como qualquer outra pessoa, mas nunca foi muito ligada na própria aparência. Não se importava se seu cabelo não estivesse perfeitamente arrumado e nem fazia questão de usar roupas bonitas o tempo todo ou se importava em estar meio suja às vezes. Ainda mais levando em conta que gastava boa parte de seu tempo treinando ou trabalhando, então era difícil estar sempre impecável.

A questão era que Ani se sentia bem da forma que era fisicamente e nunca havia se importado em "Parecer bonita", mas desta vez, ao encarar seu reflexo simplesmente parecia que tudo em si estava fora do lugar! Começou ajeitando uma mechinha de cabelo aqui, outra ali, o prendeu de um jeito, soltou e prendeu de outro, uma ajeitadinha nos pelinhos das sobrancelhas, uma analisada nas roupas que vestia...

—AAAAH! SE ACALME! – E a ansiedade vence. – E-E-Está tudo bem! É só outra manhã! Não tem nada de mais! Nada de mais! Você vai lá e vai tomar café e vai conversar com todos como sempre faz! Está tudo sob o controle! Não tem porque ficar nervosa! – Encarou seu reflexo no espelho com determinação, embora seu rosto estivesse todo vermelho. – .... M-Mas... Minha franja sempre foi tão bagunçada assim?

—Ani-san~

—GAAH!

Ani dá um salto devido ao susto e imediatamente se vira para porta onde estava Garfiel – O mecânico que automails recomendado por Dominic para treinar Winry. – com um sorrisinho divertido no rosto. Vendo aquele sorriso, numa tentativa muito ruim de disfarçar o que fazia, ela leva suas duas mãos para o espelho, como se tentasse esconder o próprio reflexo.

—G-Garfiel-san! B-Bom dia! – Há quanto tempo ele estava aliii? — V-Veio cedo!

—Bom dia, querida! Eu jamais recusaria uma fatia de bolo da Satella! Por sinal, o café da manhã já está na mesa! – Se recosta no batente da porta. – Por que está demorando tanto?

—O-Oh! P-Por nada! – Volta a olhar para seu reflexo, tentando parecer mais relaxada do que sua expressão entregava. – E-Eu só não estou conseguindo dar um jeito no meu cabelo.

Garfiel se aproxima ainda com o mesmo sorriso divertido no rosto, andando até que pudesse espia-la por cima do ombro, também encarando o reflexo no espelho. Com um olhar espertinho, Garfiel levou as mãos até os cabelos dela, soltando as mechas castanhas e as deixando cair livres por suas costas. Ani observa as ações dele em silêncio, ainda com o rosto vermelho e se perguntando se ele havia percebido alguma coisa.

—Cabelo solto, minha querida! – Encara o reflexo dela. – Uhum! Está perfeita assim! - Piscadinha.

—A-Acha mesmo? – Sorri toda sem graça.

—Mas é claro! – Delicadamente, Garfiel leva suas mãos até os ombros de Ani, chegando pertinho de seu ouvido para sussurrar. – Agora me diga, quem você está tentando impressionar? O loiro baixinho ou o grandão de armadura?

—E-E-EH?! N-N-NINGUÉM! – Já roxa de vergonha. – E-E-EU SÓ QUERIA ME SENTIR BEM!

—Aham, claaaaro! – Revira os olhos, risonho. – Meu bem, eu reconheço uma garota apaixonada de longe!

—N-Não estou tentando impressionar ninguém! – Ani leva suas mãos para cobrir suas bochechas, tentando esconder um pouco a cor rubra de seu rosto.

—Oook, então! Maas... Só pro caso de haver alguém aqui tentando impressionar alguém... – Garfiel busca algo em seu próprio bolso e assim que o encontra, abre um sorriso maior, deixando o objeto acima da penteadeira à sua frente. – Talvez isso ajude! Pense nisso!

Todo risonho e sabido, Garfiel deixa o cômodo, enquanto Ani mantinha o olhar paralisado no pequeno objeto à sua frente. Aquilo era o que pensava que era..? Lentamente, ainda custando a crer no que Garfiel havia lhe dado, pega o objeto e cuidadosamente retira sua tampa, girando a base do mesmo e revelando para si a suave cor avermelhada do batom que tinha em mãos.

—Oh... – Instantaneamente virando um pimentão. – E-ESPERA, NÃO! E-E-EU NÃO POSSO USAR ISSO! FICARIA MUITO NA CARA! – Devolve o batom para a penteadeira enquanto cruzava seus braços. – Na-na-não. – Balançando a cabeça. – Eu nunca usei maquiagem! Com certeza irão reparar! Nem pensar! – Decididamente, Ani dá as costas ao objeto e caminha em direção a porta.... Mas para logo antes da entrada. – ... – Lentamente vira sua cabeça para a penteadeira. Ani encara o batom, o batom encara Ani. – H-Hm... – Voltando à passinhos arrastados. – T-Talvez... Eu pudesse... E-Experimentar? Ver como fica. P-Por que não?

Com mais alguns segundos de hesitação, Ani finalmente pega o objeto e desajeitadamente desliza o batom sobre seus lábios, depositando a cor sobre seus lábios de forma muito suave, pois ainda lhe preocupava que ficasse tão na cara que havia se arrumado um pouquiiinho mais naquela manhã.

Quando terminou, encarou seu reflexo no espelho e imediatamente corou um pouquinho com sua imagem refletida, na qual logo se pôde enxergar um sorriso tímido formando-se.

—A-Ah... F-Ficou bonito... – Seu sorriso aumenta. Novamente as lembranças retornam a sua cabeça e seu rosto esquenta outra vez.

Estava nervosa. Todos aqueles sentimentos e situações eram tão novos para si... Não sabia ao certo como agir a partir dali. Era difícil pensar racionalmente com um coração tão acelerado em seu peito, mas, precisava ir em frente.

—O-Ok, Ani! V-Você consegue!

Ainda beeem mais introvertida que o normal, Ani saí do quarto, caminhando em direção a onde os demais tomavam o café da manhã, se esforçando para agir como sempre e não levantar nenhuma suspeita.

—B-Bom dia!

—O que passou na sua boca? – OH NÃO!

Paninya não perde tempo em colocar todo o disfarce de Ani abaixo, a questionando justo sobre o que estava tentando esconder e simplesmente brotando ao seu lado do nada, a fazendo dar um pulo de susto.

—A-Ah! I-Isso.... B-Bem... Ern...

—Aaah! Isso? Hoje de manhã eu não conseguia me decidir sobre qual deveria usar, então pedi para que Ani-san experimentasse para que eu pudesse ver a cor! – Garfiel explica.

—Oooh! Entendi! – Sorri, parecendo convencida. – É uma cor muito bonita!

Paninya se afasta sorridente, voltando a se concentrar em seu café, enquanto Garfiel dá uma discreta piscadinha à Ani, que sorri agradecida, ainda meio tímida.

—Bom diaaaa...

A voz mau-humorada e bocejada de Ed faz todos os instintos de sobrevivência de Ani despertarem de uma só vez e ela trava por um momento, precisando de alguns segundos para engolir seu nervosismo e olhar para ele, ou melhor, eles.

Bom dia, Ed!

O loiro apenas responde com outro bocejo e um aceno de sua mão e vai até a mesa, mais interessado em comer do que em bons modos.

Ao levantar o olhar para o outro recém-chegado, Ani ficou alguns segundos perdida em pensamentos sem dizer nada, assim como Alphonse que também a encarava de volta. As lembranças os atingiram como uma bala e na mesma hora foram preenchidos pelas nítidas memórias da conversa que tiveram.

Foi desnecessário dizer que Alphonse imediatamente percebeu a discreta mudança em seu visual e menos ainda que agora a encarava feito besta. A aura cor de rosa em torno deles foi notável para todos no recinto, acabando com qualquer intenção de Ani de agir como se nada tivesse acontecido. Uma pessoa a quilômetros de distância saberia que algo havia acontecido entre eles.

—Bom dia.

—B-Bom dia, Al.

Continuaram por mais alguns segundos sorrindo um para o outro até acordarem para vida e disfarçarem muito mal, fingindo que nada tinha acontecido. Ed, que encarava a cena com uma sobrancelha erguida, teria rido do momento cômico, mas seu mau humor matinal o fez apenas ignorar a situação e continuar comendo. Algo estava diferente, mas com certeza saberia dos detalhes mais cedo ou mais tarde.

Ainda sem graça, Ani se vira em direção a mesa para finalmente tomar seu café, mas interrompe seus passos quando sente um leve toque em seu braço, que a faz instantaneamente volta seu olhar para Al, o encarando com uma expressão questionativa.

—Está bonita. – Sussurou.

Al havia percebido o batom, havia percebido o cabelo e havia percebido o nervosismo incomum dela e embora tivesse medo de estar sendo pretensioso demais em supor que ela estava daquela forma por sua causa, Alphonse sentiu que não deveria deixar aquilo passar em branco. Mas quando fez aquele elogio tímido e baixinho, para que apenas ela ouvisse, não esperava ser presenteado com aquele sorriso radiante que ela exibiu para si e que instantaneamente fez sua alma derreter da mesma forma que havia feito na noite passada.

—O-Obrigada.

Tentando conter a própria ansiedade, Ani se senta para comer ao lado de Winry, que imediatamente também percebe seu comportamento estranho.

—Está tudo bem? Eu ouvi você se mexendo na cama várias vezes ontem a noite.

—S-Sim. Só tive um pouco de dificuldade em dormir! Mas estou bem! – Se servindo de um pão com manteiga. – E você? Dormiu bem, Winry-chan? Espero não ter te atrapalhado.

—Eu também demorei pra cair no sono, mas não foi por sua causa. Eu estava ansiosa pensando em tudo que vou aprender em breve! – Winry estava determinada. – Só estou meio chateada que vamos nos separar hoje.

—Ah, sim, eu também. – Sorri de volta para ela. – Mas pense pelo lado bom, isso quer dizer que quando nos vermos de novo, vai poder me contar tudo o que aprendeu por aqui!

Com o comentário feito por ela, Winry sorri mais largo, concordando com a cabeça.

—O mesmo com você. Só tentem não se meter em mais confusões. – Risos.

—Beem... Eu prometo tentar!

—x-

Surpreendendo zero pessoas, o grupo precisou correr para pegar o trem para Dublith, tendo que literalmente pular e se agarrarem às grades do último vagão para que assim não tivessem sua viagem adiada até o dia seguinte, quando teria um próximo trem.

Após encontrarem um comissário de bordo e entregarem suas passagens, finalmente puderam se sentar em seus lugares para recuperar o fôlego.

—Uuuuhg foi por pouco... – Ani resmunga ofegante.

—Se alguém não tivesse dormido tanto. – Ed rebate.

—Êi! – Bate as mãos na mesa. – Até onde eu me lembro, você levantou depois de mim! – Franze o cenho. – Além disso eu não sou sua mãe pra precisar acordar você!

—Tá, tá. – Ed resmunga, tapando seus ouvidos. – Isso me lembra... Por que não me acordou também, Al? Mal consegui comer!

—O-Oh... Hm... Eu me distraí com meus próprios pensamentos, eu acho. – Ed arqueia a sobrancelha. – A-Acho que foi por causa de ontem. Nunca tinha ajudado em um parto antes, por mais que não tenha feito muita coisa.

Novamente, Ani precisa disfarçar seu nervosismo enquanto se questionava se aquela era realmente a única coisa que o havia distraído. Mas Ed pareceu convencido com a resposta do irmão.

—Ah, isso. Eu também fiquei um bom tempo pensando sobre isso antes de dormir.

—Pff... Eu fiquei aliviada por tudo ter dado certo. Partos podem ser perigosos se não correrem conforme esperado.

—Que bom que deu tudo certo então. – Ed comenta com uma feição assustada, fazendo Ani rir.

—x-

Após alguns minutos dentro do trem, Edward não demora a cair no sono. Depois de toda a adrenalina da noite anterior, tinha dormido durante apenas poucas horas e embora a experiência que teve não o deixasse se arrepender disto, sua falta de sono começava a se mostrar em seu organismo.

Enquanto o mais velho cochilava, os outros dois mantinham um silêncio meio sem graça entre si. No entanto, aquela leve ansiedade que experimentavam não era algo que classificariam como um sentimento ruim. Na verdade, era algo até divertido.

Aquele silêncio perdurou por vários minutos, até que um deles decidisse por fim a ele.

—Por quanto tempo vai evitar olhar diretamente pra mim?

—N-Não estou fazendo isso. – Ani mantinha seu olhar na paisagem da janela.

—Hm... – Não parecendo muito convencido.

—Hm! – Resmunga de volta.

E os dois acabam rindo simultaneamente após um breve silêncio.

—Desculpe se eu não sei como agir, tá bom? Eu não tava planejando te dizer nada ainda! Mas daí você veio com aquela conversa de "Nunca ninguém vai me amar, bububu"! – Fazendo uma voz ensaiada só para brincar.

—Eu não falo assim!

—Fala sim. – Alphonse revira os olhos. – O que quero dizer é que... – Hesita por um momento. – Eu não sei como devo agir com você agora. Se eu tenho que agir diferente, ou algo assim...

Alphonse por um momento volta seu olhar para seu irmão, só para ter certeza de que ele realmente estava dormindo. Não tinha problemas em compartilhar aquele tipo de assunto com Ed, mesmo que fosse um tema inusitado entre eles e isto o deixasse um pouco sem graça. Apenas não pretendia que seu irmão soubesse daquela forma.

—Na verdade eu também não sei.

Ani sorri.

—É reconfortante saber que também está perdido.

—É claro que estou. Eu nunca falei sobre esse assunto seriamente antes.

—"Sériamente"?

—Bem, eu já briguei com meu irmão sobre quem se casaria com a Winry.

Ani gargalha ao ouvir aquela história novamente.

—Sabe... Eu estou meio cansada... "disso". – Balançando as mãos acima de si. – Desse... clima. Digo, hm... Nós não precisamos ficar diferentes um com o outro ou falar sobre isso... Agora. – O encara. – Além disso, eu te conheço bem o suficiente pra saber que as coisas que me disse ontem ainda te preocupam... Não é?

Alphonse baixa seu olhar.

—Um pouco. Ainda é um pouco difícil pra mim acreditar que você realmente falava sério.

—Por que? – Arqueia a sobrancelha.

—Bem porque... Eu nunca percebi que você pudesse me olhar assim.

—Al, se você começar com aquele papo de novo...

—Não, não é isso! É que desde o começo você sempre foi uma pessoa muito abertamente... Afetiva. Então eu nunca consegui perceber algum comportamento diferente comigo.

—Isso porque eu não tinha motivos para agir diferente com você. – Sorri levemente. – Eu me sinto confortável para ser o que sou quando estamos juntos. Eu só fiquei um pouco nervosa hoje porque... Bem, agora você sabe. E eu também não esperava que você se sentisse assim sobre mim, ao menos, não nesse momento. – Al a encara num ar questionativo. – Eu sei que vocês dois estão focados nessa jornada e que esse provavelmente seria o único foco que vocês teriam no momento, então eu não queria distraí-los desse objetivo de alguma forma.

Al ri levemente. Lá estava novamente aquele traço de sua personalidade que foi um dos primeiros que o fez gostar tanto dela: O altruísmo. Ani sempre tinha o hábito constante de se preocupar com o bem-estar das pessoas a sua volta e embora a exacerbação deste hábito em algumas ocasiões fizesse com que Alphonse não conseguisse se decidir se o achava um traço positivo ou negativo.

—E pretendia esperar quanto tempo?

—Eu não sei ao certo. Eu acreditava que saberia quando fosse o momento certo.

—... E quando começou? – Ani arqueia a sobrancelha. – Por que... Eu?

Ani fica em silêncio por alguns segundos, suspirando discretamente enquanto parecia pensar numa resposta para aquela pergunta. Era uma pergunta difícil de se responder, ainda mais quando ela também estava experimentando daquele sentimento inusitado, mas Al parecia precisar de uma resposta.

—Eu não tenho nenhum motivo profundo para gostar de você.

Alphonse trava por um instante. Não sabia ao certo o que estava esperando quando fez aquela pergunta, mas com certeza não era essa resposta.

—Oh... Entendi. – Parecendo meio confuso.

—Eu gosto de você simplesmente por você ser você. – O maior a encara, vendo ela sorrir suavemente. – Eu gosto da forma como me sinto quando estamos juntos e também gosto da pessoa que você é. – Seu sorriso aumenta. – Eu não acho que as pessoas gostem de outras por causa de um único detalhe ou evento. Eu acho que é uma junção de várias pequenas coisas. – Desvia seu olhar. – Se você me dissesse que gosta de mim por um único motivo... Eu ficaria um pouco insegura porque isso faria parecer algo tão frágil. – Ri de levinho. – Eu também não sei dizer quando foi que comecei a gostar de você, só... Quando eu percebi, eu já gostava muito.

Novamente Alphonse trava, mas não da forma estranha de antes. Dessa vez, um calor semelhante ao que havia sentido na noite anterior o atingiu novamente. Sempre pensou que seria incapaz de sentir qualquer tipo de calor enquanto estivesse confinado naquele corpo frio, mas aquele estranho calor "não-palpável" que sentia quando ela estava em sua companhia já havia se tornado uma de suas pseudo-sensações favoritas.

—Entendi... – Encara a mesa, murmurando num tom acanhado, porém contente. – Comigo foi parecido.

Um silêncio a princípio confortável se instala entre eles, porém em alguns segundos, Al percebe que aquele silêncio estava um pouco longo demais e volta seu olhar para ela, ficando um pouco confuso ao ver ela com o rosto completamente vermelho encarando algo a sua frente. Acompanhando o olhar dela, Alphonse também olha para frente e no mesmo instante tem um sobressalto.

Ali, mantendo um olhar e um sorriso divertido em seu rosto, Edward os encarava, com os braços cruzados e 100% acordado, fazendo com que os outros dois travassem totalmente.

—N-N-Nii-san!

—Oi.

—...

—...

—...

Ani se levanta bruscamente e tendo em vista que com Alphonse sentado ao seu lado e a mesa à sua frente suas rotas de fuga eram limitadas, simplesmente mergulha debaixo da mesa para escapar. Voltando às origens.

—E-E-EU VOU AO BANHEIRO!

Após Ani simplesmente abandonar o navio e fugir para o banheiro, Alphonse continua encarando seu irmão atônito, que não parecia nada atordoado com a fuga de sua aprendiz e continuou a encará-lo.

—Então é por isso que estavam agindo estranho hoje de manhã.

—... O-O quanto você ouviu?

—O bastante. – Silêncio constrangedor. – Que bom, não é? – Al encara o irmão, um pouco surpreso. – Fico feliz em saber.

—... Você já tinha notado.

—Óbvio que já tinha! Eu sou seu irmão! – Leve riso. – Só não sabia o que ela pensava sobre isso. Como você mesmo disse, era difícil identificar esse tipo de coisa vindo dela. – Al estremece levemente por ele ter ouvido aquilo. – Embora... Uma vez eu já tenha meio que conversado com ela sobre isso.

—Q-Que? Como assim?

—Eu só comentei que estava feliz por a ter por perto, porque ela parece te fazer bem.

—Quando isso?

—Quando estávamos no hospital. – Ed se espreguiça, bocejando preguiçosamente. – O que aconteceu entre vocês enquanto eu não estava vendo pra saírem daquele "chove não molha" eterno?

Ignorando a provocação de Ed, Al se coloca a pensar sobre como poderia responder àquela pergunta. Não estava habituado àquelas conversas.

—Oh, hm... Só... Sentamos pra conversar ontem e eu fiquei um pouco inquieto com algumas coisas e acabei soltando algumas outras coisas também e daí ela também disse mais coisas e... C-Cá estamos?

Al volta a olhar para o irmão com a esperança de que ele conseguisse retirar alguma informação daquela explicação sem pé nem cabeça, mas Edward apenas encarava o irmão com o cenho franzido e uma feição confusa.

—Eu não entendi nada.

Al suspira. Claro que ele não entenderia bulhufas com aquela explicação nada especifica.

—Quer dizer que estão juntos agora? – Ed apoia sua cabeça nas mãos.

—"Juntos"?

Ed arqueia a sobrancelha.

—Namorando...?

Alphonse tem um sobressalto, claramente constrangido com a pergunta.

—E-E-E-Eu não sei! E-Eu nem tinha pensado nesse assunto e nós nem falamos sobre isso ainda.

Com a resposta constrangida de seu irmão, Edward apenas abre um sorriso divertido e encara o teto balançando a cabeça negativamente, parecendo achar o nervosismo de Al engraçado.

—Ok, entendi! Não precisa ficar tão nervoso! – Volta a encará-lo. – Só estou feliz por você. – Al o encara. – ...Mas se ficarem tendo essas conversas água-com-açúcar perto de mim o tempo todo eu vou deixar os dois pra trás.

Al encara o irmão por alguns segundos, não conseguindo evitar de rir com aquela frase.

—Bem, se você tivesse avisado que estava acordado não precisaria ter ouvido nada daquilo! – Retruca, recebendo um "dar de ombros" como resposta.

Não demora muito para Ani retornar, caminhando roboticamente de volta à mesa ainda com o rosto avermelhado e tentando horrorosamente parecer natural.

—D-Desculpa. A natureza chamou e não se nega o chamado da natureza. – Tenta justificar sua saída "discreta", voltando a se sentar ao lado de Al, desta vez de forma mais civilizada e dando tempo para o maior se levantar e assim ela pudesse ocupar seu lugar.

—Ah, claro. – Edward responde a encarando, não parecendo muito convencido.

Vendo sua aprendiz evitar contato visual com qualquer um dos dois, Ed tem um pequeno monólogo interior sobre se deveria continuar se divertindo incomodando aos dois, mas opta por deixar o assunto de lado, tendo em vista que eles ainda pareciam ansiosos com o tema e que não se importava tanto assim.

—De qualquer forma, logo vamos chegar em Dublith. – Começa a mudar de assunto. – Temos que nos preparar para como vamos lidar com a sensei.

—Oh, sim. – Al tenta se desviar do assunto também. – Nii-san, acha que ela vai notar...?

—...Notar o que? – A curiosidade de Ani fala mais alto que o constrangimento.

—Ela não sabe nada sobre o que aconteceu com a gente. – Al explica. – Ela não sabe que estamos... Desse jeito.

—E-Eh?! – Surpresa. – E ai? Como vão fazer?

—Bem, se ela notar... Estamos perdidos. – Ed responde com um sorriso nervoso.

—Vocês pretendem manter isso em segredo? Sabem que não vão conseguir guardá-lo por muito tempo! Ainda mais sendo ela uma alquimista também!

—Vamos manter pelo tempo que for possível.

—V-Vai entender quando a conhecer. – Al comenta ao ver a expressão confusa dela.

—Mas, se continuarmos vivos, quero também perguntar a ela sobre você. Você está bem com eu falando sobre você com ela?

—Oh. – Ani parece meio insegura. – Você irá falar sobre tudo?

—Talvez. Se parecer relevante.

—Bem... Se acha que isso vai ajudar, por mim tudo bem. Eu confio em seu julgamento.

—Ótimo. Espero que ela consiga enxergar alguma coisa que eu deixei passar.

—Eu também espero que sim. Se ela não conseguir me desvendar, acho que ninguém consegue!

—Eu deveria me sentir ofendido? – Ed franze o cenho.

—N-Não! – Abre um sorriso sem graça. – Eu só quis dizer que eu tenho grandes expectativas ao conhecer ela. Afinal, ela é sua mentora! – Encara Alphonse. – Por que eu nunca ouvi falar nada sobre ela?

—A Sensei é do tipo discreto. – Al explica.

—Do tipo brutalmente discreto.

—Bem, depois de tudo o que tive que enfrentar para virar sua aprendiz, eu não temo mais nada! – Levata o queixo, num ar orgulhoso. – Espero poder aprender com ela também!

—Vamos ver se vai continuar a falar assim depois que a conhecer. – Diz Edward num tom maldoso. – Mas, antes disso, quero ao menos ter uma última refeição antes de morrer. – Afirma enquanto pegava um cardápio no canto da mesa. – Vamos pedir almoço.

—Almoço! – Ani comemora, levantando seus braços.

—Mas vocês praticamente acabaram de tomar café da manhã!

—Uma mordida de bolo e um gole de café não é uma refeição, Al!

—Assino embaixo! Uma refeição é feita de grãos, carne, salada e sobremesa. – Ani encara Edward que no mesmo instante arqueia a sobrancelha. – Sem sobremesa.

Ed revira os olhos.

—Desde que seja algo barato.

Dando uma dançadinha em comemoração e abrindo um grande sorriso, Ani pega um outro cardápio para escolher o que comeria.

—Eu pago o que beber, então! – Edward a encara novamente, a fazendo franzir o cenho. – Que foi? Eu não tive tempo de conseguir nenhum bico nos últimos dias! E além disso eu ajudei um bebê a nascer! Eu mereço, tá?

Al nem tenta segurar o riso diante daquela fala.

—Parece justo, Nii-san.

—Muito justo! – Reforça.

Ed suspira.

—Ooook. Você venceu! Peça o que quiser.

Ed volta a se concentrar no cardápio e Ani faz o mesmo enquanto ria do mau-humor dele num ar divertido.

Enquanto passava seus olhos pelas opções, desvia o olhar por um momento para Al, percebendo que ele também espiava o cardápio por cima de seu ombro, demorando alguns segundos para perceber que ela o encarava.

—Tudo bem? – Al questiona ao ver que era observado.

—Sim, eu só estava pensando... – Seu sorriso aumenta. – Sabe aquele seu caderno? Aquele onde você escreve as coisas que quer comer depois que recuperar seu corpo?

—O que tem ele?

—Pode emprestá-lo? Quero fazer uma contribuição!

—Oh. – Meio confuso. – Claro.

Al alcança o caderno que ela havia mencionado e o entrega a ela. Imediatamente Ani pega a caneta que ficava acoplada ao caderno e começa a escrever na primeira linha em branco que encontrou. Alphonse e Edward se entreolham, curiosos sobre que tipo de ideia ele havia tido.

—Pronto! – Declara após alguns poucos segundos, virando o caderno a eles. – Quando Al recuperar seu corpo nós vamos fazer uma looonga viagem de trem e iremos provar TUDO o que estiver no cardápio!

Al encarava a letra dela em seu caderno, precisando de alguns segundos para assimilar aquela sugestão, logo soltando uma leve gargalhada, claramente aprovando a ideia.

—Não acha que até lá vai estar um pouco cansada de trens?

—Não! Eu acho uma ótima idéia! – Responde facilmente, voltando-se para Edward. – E até lá eu com tooooda certeza serei uma alquimista incrível, então vai ser tudo por minha conta, tá?

—P-Pff! – Ri também. – Mas eu nem disse nada.

—Mas pensou que eu sei.

Ani devolve o caderno para Al enquanto Edward revirava com um sorriso divertido em seu rosto.

—Eu iria adorar poder fazer isso! – Afirma num ar empolgado.

—Quero ver se vai gostar quando souber o que é ficar com a bunda quadrada depois de horas sentado.

—Oh, sim. – Ani franze o cenho. – Essa parte é ruim!

—Nah, eu acho que consigo aguentar!

Edward aumenta seu sorriso ao ver Alphonse se divertindo com o assunto, sentindo-se feliz ao notar como seu irmão parecia gostar da ideia e se alegrar tanto simplesmente em pensar naquela possibilidade.

O tom sonhador de seu irmão sempre que falava sobre a lista de comidas que queria provar ou re-provar quando recuperasse seu corpo, ou qualquer assunto relacionado à vida que retomariam ao fim daquela jornada, sempre era combustível na determinação do mais velho. Edward sentia-se aliviado por ver aquela parte de Al ainda ali, sendo capaz de alegrar-se com possibilidades tão triviais para a maioria das pessoas, mas que sabia que eram inestimáveis para ele.

Edward sentia-se grato por aqueles momentos triviais. 

 


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Notas finais do capítulo

Você gostou do capitulo? Não gostou? Tem alguma sugestão, pergunta ou elogio? Se sua resposta a alguma dessas perguntas for "sim", por favor deixe seu comentário aí embaixo! Isso me incentiva muito a continuar com meu trabalho!
Dá uma conferida lá no meu instagram, onde eu posto o andamento da escrita dos capítulos e também posto umas coisas nada a ver e uns desenhos que eu faço as vezes. ;) https://www.instagram.com/tord_thewriter/
Até o próximo capitulo!

—Tord.



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