Amor Perfeito XV - Versão Kevin escrita por Lola


Capítulo 11
Um problema


Notas iniciais do capítulo

Boa Leitura ♥



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Rafael Narrando

Acordei com uma dor de cabeça horrível. Bebi demais e foi em excesso real, isso não acontecia muito, já que eu estava acostumado a beber nessa quantidade. Levantei e ouvi uma conversa, forcei minha audição e notei ser Luna gritando. Ela deve ter vindo brigar com Arthur por Alice, com certeza. Quando cheguei até a sala cocei meus olhos e vi que Kevin também estava.

— E você também! – ela me olhou nervosa. – Cadê meu filho que não dormiu em casa?

— Hum... – pensei tentando lembrar.

— No quarto de visitas. – Kevin respondeu e notei que ele estava sério. A mais velha foi até o cômodo e eu cheguei perto do meu namorado, aninhando meu rosto no dele. Iria questionar se ele estava bravo, e nem deu tempo, Larissa apareceu com Giovana. Elas dormiram com Yuri na cama do quarto de visitas.

— Kevin! – a loira bateu no ombro dele, ficando na ponta do pé. – Você pode ficar tranquilo viu? Esse daí sai e só fala de você. – as duas riram juntas. – E o quanto ele é engraçado?

— Quem disse que eu não estou tranquilo? – ela se jogou para trás.

— Tudo bem rei da confiança. Vou para casa. Tia Luna tá histérica. – Larissa falou e Arthur olhou o irmão.

— Vou levar as duas. – meu namorado se pronunciou e eu concordei avisando que tomaria banho antes que ele voltasse.

Nem entrei em meu quarto e vi Yuri aparecer com sua mãe gritando em sua cabeça. Ela sabia ser chata quando queria.

— Você não é assim Yuri Martins Montez! – parei e pensei um pouco. O que esse povo tinha com a letra M? Acredito que eu ainda estava um pouco alcoolizado.

— Deixa eu fazer uma pergunta. – levantei o dedo. Todos os três me olharam. – Se o Kevin é filho do Caleb com Kira, por que ele tem o sobrenome Montez?

— Caleb teve direito ao sobrenome quando descobriu ser filho de Ítalo. Mais alguma dúvida bêbado que leva meu filho para um péssimo caminho?

— Martins do Yuri é de quem? – ela bufou e Arthur riu.

— Do pai. Você queria que ele se chamasse Yuri Montez Montez? – fiquei olhando para ela.

— Era só isso mesmo. – dei um sorrisinho.

— Você para de arrastar o meu filho para a noitada, tá entendendo?

— E o Morelli do Kevin é da mãe né? – Arthur não aguentou e deu uma risada. – Qual seu nome todo Arthur? – ele trocou olhares com a mãe.

— Eles chegaram de manhã. – a explicou. – Dá um desconto. – ela brigou mais um pouco com o filho e foi embora, tentando sem sucesso leva-lo.

— As meninas acharam bem legal e divertido. – Yuri contou se jogando no sofá. - Já querem repetir. 

— Você dormiu com as duas na mesma cama? Pensei que dormiria aqui. – apontei para onde ele estava deitado.

— Cara nós nem vimos o lugar que dormimos. Só deitamos. – respondeu rindo.

— Interessante... Já que eu senti um clima entre você e Larissa. – seu olhar mudou.

— Se começar com palhaçada eu te deduro para o Kevin.

— O que você fez? – a voz grave de Arthur me fez estremecer.

— Pode ser que eu tenha... Exagerado quanto as coisas que disse sobre... Eu e ele. – passei as mãos em meu rosto e respirei profundamente.

— Rafael olha pra mim. – nos olhamos. – Kevin é a pessoa mais discreta da face da terra. Como você faz isso? – ele conseguiu piorar as coisas.

— Não sei. O assunto surgiu desde que entrei naquele carro. A bebida piorou tudo. Ai! – me levantei e andei em círculos. – Ele vai me matar né?

— Usar a palavra matar para alguém como Kevin que poderia realmente matar alguém, é muito forte. Entretanto, ele vai sim ficar bem nervoso.

— Ele já estava estranho, será que ele já sabe? – tentei pensar em como ele saberia. Talvez algum conhecido estivesse no bar. Fui tomar banho e quando sai ele estava deitado em minha cama, ainda com o mesmo humor.

— Preciso te contar sobre algo que fiz e que sei que não vai gostar. – o ouvi dizer e fiquei o olhando antes que continuasse.

Não, não tinha nada a ver com o que eu havia falado no bar. Era o assunto de sempre: Murilo.

— Sabia que eu estava preocupado com o que você iria achar sobre eu ter sido um pouco tagarela e indiscreto ontem no bar? Que idiota!

— Rafael. – tentou me trazer de volta.

— Vou ir almoçar na casa da vó Isa como faço quase todos os sábados. Não estou com vontade de falar com você. Se pretende sair daqui correndo e ir tão longe para protegê-lo então a gente não tem nada que conversar.

No entanto, Kevin não desistia fácil. E ele insistiu muito. Sua insistência fez com que eu dissesse coisas terríveis, que eu não gostava nem de lembrar, muito menos repetir. Insultos, xingamento, desrespeito, ofensas... Tudo isso saiu da minha boca. Foi como uma metralhadora. Não parei enquanto não o fiz sair de perto de mim.

— Você ouviu? – perguntei a Arthur que chegou na porta do quarto.

— Metade, eu acho. Você realmente ajudou Nicolas? Deu o endereço de Murilo, Rafael? – concordei gestualmente. – A sua justificativa é que pensa que apenas alguém com o mesmo sangue do Kevin vai fazer meu primo esquece-lo?

— Não tem justificativa! Fiz por ciúme. Quero que Murilo se acerte com alguém e Kevin finalmente o deixe para trás.

— E qual a justificativa para tanta humilhação que você o submeteu agora a pouco? – fiquei sem jeito e abaixei o rosto. – Atacou Kevin daquele jeito por ele se preocupar com Murilo? Olha... Eu tenho que ir ver minha namorada, e se eu fosse você pensaria em uma forma de se redimir.

Foi o que eu fiz. Pensei no gesto mais importante que Kevin teve comigo, e com certeza era o ursinho dele que ele havia me dado. Nunca vi nada parecido com aquilo. Foi então que passei a tarde toda atrás de um sósia daquele urso, mas em tamanho real, quase tão grande quanto o branco que ele já tinha. Quando achei um igualzinho, completei o presente e fui para a cobertura.

— Você sabe que sumir não é necessariamente um ato que você consiga se redimir né? – olhei Arthur sentado no sofá com Alice.

— Cadê ele? – questionei olhando os lados.

— Depois de ser importunado pelo pessoal o dia todo? Não sei. – olhei em meu quarto e ele não estava lá, peguei um copo de água e voltei para sala.

— O que eles estavam falando? – meu amigo revirou os olhos.

— Você sabe. Na verdade, eles estavam eram te zoando, mas como você sumiu... Em que lugar você se meteu?

— Fui comprar umas coisas, me ajuda a trazer aqui pra cima? – mesmo irritado ele acabou me ajudando.

Acomodei em minha cama o urso de tamanho mediano marrom com sua gravatinha, uma caixa de bombons luxuosos que eu sabia serem os preferidos dele, um pequeno buquê de tulipas brancas misturadas com rosadas, que significavam “eu sinto muito”, representativas do perdão. Ao lado delas coloquei outro buquê, contudo esse ainda mais especial e de mini ursinhos, havia oito deles. Por fim, um pequeno balão em formato de coração metalizado para completar a breguice.

— Supõem que ele vai me perdoar? – olhei Arthur e Alice.

— Ele já deve estar doido para te ligar e... – ouvimos um barulho. – Elevador. Será que é minha mãe? A paz com ela acabou. – meu amigo continuaria reclamando se não tivesse visto o irmão entrar e se aproximar.

Os dois nos deixaram a sós e eu fechei a porta. Sabia pela expressão no rosto dele que ele estava querendo dizer algo e estava se segurando.

— Quanto urso. – finalmente ouvi sua voz.

— Perdão. – pedi antes que eu perdesse a coragem. – Continuo achando errado o fato de você ter ido até lá, isso não mudou, porém, não justifica a forma como te tratei.

— E ter exposto nossa primeira vez? Não vai me pedir perdão por isso? – pegou o bombom e abriu começando a comer.

— Você realmente está nervoso com isso? – o observei atentamente.

— Não. – me ofereceu o doce e neguei. – Só não quero falar de Paris e Murilo para não brigarmos ainda mais.

— Não vamos. – me levantei. – Se quiser pode ir hoje mesmo atrás dele tentar convencê-lo que Nicolas é perigoso. – peguei o pequeno objeto atrás do urso maior. – Isso pode ser útil. – entreguei a almofada de pescoço que comprei com os outros presentes.

— Foi abduzido? – quase riu. – É uma piada?

— Estou falando sério. – me sentei ao seu lado. – Sei que já demonstrei outras vezes que aceitaria alguma atitude de você com ele e depois estourei, mas dessa vez é diferente.

— O mesmo ciclo se inicia... – me olhou e deu um pequeno sorriso. – Não importa Rafael, eu não vou. Preciso parar de te magoar, porque é você que é minha vida e tudo que importa.

— Você sabe o quanto fico triste. Saber que se preocupa com ele, dói Kevin.

— Já te expliquei ser um sentimento de amizade e gratidão. Além dele fazer parte da minha família. Agora só esquece isso. – deitou no meio do urso e pegou o buquê de tulipas. – Toda vez que você vacilar vai se esforçar tanto assim? – um sorrisinho de canto surgiu em seu rosto me fazendo rir.

— Só quando for um absurdo igual hoje. – me aproximei e selei nossos lábios. – Perdão de novo.

— Relaxa. Só não quero você falando por aí sobre o encantamento que meu pênis tem que te fez não sentir dor. – dei uma risada alta.

— Se fosse só isso... – baixei o rosto. – Sei que tá decepcionado por eu expor demais.

— Eu não tenho esse direito. Essa relação é a dois e não unilateral. Você conta para seu cunhado, amigos e um bar inteiro o que você quiser sobre seu relacionamento. – ele disse realmente sério.

— Não é justo quando atinge a outra parte. Você é discreto Kevin. Sempre foi. Antes de você dar em cima de Alice, Arthur me contou que ninguém sabia definitivamente nada sobre você. E eu tenho que respeitar isso.

— Os caras que eu acabo me envolvendo nunca são nada discretos. Kemeron é uma placa de LED que diz tudo sem precisar dizer nada e Murilo é parecido com você, não é por menos que vocês eram tão amigos... Não tem motivo para eu criar caso.

— Eu te amo tanto que você nem consegue imaginar o quanto.

— Consigo. – sorriu lindamente. – Só de estar comigo eu já imagino. – dei uma risadinha. Deitei em seu colo e ele começou a fazer carinho em meu cabelo, me deixando aflito para que aquele momento não acabasse jamais. Porém, ele acabou. E com a intervenção da pessoa que a gente não queria ver nem tão cedo: Caleb.

Kevin Narrando

Sabia que o meu pai não deixaria barato tudo o que eu fiz. Agora se juntar a Nicolas era demais. Assim que ele apareceu na cobertura e disse ter que falar comigo, imaginei ser algo ruim. Ele me contou que Nicolas e Murilo estavam juntos. Não duvidei, pois, vi com meus próprios olhos o interesse dos dois.

— Você quer me punir pelo que fiz tudo bem, me castigue, me torture, faça o que quiser comigo e até me mate. Só não faça nada com Murilo. Mantenha Nicolas longe dele. Eu te imploro. – falei ao ter noção que ele estava envolvido nisso. Mas Rafael chegou e escutou. O meu pai claro que sorriu.

— Já fiz o que eu queria. – foi embora e eu quase quebrei um objeto de valor. Se o loiro não fosse maior e mais forte que eu isso teria acontecido.

— Não vamos brigar mais. – quase sussurrou com a voz calma. – Eu disse estar tudo bem. Vamos resolver isso juntos, Kevin. O que você acredita que Nicolas pode fazer a Murilo?

— O que? – olhei em seus olhos. – Tudo Rafael. Qualquer coisa. Eu não sei. Só sei que ele vai machuca-lo. Disso eu tenho certeza.

— Ele não pode ser legal Kevin?

— A natureza dele não é. E eu sei bem do que estou dizendo.

— Tá bom. Não vamos discutir sobre isso. O que pretende fazer agora? – fiquei pensando durante um tempo. Não era justo com ele tudo aquilo.

— Esquecer. Deixa isso para lá. – o puxei o abraçando e dando carinho o suficiente para que ele realmente esquecesse aquilo como eu faria.

— As meninas disseram mais cedo que você podia ficar tranquilo comigo... – se afastou um pouco e olhou em meus olhos. – Não gostei da sua reação. Nem ficou feliz. Você não tem ciúme de mim.

— Ciúme é falta de confiança. Eu confio em você.

— Eu me sinto incomodado com isso. Parece falta de interesse. – franzi a testa de uma forma exagerada.

— Que? É sério mesmo que eu estou ouvindo isso? – decidi não levar aquilo adiante, visto que eu era totalmente louco por ele e demonstrava isso o tempo todo.

Mais tarde daquele mesmo dia Alice me procurou, ela estava preocupada com o fato de seu irmão estar tão envolvido com Nicolas. A minha falta de amargura em relação ao assunto causou surpresa a ela. Mas eu realmente não podia fazer nada a respeito. E nem queria.

Voltei para estudar e a primeira coisa que fiz foi pedir perdão a Felipe. Sair do controle e ter deixado o garoto com tanto medo foi um ato terrível. Desumano.

Julho chegou e com ele as férias. Minha sorte era, como de costume, Murilo não ter férias. Pelo menos não nesse período. Estávamos todos reunidos em um churrasco na casa de Isa e Mark, claro que o assunto era ele.

— Não estou gostando disso Vinicius, ele passa muito tempo na casa de Nicolas. Está dormindo lá a maior parte das vezes. – olhei Arthur e Alice por perto.

— Como tá o namoro? – mudei a atenção para eles.

— Ótimo. – ele a beijou de lado. – Tirando... – vimos Luna vir em nossa direção. Alguém a parou, causando alívio imediato aos dois.

— É verdade que o seu irmão tá fazendo curso de graduação em pintura em Paris? – olhei Ryan sem entender a pergunta. – É o que estão dizendo. – apontou com a cabeça para os mais velhos.

— O curso que ele iria fazer não tem nada a ver com isso. – comentei bastante surpreso.

— Seja como for Pablo Picasso vivia na França... Ele tá em um bom lugar.

— Você só fala bosta né Alexandre? – Sophia alfinetou o garoto.

— Não vamos nem falar de pintores porque eu lembro do Vincent Van Gogh e me desestrutura. – olhei para Larissa após sua fala. – Você conhece a história dele? – questionou como se eu estivesse julgando a fala dela. Não sei como eu conseguia ficar perto desse pessoal.

— E Kevin tem alguma sensibilidade com algo? – Yuri defendeu a garota. Pelo visto o clima entre os dois que Rafael percebeu era real. Não deu certo com uma, ele iria para irmã. Extraordinário, não do modo bom.

Precisava conversar com Arthur sozinho, mas era impossível já que ele e Alice não desgrudavam um do outro. Minha cabeça estava focada demais em outra coisa para pensar em um jeito rápido e fácil de fazer acontecer nossa aproximação.

— Não se preocupa. Os dois não vão dar certo. – olhei meu namorado após sua fala. – Sei que está todo tenso por causa dele e do Nicolas. Provavelmente eles estão juntos. Pelo menos agora que ele se estabilizou por lá, até estudando... – mandei ele esperar um minuto. Fui até a churrasqueira e voltei com um monte de carnes para ele.

— Vai comer que o seu mal é fome. – ele riu e ficou me olhando.

— Estou bem. – sorriu. Depois comeu um pouco. Continuou sorrindo, me deixando confuso. – Só queria que ficasse tranquilo.

— Não é assim que vou ficar tranquilo, porque eu não estou nem ligando para os dois.

— Você não quer nem saber como eu tenho essa certeza? – neguei com a cabeça. – Impressionante.

— Quer beber algo? – olhei Arthur ainda por perto.

— Vai me julgar se eu quiser beber algo alcoólico? – sua seriedade antes de fazer a pergunta me fez pensar que ele sabia que eu tinha segundas intenções e meu coração acelerou. Porém, ele não me conhecia tão bem e eu não acreditava que isso era ruim, pelo menos não nesse momento.

— Não entendo sua necessidade em ficar bêbado... – dei de ombros. – Algo errado?

— Trabalho muito Kevin. Você viu aquele dia que foi lá. Fica tudo em minhas costas. Fora os estudos, essa chatice toda. Não posso relaxar?

— Existem outras maneiras de relaxar. O seu pai... – ele não me deixou falar e apertou meu braço rapidamente.

— Não diz isso. – olhei a mão dele e depois voltei a olhar em seus olhos.

— Só solta. Não quero ter que te machucar. – vi meu braço livre e me levantei. – Vou lá pegar o que você quer.

Cheguei perto de Arthur e pedi a Alice para ir fazer aquilo em meu lugar e enfim tive poucos minutos ao lado do meu irmão.

— Preciso de você. Julho vai ser todo assim? – me olhou sem entender. – Não tenho tempo Arthur. Alice daqui a pouco tá aqui. Precisava de você sem ela, é isso.

— Para que Kevin? – juntou as sobrancelhas e eu me aproximei mais ainda.

— Para isso. – tirei o pequeno objeto do meu bolso e mostrei-lhe

— Você... – guardei rapidamente.

— Preciso da sua ajuda. – Alice chegou me entregando a cerveja. Arthur tirou o objeto da minha mão.

— Leva para ele e o distraia de uma forma espontânea. – pediu e a beijou.

— Eu não queria que ela soubesse. – suspirei quando ela saiu. – Agora ela vai saber.

— Por que não queria? – nos olhamos.

— Alice é sensível demais. Vai ficar chateada porque eu não desabafei sobre essa minha decisão com ela antes.

— Relaxa que eu cuido dela. O que você tá pensando em fazer?

— Queria viajar com ele, mas tem o trabalho...

— Tive uma ideia! – seus olhos se iluminaram. – Que tal se você viajar sozinho e assim o surpreender mais ainda quando voltar?

— Você sabe que ele é ciumento né? – concordou.

— É só você prometer que não vai a Paris.

— Acho arriscado. O tempo que posso ficar com ele eu viajo sozinho? Não faz sentido.

— Exatamente. Por isso mesmo. Assim quando você voltar e o pedir em casamento, ele vai entender porque fez isso.

— Ele vai achar que eu estava confuso e queria ter certeza. Rafael sempre leva tudo para o pior lado.

— Não. Ele vai saber que você queria surpreendê-lo como sempre faz. Colocando uma ideia na cabeça dele e depois mostrando que não tinha nada a ver.

— Olá, desculpa atrapalhar os irmãozinhos. – Danilo chegou exatamente no meio de nós dois. – Seu pai acabou de chegar e com um dos caras... – olhei na hora e meu amigo se calou. Era um dos coreanos. Não o que eu havia procurado. Após cumprimentar os adultos, ele apresentou todos os seus filhos.

— Está deixando o melhor para o fim? – questionei com deboche visto que ele não falou meu nome.

— E esse é meu filho com Kira. O Kevin. – apontou para mim. – Não escute as coisas que ele diz, ele é um lunático.

— O que eu poderia dizer? Que você vai dar um golpe neles? Ninguém faz negócios com você sem saber disso. – todos me olharam.

— Kevin vem aqui agora. – minha mãe me puxou com toda a força que conseguia.

— Ele é complicado. Não tem modos e também é bem impulsivo. – ouvi meu pai dizer e quis voltar, sendo impedido pela mulher em minha frente. – É que ele tem um irmão com padrão de comportamento e isso sempre o incomodou, ele nunca se sentiu amado.

— Vou lá e vou arrebentar a cara dele. – avisei conseguindo na brutalidade com que ela me soltasse.

— Você é tão psicopata que chega a me dar medo. Procura um profissional urgente.

Decidi não brigar e apenas fui embora. Não deu nem um minuto e Rafael apareceu atrás de mim. Quando agia assim ele era tão fofo. Queria comemorar nosso um ano e sete meses de namoro de outro jeito, não dessa forma... Porém, quando eu pedisse sua mão daqui poucos dias, essa seria a comemoração perfeita.

— Você disse mais cedo que não entendia minha necessidade em ficar bêbado... – começou a dizer enquanto fazia carinho em meu cabelo. – Algumas vezes são para esquecer as coisas que me deixam muito mal. O seu pai é a principal delas. O que ele fez com você hoje... Eu quase avancei nele Kevin. Não fiz para não piorar tudo. Foi difícil me segurar, você me conhece. Apesar de fazer mais o estilo covardão, eu não suporto que te magoem.

— Não me sinto atingido por ele. – suspirei. – Não quero falar desse monstro. Rafael... – o olhei. – Você se vê ao meu lado pelo resto da sua vida?

— Qual é o motivo dessa pergunta? – ficou ligeiramente desconfiado.

— Só quero ter certeza de que ele não pode nos separar. – estudei sua expressão facial.

— Sim. Eu me vejo. – se juntou ainda mais a mim. – Eu te amo Kevin e dane-se você não gostar que eu diga com frequência.

— Já tem algum tempo que não diz. Sempre penso que não ama mais... – brinquei sorrindo.

— É você e essas suas neuroses desnecessárias. Eu diria o tempo todo se pudesse.

— Você pode. Não mando em você Rafael.

— Você não gosta. E eu respeito isso. – seu semblante mudou. – Kevin...

— Oi. – tentei não alterar meu semblante, claro que não consegui.

— Tá tudo bem com a gente, não está? – fiquei olhando em seus olhos e admirando seu rosto... Não tinha resposta para aquela pergunta. Sim, estava. Agora explicar que mesmo com sua insegurança eu o amava e tinha certeza que nós sobreviveríamos a qualquer confusão que fosse, era uma tarefa árdua.

— ESTÃO PELADOS? – ouvimos o grito de um dos meninos.

— Foda-se, Fael já explanou tudo mesmo. – Yuri resmungou empurrando a porta que estava entreaberta. Olhei todos entrando com uma expressão de tédio no rosto.

— O que querem, posso saber?! – questionei antes que começassem um a falar por cima do outro.

— Temos um problema. – Arthur saiu por trás deles e disse de uma forma séria, me fazendo passar do aborrecimento para o temor.


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Notas finais do capítulo

Acho que posso vim no meio da semana que vem.
Observações: Estou protelando esse aviso há meses... Vem coisa ruim aí :( sorry



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