Amor Perfeito XV - Versão Kevin escrita por Lola


Capítulo 5
Razão de tudo


Notas iniciais do capítulo

Olha quem apareceu após dez dias ))
Foram dias bem ruins, que ainda não acabaram e me deixaram sem cabeça para escrever, mas vou postar o que já havia escrito antes. E quando tudo passar eu posto normalmente quase todos os dias :)
Boa Leitura ♥



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Arthur Narrando

Todos nos reunimos após a partida de Murilo. Como de costume acabamos indo para a casa dos meus avós, apesar de ser tudo que eu evitava nos últimos dias, por não querer ver minha mãe. Ela já havia me pressionado para que eu não me aproximasse de Alice e toda sua obsessão pela garota era exaustivo.

— Já entendi tudo. – Aline afirmou se sentando ao meu lado. Eu a olhei sem saber do que ela falava. – Você e Alice... – me olhou com maldade.

— Ela te contou? – ela riu.

— Claro que não. Você acha mesmo que ela falaria? Alice é... Totalmente o oposto do irmão. Ela é reservada demais. E só vai me contar quando sentir que você quer ficar com ela. Acho que ela precisa processar que não a usou.

— Ela parecia tão tranquila quanto a isso.

— É o momento né Arthur? Mas depois... A insegurança vem com tudo. Sei bem como é isso. – sorriu de um jeito fácil.

— Não consigo mais ver nós dois juntos. – observei a garota um pouco distante conversando com o resto das meninas.

— Por que então ficou com ela? Sabia que era algo importante pra ela, não sabia?

— Eu não disse que não foi importante pra mim. Não é como se... – minha irmã chegou e se sentou em meu colo. – Sai. – reclamei me estressando e ela passou os braços em volta do meu pescoço.

— Eu fiz leitura labial e você não devia estar estressando meu irmão com inseguranças idiotas da Alice. – Larissa se aproximou antes que Aline pudesse responder.

— É incrível como Kevin consegue roubar a atenção toda pra ele né? – ela reclamou se sentando. – Ele acabou de chegar e já mudou o assunto todo da roda. Ele me cansa.

— Todo mundo te cansa Larissa. – minha irmã a provocou. – Menos Arthur.

— Ah... Ele me cansa sim. – comentou com malícia me fazendo engasgar.

— Eu juro que não esperava isso. – me expliquei rapidamente.

— Não esperava o que? – Soph se intrometeu se aproximando.

— A curiosidade parou em minha irmã e ficou. – a gêmea reclamou.

— Tá rodeado de mulher, que isso? – Ryan também se juntou a gente. Observei Kevin e Alice de longe, os dois haviam se distanciado dos meninos. – Devia tá com seu irmão, já que ele vai embora pra capital amanhã. – olhei pra ele. – Esqueci que você não é mais o mesmo Arthur. – sorriu sem graça.

— Sai Otávia. – levantei minha irmã e me levantei e fui até eles. – Cadê o Rafael? – o olhei. Ela saiu de perto.

— Você tem que tipo de problema na cabeça? – continuei olhando pra ele. – Vai trata-la como se realmente não tivesse acontecido nada?

— Cadê o Rafael Kevin?

— Você sabe que aquele cachorrinho fofinho com pelos branquinhos de olhos azuis é necessitado de um adestramento mais complexo né?

— O que você fez com ele Kevin?

— Para de falar meu nome. Eu não fiz nada. Ele só está se sentindo culpado por suas próprias atitudes. Por que será né Arthur?

— Kevin...

— E eu não posso ficar passando a mão na cabeça dele. A gente sabe que ele erra o tempo todo.

— E você não erra quando quer partir pra cima do Murilo? – cruzei os braços e olhei em seus olhos.

— Isso nunca aconteceria se ele não estivesse enfraquecendo nossa relação há meses.

— Termine. É o melhor que os dois tem a fazer. E eu já disse isso a ele. – ele ficou balançado com minha conclusão. – Nenhum método que usar será eficiente com ele. Fael não tem base sólida para viver um relacionamento. É triste, mas é a verdade.

— Arthur. – me segurou antes que eu saísse de perto dele. – Você é o único que pode conseguir descobrir a solução pra nós dois. Porque você sabe o problema. Sua sensibilidade é grande o bastante para saber qualquer coisa.

— Perdi metade da minha sensibilidade naquele sequestro. E muito me admira você ainda não saber do que se trata. – o olhei com seriedade. – Não vou te dizer, nem adianta insistir. Nem mesmo ele sabe. Pelo visto nem as sessões de terapia que ele faz tem tido algum resultado. - seu olhar era claro. - Eu não saberia como abordar esse assunto com ele. Pare de me olhar desse jeito Kevin. - respirei fundo me dando por vencido. - Tá. Prometo que vou pensar em como fazer isso. – ele me abraçou com força. – Odeio quando você tem esses ataques de sentimentalismo.

— Não vou mais te culpar por Alice. – me olhou. – E eu vou cuidar dela. Cuidar muito bem. Muito bem mesmo. – sorriu e saiu andando. Ele era mesmo um idiota.

Cheguei a cobertura e procurei Rafael por todo canto o encontrando na pequena sala de jogos. Estranhei. Quase nunca íamos ali.

— O que tá fazendo aqui? – perguntei chegando perto dele.

— Nada. Só queria um lugar escuro. Como as paredes são pretas... – liguei um pouco de luz.

— Você tá péssimo. – observei o copo de uísque ao seu lado.

— Novidade. – dei um suspiro antes de me sentar. Fiquei um tempo em silêncio. – Foi difícil, mas eu tomei uma decisão.  

— Deixa de ser ridículo. Ele não vai deixar que termine com ele.

— Não vou só terminar com ele. Vou embora daqui. – me virei totalmente para o seu lado. – Não tenho escolha Arthur. Eu estou andando em círculos nesse lugar.

— Andando em círculos? Você está estudando, trabalhando e o seu relacionamento é só uma parte da sua vida. – ele ficou me olhando.

— É a parte que mais me afeta. – me dava ódio ter que ser eu a pessoa que iria mexer nas feridas mais profundas dele, mas eu não podia ver que ele estava disposto a desistir de tudo e não fazer absolutamente nada. Pedi a ele pra esperar e fui pegar cerveja pra gente na geladeira.

— Rafael... – me sentei novamente ao seu lado após lhe entregar a garrafa. – Você já tentou descobrir o motivo de você ser tão inseguro com Kevin? – me olhou com os olhos arregalados.

— Você é retardado? – fiquei nervoso no mesmo instante que ouvi sua pergunta.

— Vou te agredir. – ameacei friamente.

— Você anda tão agressivo e impaciente.

— Fui preso igual um animal em uma jaula, deve ser por isso. – ele se sentiu culpado. – Rafael estou falando sério, você não parou pra pensar nas causas mais densas disso?

— É o Kevin Arthur. Ele é bom demais. E isso me causa insegurança.

— A única coisa que é boa no Kevin é o cheiro dele e a conta bancária. – o olhei. – Inclusive esse segundo ponto é o único benefício de ele ter sofrido tanto desde cedo. E já que estamos falando disso... Qual perfume ele usa? Eu já perguntei e ele não fala. E você sabe o quanto é difícil mexer nas coisas dele.

— Ele tem vários. Mas o cheiro natural dele é o mais gostoso. – o olhei com tédio. – É sério Arthur, você não tem capacidade para entender a magnitude que é ser atingindo por Kevin.

— E nunca entenderei porque ele é meu irmão. – falei rápido e sério. – Vou te dizer uma coisa... E eu quero que reflita bastante sobre isso. – nos olhamos. – Lembra quando nos conhecemos?

— Sim. Por quê?

— Você tinha outra cabeça não era? – concordou gestualmente. – Acontece que isso não mudou. Quer dizer... Mudou, mas não da forma como você acha. – endireitei meu corpo e o encarei diretamente. – O que estou querendo te dizer é que você foi criado por seu pai de uma forma que não te deu oportunidade de aprender a se relacionar com alguém. E você nunca teve a curiosidade de aprender. Tudo o que ele disse sempre foi o pior. Lembra quando eu tive ciúme de você e Alice e você me contou o quanto não ter tido uma mãe e seu pai ser tão sexista entre outras coisas te afetou? O que você não consegue entender é que isso ainda te afeta. Eu posso continuar? – vi que ele não estava nada bem com aquela conversa.

— Fujo desse assunto na minha terapia Arthur. Eu realmente não queria falar do passado com meu pai.

— Vai fugir até quando Rafael?

— Essa parada de que só se cura mexendo não me parece real. Dói Arthur. Eu sei o que eu passei todos esses anos com ele. Na época não achava que me afetava, mas hoje eu vejo o quanto eram absurdas as coisas que ele dizia.

— A questão não é essa. Olha... Você não precisa ficar remoendo as piores atitudes e falas dele. Você só tem que canalizar sua energia em organizar seus pensamentos e entender qual é a cura dos problemas emocionais que ele te fez ter. Não adianta só hoje você e ele terem uma relação linda Rafael. Não é porque tudo foi perdoado que foi curado. Faz isso por mim. Se recolhe, pensa e perceba. Depois aprenda a falar sobre isso com sua psicóloga para você tratar esse trauma. Você não vai perder o Kevin por causa disso, eu não vou deixar. E muito menos ir embora. Você nunca vai ir embora daqui. Isso está fora de cogitação. Ravi precisa de você, você já virou o braço direito dele, mais que eu. – sorri. – E o plano não é você se formar, comprar um apartamento pra você e continuar com o Kevin? – ele sorriu espontaneamente. – Torres já virou sua casa.

— Nunca conte isso a ele. Ele vai me matar se souber que estou planejando algo sem ele.

— Não é sem ele. Vocês vão estar juntos e é assim que você se vê e planeja.

— Será? – se deitou na vermelha e grande mesa de sinuca. – Eu não sei. Preciso melhorar, caso contrário ele vai me largar uma hora.

— Você já sabe o caminho para melhorar.

— Como você conseguiu saber que era isso? – se sentou e me olhou.

— Já tive que te ouvir muito. Acho que te conheço o bastante. E antes que fique chateado por ele não saber, ele não te conheceu muito antes... Ele sabe mais do Rafael dele do que do Rafael influenciado pelo pai. – olhei as horas. – Vamos lá ficar com eles. Amanhã ele vai embora, vocês iam dormir longe um do outro?

— Íamos. Eu... – respirou fundo.

— Nem precisa dizer. Ainda brigando por causa do Murilo.

— Sabe que ele foi busca-lo em um motel né?

— Rafael eu vou te falar uma coisa que vai doer. Se o Murilo quisesse, ele já teria acabado com seu namoro. E sei que Kevin provavelmente não ficaria com ele. Mas ele acabaria sim com seu namoro, aceite isso. Meu irmão abomina traição. Ele me ligou trezentas vezes pra que eu fosse no lugar dele, o caminho todo ele me ligou. E Murilo também me ligou antes. Nenhum dos dois querem estar juntos.

— Você não atendeu porque não quis, porque desde o sequestro você tem pesadelos e seu sono não é mais tão pesado.

— Sim. Foi mesmo. Eu sabia que era algum drama. Essa família é cheia de drama. E eu estou extremamente cansado disso. – ele ficou calado e com expressão de raiva. – Até quando vai ficar brigando com ele?

— Ele foi buscar Murilo em um motel. Isso é imperdoável.

— Agora mesmo você estava todo arrependido dizendo o quanto precisa melhorar.

— Sim. Só em relação a isso que não.

Kevin chegou justo no ápice da sua raiva. Assim que ele abriu a porta Rafael passou por ele indo para o quarto. Respirei fundo e passei a mão em meu rosto. Aqueles dois eram muito complicados.

— Você vai ter que descobrir a senha do quarto dele pra mim. Ele muda toda vez que fica com raiva. – falou sorrindo. Dei uma risada. Era incrível como às vezes Kevin não se abalava com nada.

— Se fossem letras seria “vai pro inferno”. Ele tá muito puto contigo. – nos olhamos.

— Difícil mesmo é saber quando ele não está. – afirmou se sentando ao meu lado.

— Como ele soube? – olhei em seus olhos.

— Eu contei. – balancei a cabeça negativamente. – Se tem algo sobre mim que você já sabe é que eu não escondo nada dele.

— Se tem algo sobre você que eu não sabia é que era idiota. Pra que isso Kevin? Você próprio tirou sua paz.

— Eu não estaria em paz pensando que fiz algo sem ele saber. Mesmo que seja algo pequeno. Já te disse isso.

— Então lide com a fera. Ele não vai esquecer isso tão fácil.

— Você já conversou com ele? – dei um suspiro.

— É esse o motivo de estar aqui?

— Não. Quero ser mal tratado pelo meu namorado. – sorriu. – Fazer o que, é meu fetiche. – fiquei o encarando com tédio. – É lógico Arthur.

— Sim, conversei. – respirei fundo. – Ele me prometeu que vai se autoanalisar e vai tratar do assunto com a psicóloga dele.

— O que é? – pensei um pouco se falava sobre aquilo com ele ou não. – Deixa pra lá. Não importa.

— Importa. Lógico que importa Kevin. Mas eu não sei se ele... Bom. – soltei o ar. – Foi a criação do pai dele. Ele nunca foi ensinado a se relacionar com alguém amorosamente. Pelo contrário, o pai era sexista, misógino e além de demonstrar certo ódio a mulher e passar isso a Rafael, ele não o passou certos valores, como confiança, respeito... Ele não perdeu tempo se aprofundando em como um relacionamento funciona Kevin, porque ele estava ocupado demais vivendo os traumas que o pai lhe causava. Você também é traumatizado pelo pai, até em escala bem maior que ele, mas teve o casamento com Kira pra de alguma forma te ensinar muita coisa, além de toda a família por perto. Já Rafael... – suspirei. – Quando conheci Rafael, ele simplesmente se aproximou de mim por eu ser muito bonito e ter um carro caro. E isso ser pra ele o que chama a atenção das mulheres. Agora pensa o que um cara com essa cabeça tem de valores. Eu sei que por minha causa ele mudou bastante. E agora por você com certeza já mudou mais ainda. Mas existem sequelas que são pra vida toda e tem que ser tratadas.

— Nossa... Era tudo tão óbvio.

— Tenta entende-lo. Tenha mais paciência com ele. Eu sei que é difícil. Mas ele não é assim porque ele quer. E... – o olhei nos olhos. – Ainda tem o agravante de você ser você. Acho que você é especial demais. Se fosse outro cara talvez ele não surtasse tanto. Na real eu acho que nenhum outro cara conseguiria ficar com ele.

— Isso foi um elogio?

— Como se você precisasse de um.

— Acho que vou deixa-lo em paz hoje. É melhor. – se levantou me fazendo estranhar muito aquilo.

— Indo embora amanhã? Sério?

— Vou levar Alice pra tomar um porre, ela tá precisando.

— De novo? A última vez que você fez isso não deu muito certo.

— Não vou deixa-la passar dos limites. – sorriu. – E muito menos parar na sua cama. – saiu rindo. Sua imbecilidade ás vezes chegava a ser mais irritante que o comum.

Kevin Narrando

Minha atenção era toda para o que Ravi dizia e para as imagens que ele me mostrava. Era curioso ver como as coisas eram feitas, eu gostava daquilo. Eu estava mesmo bastante concentrado... Até Rafael entrar em sua sala. Ele havia acabado de voltar de uma obra.

— Ravi aquela arquiteta está me tirando do sério. Não vai demorar muito pra brigarmos. – falou com o jeito nervosinho dele.

— O que ela fez Rafael? – o mais velho perguntou ajeitando seu habitual óculos.

— O de sempre. Não se comunicou. – esfregou o rosto com força. Ele realmente estava bravo. – Como tudo vai correr bem se ela simplesmente não se comunica com o resto dos profissionais? Diz? – encarou o chefe.

— Vou conversar com ela. – Ravi afirmou com seu jeito sereno.

— Com essa calma? Ela não vai mudar. Eu já conversei com ela. Não adiantou. Quer saber? Espera quando vier o prejuízo financeiro e você toma uma atitude. – foi pra sala dele. Ravi me olhou.

— Como você o aguenta? – dei uma risada.

— Eu não aguento. Eu suporto. Vou lá nele. – ele balançou a cabeça e sorriu. – Ah... E vindo de quem é casado com Luna por tantos anos essa é uma pergunta bem interessante. – ele não aguentou e riu.

— Parabéns a você e a mim pela coragem. – sorrimos juntos.

— Ele é bem menos assustador do que parece. – completei e fui até a sala que era ao lado. Havia apenas uma repartição branca sendo metade dela de vidro.

— Se você não percebeu eu não estou afim de papo. – falou antes que eu chegasse perto. Não me incomodei com sua fala e continuei andando, me encostando em sua mesa ficando quase ao seu lado, mas de frente pra ele. Observei o enorme quadro na parede, atrás de sua cadeira. O celular dele tocou, ele atendeu, falou algumas coisas do trabalho e desligou. – Você acha que eu não faço nada? Por que veio aqui? Não era pra tá estudando? – vi uma mulher entrar e ir pra sala do Ravi. Seu olhar a acompanhou e pela sua expressão eu já sabia quem era.

— É ela? – perguntei continuando olhando seus movimentos. – Você tem mesmo moral com ele. – vi Ravi fechar a porta da sala.

— Parece que eu sou algo como “novo Arthur”. – me olhou. Fiquei olhando pra ele e ele acabou sorrindo. – Não me faça sorrir. Eu ainda estou com muita raiva de você.

— Foi mal. Não era a minha intenção te fazer sorrir. – menti.

— Claro que não. – revirou os olhos. – Por que não foi pra capital?

— Acha mesmo que eu iria com você assim comigo?

— Não foi ainda por minha causa?

— Por que tá perguntando como se fosse impossível?

— Não é impossível, mas é irresponsável. E você não é assim.

— Você não ia falar comigo. Eu ia ter que esperar quinze dias para nos acertarmos Rafael.

— E quem disse que iriamos nos acertar?

— Achei que era isso que estávamos fazendo agora. – suspirei. Tudo era tão difícil com ele.

— Você fica tão bonitinho quando fica frustrado.

— Dá pra parar de brincar comigo? – o olhei de forma séria.

— Não. Você buscou seu ex namorado em um motel. Isso é muito grave.

— Rafael eu estou cansado disso. Eu já te expliquei que fiz isso por ele ser meu primo. E eu tentei não fazer. Não foi algo que eu quis ou procurei.

— Você o desejou de novo. DE NOVO Kevin.

— Para de gritar. Ou eu vou embora.

— Por que você me contou isso? Pra me humilhar?

— Eu não consigo ser de outro jeito. Eu me sentiria péssimo te olhando e pensando nisso o tempo todo.

— Mas não consegue se conter e não fazer?

— Eu já te expliquei o motivo disso acontecer e o motivo de não conseguir controlar minhas reações.

— FICASSE LONGE DELE. – me levantei e fui embora. Ele sabia o quanto eu não suportava gritos e bate boca naquele nível.

— Volta pra lá comigo. – pediu parando em minha frente. Fiquei olhando pra ele. – Eu não vou gritar mais. Prometo.

— Você só se prejudica. É o seu trabalho. Eu não devia ter vindo. – tentei continuar, mas parei ao ouvir sua fala.

— O Murilo tem sorte. – o olhei. – Ele ainda vai te ter e você é tão perfeito e o ama tanto. – sorriu. – Não faz essa cara de tédio. Não estou falando nenhuma bobagem. E não precisa esperar quinze dias para nos acertarmos, isso não vai acontecer. Espero que tenha ficado claro. – fiquei parado durante um bom tempo refletindo sobre suas palavras.

— Oi. – falei ao vê-lo voltando para a sua sala. Estava lá o esperando há alguns minutos. – Não devia chorar no trabalho, você é branco demais e dá na cara. – olhei em seus olhos.

— Você não entendeu o que eu te disse né?

— Não. Eu tenho sérios problemas de entendimento. E sou igual uma bolinha de gude que você joga e volta. – dei um sorriso extremamente irritante.

— Tá querendo transformar minha tristeza em raiva? Não vai funcionar. – se sentou em sua cadeira e começou a trabalhar ou fingir que estava trabalhando já que eu sabia que ele não iria conseguir se concentrar em nada a partir daquele momento. Continuei na cadeira a sua frente e pensei em uma forma de fazer com que ele não tomasse aquela decisão.

— Eu vou voltar pra cá ano que vem. – contei e ele me olhou. – Não pretendia te dizer nada, mas... Isso é o quanto eu estou disposto a ficar com você e fazer dar certo.

— Vai desistir do seu curso?

— Não vou desistir. Até lá pode abrir um em Alela.

— Sabe que isso é difícil de acontecer né? – sorri.

— Não me importo. E eu não quero que venha me dizer o quanto isso é horrível e eu sou insensato e irresponsável e milhões de coisas que eu sei que eu não sou.

— Você acha que tá me mostrando uma prova de amor, mas só tá me dando mais um motivo para terminar. – concluiu baixinho. – Eu não vou destruir seu futuro.

— Se terminar comigo estará destruindo do mesmo jeito. Você viu como fiquei quando Murilo e eu terminamos. Eu não vou conseguir estudar Rafael.

— E por isso eu devo ficar com você?

— Claro que não. Só estou derrubando seu argumento. – ele ficou em silêncio e permanecemos por algum tempo nos olhando.

— Eu estou sempre preso entre você ser muito pra mim e a vontade de te jogar pra bem longe. E isso é exaustivo.

— Não existe a possibilidade de eu ser muito pra você e muito menos que eu deixe você me jogar pra longe. Só somos duas pessoas errando juntas. Eu sei que você me ama e quando sua insegurança não te domina você sabe que eu também te amo.

— Gosto tanto quando você diz que me ama. – sorriu. - E é uma pena você nunca fazer isso.

— Rafael... Para de brigar comigo, por favor. – seu sorriso aumentou me causando alívio.

— Vou só responder alguns e-mails e marcar alguns compromissos da semana e vou pedir a Ravi pra tirar o resto da tarde de folga. Você não tem nada pra fazer agora né?

— Tenho. – seu sorriso se desfez. – Fazer as pazes com meu namorado loiro, lindo e... – como me conhecia muito bem ele sabia que eu iria critica-lo, então me lançou um olhar capaz de me desencorajar. – Legal. – sorri.

— Levemente irritado. – acrescentou enquanto digitava e me olhou. Dei uma risada.

— Presta atenção no que está fazendo, não quero ser culpado por nenhum erro seu.

— Sou capaz de fazer duas coisas muito bem feitas ao mesmo tempo e você sabe disso. – deu um sorriso malicioso. – Ficou vermelho? – riu e eu olhei para a divisória de vidro.

— Ravi é a pessoa mais séria que eu conheço. Não faça brincadeiras desse tipo aqui.

— É. – concordou. – Acho que tem razão. – pensou um pouco. – Ele é mais sério até que Vinicius né?

— Vinicius não é sério. Ele é assustador. É bem diferente.

— E o filho dele não o puxou muito, pelo menos não nisso.

— Vai começar? – passei o polegar e o indicador em minhas sobrancelhas.

— Ele foi meu amigo, eu posso falar dele sem lembrar que você o deseja. – fiquei calado. Sabia que em minutos estaríamos brigando novamente. – O que você acha sobre isso?

— Sobre a genética dos dois? – o encarei. Ele balançou a cabeça concordando. – Não acho nada.

— Logo você que sempre tem uma opinião sobre tudo. – respirei fundo.

— É pra eu responder e te deixar nervoso? Se quiser eu faço isso.

— Só queria deixar claro que eu não tenho medo dele e se for preciso você sabe que... – parou de falar e sorriu. – Eu arrebento a cara dele Kevin.

— Quando esse dia chegar eu vou saber que não tem mais solução pra gente. – seu olhar pedia uma explicação. Como se realmente precisasse.

— Então eu te perderia se eu acabasse com o rostinho daquele filho da puta? – fechei os olhos e soltei o ar de forma profunda.

— Não o chame assim, o pai dele é como um pai pra mim. – pedi ainda com calma.

— Mas a mãe não é. – ficamos nos olhando.

— Acaba o que tem pra fazer e vamos Rafael. Por favor.

— Você nunca foi e nunca vai ser completamente meu. Todo mundo sabe disso. O que você acha que vai ser da gente Kevin? Diga francamente.

— Isso é algo pra se discutir no meio da tarde no trabalho?

— Responde. – seu olhar fixo me fez não querer debater.

— Uma hora sua insegurança vai passar. Você vai se dar conta que eu sempre fiz tudo pra estar ao seu lado e que o meu amor é verdadeiro e é seu. E não dele. Tenho esperanças que você vá aprender a confiar em mim e eu nunca mais vou me aproximar dele da forma como eu sei que não devo. Aliás... O ideal é que eu nem mesmo me aproxime, eu sei disso. Não posso afirmar que realmente vai ser assim, mas é o que eu espero. E eu já disse duas vezes indiretamente que te amo só hoje. Então é melhor pararmos por aqui e irmos logo.

— E você ainda diz que sou que eu mando. – se levantou. – Vamos então Kevin. – em uma coisa ele tinha razão, no fim de tudo eu sempre acabava o convencendo do que eu queria, seja por persuasão ou por pura fadiga. Nós dois nunca tínhamos muito pra onde correr... Acabávamos juntos, ainda que a raiva prevalecesse. E eu acho mesmo que assim seria por um bom tempo. E quem sabe até um tempo longo o bastante que se permita não ter fim?!


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Notas finais do capítulo

Perdão se houver erros, a revisão pela cabecinha de quem não dorme há dias com certeza não é nada confiável.
ps: Kael continua intocável ♥



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