Amor Perfeito XV escrita por Lola


Capítulo 10
Descontrolado


Notas iniciais do capítulo

Hoje tem um ponto de vista de Nicolas que conta desde quando ele viu Murilo pela primeira vez. (ele é menos cruel que parece, rs)
Já peço desculpas por algum erro, mal revisei e morrendo de sono :(
Notas finais.
Boa Leitura ♥
ps: perdi tudo para as bebedeira do Rafael, tive que fazer o título para ele.



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Nicolas Narrando

O que uns olhos tem que outros não tem? O que uns sorrisos tem que outros não tem? Isso é tão clichê, porém, o que faz com que de repente uma pessoa se torne tão especial e diferente das outras? Eu fazia um esforço surpreendente para tentar entender tudo isso em minha mente, e não conseguia.

Sempre fui prático. Talvez um pouco frio. E sentimento não era algo que me arrancava entusiasmo. Longe disso. Até ficar encantado a primeira vez que vi Murilo. Não conseguia tirar os olhos dele. Lembro do esforço descomunal para chamar sua atenção na boate. E ele ao lado da namorada. Eu tinha que chegar devagar, cheguei com um papo qualquer me apresentando... Cada palavra que ele dizia aumentava ainda mais meu interesse.

Não queria reduzi-lo ao cara lindo que tinha namorada. Eu tinha que acreditar que era possível. Faria ser possível. Não parava de sorrir enquanto ele falava e sorria, seja comigo ou outra pessoa. Até quando ele estava com a namorada chata. Quando ele, por alguns instantes, não saiu do lado dela naquela mesma noite eu aproveitei e fui até o lado de fora e liguei para o meu único e melhor amigo.

A conversa se resumiu basicamente em eu contando que encontrei o amor da minha vida e ele chamando minha atenção. Ele dizia que aquilo não existia, já que era tão cético quanto eu, motivo de nos darmos tão bem. E eu discuti algumas vezes, mas desisti porque sabia que ele só mudaria de ideia quando acontecesse com ele, como foi comigo.

Em sinal de cansaço ele me mandou chama-lo para sair, foi então que eu disse que não dava já que ele namorava. A conversa acabou nesse momento. Quando voltei para a boate, continuei tentando. Afastei a namorada dele e chamei sua atenção, puxando assuntos que eram comuns entre nós dois. Descobri que ele estudava para ser chefe de cozinha e ele soube que eu iria assumir o lugar do meu pai nos negócios.

Mas foi no dia em que sai com ele e o amigo em Paris que realmente nos conhecemos. Ele me explicou o quanto cozinhar era artístico e ele se considerava um artista. E quando ele se abriu desse jeito eu entendi que deveria fazer o mesmo. Contei que iria estar no lugar do meu pai e que não era isso que eu queria. Ter estudado tanto para passar em uma universidade que não fosse particular era para provar em minha casa que eu podia ter algo que não viesse dele.

E aqui eu estava, após desistir de tudo. Apenas por ele. Adorei perceber seu interesse no que eu realmente queria. E foi então que pela primeira vez me abri com alguém. Sem precisar mentir ou fingir que era aquilo que eu queria porque já estava programado para ser assim. A arte era o que nos identificava de primeira. Não estava louco em pensar que ele queria achar outras identificações. Eu queria.

Compartilhamos informações novas. Livros que gostamos e prometemos que iriamos ler os preferidos um do outro. Foi mesmo uma noite muito especial. E uns dias depois ele fez aniversário. A loucura de ter me mudado, conquistado o amigo dele e me aproximado aos poucos, não foi nada. Eu o presenteei com o que poderia ser algo mais valioso se tratando dele. Era um bom motivo para ele ver o quanto eu estava disposto a fazê-lo feliz.

Murilo era diferente. Ele era travessura, arte, distração e astúcia, tudo junto. Era impossível não se perder nele. Ter me apaixonado de primeira não me assustou tanto, foi algo que eu vi que aconteceria com qualquer um que colocasse os olhos nele. Eu estou completamente perdido.

Apesar da noite agradável e do presente aceito, fui atrás dele no outro dia, após ele acabar seus estudos. Pensei que seria rejeitado já que passei quase a semana toda me rastejando... Grande engano.

— Oi Nicolas, tudo bem? – sorriu ao me ver. – Como acertou a unidade que eu estudo? Foi o Adam que falou né? – concordei. Dei uma desculpa que estava por perto, claro que ele não acreditou.

— Queria saber se não quer sair para tomar um café, antes de ir pra casa, deve precisar recuperar as energias já que aqueles dois te sugam tanto e... – estava pronto para me justificar e dizer que meu convite não era com nenhuma intenção.

— Vamos. – fiquei parado de boca aberta em sua frente e ele saiu andando. Era incrível como ele era surpreendente. Quando nos sentamos na cafeteria, peguei minha xicara enquanto o olhava.

— Se eu não morasse tão longe da sua cidade natal eu diria que já nos conhecemos antes. – falei e ele riu.

— Isso foi uma cantada? – fiquei admirando seu sorriso.

— Não. É porque parece que eu já te conhecia antes da boate. – olhei meu café. Depois levantei o rosto e o olhei nos olhos novamente. – Você me lembra Paris mesmo. Está no lugar certo.

— Ah... Eu gosto de Paris. – ele olhou para a rua.

— Você sempre veio aqui? – voltou sua atenção para mim.

— Em viagens. A raiz da minha família é daqui.

— Sim... Tanto que o primeiro hotel é daqui. – admiti minha pesquisa. – E meu irmão veio em alguma dessas viagens? – ficou me olhando de um jeito estranho que eu não soube decifrar.

— Já disse que eu não me sinto bem falando dele... Ainda mais com você.

— Tá bom... – sorri tentando não perder o clima. – Só me responde uma coisa e não falo mais dele... Não acha Kevin um nome tão... “menino mimado”? – o jeito que eu falei o fez rir, o que era a intenção. – Não estou dizendo que ele é.

— Nicolas também é. – ele continuou sorrindo, me fazendo ficar mais bobo ainda. – Ainda mais, inclusive.

— Eu não sou. – dei de ombros.

— Ele também não é. Longe disso. – seu sorriso desapareceu.

— Como ele é? – perguntei já que o clima foi quebrado.

— Disse que não falaria mais dele. – nos olhamos.

— Sinto que é isso que você está querendo... – deu um suspiro e começou a falar.

— Kevin é um cara legal. Um cara que soube sair do inferno.

— Então você não me acha legal. Porque eu não sei de jeito nenhum. – falei tentando alcançar uma risada. Inutilmente.

— Vocês não são iguais. – falou sério. – Isso que você tem são impulsos emocionais e algumas características da sua personalidade. O Kevin é domado por um tipo de força maligna ou não sei o que... E o transforma na pior pessoa do mundo. – baixou os olhos. – Ele foi capaz de iludir e machucar a pessoa mais importante da minha vida. Se eu tivesse esse mesmo condutor que ele, teríamos nos matado.

— Não sei da história toda. – quase sussurrei. – Mas se você é capaz de perdoar esse tipo de pessoa... Você é ainda melhor do que eu pensei. – nossos olhos se encontraram. – Murilo... – dei um suspiro sofrido. – Eu estou claramente apaixonado por você e com a maior chance de sofrer. Então eu vou ser direto... Nós dois... Existe alguma probabilidade?

— Isso é difícil de dizer. – se calou.

— Eu sei que é difícil de dizer. Exclusivamente pelo assunto anterior.

— Não. – me interrompeu. – Sabe o que eu acho do amor Murilo? O amor acontece pouquíssimas vezes. E ele começa na paixão. Não quero me apaixonar. As últimas vezes não deram nada certo.

— A gente concorda nessa parte da definição. Vou te fazer mudar de ideia. – afirmei bastante positivo.

Fomos até uma livraria, queria comprar os livros que ele tinha como preferidos. Não imaginei que aquele pequeno passeio fosse tão proveitoso para a minha conquista.

— Como você se define Nicolas? – me perguntou enquanto foleava um livro.

— Você já sabe... Sou extremamente decidido. Fora isso... Nem eu sei. – respire fundo. – Quando cheguei a Torres eu tentei dar uma de macho alfa para me encaixar, visto que a maioria ali é assim. E estava estudando o meu irmãozinho. Acho que olhando esse fato de perto, eu sou um tanto... Frio, calculista, manipulador e algumas outras coisinhas ruins. Ou seja, alguém que você deve manter distância. E quer fazer isso.

— Você não mente. Quer dizer... Agora não está mentindo mais. Se continuar assim... O pedido de distância não acontecerá.

— Então eu só não posso mentir? – ele deu uma risadinha. Depois balançou a cabeça positivamente. – Acredito que você já está se rendendo a mim. – rimos juntos. – Admite Murilo, se você namorasse comigo seria muito mais feliz.

— Vamos fazer uma aposta? Me convença minimamente disso e eu saio com você, sem ser como um amigo. – abri mais os olhos.

— Como eu faria isso? – abriu um sorriso.

— Se fosse uma aposta fácil eu não apostaria.

E aquele passeio acabou assim. Cheguei em casa flutuando, mas trombando direto na realidade e ela tinha olhos verdes em um tom cristalino que quase podia ser ultrapassado. E eu só enxergava ódio ali. Tentei passar para mim algum sentimento bom que ele tem por aquele ser especial que eu estava apaixonado e nada adiantou. Kevin seria a ruína do meu primeiro amor.

Murilo Narrando

Questionar a Adam o que significava aquilo já não fazia sentido pra mim. Eu sabia muito bem. E dizer a ele o que eu pensava também seria inútil.

— Vamos só beber Murilo. – meu amigo pediu ao ver que eu não gostei daquilo. – Tem que admitir que ele tá sendo muito fofo e se esforçando tanto... – o encarei com preguiça. – Ele me mostrou que é legal. Vou te admitir uma coisa... – se virou para mim ficando sério. – Eu quero tanto encontrar o amor da minha vida, por isso saio com todo mundo. – ele era ridículo. – E se ele for o seu? – continuamos nos olhando.

— Já tive o Eliot e a Patrícia. Não preciso de outra decepção.

— Que dessa vez seja o último e eterno. – me puxou. – Vem.

Aquela noite foi diferente do que eu pensei que seria. Tive provas que ele não tinha nada a ver com a ida de Patrícia quando antes de me juntar a eles, liguei para o irmão dela e tive confirmações que ela realmente havia dito a ele que sim, iria para a casa da tia antes da internação na clínica. Após desligar eu me senti culpado por ter atrapalhado a vida dela, que podia estar diferente se não fosse eu. Ao mesmo tempo me sentia grato. Tudo o que vivemos foi muito especial.

Em meio a tantos sentimentos entra Nicolas. Eu que já tinha uma ideia formada sobre ele fico embasbacado quando descubro uma outra pessoa ali. É como se fosse o Kevin. A sombra e a luz juntas. Só que Nicolas é bem mais sútil. Infinitamente mais.

Por isso eu precisava ajuda-lo com o meio-irmão. E foi o que eu fiz. Assim que Kevin saiu da minha casa com o dispositivo fui atrás dele. Precisava provar algo para mim mesmo e para ele.

— Sabia. – falei ao entrar no apartamento. Vi Nicolas sentado no sofá amarrado improvisadamente e sendo “torturado”.

— O que você está fazendo aqui? – olhei o dono da pergunta.

— Conheço a sua fúria. Se não tivesse acabado com Nic antes iria acabar agora. KEVIN TIRA ISSO DELE.

— Nic, Murilo? – o ignorei e tirei o dispositivo, causando alívio ao garoto que agora se encontrava submerso à realidade. – Ele já conseguiu. Acho que cheguei tarde demais.

— Olha... – levantei após um tempo. – Adoraria te dizer que você está se perdendo. Porém, eu já te disse antes e não fez a mínima diferença. Se cuida Kevin. – apontei para a porta.

— O que eu faço? –claramente era difícil pra ele engolir o orgulho e perguntar aquilo. – Sinto como se isso tudo fosse me engolir a qualquer momento. Nem com Rafael eu tenho mais a mesma paciência.

— Arthur está bem? – franzi a testa. Sabia que ele era ligado a ele de um jeito muito especial.

— Melhor que nunca. Ele e sua irmã parecem viver uma lua de mel sem casamento.

— Murilo... – ouvi a voz fraca de Nicolas e olhei pra trás.

— Não sei o que te dizer. – me virei para Kevin. – Só encontre sua salvação. Antes que seja tarde.

Ajudei a quem realmente precisava de mim e Kevin se foi. Seu movimento foi voltando aos poucos e parecia que nada muito grave havia acontecido. Após explicar minha insegurança com o uso daquilo ele ficou tão mal que eu fiquei com dó.

— Considere nossa aposta cancelada. – sorri. – Vamos sair. – me levantei.

— Não quero que faça isso por pura pena de mim.

— Mas não é. É por essa carinha fofa que você tem mesmo.

Corremos pelas estreitas ruas perto do bairro de Nicolas e trocamos algumas confidências antes do nosso primeiro beijo acontecer. Ele olhou assustado para os lados.

— Odeio olhares em cima de mim. Ainda bem que não tem ninguém aqui.

— Já está tarde. – olhei meu relógio. Antes que eu pudesse levantar meu rosto completamente fui surpreendido com um novo beijo e dessa vez, seu toque foi muito mais firme e duradouro.

— Desculpa. – se afastou. – Temos que ir devagar. Eu sei.

— Não. Vamos voltar para a sua casa. – o conduzi rapidamente de volta ao apartamento.

A minha primeira vez – que havia sido com Kevin – não me causou nenhuma insegurança, acho que era pela conexão que tínhamos. Mas depois dele sempre quando eu ficava com algum cara pela primeira vez, eu me via um pouquinho inseguro. Só não esperava sentir isso de Nicolas. Achei engraçado e... Fofo.

— O que você mais gosta? – me olhou enquanto estávamos deitados. – Eu: acordar descansado após horas e horas. Detesto acordar com sono.

— Barulho de chuva. – comecei a mexer em seus dedos. – Encaixes. – juntei nossas mãos.

— Gatinhos fofos. – sorri. Desatei nossas mãos e comecei a acariciar suas costas nuas.

— Poesia. – me juntei ainda mais a ele. – Piano.

— Você recitando uma poesia enquanto toca um piano. – ri com entusiasmo.

A parte boa disso tudo é que eu e Paty já havíamos terminado... Mesmo que só houvesse alguns dias. Já o lado ruim é que Nicolas era alguém que veio de Caleb. Não que isso seja um problema, adoro Arthur e Yuri. É que ele e Kevin tiveram o azar de serem geneticamente parecidos com o pai. A minha ansiedade já começava a me perturbar colocando esses pensamentos em minha cabeça sem nenhuma necessidade. Agora não era hora de pensar nisso. Pelo menos não ainda.

 

Yuri Narrando

Estava esperando Fael em meu carro quando Larissa chegou entrando. Eu a olhei de cima a baixo. A sorte era Giovana também estar vindo não me deixando fazer o comentário que passou pela minha cabeça.

— Boa noite. – olhei minha prima. – Vou poder ficar aqui ou vai me mandar ir pra trás?

— Pode ficar. O Fael que se dane. – sorri. Giovana chegou entrando também.

— Ele não vai no carro dele? – voltei a olhar Larissa.

— Não, ele quer beber né? – o nariz de Gih estava em meu pescoço assim que acabei de falar.

— Tá todo cheirosinho. – ela brincou e depois beijou o rosto da amiga.

— Nossa o Rafael é muito mulherzinha pra sair. – resmunguei insatisfeito.

— Ele e Kevin devem brigar muito por ele demorar tanto a se arrumar.

— O monstrinho não é muito diferente. – falei me referindo ao meu meio-irmão e vi o loiro apontando na portaria do hotel. Ele entrou ao lado de Giovana.

— E aí, prontas para terem suas economias desmanteladas? – ele perguntou me fazendo rir, liguei o carro indo para o local combinado. Coloquei uma música animada enquanto vi Fael conversando por mensagem no celular, nem precisava ver para saber ser com Kevin.

— Quando vocês saem é assim? Rafael no celular a noite toda? – dei uma risada alta. – Pelo visto sim.

— No começo sim. – admiti. – Depois o Kevin dorme e ele se liberta.

— Ou ele mente que dorme. – vi meu amigo ficar possesso e quase enforcar Larissa.

— Ow nesse pique vamos chegar na delegacia antes mesmo de sairmos. – tentei colocar alguma ordem naquele caos.

— Solta meu pescoço seu doente! Todo mundo sabe que o Kevinho é o rei da lealdade.

— Não podemos dizer o mesmo da sua irmãzinha. – alfinetei e ela se ajeitou sem graça. – Mas você não tem nada a ver com isso. Relaxa.

— Doeu tá Rafael? – Lari mudou o foco massageando o pescoço.

— Você é muito sensível e exagerada. Dei só uma apertadinha. – ela virou o corpo todo para trás.

— O sexo entre você e o irmão dele é selvagem né? – apontou pra mim. – Só isso explica o fato de você já ter perdido total noção de força. – não aguentei e comecei a rir.

— Qual é a graça Yuri? – ouvi a pergunta de Fael ao estacionar.

— Você e Kevin fazendo sexo selvagem é a graça. – continuei rindo.

— Desenvolva. – quase me ameaçou. Todos saímos do carro e entramos no bar, que estava até bem cheio. – Estou esperando. – apontou após pedirmos as bebidas.

— A hostilidade e jeito maquiavélico do Kevin faz com que a ideia de um sexo selvagem se torne um horror. Juntando o fato que você é forte e está sem noção alguma de controle... O cenário não me pareceu dos melhores.

— Viemos então para falarmos sobre a forma como eu trepo com o seu irmão? – o garçom chegou demonstrando um certo desespero.

— Jamais. E me poupe dos detalhes, não quero saber quem faz o que... – levantei os braços. – Só disse a verdade. E o assunto surgiu ue... – levei minha caneca de chopp a boca.

— Ainda bem que hoje a bebida é leve, caso contrário eu iria ficar bêbado e daí vocês saberiam dos detalhes mais sórdidos.

— Podem aguardar, pois até o fim da noite ele vai contar tudo. – avisei. – Ele nunca sai para não ficar completamente bêbado.

— Com esse chopp? – riu. – Ah não ser que a gente mude a bebida. Ou estenda a noite.

— Eu não tenho hora pra voltar pra casa. Alguém tem? – Gih perguntou com um enorme sorriso no rosto. Elas estavam tão animadas quanto a gente.

— Nunca. – concordei e brindamos.

Pouco mais de duas horas se passaram e elas já estavam rindo sem parar. Meninas eram tão fracas para bebidas que chegava a ser engraçado. Havia exceções... Aquelas que eram quase como a gente e já acostumaram o próprio organismo com a presença do álcool. Mas não chegava nem perto de ser o caso de Giovana e Larissa.

— Eu queria entender sabe, o que a minha irmã tem na cabeça de trair um cara tão legal como você. – Lari afirmou dando dois tapinhas em minhas costas.

— Rolas. – Rafael respondeu e riu.

— Com certeza. – concordei dando risada. Já estava mais leve devido a influência do ambiente e não iria me aborrecer com aquilo.

— Você é um Arthur menos forte, mais novo e... – me analisou – Tão fofo quanto. – apertou minhas bochechas.

— Arthur não é nem um pouco fofo. – falei e Rafael concordou. – Ele é sério e chato.

— Cada um tem uma personalidade né? – ela resmungou quase com o tom de voz mais alto que o comum. – Como é a minha? – encarou todos da mesa.

— Posso falar. – o loiro bebeu rapidamente o chopp e passou a língua entre os lábios. – Como cheguei por último na galera eu tenho uma opinião mais formada. – concordamos. – Sua essência real é tão fofa quanto a do Yuri. Na verdade, acho vocês dois bem parecidos. – nos olhamos. – Você é muito romântica Larissa. Quando namorava Alexandre eu cheguei a pensar que se casariam. Namoro adolescente é assim né... – baixou os olhos. Parecia ter medo do próprio namoro não vingar. Depois voltou a olhar a garota. – E então você sentou no pau do Arthur. – abriu um sorriso provocativo. Rafael sendo a extensão de Kevin. Já me acostumei com isso. – Parece que não usaram proteção e havia alguma substância tóxica ali que passou pra você. Não sei. – dei uma risada. – Você ficou insuportável. – ela jogou um guardanapo engordurado da batata que comemos minutos atrás em seu rosto.

— Amiga... – Gih a fitou com carinho. – Ele tá certo.

— Gente! Eu me APAIXONEI. Tá legal? Fiquei louca mesmo. O Arthur é um sonho e sonhos costumam desorientar nossa cabeça.

— Tá. – Giovana se acomodou na cadeira ficando mais alta. – Agora quero saber de mim. O que acham da minha personalidade?

— Pra que isso? – olhei a loirinha sem entender nada.

— Talvez isso ajude em alguns entendimentos ou futuras decisões. Não sei.

— Vocês estão bem perdidas. – bebi mais um pouco. – Bom... – notei que ela não iria desistir. – Você é desprovida de sagacidade amorzinho. Desculpa.

— O jeito que ele diz que você é burra é fofo. – Fael falou e riu.

— Eu salvei o Kevin de um transe, eu descobri algo que ninguém havia descoberto... – ela começou a se defender.

— Tá bom. – a interrompi. – Você tá certa. Só de vez em quando você é lesada.

— Ah é? Essa lesada te desafia a ser esperto o bastante para conseguir uma garota nesse bar. – olhei em volta e não achei ninguém interessante.

— Só tem alguns caras e mulheres acompanhadas. Não vai rolar.

— Então... – ela me lançou um olhar extremamente desafiador.

— Então o que Giovana? Eu não vou te beijar. Muito menos Larissa, que é minha prima e ex cunhada. – ela continuou com aquele olhar no rosto.

— Depois eu sou a lesada. – arqueou apenas uma sobrancelha. Tombou com a cabeça apontando para o cara da mesa ao lado. Todos da mesa riram menos eu.

— A piada só é engraçada quando todos os envolvidos riem. – me defendi.

— O seu irmão transformou um hétero em gay, bi o sei lá o que, por que você não pode se permitir? – fiquei encarando Giovana.

— O hétero aqui continua quase hétero. Não sou o Murilo, não tenho vontade de pegar outro cara. O meu pau é só do Kevin.

— Que bom né amiguinho. O problema é de vocês. Agora eu não preciso ter essa experiência. Próximo desafio. – a loira bateu com raiva na mesa.

— Deixa de ser sem graça! Se você descobre que gosta e encontra alguém legal?

— Melhor não mesmo, Giovana. – olhei Rafael após sua afirmação. – Ele pode apanhar de quem der em cima e eu não estou afim de exercitar meus músculos hoje. – sorriu. – Além do mais, olha o tamanho desses dentes. – apertou meu queixo abrindo minha boca. – Ele não está apto para chupar um cara. – todos riram desesperadamente.

— Os seus dentes são bem pequeninhos né lindo? – questionei ironicamente. – O pau do Kevin deve ser bem fino. – arranquei olhares curiosos, já que não falávamos baixo.

— É da espessura ideal. Eu que tenho minhas técnicas. Inclusive se quiser ter sua primeira experiência, só falar e eu te passo.

— Bebe mais um pouquinho que daqui a pouco você entrega todas sem eu nem precisar pedir.

— Se eu puder dizer algo, é... O gosto de esperma não é a sétima maravilha do mundo. – e o garçom apareceu para recolher as coisas da mesa e ficou mais uma vez chocado.

— Até irmos embora ele vai ter um troço. – Lari falou rindo vendo o senhor se afastar.

— Mas sabe o que é a sétima maravilha do mundo? – ele perguntou exaltado.

— Vixe. – olhei meu relógio. – Já tem mais de três horas que estamos aqui. Ele tá bebendo sem parar e em grande quantidade. Tá ficando alterado. Esperem para ouvir barbaridades. – olhei as meninas. – Vocês provocaram isso.

— É que quando fiquei com Kevin pela primeira vez... – olhei rapidamente para Rafael.

— É nessa hora que a gente tem que fazê-lo calar a porra da boca, alguém me ajuda? – nos olhamos todos desesperados.

— Gente me deixa falar? – ele pediu parecendo um menino. – Vocês não vão acreditar! Mas é verdade, eu juro. Juro pela minha vida e pelo meu pai. – agora eu deixaria ele falar. Tranquilamente. – Na nossa primeira vez... – o garçom estava vindo trazendo mais chopps.

— Rafael espera um pouco. – pedi a fim de poupar o homem.

— Eu vou falar! Que saco. O que aconteceu foi o seguinte – ele chegou e eu queria enfiar meu rosto em um buraco. – Eu pensei que iria ser traumático ou no mínimo muito doloroso. Não senti nada. Sentava nele segurando na beirada daquela cama como se estivesse – tampei meu rosto. Ouvi Larissa rindo baixinho e me perguntava como ela conseguia rir com tamanha vergonha. – Cavalgando em um campo aberto cheio de girassóis. O pau dele... – o garçom o chamou.

— Senhor. Esse é um ambiente de família. Já faz um tempo que estamos ignorando seu linguajar chulo. – eu não tinha reação alguma.

— Por isso eu não gosto de sair em Torres. – ele resmungou e o homem continuou o olhando. – Tá, vou falar mais baixo.

— O que tem o pau dele Rafael? – Gih perguntou assim que voltamos a ficar sozinhos.

— MENINAAAAA EU ACHEI QUE ESTAVA COM ALGUMA POMADA ANESTESICA.

— O desgraça para de gritar! – me debrucei na mesa e tampei a boca dele.

— Quando acabamos o sexo, um pouco depois, claro, eu tive que morder pra ter certeza. Ele sentiu muita dor. – disse rindo. – Não havia nada. Eu que realmente não senti. Claro que em outras vezes eu senti, mas na primeira... Tudo bem que usei algumas coisas ilícitas e por isso poderia estar relaxado demais, mas não justifica. NÃO É INCRIVEL?

— Você quer levar um soco? – perguntei tentando me manter paciente.

— Ele tá certo Yuri. Isso é anormal. A primeira experiência deveria ser... Devastadora.

— O Kevin vai amar saber que você contou detalhes da primeira vez de vocês dois no bar, a ponto do garçom vim pedir para maneirar nos palavreados.

— É só eu dar pra ele que ele sossega. – sorriu. – Tudo que eu consigo com ele é assim.

— Ah meu Deus! – escorei os cotovelos na mesa e tampei meus olhos com as palmas da mão. – Preferia quando eu não sabia disso. Agora minha mente vai insistir em querer formular imagens de você e meu irmão se comendo.

— Eu jurava que era o contrário! – Larissa entrou ainda mais na intimidade dele.

— Desculpa, mas vou ter que dar uma de Otávia! Você está estereotipando Rafael. – Giovana discordou da amiga.

— Como se Kevin fosse muito afeminado. – a outra rebateu. Fiquei acompanhando a discussão produtiva e que mudaria muito em nossas vidas.  

— Ele é bem machão né? – iria interromper quando o loiro deu ainda mais informações desnecessárias.

— Ele não é tão machão quando está com as pernas pra cima. – Fael conseguiu arrancar todos os olhares do lugar. – É, o contrário também acontece. – ele começou a falar como a dinâmica sexual dos dois funcionava.

— Eu estou implorando para você parar. É sério. Não é por vocês dois serem dois homens, é por ele ser meu irmão. Pensa no Arthur aqui dizendo como ele transa com a Alice.

— AH! E precisa? É claro que é com jeitinho e de uma forma bem delicada. Esse sexo intenso em tudo quanto é canto com gemidos altos é comigo e Kevin. – olhei o senhor em pé ao lado da nossa mesa.

— Vou pedir novamente para pararem com isso.

— Ele tá com inveja. – Rafael bebeu metade da sua caneca de uma só vez. – Vamos dar o fora daqui? Lugar chato.

— Não, espera. Eu quero saber. Você não sentiu dor e aí... Ficou encantado?

— Não só por isso. O que necessariamente você quer saber?

— LARISSA! – eu tive que gritar. – Você tá vendo que ele tá sem noção e dá ideia.

— O que vocês conversam quando saem sozinhos? – olhei a garota e depois eu e Fael nos olhamos.

— Nem sei. Assuntos idiotas. Mas nada de sexo. Não tem motivo para ficar falando disso.

— Porque a gente não sai para pegar ninguém. Saímos apenas para nos distrairmos. Ele por tá sofrendo ainda por Sophia e eu por ter meu namorado longe. Vocês duas que começaram com esse papo.

Elas ficaram possessas e uma discussão se iniciou e só acabou quase meia hora depois com Rafael ainda mais bêbado e soltando na maior altura que estava com saudade do pau enorme do namorado dele e que queria fazer ménage com uma mulher bem gostosa.

— Ele não vai aceitar. Esquece. – falei rapidamente.

— Tenta com um gostosão. Pode dar certo. – Lari incentivou rindo.

— Sabemos o quanto isso não tem nada a ver com Kevin. – Giovana opinou o que eu já iria dizer.

— E você fala isso, mas é o maior ciumento. Duvido muito que iria aguentar outra pessoa seja mulher ou homem, perto de Kevin.

— AQUELE PAU É SÓ MEU. – e foi assim que fomos convidados a nos retirar do bar. Nunca ri tanto na minha vida. Ser expulso de um lugar não era nada como contavam. Era emocionante, com muita adrenalina e pouca vergonha.

Chegamos a outro lugar que ainda estava aberto apesar da hora, passava de duas da manhã. Ainda riamos. Cada um contava o que achou mais engraçado. Bebemos mais e mais. Fechamos o bar, saímos de lá quase amanhecendo e no outro dia, sábado, Kevin chegaria com Alice e tenho certeza que ficaria sabendo da postura de Rafael, mas... Como ele mesmo disse, tinha seus artifícios para fazê-lo esquecer isso. E isso não era problema meu.


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Notas finais do capítulo

Demorei a postar pq estava tentando escrever o próximo que tá bem atrelado a esse, mas nunca dava e tive problema com o office (que ainda não resolvi), fora o problema da minha cadeira q tb n resolvi ainda (fui ao shopping hj só pra procurar esse inferno, o resultado vai ser eu com cadeira gamer de 1500 dps de ter comprado uma de 800, agora pensa no ódio que toma conta de mim, pq não sou nenhuma Montez e estou CHORANDO.
enfim
Só queria justificar a demora.



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