O Ordinário Homem-Aranha escrita por Max Lake


Capítulo 1
O amigão da vizinhança


Notas iniciais do capítulo

Olá, bem-vindos a mais uma história de desafio :)

Aqui também temos palavras-chave. Ou objetos-chave, nesse caso. E o do capítulo 1 é: Caneta!

Mas espera, o tema não é mitologia? Por que estou escrevendo o Homem-Aranha? Bom, de certa forma super-heróis de HQ são seres mitológicos modernos.

Já que mitologia representa alguma questão da humanidade, os heróis de quadrinhos são uma forma dessa representação. Tipo, Superman pode representar a imigração, Batman é uma resposta à violência urbana. E, claro, o Homem-Aranha carregando poder e responsabilidade há quase 60 anos.

No caso da fic, a ideia é mostrar um Homem-Aranha 'ordinário' aos olhos das pessoas, afinal ele é o herói mais simples e mais relacionável entre os principais super-heróis.



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A Ponte do Brooklyn estava agitada naquele início de manhã. Um engarrafamento quilométrico ocupava os dois lados do asfalto. Curiosos saíam de seus veículos para ver o que acontecia. Alguns murmúrios apontavam para a vinda de Doutor Octopus e seus aliados perigosos. Outros sugeriam que era Magneto tentando mover a ponte do lugar. Diziam até que Thanos havia retornado, desta vez em um helicóptero e pronto para dizimar metade da população do universo mais uma vez.

No entanto, no alto da Ponte do Brooklyn, havia Morris. Ele não era um super-vilão, não era um mutante, nem sequer era o Titã Louco. Morris era uma pessoa normal que teve azar na vida. Perdeu o emprego numa construção, a esposa o trocou pelo seu melhor amigo e eles provavelmente estariam em São Francisco agora. Seus filhos podem ter uma vida melhor com eles dois do que com o próprio pai, um cinquentão fracassado que jamais os orgulhou. Até agora.

—Eu vou pular! - gritava de cima, achando que era ouvido pelas pessoas.

Apesar de alguns celulares apontados para ele e canetas nas mãos de jornalistas anotando tudo, Morris não sentia que tinha total atenção. Ouvia o distante som dos bombeiros se aproximando, mas de nada adiantaria. Ele ia pular, estava convicto disso. Ficou de pé na beirada, bastava um passo para frente e mergulharia para seu fim.

—Aqui é bem alto, não acha?

Morris tomou um susto quando ouviu aquela voz abafada. Ele estava de cabeça para baixo, se vestia num traje vermelho e azul, havia umas teias por todo o visual. E uma máscara escondia seu rosto.

—Homem-Aranha! Por favor, não me machuque!

—Calma, cara. Não vou, eu prometo.

Era estranho. O medo de ser espancado pelo Homem-Aranha, uma suposta ameaça pública, era maior do que cair para a morte certa. Morris sentia isso. E seus filhos idolatram aquele fantasiado, mais do que o próprio pai. Porém, como prometido, não houve troca de socos. Inesperadamente, o aracnídeo mudou de posição e se sentou na beirada. Tirou um sanduíche de dentro da mochila. Levantou um pouco a máscara para mastigar.

—Senta aí. Quer um pedaço?

—Não, valeu.

—Qual é o seu nome?

—Morris - respondeu com certa desconfiança. - Eu vou pular, eu juro!

—Sério? Por quê?

—Perdi tudo o que importava! Minha esposa! Meus filhos! Meu emprego! Meu melhor amigo! Todos me abandonaram, perdi tudo!

—E só por isso você vai pular da ponte?

Morris olhou avermelhado para o Homem-Aranha.

—Claro! Diferente de vocês, fantasiados, não tive sorte na vida!

—Sorte?

—Sim! Ter esses poderes fantásticos, salvar todas as mulheres do mundo. Esmurrar criminosos. Ter fama. Minha vida seria mais fácil assim. Vocês têm sorte, cara. Todos vocês.

—Sendo honesto, se eu estivesse no seu lugar, também diria a mesma coisa. Mas tem um detalhe: É mentira!

—Mentira?

—Minha vida não ficou mais fácil porque escalo as paredes. Ao contrário, só piorou. Minto para pessoas com quem me importo, corro risco de vida sempre que visto essa fantasia e tenho a impressão que os pássaros desta cidade me odeiam. Eu adoraria retornar à normalidade de antes, quando tudo era simples. 

O homem não falou nada, parecia ponderar o que foi dito. O Aranha pausou para morder o sanduíche, mas logo retomou a fala.

—Morris, te conheço há dois minutos e já sinto inveja de ti. Você tem uma família, amigos, eu te respeito por isso. E o invejo, porque… Não sei se terei a sua sorte algum dia. A sorte de ser normal. Um conselho de super-herói: Fugir dos problemas só piora a situação. Encare-os. - Terminando de mastigar o sanduíche, o Aranha limpou as mãos e se levantou. - É uma queda e tanto.

—Sim - concordou Morris. O Aranha o viu recuando alguns centímetros. - Me tire daqui, Homem-Aranha. Eu mudei de ideia.

—Fico feliz de ouvir isso, Morris. Se segura!

O Homem-Aranha saltou, disparou teias na estrutura da ponte para amortecer a descida e pousar em segurança. As pessoas aplaudiam o Aranha enquanto Morris chorava no chão.

—Obrigado, Aranha. Me deu uma segunda chance.

—De nada, Morris. Aqui, mostra pros seus filhos. - Ele jogou um velho rastreador-aranha nas mãos de Morris. - Eles vão adorar.

E foi embora.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! =D

Não é desafio de drabble, mas já estou prevendo que terei problemas com o contador de palavras u.u



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