Amor Perfeito XV - Versão Kevin escrita por Lola


Capítulo 2
Sequestro


Notas iniciais do capítulo

Boa Leitura
Desculpa pela demora! ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/799539/chapter/2

Kevin Narrando

Fevereiro nem havia acabado ainda e as surpresas voltaram a acontecer. Minha mãe me ligou e mandou que eu ligasse a televisão. Imaginei que seria mais um escândalo do meu pai. E dessa vez eu não tinha nada a ver com isso. Mas não. Era algo que eu nunca poderia imaginar.

— ALICE! – gritei e ela veio correndo. Na televisão mostrava a foto de Arthur. - Arthur Montez está vivo. O habitante de Torres foi encontrado e levado às autoridades que rapidamente comunicaram aos familiares. O seu pai é o milionário Caleb Montez que se envolveu em escândalos que levou o filho a agredir um repórter pouco antes do seu sumiço. Ele foi oficialmente declarado como morto. O caso será reaberto e investigado.

Fiquei sem reação e ela também. Por mais que eu quisesse acreditar que houvesse essa chance, intimamente eu não acreditava. Achava não ser possível. Era improvável demais se passar tanto tempo e ele sobreviver. Quase três meses. Longe demais deixou de ser a palavra certa para definir meu pai. Ele extrapolou os limites do canalhismo máximo que ele podia extrapolar.

— A gente tem que ir pra Torres. Agora Kevin. – nos olhamos.

— Tá. Vou pegar a chave. – falei me apressando.

No caminho Vinicius ligou para Alice. Ela deixou que eu escutasse a conversa. E o que eu ouvi me deixou ainda mais furioso.

“Ele foi sequestrado. Não se lembra bem e não quer falar muita coisa. Apanhou muito, tá cheio de fraturas e cicatrizes. Ainda tá no hospital passando por um médico, existe o risco de perda de memória, só que parece que não é o caso, ainda não temos certeza. Mas ele tá bem Alice.”

— Depois de dizer isso tudo você diz que ele tá bem? – ela perguntou chorando.

“Ele tá vivo. Isso é tudo o que importa agora.”— todas as tentativas de acalma-la foi em vão. – “Kevin dirige com cuidado e atenção.”— pediu repetidamente por umas três vezes ou mais. Assim que ela desligou a ligação nós nos olhamos.

— Isso tá estranho. Se ele foi sequestrado, por que não pediram resgate? – perguntou um tempo depois.

— Pediram. – respirei fundo. – Para o meu pai. – balancei a cabeça. – Era pra isso que ele estava movimentando as contas. Talvez... Talvez ele não tenha piorado as coisas e sim tentado arrumar. O que não justifica, porque tudo é culpa dele.

— Como você sabe isso de movimentação?

— Foi um dia que passei o dia todo no hotel com o advogado dele. Fucei em algumas coisas que eu tenho acesso.

— Mas se for assim como você tá achando, por qual motivo demorou tanto pra que libertassem Arthur?

— Não sei. – fiquei pensando naquilo o resto do caminho todo, tentando entender. Sem êxito. Quando chegamos a Torres fomos direto ao hospital onde Arthur ainda estava.

— Ele quase não disse nada. – Luna falou quando chegamos. Depois me olhou. – Quem sabe você arranca alguma coisa dele. Todos tentaram. – olhei para nossos amigos. Depois olhei para Alice. Era difícil pra a mãe dele admitir que seria mais fácil pra garota conseguir isso. Entramos no quarto e ele estava de costas. O médico estava de saída e nos olhou.

— Vou libera-lo assim que o último resultado de exame sair. – contou e sorriu cordialmente. Chegou mais perto da gente antes de ir. – A mãe dele já avisou que ele não é mais o mesmo de antes? – concordei. – Foi um trauma muito grande. Vou deixá-los com ele. – saiu e olhei Alice. Era melhor que ela tentasse falar com ele primeiro.

— Arthur. – ela o chamou e ele se virou. Sua expressão era vazia e sem nenhuma reação específica. Mas isso não atingiu Alice. Ela correu e o abraçou chorando. Ele manteve os braços soltos, me deixando assustado. Meus olhos com toda certeza estavam arregalados. – Você não me reconhece? – ela perguntou ao se separar dele.

— Cadê o seu namorado? – ele perguntou de uma forma ácida e amarga. – Dá licença. – praticamente a empurrou e veio até a mim. – Fiquei sabendo que você quase morreu sem mim. – falou em um tom sério e atormentado. Eu queria demonstrar alguma reação positiva, ter alguma atitude de acolhimento ou carinho, mas eu não conseguia. Aquele ali não era o Arthur.

— Você tá muito estranho. Meu alívio de te ver tá começando a se tornar temor. – ele deu um pequeno sorriso e me olhou de cima a baixo. Arthur nunca olhava as pessoas assim. Ainda mais eu, que era tão próximo a ele. Não sei o que ser sequestrado pode fazer com uma pessoa. Mas ele certamente não ficou bem depois disso. Ainda mais após ter apanhado tanto. Apanhar pra mim não era tão traumatizante. Fui treinado pra isso, podia suportar horas e horas de dor, mas ele não... Talvez isso também tenha feito sua cabeça mudar.

Sai da sala e me juntei aos nossos amigos. Alice veio um pouco depois. Ficou lá olhando aquele cara que não era mais o cara que ela conhecia.

— Temos que fazer alguma coisa Kevin. – Ryan falou rapidamente. – Aquilo ali não é o Arthur. Ele nem mesmo olhou nos nossos olhos.

— Gente o meu irmão foi sequestrado! Vocês querem o que? Que ele sorria e diga que tá tudo bem? – Otávia o defendeu.

— Tem mais coisa nisso e a resposta tá vindo aí. – falei ao ver meu pai no corredor.

— Já encontrou sua alma gêmea? – ele me questionou e sorriu.

— Vem aqui agora. – eu o puxei com força para o quarto de Arthur. Ele disfarçou.

— Para de dar show. Tá cheio de repórter aqui. – rangeu os dentes. Tranquei a porta.

— Conta agora tudo o que aconteceu com ele! – exclamei nervoso. – Não vai falar? – ele continuou calado. – Beleza. A Alice vai adorar saber que... – ele me puxou de volta.

— Sabe por que eu não deixo você contar essa merda? Porque colocaria Luna em maus lençóis. Ela me contou. E só ela sabia. Vinicius cortaria vínculo com ela na hora.

— Vocês já estavam separados. Por que ela ainda partilhava confidências da família?

— Fazemos um belo par Kevin. Se eu não a tivesse traído... – e ele levou um soco de Arthur. Olhei abismado os dois. – Tá louco?

— Conta pra ele tudo que aconteceu. – e ali eu vi resquícios do antigo Arthur. Porém com muito mais ódio e bastante rancor.

— Tá. – respirou fundo e pegou um lenço limpando o sangue de sua boca. – Eu enviei alguém pra dar uma batidinha em seu carro. – contou me olhando. Fechei os olhos tentando manter o equilíbrio. – E mandei seu irmão atrás dizendo que Alice estava em perigo. Eu mesmo fiz a ligação. Mas eu pedi a ele perdão e prometi que eu iria busca-lo. – o olhou. – Cumpri minha promessa.

— Busca-lo onde? Com quem?

— Gente poderosa. Inimigos. Tive que entregar Arthur. Se não iria ser pior.

— Pior como? Iriam pegar você? Trocou sua vida pela do seu filho? – questionei não conseguindo ficar calmo. – Que inovação. Foi egoísta como sempre.

— Não. Eu iria pôr o negócio dessa família em risco Kevin! Você sabe por tudo que eu já te ensinei em todos esses anos que jogadas arriscadas são necessárias para não perder tudo. Arthur – ele o olhou. – Alice também é herdeira dos negócios Montez. Se você soubesse de tudo antes eu tenho certeza que iria aceitar. Pelo menos por ela.

— Você teve praticamente três meses pra me tirar de lá. Eu não acredito em nada do que diz. Sai da minha frente. – o ódio em seu olhar era carregado. Caleb deu um suspiro inconformado e saiu.

— Arthur conversa comigo. – pedi sabendo que possivelmente não seria atendido. – O que eles fizeram com você?

— Eles me prenderam em uma espécie de galpão escuro e sujo. – passei a mão no rosto.

— Aquele inútil deu dinheiro a eles e te soltaram? – ele riu.

— Eu fugi. Por esses dois meses eu só pensava em voltar pra casa. Em alguma forma de sobreviver. Sonhava em fugir todos os dias. Só que pra isso tive que me tornar outra pessoa. Mais forte, mais frio, menos sentimental, menos bobo e menos Arhur. – o olhei e me assustei com o seu olhar.

— Você não vai se tornar o que eu era.

— Jamais. Porque você era um hamster do Caleb. E eu só quero destruí-lo. – me levantei e respirei fundo. Era tudo que faltava. Arthur descontrolado e cheio de ódio.

— Você não imagina tudo o que eu passei. Tudo o que ELE me fez passar. Quando eu não estava apanhando, eu estava comendo uma comida de procedência duvidosa ou... Sendo mais esperto. Eu ficava solto dentro daquele balcão. Como um bicho em uma gaiola. Então eu... Eu me adestrei. Eles me julgavam incapaz. Foi quando dei um golpe em um deles e desarmei o outro. É isso Kevin... Voltei dessa forma, não aquele bobo que foi sequestrado e sim quem fará Caleb pagar por tudo. Cansei de relevar as coisas que ele faz ou tentar uma vingança dentro da lei. Ele nunca vai ir preso. Ele nunca vai pagar por nada disso. Agora vai ser de outro jeito. – sorriu. –  Se eu já queria vingança antes, hoje eu respiro isso.

— Arthur... Vai com calma. Você não é assim e isso pode te tornar... – ele me interrompeu.

— Eu não ligo. E é preciso que também que saiba de uma coisa. – respirou fundo. – Esse tempo me ajudou em algo. E eu juro que estou sendo sincero. Juro pela sua vida. Se eu estou abrindo tudo pra você agora, saiba que é minimamente importante pra mim. – fiquei até com medo do que ouviria. – Eu esqueci Alice. E se eu não tenho amor pra me atrapalhar, fica muito mais fácil eu deixar com que o ódio me direcione. É assim que vai ser. Não tenta me fazer voltar ao que era antes. Eu não quero.

— Tudo bem. Como achar melhor. – a porta que o meu pai deixou destrancada se abriu e a garota da faculdade entrou com Alice atrás.

— Ar! – ela exclamou com lágrimas nos olhos. – Não acredito que você está vivo! – envolveu seu pescoço ficando na ponta dos pés. Ele gentilmente pegou seus braços e a tirou de cima dele.

— A gente pode se ver um dia desse? – sua pergunta assustou a mim, Alice e até a garota. – Mas esquece isso de se envolver, por favor. – ela me olhou querendo explicações.

— Deve ter batido a cabeça. Eu não sei. – dei de ombros. – Vamos deixa-lo sozinho. – Sai com as duas.

Expliquei a situação a todos nossos amigos mais tarde na casa da vó Isa. E eu sabia o que ouviria, mesmo não querendo ouvir. Aliás, as opiniões certamente eram diversificadas.

— Eu estou com ele. Não há nada de errado Kevin. E o seu pai tem que pagar. – Ryan disse primeiramente, sendo o cabeça de todos. – Ele só tem que deixar de ser tão assustador e introspectivo. Tá lembrando muito você antigamente. E isso é meio intragável. – nem respondi.

— Ele não é assim Kevin. – meu namorado opinou bem preocupado. – Arthur é amoroso demais. Ele é tudo menos aquilo ali. Ele nem mesmo me deixou dar um abraço nele.

— Eu sinto muito. – falei ao ver a tristeza dele. – Se te conforta ele também não me abraçaria se eu tentasse.

— E por que não tentou? – Soph franziu a testa. – Faz tempo que estou de olho em você. Você tá mudando. E agora com Arthur assim é um risco. Ele te leva pro inferno com menos de um segundo. – virei os olhos e fiquei a olhando de lado. Rafael se levantou e me abraçou beijando meu rosto.

— Não se preocupe espertinha. Desse aqui cuido eu. Ele jamais vai passar para o outro lado novamente. E agora o Arthur voltou. Era esse o motivo da raiva dele.

— Ele pode transferir para o pai. É bem lógico. Olha as sequelas no Arthur. Ele virou outro cara. Além de estar todo ferido.

— AAAAAAAAAAAAA! – Otávia gritou colocando as duas mãos na cabeça. – Parem com isso! – começou um choro desesperado. Alice foi até ela e a consolou. As meninas fizeram o mesmo após poucos segundos. Olhei Ryan e notei o quanto ele ficou nervoso. – Preciso acreditar que ele vai voltar ao normal. Ele vai se recuperar. – olhei para Ryan de novo. Ele sabia que aquilo não aconteceria. Vi sua expressão mudar.

— Tem um jeito dele voltar a ser como antes! – ele exclamou atraindo a atenção de todos.

— Murilo. – Sophia adivinhou o fazendo dar um sorrisinho positivo.

— Além do meu namorado, o meu melhor amigo? – fechei os olhos ao perceber que eu teria que lidar com o ciúme de Rafael.

— Muh e Arthur sempre foram muito amigos. Você e ele são amigos há poucos anos. E Murilo tem esse jeito de conseguir salvar as pessoas. Não transforma isso em um drama. – Ryan argumentou.

—  Por que ele tem esse jeito de conseguir salvar as pessoas? – dei uma volta em círculo.

— Kevin controla seu namorado, por favor.

— Só quero saber. Ele não salva nem ele. Não é ele que vive dando crises de ansiedade? – parei e olhei nos olhos de Rafael. Não acreditava no que estava ouvindo sair da boca dele.

— Manda esse garoto sair daqui. – Soph mandou enquanto eu me preocupei em olhar pra Alice e ver sua reação já que ela estava no ápice das emoções.

— Ninguém precisa mandar, eu já estou indo. – antes dele sair pedi que me esperasse lá fora.

— Alice desculpa por isso. – falei e ela finalmente olhou em minha direção.

— Meu irmão me disse uma coisa e é verdade. Você é um capacho do Rafael. Mas não é culpa sua. É o seu jeito. Agora o jeito dele é esse. Você vai mesmo aguentar isso o resto da sua vida? – fiquei calado.

— Você disse que o Murilo viria com a namorada. Peça que ele venha mais cedo. Quanto mais tempo passar e Arthur ficar assim vai ser pior. – olhei para Ryan. – Danilo quer falar com você, eu o vi no hospital e esqueci de avisar. Vou ir. Qualquer coisa me liguem. Evitem ir conversar com ele se não quiserem ser magoados.

Assim que cheguei em casa com Rafael minha mãe estava lá. Ela começou um papo ameno com ele sobre o trabalho dele e como tudo era louco com a história de Arthur e eu parecia nem estar ali.

— Você veio para o seu quarto e me deixou lá embaixo. – reclamou se deitando na minha cama. – Desculpa pelo que eu disse. Porém foi sincero e eu gostaria que me explicasse.

— Você tá sempre me pedindo desculpas e fazendo de novo. Você precisa procurar ajuda.

— Eu tenho ajuda. Eu só não vou aceitar o povo endeusando o Murilo. Ele tem problemas. Ele não é ninguém pra mudar a vida de alguém.

— Rafael. – me sentei e suspirei pesadamente. – Ele ter um problema não interfere no dom de persuasão que ele tem e na dedicação que ele usa para mostrar a alguém que o melhor pra ela não é o que ela tá fazendo. Ele coloca amor em tudo o que faz. Talvez seja isso que faz as coisas darem certo. E isso não tem nada a ver com o que ele tem, com o que ele passa... Aprende a separar as coisas. Assim como ele ter esse dom não me faz querer estar ao lado dele e nem o admirar mais que a você. Agora para de fazer eu ter que te explicar as coisas como se fosse uma criança, porque isso sim com o tempo vai fazer minha admiração diminuir.

— Você é tão duro comigo.

— Eu não estou sendo duro. Estou sendo paciente, amoroso e levando muito em consideração o fato de estar há um ano e três meses ao seu lado.

— Você lembrou. – sorriu. Havíamos acabado de completar os três meses há dois dias.

— Eu nunca esqueço. Mesmo quando estava tão triste por causa do Arthur.

— Eu não sei lidar com Murilo e nunca vou saber. E isso tem um motivo, eu já te disse. Acompanhei vocês dois desde o início Kevin e vi de perto. Minha terapeuta diz que talvez eu tenha visto um amor tão forte e esteja cego para não ver o mesmo entre nós dois. Mas eu sei que existe. Seja paciente comigo até que não precise mais ser. Promete?

— Enquanto eu te amar eu vou ser. – fiquei olhando pra ele. – Só que eu devo confessar que é difícil viu Rafael. Mas talvez seja isso que te torne ainda mais... – pensei bem antes de falar.

— Seu. Só você poderia passar por isso. – ele me beijou antes que eu dissesse qualquer coisa. Já ouvi dos meus amigos que eu deixava Rafael se impor demais e não colocava limites nas paranoias dele, mas eu entendia que eram inseguranças geradas pelo fato dele ter presenciado tão de perto minha dedicação ao meu primo. Então o que eu podia fazer era me dedicar ainda mais a ele e isso incluía ser extremamente compreensivo e paciente. E só tinha um jeito de fazer isso... Deixa-lo externar sua insegurança e estar ao seu lado quando passar. Eu o amo e se pra todo mundo eu sou um idiota de fazer isso, não importa. Só conseguia pensar em como fazê-lo feliz e deixar o nosso relacionamento em paz.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Nem vou dizer quando venho, mas pretendo que seja o mais rápido (:



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Amor Perfeito XV - Versão Kevin" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.