Contraste escrita por Paulinha Almeida


Capítulo 7
Capítulo 7




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Acordei no dia seguinte me sentindo completamente descansada, mas notei que os sonhos só aumentaram a frustração de ter dado um fim tão calmo à minha noite. Estiquei o braço e tateei minha mesa de cabeceira à procura do celular, mas ele não estava ali. Me sentei com o cenho franzido e olhei em volta, tentando me lembrar onde eu havia deixado o aparelho que dormia todas as noites do meu lado.

De repente me lembrei da sensação de estar esquecendo algo na noite anterior e tudo fez sentido. Meu celular provavelmente estava visitando um centro de concentração na Polônia, confortavelmente acomodado no bolso de Harry. Merda.

Eu não era viciada em ficar conectada, mas ficar sem celular o final de semana todo seria bem inconveniente. A começar por como é que eu iria acordar para trabalhar na segunda-feira? Eu nem tinha um despertador em casa. Também não tinha um telefone fixo, o que significa que meu único método de comunicação disponível era e-mail, mas quem hoje em dia checa os e-mails durante o fim de semana?

Como resultado da minha falta de despertador, me atrasei para o almoço de domingo na casa dos meus pais. Subi os degraus da entrada de dois em dois e passei pela porta um pouco ofegante, onde quatro cabeças se viraram para mim, duas delas com expressões de curiosidade, as demais com a repreensão que eu já esperava. Todos eles haviam acabado de se servir, então achei melhor me apressar.

—Oi todo mundo, não se interrompam por mim, vou só deixar minha bolsa na sala e volto num minuto.

Desapareci pela porta e voltei um segundo depois, me acomodei em uma cadeira vazia e puxei um prato na minha direção.

—Não poderia ter avisado que ia se atrasar de novo, Ginny? Estávamos preocupados, tentamos te ligar milhares de vezes. - Minha mãe perguntou com a expressão irritada.

—Desculpe, não estou com meu celular desde sexta a noite, não tive como avisar e nem como colocar um despertador para hoje de manhã.

—O que aconteceu com seu celular? - Meu pai perguntou dessa vez.

—Esqueci com um amigo.

Pensei ter visto a expressão de Hermione se iluminar em compreensão, mas antes que eu pudesse ter certeza minha mãe lançou outra pergunta num tom ácido e minha cunhada olhou para a própria comida um pouco sem graça.

—Que amigo é esse que você deixa suas coisas assim e esquece?

Eu não precisaria ter olhado para ela e meu pai para saber que os dois estavam me encarando com aquela cara que eu já conhecia tão bem. Ao mesmo que um tempo lado meu já não ligava mais, eu estaria tentando enganar a mim mesma se dissesse que aquilo não machucava nem um pouco.

—Vocês não conhecem.

—É algum daqueles seus colegas? Nem nome ele tem?

A minha paciência era bem longa, mas não era infinita. Respirei fundo para diminuir a intensidade da má resposta que eu queria dar, mas fui interrompida antes de me pronunciar.

—Hey, eu contei que Hermione e eu vamos viajar no mês que vem? - Ron interrompeu, mais alto do que necessário e com uma empolgação forçada.

Agradeci internamente e me concentrei na minha refeição enquanto ele contava sobre a viagem de final de semana que fariam.

Meus pais nunca de fato entenderam que Ron e eu crescemos e fizemos nossas próprias escolhas, que não necessariamente eram escolhas com as quais que eles concordavam. Ron decidiu seguir uma carreira profissional dentro de um escritório em horário comercial, teve alguns relacionamentos duradouros, dizia claramente que queria construir uma família um dia e era muito feliz assim. Suas escolhas se encaixavam, na grande maioria dos casos, com escolhas que nossos pais concordavam, então consequentemente eles estavam felizes também.

O problema era que esses items estavam muito longe da minha lista de desejos, e foi quando passei a expressar as minhas próprias vontades que os nossos problemas de relacionamento e convivência começaram. Eles ainda achavam que meu estilo de vida era provocação de adolescente e que eu passaria dessa fase com uma boa dose de insistência e repreensões, mas a verdade é que eu só estava sendo eu mesma.

Liguei a TV quando me acomodei na sala e deitei no sofá para aproveitar a preguiça de domingo. Eu estava passando os canais à procura de algo interessante para assistir quando Mione parou do meu lado e me estendeu seu celular.

—Harry me mandou uma mensagem ontem e pediu para eu avisar a ele quando te encontrasse, acho que ele quer falar com você.

—Obrigada. - Peguei o aparelho e me sentei.

—O mesmo Harry que eu to pensando? - Ron perguntou com a expressão confusa.

—Sim. - Mione respondeu e ele me olhou interrogativo.

—Longa história.

O contato dele estava aberto no aplicativo de mensagens instantâneas e eu enviei uma mensagem dizendo que era eu quem estava falando. A resposta não demorou a chegar e Harry confirmou que meu celular estava com ele, mas que ele não chegaria a tempo de me devolver ainda no domingo. Por sorte eu não tinha nenhum ensaio agendado para a manhã de segunda, então combinamos que eu o encontraria no dia seguinte ao meio dia, no mesmo restaurante onde o encontrei com a Hermione algumas semanas atrás.

—Obrigada Mione. - Devolvi o aparelho a ela e me sentei novamente.

—Você e Harry se conhecem de onde? - Ron perguntou, ainda tentando entender.

—Até onde eu saiba eles infelizmente ainda não se conhecem. - Mione respondeu com um sorriso divertido.

—Isso foi duas semanas atrás, agora a gente já se conhece um pouco. - Devolvi no mesmo tom e ela riu.

—Ginevra não perde tempo. - Ron comentou, se juntando à brincadeira, sem pedir mais detalhes.

Nos despedimos no fim da tarde e eu fui para casa me preparar para dormir cedo o suficiente para não precisar de um despertador para acordar às dez da manhã no dia seguinte, porque eu não tinha nem como avisar caso me atrasasse.

O relógio dentro do metrô me mostrou que eu estava dez minutos adiantada para o nosso encontro quando cheguei à estação mais próxima, mas Harry já estava me esperando quando entrei no restaurante. De longe o vi sentado em uma mesa no canto, onde havia um copo de água e chá esperando por mim.

Ele sorriu para mim quando me avistou e eu sorri de volta, era notável que a cada vez que a gente se via ele se soltava mais. Como consequência, eu estava começando a ficar sempre ansiosa para o próximo encontro.

—Como vai, Ginny?

—Muito bem, obrigada, e você? - Ocupei a cadeira em frente a ele. - Obrigada pelo chá.

—Eles não tinham chai, então achei que fosse uma substituição adequada. Eu preciso voltar ao trabalho, então já pedi o meu almoço. Você gostaria de comer alguma coisa?

—Não, obrigada. Eu tomei café da manhã há pouco tempo.

—Aqui está. - Me estendeu o que eu havia ido buscar. - Acho que você ainda tem bateria, eu o desliguei quando entrei no avião e não liguei mais.

—Obrigada Harry, não sei como esqueci justo meu celular. Só lembrei no dia seguinte quando não o encontrei na minha mesinha de cabeceira.

—E eu só notei quando passei no raio-X e a máquina apitou porque tinha um celular no meu bolso.

—Incrível como estávamos distraídos na sexta a noite, não? - Falei com um sorriso de canto.

—Só na sexta à noite? Pelo menos eu ainda estou achando meio difícil me concentrar em outra coisa. - Devolveu no mesmo tom.

—E o que exatamente está roubando sua atenção? - Apoiei os cotovelos na mesa e me inclinei em sua direção para poder abaixar o tom de voz.

Ele se inclinou também e parou a poucos centímetros do meu rosto.

—Você. - Falou e estalou um beijo na minha boca.

Ouvimos o garçom se aproximar com o almoço dele e nos encostamos novamente na cadeira. Enquanto ele agradecia o prato recém chegado de espaguete e colocava queijo ralado por cima, mantive meu sorriso convencido e apreciei o arrepio de antecipação que aquele gesto me fez sentir.

—Como foi Auschwitz?

Ele respirou fundo e fez cara de entediado antes de responder.

—Triste e chato. Minha mãe é historiadora, sabe, então esse é o tipo de turismo empolgante para ela. Não bastasse o local já ter uma atmosfera pesada e depressiva, ela faz questão de contar detalhes dos acontecimentos.

—E eu achando que os meus programas de família eram entediantes.

—E como foi o seu final de semana?

—Sem campos de concentração, mas nada empolgante também. Passei o sábado em casa e almocei com meus pais, Ron e Mione ontem. 

—Não sei por que eu tenho a ideia de que você nunca está entediada em casa. Desculpe se isso soa como um estereótipo ruim, mas para mim você está sempre em algum lugar estranho se divertindo.

—Engraçado que meus pais tem a mesma opinião. - Comentei em meio a uma risada. - Mas não se preocupe que de você não soou como um estereótipo ruim.

Harry já havia terminado sua refeição e franziu o cenho quando olhou rapidamente no relógio.

—Eu preciso ir, me desculpe.

—Tudo bem, te acompanho até lá fora e já vou também, tenho reunião de planejamento hoje.

Aguardei enquanto ele pagava a conta e caminhei em sua frente quando me indicou o caminho. Eu não sabia para qual lado ele iria, então parei na calçada a poucos passos da entrada do restaurante e me virei para me despedir.

—Ginny, eu gostaria de convidá-la para jantar se não for muito inconveniente.

A elegância do convite me deu vontade de rir, mas me limitei a sorrir para ele.

—Claro, eu adoraria. O que você tem em mente?

—Não sei bem, meus horários são fixos, estou livre todos os dias depois das cinco da tarde, então pensei que você pudesse escolher o dia que encaixar melhor na sua agenda.

—Que tal hoje? - Sugeri de imediato.

—Não vejo porque não. Alguma sugestão de destino?

—Sim, você compra qualquer coisa para viagem e vai lá pra casa, o que acha?

Meu convite não tinha nada de implícito, porque eu fiz questão de deixar todas as intenções claras, o sorriso que Harry abriu para mim também não escondeu nada do que se passava em sua cabeça naquele momento.

—Acho perfeito, garota. - Falou e me puxou pela cintura para grudar a boca na minha, em um beijo que eu não esperava dele em plena luz do dia e em público.

—As sete? - Perguntei quando nos separamos e ele assentiu. - Então até mais tarde, Potter.

—Até.

Me inclinei e o beijei novamente antes de seguir o meu caminho para o metrô. Eu precisava ir até o estúdio para a reunião sobre a próxima capa, o que por si só já era um evento cansativo, quando somado à minha expectativa para aquela noite eu já conseguia imaginar a lentidão da tarde que teria pela frente.

Cheguei no momento exato em que a reunião estava começando, então todos os outros já estavam acomodados ao redor da grande mesa oval. Assim que o tema e datas foram definidos, me despedi rapidamente dos meus colegas de trabalho e saí em direção à porta.

—Hey Gin, espera aí. - Colin me chamou e se apressou para me alcançar.

—Combinamos de tomar alguma coisa lá em casa depois daqui, vamos?

—Obrigada pelo convite, mas hoje não vai rolar. Minha noite já está reservada. - Pisquei para ele.

—Ah, alguém que eu conheça? - Perguntou interessado.

—Não, é um cara que eu conheci por acaso no parque umas semanas atrás, mas só conseguimos marcar hoje.

—Estamos sendo trocados por um sexo que talvez nem seja bom, você percebe como isso é errado? - Falou em tom dramático.

—Não se preocupe porque pelas amostras grátis que eu já tive, ele tem potencial. - Olhei as horas no relógio que ficava na parede do outro lado da sala e vi que deveria me apressar. - Gato, preciso ir porque marcamos para daqui a duas horas.

—Quero detalhes.

—Com prazer. - Dei um beijo em seu rosto e saí da sala.

Cheguei em casa com tempo suficiente para fazer um lanche rápido que substituiu meu almoço e tomar um banho demorado e relaxante. Eu não estava muito preocupada com o que usar, mas quando abri meu guarda roupa e dei de cara com a mesma saia que estava usando na sexta à noite eu achei que fosse significativo o suficiente.

Terminei de me vestir, liguei o som numa música que condizia com o momento e deixei o volume agradavelmente baixo. Olhei as horas no meu celular e faltavam seis minutos para as sete da noite, mas quando me sentei no sofá para esperar, a campainha tocou. Aparentemente eu não era a única pessoa que estava ansiosa para essa noite.

Liberei a entrada automática do prédio e ouvi a batida suave na porta menos de um minuto depois. Assim que a abri, Harry me encarou com um sorriso que eu gostei de ver naquele rosto bonito, usando jeans e camiseta e segurando uma sacola que provavelmente era o nosso jantar. Abri espaço para ele entrar e fechei novamente a porta antes de me virar.

—Então, qual o cardápio?

—Comida indiana, deduzi que se você gosta de chai também deve gostar do resto.

—Não vou contestar a sua lógica. Pode deixar em qualquer lugar, não estou com fome agora.

Harry pousou a sacola em cima da minha mesa de centro e cruzou a distância entre nós a passos largos.

—Nem eu. - Sua resposta morreu no beijo faminto que ele me deu assim que estava perto o suficiente.

Não houve a calma ou pudor das outras vezes, uma de suas mãos prendeu meu cabelo enquanto a outra deslizou pelo meu quadril e apertou minha bunda do jeito certo. Em meio ao beijo cuja intensidade só aumentava, me inclinei para trás quando Harry se curvou sobre mim e não resisti um gemido abafado entre seus lábios quando ele segurou forte meus quadris e se esfregou em mim.

Antes que eu tivesse a chance de aproveitar um pouco mais daquela proximidade ele me puxou e começou a andar, os lábios nunca deixando os meus ou alguma parte do meu pescoço. Ainda que a casa fosse minha, ele é que estava me guiando e só paramos quando minhas costas se chocaram contra a parede do corredor.

Eu conseguia sentir a expectativa dentro de mim, aquela sensação gostosa que deixa o corpo mais sensível e o toque mais urgente. O toque dele era forte na medida certa, decidido e esperto, assim como o beijo. Eu já conhecia ambos, mas não nessa intensidade que me fazia querer mais e ter pressa. 

Suas duas mãos estavam agora embaixo da minha saia e eu estava levantando sua camiseta, mas ainda assim não parecia que estávamos nos tocando o suficiente. Harry levantou os braços e se desfez da peça, me dando pela primeira vez a visão do seu torso nu. Beijei seu peito e fiquei na ponta dos pés para subir meus beijos até seu pescoço, onde o senti se arrepiar com o contato da minha lingua contra sua pele quente.

Ele subiu a mão pela minha nuca e prendeu novamente os dedos em meus cabelos, usando a força exata para me fazer sentir o que estava fazendo, e isso me arrepiou também. Num movimento rápido ele desceu as mãos para minha cintura e me virou de costas para ele. O contato do seu peito quente contra minhas costas e a parede fria à minha frente deixava tudo ainda mais excitante, se é que isso era possível.

Espalmei minhas mãos na parede à minha frente e me inclinei o suficiente para dar a ele o espaço necessário para beijar minha nuca, seu quadril grudado na minha bunda me dava uma ideia muito boa de quão excitado ele também estava. Sem aviso prévio, suas mãos subiram para os meus seios, me provocando do jeito que ele já sabia que eu gostava, deixando impossível manter o silêncio em que eu estava até então.

Levei minhas mãos para trás para dar a ele mais espaço e alcancei a frente de seu jeans, onde o alisei com a mesma força que ele estava usando no meu corpo. O som rouco próximo ao meu ouvido me deu a certeza de que eu tinha feito exatamente como ele gosta. O senti se apertar contra minha mão em busca de mais contato, ao mesmo tempo em que uma de suas mãos descia dos meus seios para dentro da minha saia.

—Onde é seu quarto?

—Fim do corredor.

O movimento que me virou novamente de frente para ele foi tão rápido quanto o anterior, um segundo depois eu estava presa em outro beijo devorador enquanto caminhávamos juntos em direção à minha cama. Antes de passarmos pela porta ele puxou minha camiseta por sobre os meus braços e a deixou no meio do caminho.

Senti quando meus joelhos bateram na lateral do colchão e caí sentada sobre ele. Aproveitei que Harry ainda estava em pé e abri sua calça, ele se livrou da peça enquanto eu distribuia alguns beijos pela sua barriga, mas antes que eu pudesse ir além disso ele me puxou para o meio do colchão e veio por cima de mim. Sua mão subiu pela minha perna direita enquanto sua boca fazia o mesmo caminho pela esquerda, fazendo uma onda de arrepios acompanhar seus movimentos.

Minha saia foi parar no chão logo depois e a calcinha não durou muito mais do que isso. Quando ele se concentrou em tirar meu sutiã, seus olhos se detiveram em algum ponto do meu torso e por um momento ele parou completamente o que estava fazendo. Segui seu olhar e encontrei minha segunda tatuagem: uma máquina fotográfica pequena e artística, aquarelada em cores diversas na minha costela, próxima ao meu seio.

—Eu passei dias tentando pensar no que poderia ser sua outra tatuagem, pra você me surpreender com uma coisa tão óbvia. - Me provocou, as pontas dos dedos passeando pelo desenho e ocasionalmente roçando a lateral do meu seio.

—As vezes o básico pode ser mais surpreendente que qualquer outra coisa. - Dei de ombros e arqueei a sobrancelha em sua direção.

Harry devolveu meu olhar de desafio e não demorou nem mais um segundo em voltar ao que estava fazendo. Eu já conhecia suas mãos em todos os lugares do meu corpo, mas nada se comparava a quando sua boca trabalhava para descobrir cada cantinho de mim.

Eu já esperava que o sexo seria ótimo, mas na verdade Harry sabia tão bem o que estava fazendo que me fazia querer ficar ali para sempre. A melhor parte é que ele também parecia não ter pressa nenhuma enquanto me virava de um lado para o outro. Quando finalmente tomei as rédeas da situação por alguns minutos e consegui despi-lo por completo, eu já estava em um nível de excitação que era difícil controlar.

—Você é muito gostosa, garota. - Ele falou me olhando sério quando chegou a minha vez de  descobrir cada cantinho dele e excitá-lo ao extremo, me deixando ainda mais ansiosa para o que ainda faltava provar um do outro.

Meu momento de controle da situação durou o tempo que ele quis que durasse e foi interrompido com outro daqueles movimentos certeiros que me faziam morder o lábio em antecipação. Harry definitivamente tinha alguma coisa com meu cabelo, que era exatamente onde suas mãos estavam quando ele me puxou para o seu colo e acabou com qualquer distância que ainda existia entre nós.

 Se nós dois não podíamos ser mais diferentes em aparentemente todo o resto, foi com muito prazer que constatei que na cama não poderíamos ser mais parecidos. Compartilhávamos o mesmo ritmo, muitas preferências, a mesma urgência, o mesmo gosto por carinhos mais fortes e até a falta total de pudores. Do início até quando nos demos por satisfeitos e desabamos suados e cansados um ao lado do outro sobre meu lençol cinza, a nossa química havia sido perfeita.

Nos encaramos longamente em silêncio enquanto a respiração voltava ao normal, eu não precisava de palavras para confirmar, pois a satisfação estava estampada em seu rosto assim como eu sabia que estava no meu também. Um tempo depois, enquanto ainda estávamos na mesma posição, Harry se inclinou sobre mim, fez um carinho rápido na minha bochecha e me deu um beijo demorado.

—Acho que eu estou com fome agora.

Me espreguicei e virei de frente para ele também. Eu queria saber as horas, mas não fazia ideia de onde nossos celulares estavam. Eu também estava com fome depois de toda a atividade física, então me levantei, vesti a camiseta longa que normalmente usava para dormir e voltei para a sala, para onde Harry me acompanhou depois de vestir novamente a cueca boxer e nada mais.

Comemos sentados no sofá, em meio a um clima leve de intimidade que me agradou, ainda que nenhum dos dois tenha falado muito. Quando deixamos as embalagens vazias novamente sobre a mesa de centro, Harry cruzou a distancia entre nós, chegando perto o suficiente para conseguir pousar a mão na minha coxa e me puxar mais para perto.

—Não pense que isso é uma reclamação sobre a noite, mas sabe, eu ainda gostaria de te levar pra jantar, caso você queira também é claro.

—Claro que sim, falei sério quando eu disse que ia adorar, só achei que a gente tinha coisa mais urgente para resolver e o jantar podia esperar.

Ele abriu aquele sorriso de canto que eu já estava começando a achar sexy e me deu outro daqueles beijos quentes e excitantes. Quando nos separamos ele olhou em volta à procura de alguma coisa e se inclinou para a mesa de centro, onde só então notei que seu celular estava.

—São quase onze da noite, preciso ir para casa?

—Só se você quiser ir, você que sabe, mas eu não me importo se você quiser passar a noite.

—Acho que vou aceitar.

Ele deixou novamente o aparelho sobre o móvel e se virou para outro daqueles beijos que terminou comigo deitada no sofá sob seu corpo quente. Como se para me mostrar outra semelhança que surgia entre nós quando as roupas eram tiradas, Harry também parecia achar que uma vez só não era suficiente.


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Notas finais do capítulo

Como disse o Ron, Ginevra não perde tempo. E aparentemente ela não é a única aqui.
Quem mais está ansioso para saber como acaba esse jantar? Não deixem de me dizer o que estão achando.
Beijos e até o próximo.