O Dia em Que... (Coletânea de Oneshots) escrita por Vanilla Sky


Capítulo 4
O dia em que Wanda fez uma poção.


Notas iniciais do capítulo

Boa noite, amados e amadas! Conforme prometido, uma oneshot na terça-feira. Desculpem que só pude postar agora; mas, felizmente, a minha escrita fluiu bastante e eu consegui finalizar a história! Acho que foi a maiorzinha até agora ♥
Tenho que dizer sobre o processo criativo dessa história. Eu sempre escrevia de noite, pelo celular, antes de dormir, geralmente depois de ler algumas páginas de um quadrinho. Por falar em quadrinho!! Ontem chegou o meu Caminho das Bruxas, a edição volume único em português. Eu já tinha a coletânea em inglês, os três volumes fininhos, mas fico feliz de ter a versão brasileira também ♥
Comecei a ler O Desafio Celestial, e Rox, como eu estou ansiosa para falar dessa hq com você! A começar que uma das primeiras cenas já é a Wanda com ciúme AUSHAUSHUH ♥
Enfim, boa leitura! Nas notas finais, falo um pouco mais sobre a história.



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Uma brisa fresca adentrou um quarto escuro no segundo andar do Complexo dos Vingadores através de uma fresta na janela com somente um pequeno pedaço aberto. Uma figura frágil estremeceu sob o lençol e abriu os olhos; utilizou de uma rajada vermelha escapando das pontas dos dedos para fechá-la, porém, devido ao sono, suas esferas de energia não foram capazes de realizar o ato. Uma, duas tentativas, e nada da janela fechar.

Wanda Maximoff levantou, irritada, e acendeu um abajur na cabeceira da cama para iluminar o caminho até a vidraça triangular. Usando uma blusa de pijama cor de vinho, calças compridas e pantufas, esticou os braços para fora e sentiu o frio cortar sua pele alva enquanto fechava a trinca, cessando o vento, juntamente do seu sono. Subitamente os seus olhos, verdes como a floresta iluminada pelo sol da manhã, estavam abertos iguais aos de uma coruja na calada da noite, e ela não sentiu qualquer vontade de deitar para novamente adormecer. O relógio digital junto do abajur marcava perto das duas da manhã.

Era uma boa hora para uma xícara de chá.

Depois de buscar um casaco sobre o puff em frente ao colchão, Wanda caminhou pelo corredor do único lugar que reconhecera como lar nos últimos meses e desceu um curto lance de escadas, seguindo para um local envidraçado no meio da Base, de frente para uma floresta. As árvores coníferas rodeavam a grande construção de concreto no meio do nada e, ocasionalmente, Wanda gostava de sentar perto das janelas e observar o farfalhar das folhas com o vento, em especial naquele cantinho do complexo.

No meio dos laboratórios e espaços chiques, Tony Stark teve a feliz ideia de construir um jardim de inverno, com uma espécie de horta na qual Wanda e Natasha resolveram plantar algumas especiarias. Assim, quando preparavam massa em algumas noites do mês, poderiam pegar manjericão fresco, ou, nas vezes em que faziam pratos típicos das origens de ambas, possuíam temperos exóticos à vontade. Natasha se arriscava a plantar café, e não havia dado certo até então, o que provocava risadas de ambas quando discutiam seus plantios; e Wanda, aficionada por chá, cultivou algumas espécies para preparar misturas as quais costumava tomar após os treinos. Para dormir, talvez fosse melhor pegar alguns ramos de valeriana e colocá-los em água quente...

Seus pensamentos foram dissipados ao escutar uma voz suave nas proximidades:

— Como está, plantinha? Crescendo bem?

Wanda estranhou aquela fala, e deu alguns passos à frente para confirmar suas suspeitas:

— Fiquem bem. Eu vou cuidar de vocês.

— Vizh? – Ela o chamou com a voz baixa.

Visão, vestindo um suéter e calças cáqui, com pequenas ferramentas em mãos, levantou a cabeça para observar Wanda. Apesar de manter a expressão indiferente, seus sistemas se alteravam na presença da jovem Vingadora. Não era uma alteração ruim, longe disso, e sim uma sensação quente como óleo derramado por dentro do tórax. Algo que ele gostava de sentir, não poderia negar.

Após alguns segundos com a expressão neutra, ele exibiu um sorriso encabulado o qual fez o coração de Wanda dar um pulo.

— Acho que você descobriu meu segredo. – Ele riu.

— Eu não conto ao Tony Stark se você não contar.

Ambos compartilharam um aceno de cabeça.

— Então... Você está cuidando das plantas? – Wanda parou em pé ao lado dele, olhando a terra úmida. – Isso explica o porquê de elas estarem tão felizes recentemente.

— Descobri grande apreciação pela arte humana da jardinagem, Wanda. Aliás, o que faz aqui a essa hora?

— Vim buscar algumas ervas para fazer um chá.

Antes de se abaixar para puxar alguns galhos de valeriana, conforme planejava, Wanda se viu com a oportunidade de estar sozinha na companhia de Visão; um doce sorriso cruzou seus lábios antes dela dizer:

 – Vizh, porque não me acompanha até a cozinha?

Ao notar que ela não puxou quaisquer ramos de planta do chão, ele questionou, levemente confuso:

— Você... Não vai pegar os ingredientes para o chá?

— Mudei de ideia. – Ela cobriu a boca com a mão. – Tenho tudo o que preciso lá em cima.

Wanda liderou o caminho, subindo as escadas com calma e precisão, sendo seguida pelo sintozóide que diminuíra a densidade o quanto pode para não fazer barulho e não assustar os colegas adormecidos. Ainda que somente Natasha e Steve morassem na Base, e eles estivessem consideravelmente longe dos dormitórios, temia acordá-los tão tarde na madrugada. Quando ele alcançou Wanda, ela já pusera uma chaleira elétrica com água para esquentar, abrindo os armários para pegar algo que Visão não soube identificar.

— O que você irá fazer, Wanda? – Visão baixou o tom de voz em seu sistema interno ao falar.

Ela fez um pouco de suspense, puxando alguns recipientes e os colocando sobre a bancada.

— Uma poção. Para você.

Os músculos sintéticos da face de Visão se contraíram na altura da testa, e ele olhou para a moça, surpreso.

— Perdão?

A chaleira logo indicou a água fervida através de uma fina camada de fumaça no bico principal, trazendo um ar exotérico para o ambiente à meia luz onde se encontravam. Na frente de Wanda, duas xícaras restavam paradas, sendo que ela logo colocou algumas flores secas de hibisco em ambas. Ao notar o olhar fixo de Visão no que estava fazendo, ela rapidamente o enxotou:

 – Poderia não olhar, por gentileza?

Visão prontamente obedeceu, virando de costas para a bancada e apenas ouvindo o farfalhar dos dedos de Wanda escolhendo cuidadosamente seus ingredientes. Com as batidas de seu coração possivelmente audíveis, de tão fortes, Wanda pegou duas ramas de canela, pondo uma em cada xícara, enquanto as enchia com água quente até próximo da borda, quase chegando a derramar um pouco para fora do recipiente.

— Sabe o que é, Vizh? – Ela iniciou, após um longo bocejo; o aroma do chá já a deixava sonolenta. – É que, como você sabe, eu sou uma bruxa. Meus poderes provêm de uma entidade mística que é a joia da mente.

— Sim. Os seus poderes possuem uma natureza mística fascinante, se me permite acrescentar. – Visão apoiou um cotovelo no braço oposto, cobrindo o queixo com a palma da mão.

— Além disso, quando eu era criança, eu via minha mãe preparar poções. Para as pessoas doentes do nosso bairro, ou para mim, quando não me sentia bem. E eu gostaria de fazer algo para você.

— Mas eu me sinto bem, Wanda...

— Não são só para pessoas doentes. – Ela rapidamente emendou. – Não são só para pessoas. Essa é uma poção para todas as formas de vida existentes. E quero testar ela com você.

Com muito cuidado, Wanda pegou os recipientes de vidro com temperos e os acrescentou à infusão: primeiro, ralou uma noz moscada, para depois buscar pimenta do reino e moer um pouco sobre as xícaras, tornando a bebida ainda mais cheirosa. Enquanto misturava, utilizando uma colher, ela sussurrou algumas palavras em sokoviano, as quais representavam amor, paixão, e carinho. Seu tom de voz era baixo, mas não tanto, por não julgar que Visão pudesse escutá-la, ou compreender o que dizia, por ser em outro idioma.

Os cinco minutos da infusão passaram rapidamente enquanto Wanda alternava entre cantarolar algumas músicas baixinho e observar a janela, com Visão parado naquela mesma posição, evitando de observar as atividades da moça. Quando ela notou que o chá estava pronto, passou o líquido em uma peneira sobre uma jarra, para retirar os excessos sólidos, e novamente o despejou nos recipientes, tomando cuidado para não perder nem uma gota. Em seguida, segurando as xícaras pela asa, se aproximou de Visão e sentou-se ao seu lado, entregando-lhe a sua porção.

— Obrigado. – Ele timidamente agradeceu enquanto levava o líquido até a boca.

A primeira sensação que o sintozóide identificara foi calor. Diferentemente de Wanda, seus lábios eram sintéticos e, desta forma, não se queimavam com facilidade, em contrário à ela, que precisava assoprar o chá algumas vezes antes de efetivamente tomá-lo. Depois, ele sentiu a pimenta, e o aroma da canela, na altura das narinas e no fundo de sua boca. Apesar de não possuir a necessidade física de comer, Visão gostava de apreciar a diversidade das comidas e bebidas humanas, e conseguia distinguir, apesar da parca experiência, que havia algo único na infusão da moça.

Wanda apreciou o chá calmamente, sentindo uma energia diferente, quase uma dose de coragem, com a bebida. Não podia negar que havia colocado mais pimenta do que a intenção, porém, não deixava de ser cheirosa e trazer uma sensação quente para o seu tórax, ideal para a noite fria, provocando uma sensação gostosa de sonolência a qual embalava seu corpo.

— Wanda. – Visão tornou o corpo para ela, aproximando o rosto e o mantendo a um palmo de distância dela. – O que você quis dizer quando mencionou uma “poção”?

— É uma poção, Vizh! – Exclamou em resposta. – Uma bruxa não pode contar o significado por trás de uma poção.

— É verdade? – Ele chegou ainda mais perto, tanto que a respiração de Wanda encostava no vão entre suas narinas e seus lábios. – Então o que você estava falando sobre amor?

Foi então que ela percebeu ter cometido um erro gravíssimo: esquecer que Visão, no meio de toda a sua humanidade, ainda era um sintozóide, e capaz de traduzir diversos idiomas praticamente instantaneamente.

Para a surpresa de Wanda, o espaço entre seus rostos tornou-se nulo quando ele inclinou o queixo para frente e tocou os lábios dela com os seus. O mais suave dos beijos sucedeu, com Visão colocando a xícara, praticamente vazia, sobre a bancada para poder segurar o rosto dela com as palmas das mãos, delicadamente acariciando a volta entre o final de sua bochecha e o início de seu pescoço utilizando a ponta dos dedos quentes que provocavam pequenos choques elétricos a cada contato, por mínimo que fosse. O coração da moça bombeava fortemente dentro do peito, e ela perdera completamente o compasso de sua respiração enquanto fechava os olhos, se deixando levar pelo sentimento.

Visão se afastou lentamente, abrindo espaço para Wanda inalar novamente o ar para dentro de seus pulmões, e exibiu um sorriso sucedido de uma piscada.

— Agradeço, mas você não precisava de uma poção para isso. – Sussurrou e se afastou lentamente.

Naquela noite, Wanda dormiu abraçada por uma sensação quente no peito.


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Notas finais do capítulo

As duas oneshots anteriores foram mornas demais, não teve um beijo, um pega, uma menção de amor, nada do tipo -qq por isso queria fazer algo mais animado um pouco AUHSAUSHUAHS. Espero que tenham gostado! Foi uma delícia escrever ela ♥
Visão cuidando das plantas é meu headcanon agora. Eu de vez em quando tenho jogado um jogo no PC chamado Monster Prom, em que um dos personagens é um computador de biblioteca com sentimentos e ele cuida de suculentinhas ;w; só conseguia imaginar o Vis assim. E, desse mesmo jogo, eu vi uma arte de um casal cozinhando juntos de madrugada. A ideia inicial era a Wanda e o Vis cozinharem juntos, mas acabei gostando mais da poção do amor, e vou deixar para eles cozinharem juntos futuramente ♥
Lembrando que eu aceito críticas e sugestões! Um beijão, tudo de melhor, recebam um abraço bem quentinho da Vanilla Sky e nos falamos em breve ~ ♥ ~



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