Spotlight escrita por Fe Damin


Capítulo 14
Capítulo 14


Notas iniciais do capítulo

Capítulo novo na área! Totalmente dedicado aos amantes de Hinny kkk
Espero que gostem!



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Eu sou capaz de apostar todos os prêmios que já ganhei na vida que esses dois tem alguma coisa rolando… essa história de “somos só amigos” não cola aqui! #AVerdadeÉNossa

Rita Skeeter - via Twitter

 

Ginny tinha um encontro naquele dia e não sabia dizer exatamente porque estava se sentindo nervosa com isso. Não era como se fosse sua primeira vez na situação, costumava inclusive achar que se saia muito bem nela. Porém, ela nunca escolheu se envolver com alguém que estivesse misturada à sua vida profissional e também pessoal.

Harry Potter era uma exceção.

Suas apostas estavam em culpar aqueles olhos verdes, como era possível que alguém pudesse olhar para ela daquele jeito? Estava há um bom tempo tentando se convencer de que o melhor era não se enrolar nisso, já que podia dar errado de várias formas, mas a vida era curta demais e ela ainda era muito jovem para se repreender de todas as possibilidades à sua volta. Afinal de contas, era só uma ida ao cinema e um jantar, não estavam se pedindo em casamento. Que mal tinha em se divertir um pouco?

Uma vozinha no fundo de sua mente rebatia dizendo que era possível que ela gostasse mais do que devia de estar por perto daquele rapaz, porém, o melhor que podia fazer era resolver um problema de cada vez. Seu problema daquele dia era decidir a roupa que iria usar e manter seu irmão abelhudo sem saber de seus planos.

Não era que ela quisesse esconder nada, Ginny só preferia que Ron não pusesse minhocas na cabeça e começasse a achar que ela sair com Harry era algo significante. Os dois trabalhavam juntos e a última coisa que ela queria era criar situações desconfortáveis.

—Ainda não levantou, Gin? - parece que o irmão tinha sido conjurado por seus pensamentos.

Ele entrou sem cerimônias no quarto da ruiva e se jogou na cama ao lado dela, empurrando-a em direção a parede e recebendo um resmungo em resposta. 

—Seu dia de vir almoçar não é domingo? - rebateu dando uma cotovelada no irmão, uma tentativa de reconquistar espaço. 

—Estou proibido de visitar minha amada família quando quiser?

—Deixa de ser dramático, Roniquinho. Só não precisava vir me amassar. 

—Você sabe que eu adoro te amassar - Ron estava num bom humor irritante, pinçou as bochechas da irmã com os dedos e ela não conseguiu se impedir de rir. 

—Foi mordido pelo bicho da pentelhice? Eu sou a irmã mais nova, o trabalho de torrar a paciência é meu!

—Só acordei alegre, pirralha - ele bagunçou os longos fios ruivos ganhando alguns tapas de Ginny. 

—Posso saber a razão dessa felicidade toda para eu providenciar o fim dela? 

—Razão nenhuma - ele deu de ombros. 

—Hum... sei - Ginny tinha uma suspeita no fundo da mente e não a deixaria passar em branco, mas o irmão foi mais rápido. 

—Anda logo que a mãe tá chamando pra colocar a mesa - num piscar de olhos ele não estava mais lá. 

Se aquele ruivo achava que ia se livrar de um bom questionário estava enganado. Ela sabia ser paciente. 

Ginny costumava acordar mais cedo, mesmo nos finais de semana, porém saíra com alguns amigos na sexta-feira e acabou passando do horário. A parte boa era que sua mãe não se importava com isso, porém ela se sentia mal em deixar dona Molly e seu Arthur cuidando de tudo sozinhos. Já não eram mais novinhos. 

Comeram a refeição entre uma conversa animada. A família Weasley adorava estar toda junta, ainda mais quando envolvia uma bela macarronada da matriarca. Se ajudaram a arrumar a louça e passaram a tarde vendo filmes na televisão da sala.

Ginny sabia que tinha horário combinado com Harry então deu um jeito de sair de fininho e voltar ao seu quarto, onde abriu a porta do armário e começou a averiguar o conteúdo.

—Vai sair, irmãzinha? - a cabeça de Ron surgiu pela porta.

—Ainda está aqui, não tem mais casa? Melhor encontrar logo outra, eu adoraria ter o Soneca por aqui, já você….

—Mentirosa, você morre de saudade de mim que eu sei - ele atravessou o quarto, até o lado dela.

—Droga, odeio isso de você me conhecer tão bem… - fez um bico dramático - é o meu chato favorito. 

—E você é a minha pirralhinha favorita - plantou um beijo na bochecha da irmã e foi se sentar na ponta da cama. 

—Respondendo a sua pergunta, sim vou sair daqui a pouco. 

—Pessoal da faculdade?

—Que enxerido, Ron! - Ginny nunca tivera problemas em conversar com o irmão sobre esse tipo de coisas, só estava incerta sobre essa vez em específico.

—Ué, foi só uma pergunta natural. Você que está toda esquisita. 

—Não tem nada de esquisito aqui. 

—Você nunca se importou de eu perguntar - ele deu de ombros, olhando desconfiado para ela.

—Se estamos fazendo perguntas incômodas, me conta quem é que estava na sua casa sexta da semana passada? - Ginny se sentou ao lado dele, cutucando seu ombro ao provocá-lo.

—Hã… ninguém - o ruivo nunca fora o melhor dos mentirosos, a não ser que se esforçasse muito, não era o caso.

—Quem é que tá esquisito agora? - ela mostrou a língua pra ele, não tinha nada que gostasse mais do que usar as próprias palavras do irmão contra ele.

—Eu não sei nem do que você está falando - Ginny percebeu como ele desviou o olhar, de repente achando o desenho da colcha que ficava na cama muito interessante.

—Então não tinha ninguém com você?

—Que tal você contar a sua resposta que eu conto a minha?

—Não vale, a sua eu já sei. Eu escutei a sua voz no telefone, Ron - foi impossível evitar um sorriso debochado.

—Você é uma irmã muito abelhuda. 

—Só quero saber com antecedência se vou perder meu emprego. 

—O que? A Mini nunca faria isso!

Ginny se conteve para não gargalhar frente a reação de Ron, era engraçado ver como ele se afetava todo com menções a Hermione. A ruiva não era boba, sentia que tinha mais coisa ali do que qualquer um dos dois tinha condições de perceber ou admitir ainda. 

—Tirei várias coisas dessa frase - ela foi contando nos dedos - primeiro a confirmação das minhas suspeitas, segundo você defendendo sua antiga rival e terceiro, já tem até apelido bobo. Preciso me preocupar, Roniquinho?

—Não tem nada pra se preocupar, besta - ele revirou os olhos - Eu chamo ela assim desde sempre e não estou defendendo ninguém, só é a verdade. Nada aconteceu. 

—Ah, claro. Imagino que você levou ela pra casa para ficarem de mãos dadas depois de terem bebido todas. 

—Ela só foi carregar o celular! - se apressou na defesa, antes de parar desconfiado - Pera, como você sabia que a gente tinha bebido, encontrou com ela chegando em casa?

—Eu… o Harry me contou - foi a vez de Ginny bambear nas palavras, talvez não tivesse sido o melhor caminho para aquela conversa levar.

—O Harry, Harry?

—Tem algum outro? - cruzou os braços irritada por ter chegado no nome do rapaz, porém fora inevitável.

—Só não esperava por essa. - Ron passou a mão pelos cabelos, ponderando as ideias.

—Ele foi ficar com a Rose naquela noite porque a Mione não chegava. 

—E como ele sabia disso?

—Ai, Ron, que saco… - Ginny pulou da cama, inquieta - ele me ligou e vamos sair hoje, satisfeito?

—É… - para a surpresa da ruiva, ele começou a rir - por isso você tava me enrolando pra dizer?

—Eu só não quero você me torrando a paciência. 

—Longe de mim, irmãzinha - o tom inocente denunciava a provocação - Preciso me preocupar com o meu emprego?

—Idiota - puxou um travesseiro e jogou em cheio na cara do irmão.

Ficaram alguns instantes tentando acertar um ao outro, o que só serviu para bagunçar toda a organização da cama, terminando os dois esbaforidos e embolados no colchão. 

—Eu sei que os caras que você encontrou por aí não conseguiram prender sua atenção por muito tempo, mas o Harry me parece ser legal de verdade - ela ouviu todo o carinho na voz dele, mas a última coisa que queria era precipitar sentimentos.

—É só um cinema, Ron!

—Tudo bem, só to falando…

—É por isso que eu não queria te falar, você sempre sai aumentando as coisas na sua cabeça. 

—Até parece, e você sempre foi péssima pra esconder coisas de mim. 

—Convencido - Ginny se arrastou para fora da cama e voltou ao armário, tinha mais o que fazer do que implicar com o irmão.

—Pode enganar o mundo todo, pirralha, mas eu te conheço desde sempre - se gabou.

—Tá bom, tá bom, vai ficar me enchendo o saco ou vai me ajudar a escolher uma roupa? - ela passava os cabides um a um, ponderando o que usar.

—Todas são lindas, Gin.

—É um inútil mesmo. 

—Mas posso ficar aqui fingindo prestar atenção na sua indecisão - ela olhou para trás e o viu sentado parecendo uma criança sapeca. 

—Ou você pode me contar o que realmente aconteceu entre você e a Mione. Você também não me engana, Roniquinho. 

—Ela realmente foi pelo celular. Conheceu meu apartamento, o Soneca.

—Só? - Ginny arqueou a sobrancelha, instigando-o a continuar.

—E nos beijamos - Ron usou o tom mais natural possível, mas não foi o bastante para amenizar o tom de vitória da irmã.

—Sabia!!

—Nada demais, Gin, somos crescidinhos. 

—Vai querer me dizer que foi só dessa vez? Vocês se veem todo dia e ainda me aparece nessa felicidade toda…

—Não foi, mas também foi só mais uma vez. 

—E foi a última?

O sorriso nada inocente no rosto do irmão era toda a resposta que ela precisava.

—Eu podia fazer rios de dinheiro vendendo essa informação. 

—Boa sorte com isso - Ron sabia que não precisava se preocupar, a irmã nunca o exporia dessa forma.

—Você é que tem a sorte de eu ir com a sua cara e, por acaso, desejar sua felicidade. 

—A minha felicidade não está ligada à Hermione! - ele rebateu imediatamente.

—Um dia voltaremos à essa conversa. 

—Você é impossível às vezes. 

—Não, só sou inteligente sempre. Já achava que tinha coisa aí desde que estavam na faculdade. 

Ginny podia ser nova na época, mas não era comum o tanto de vezes que o irmão chegava em casa reclamando da tal Hermione que estudava com ele. Ela sempre achava graça do tom vermelho de suas orelhas ao contar os últimos acontecimentos e acabou guardando em um cantinho da mente sua opinião que achava que aquela raiva toda podia ser outra coisa. Ninguém daria tanta atenção a quem não importava.

—Pode parar de viajar na maionese e vai se arrumar pra ir partir o coração do Potter. 

—Eu não parto o coração de ninguém! Não tenho culpa se as pessoas são desinteressantes. 

—Também vamos voltar a essa conversa um dia. 

Ron não se demorou muito tempo e acabou indo embora. Depois de algumas tentativas, Gin acabou decidindo usar uma calça justa junto com uma de suas blusas favoritas. O tecido verde contornava bem o seu corpo, deixando as costas de fora. O tempo frio pedia por um casaco que completou o look junto com uma bota.

Ela estava terminando de aplicar máscara nos cílios quando ouviu o celular anunciar a chegada em uma mensagem de Harry que dizia já estar quase na casa dela. Pegou sua bolsa e correu escada a baixo. Se despediu brevemente dos pais e abriu a porta a tempo de ver o carro dele parando.

 

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Harry era feito de nervosismo quando estacionou na frente da casa de Ginny e a viu caminhando em sua direção. Parara de contar os anos desde que tinha alguém realmente interessante ao seu lado. Na verdade isso era mentira, ele sabia que já eram cinco anos, nenhum dos quais serviu para que ele voltasse a se abrir para uma nova possibilidade.

O que tinha de diferente dessa vez? 

Sentia um frio gostoso na barriga, as tais borboletas que ele nem se lembrava mais. Podia ser que sair com Ginny não desse em nada, mas só de sentir algo diferente já valia a pena. Enfeitou o rosto com um largo sorriso assim que ela se acomodou no banco ao seu lado.

Ela realmente era muito bonita. Os cabelos semi presos deixavam o rosto mais a vista, ele não se cansava de olhar.

—Oi, Harry - ela se inclinou para cumprimentá-lo e ele se conteve para não inalar mais fundo o cheiro de seu perfume.

—Oi, Ginny - ficou feliz ao ver que ela sorria de volta - eu ia dizer que você está linda, mas é o tipo de coisa que todo homem sai falando e deve ser um saco de escutar.

—Acho que mostra uma dose de falta de criatividade por parte dos homens - ela entrou na brincadeira.

—Então preciso te conhecer mais para elogiar suas outras qualidades.

—Isso não vai ser difícil, daqui a pouco você descobre várias - ela empinou o nariz fazendo-o rir da declaração.

—Confiança, já descobri uma! Então vou começar de novo - ele se ajeitou no banco e limpou a garganta - você está tão confiante hoje, Ginny!

—Hoje e sempre - ela piscou para ele - mas me diga, qual é o nosso roteiro?

—Bom, pensei em começarmos com o cinema… podemos decidir o que ver por lá, o que acha?

—Perfeito, vamos deixar o acaso nos ajudar.

—Pode ser que atrapalhe também - ele pensou se não deveria ter olhado com antecedência os horários dos filmes.

—Nada disso, confiança, esqueceu? - Ginny cutucou o braço dele e o rapaz não pôde deixar de pensar que estava gostando daquela proximidade.

—Então vamos e boa sorte para nós.

Levaram uns bons minutos para enfrentar o trânsito londrino e chegar a um dos cinemas mais conhecidos. Foram conversando o percurso inteiro, Harry se admirava  da facilidade que sentia de falar com ela, os assuntos iam surgindo sem precisar de esforço.

Ginny contava alguma das graças da Rose quando parou o carro no estacionamento e começaram a se dirigir até a praça onde ficava a entrada do cinema.

—Pelo que está dizendo ali, tem em 20 minutos um filme de terror e uma comédia romântica - Harry prestava atenção no painel enorme que ficava na bilheteria.

—Por mim tanto faz.

—Então, terror… - o moreno passou as mãos pelo cabelo, tentando esconder o desconforto.

—Eu não acredito, você tem medo de filme de terror? - uma gargalhada gostosa escapou dos lábios de Ginny e Harry não chegou nem a ficar com vergonha da situação de tanto que ela estava se divertindo.

—Não é medo em si, eu só não gosto - ele torceu o nariz olhando para uma Ginny bem pouco convencida.

—Ah tá, conta outra! É só um filme, Harry, tudo é de mentira lá.

—Eu sei! Mas esse negócio de fantasma e espírito, vai que existe.

—Vai ter pesadelos depois se formos ver esse? - um sorriso enviesado enfeitou o rosto da ruiva.

—Mais provável eu não conseguir dormir e aí a culpa vai ser sua.

—Minha? Não tenho nada a ver com isso, eu dormiria muito bem e não posso te ajudar com seu problema de sono.

—Quem sabe? - quando percebeu que suas palavras tomaram um sentido dúbio, ele ficou sem graça e mudou logo de assunto - mas se a gente for falar de coisa que não existe, filme de romance também é tudo mentira.

—Isso é verdade, tem sempre um monte de absurdos que nunca vão existir na vida real.

—Mas depois podemos reclamar de todos eles, que tal?

—Você realmente não quer ir ver o de terror, né?

Ele sorriu com sua melhor versão de cãozinho pidão e se satisfez ao ver que acabara por convencer seu par.

—Tudo bem, vai. Você é o primeiro homem que eu conheço que briga pra ir ver um filme de romance.

—Sou cheio de surpresas, tá vendo? - os dois riram e entraram na fila de onde saíram com os ingressos e um belo balde de pipoca.

Harry insistiu que pagaria o dela por ter sido um convite, mas Ginny não quis nem saber.

—Ninguém além de mim paga os meus cinemas desde que eu parei de receber mesada dos meus pais.

—Tá bom - Harry resmungou.

—E nada de bico! - ela tocou o nariz dele com a ponta do dedo indicador, praticamente fazendo-o esquecer porque estava contrariado.

O filme, por mais bobo que fosse, divertiu os dois que deram boas risadas, se aproximando para fazer comentários baixinhos um no ouvido do outro. Acabaram decidindo caminhar até um restaurante de comida japonesa perto do cinema. A atendente os levou até uma mesa de canto, onde sentaram lado a lado.

—Você não pode negar que o filme foi tão fantasioso quanto você disse que um de terror seria - Harry comentou assim que fizeram os pedidos para a moça simpática que os atendeu.

—Com certeza, não é possível que aquelas coisas aconteçam na vida real! - Ginny se adiantou para tomar um gole de seu suco.

—Eu queria saber quem é que inventa esses roteiros...

—O negócio é que as pessoas gostam de ver os contos de fadas, Harry - ela deu de ombros, sem compartilhar a exasperação dele.

—Mas por que se é só pra ficar imaginando coisas que não existem? Não é algum tipo de tortura?

Os pedidos deles chegaram, espalharam tudo pela mesa e foram se deliciando com as comidas.

—Para alguns pode ser, para outros é só um escapismo mesmo. Que pessoa pobre nunca imaginou ganhar na loteria? 

—É... verdade - Harry se sentiu um pouco idiota naquele momento, claro que ele nunca tinha pensado nisso já que, em seu caso, já nascera com a loteria ganha e mais de uma vez se fosse contar todo o dinheiro que sua família tinha.

—Mas você vê como é, né, colocam dois atores mortos de lindos para fazer papéis de pessoas “comuns” e sempre vai ter alguém podre de rico - ela revirou os olhos - como se fossem ter muitos problemas na vidas deles.

—Ah, mas as pessoas ricas devem ter problemas também - ele sabia que devia se manter longe daquele tipo de assunto, mas quando deu por si, já tinha falado.

Por mais que Harry tivesse consciência da quantidade de privilégios que tinha, praticamente todos os possíveis, ele possuía suas pequenas feridas também. Mesmo que pudessem ser consideradas insignificantes perto do sofrimento de tantos.

—Como o que? Escolher onde gastar todo o dinheiro que está sobrando? - Ginny deixou escapar um riso irônico - Poderiam ajudar tantas pessoas… duvido que a maioria faça isso.

Harry concordava com ela sobre o fato de pessoas mais abastadas terem condições de ajudar os que precisavam mais. Ele sempre gostara de se envolver na fundação que os pais tinham, trabalhavam principalmente com auxílio a crianças abandonadas e financiamento de custo para hospitais. Era uma das poucas coisas que não teve problemas de continuar fazendo desde que resolvera viver por si. Com o dinheiro que ganhava não poderia sustentar projetos beneficentes sozinho, então ajudava com seu tempo semanalmente, seja para trabalhos administrativos que podia fazer de casa, ou presenciais.

—Mas imagina que merda deve ser a vida achando que as pessoas estão perto de você só pelo seu dinheiro - ele tentou esconder um tom amargo na voz ao relembrar tantas ocasiões em sua vida em que encontrara a falsidade e superficialidade, não só com relacionamentos, mas com amigos também.

—Hum… deve ser um saco mesmo - a ruiva concordou - mas acho que é questão de não ter encontrado as pessoas certas pra colocar na sua vida. Tem gente escrota pra se chegar perto de qualquer um, mesmo quem não tenha um tostão no bolso.

—Só que como você descobre quem são as certas?

—Não faço ideia, Harry, já tive umas amizades ruins e olha que eu nem sou ganhadora da loteria - ela riu com gosto - mas acho que a gente vai aprendendo a sentir quem é de verdade e quem não é.

—Pode ser - ele se perdeu em pensamentos por um instante, até Ginny trazê-lo de novo para a conversa.

—Ainda bem que pelo menos com isso nós não precisamos nos preocupar! - uma pontada de culpa apertou a consciência de Harry, porém ele sabia que não teria coragem de contradizer a garota - Além de tudo, deve ser uma vida muito solitária, os meus pais já são super protetores, imagina se eu pudesse ser alvos de sequestros por aí.

—Provavelmente você teria seguranças - ele zombou, roubando o último sushi do prato.

—Nossa, imagina uma adolescência assim, que tragédia!

—É sim… imagino - conseguiu consertar a afirmativa a tempo, Ginny pareceu não desconfiar de nada.

Decidiram pedir uma sobremesa, Harry não estava pronto para o fim daquela noite, então agradeceu por qualquer desculpa que pudesse estendê-la. Discutiram as opções e terminaram por escolher uma taça de sorvete para ela e uma mousse de chocolate para ele.

Continuaram conversando sobre coisas aleatórias, Harry se controlava para não ficar encarando demais a garota, não queria dar muito na cara o quanto estava encantado com ela. 

Tudo parecia atraí-lo. 

A forma segura com a qual ela enunciava suas ideias, as opiniões inteligentes, o senso de humor afiado, o sorriso arrepiante. Algo dentro dele dizia exatamente como ele gostaria que essa noite acabasse, e não tinha mais nem pensamentos de empecilhos em sua mente. Dane-se que ela trabalhava para sua melhor amiga e menos ainda ele se importava de ser amigo do irmão dela.

—Mas sabe o que eu acho mais absurdo de tudo  naquele roteiro? - um comentário que acabou esquecendo de fazer lhe voltou à mente.

—Voltamos ao filme? - Ginny riu, mas encorajou que ele continuasse.

—Como alguém pode engolir que duas pessoas se apaixonem tão rápido? - ela parou a colherada de sorvete no meio do caminho, franzindo as sobrancelhas para tentar achar uma resposta.

—Podemos culpar a falta de tempo do filme?

—Ah, não, Ginny, não se passou nem uma semana no filme! Apaixonados em um beijo? Um mísero beijo - percebeu que foi exatamente por isso que se lembrara desse comentário, sua mente estava juntando pensamentos de Ginny e beijos.

—Hum.. realmente parece muita fantasia - ela fez um biquinho, terminando com um leve sorriso malicioso.

—Só parece? - ele nem percebeu que tinha largado seu talher e se inclinado mais em direção a ela.

Sentiu quando ela se aproximou também, não foi surpresa nenhuma ver que seu cérebro basicamente parou de funcionar. Todas as sensações que chegavam até ele eram dela, desde o cheiro de flores, até o calor da respiração dela em seu rosto.

—Deixa eu ver - ela correu os dedos pelo cabelo dele e Harry sabia que a ruiva ia beijá-lo.

Não tinha nada que ele quisesse mais, a responsabilidade que se explodisse!

Os lábios nos seus eram macios, com gosto da baunilha da sobremesa. Achou que ia ganhar apenas um selinho, mas adorou sentir que Ginny se ajeitou para aprofundar o beijo. A sensação das línguas se misturando era viciante, ele passou a mão pela cintura dela, prendendo-a perto de si, desejando que o beijo não acabasse.

Como se o escutasse, Ginny se afastou, deixando-o querendo mais, com a respiração entrecortada.

—É, não estou apaixonada ainda - ela murmurou, um sorriso provocador deixando-o mais tentado.

—Ainda? - Harry conseguiu perguntar, mesmo ainda atordoado.

—Acabamos de falar mal de quem precisa só de um beijo, acho que preciso de mais que isso -  ela deu de ombros, mas ele percebeu a provocação

—Bom, tenho até o fim da noite para mudar isso então - o rapaz não era nenhum bobo e sabia devolver um flerte.

—Boa sorte pra você -  ela debochou, mas não se afastou quando foi a vez dele de prender a boca dela em outro beijo.

Era uma sensação tão gostosa, parecia natural ter o corpo dela em suas mãos, os dedos de ambos explorando tudo que podia ser feito em um local tão público. Harry prendeu o lábio dela entre os dentes e gostou de ver as faíscas nos olhos castanhos. Aquela mulher ia facilmente mexer com sua cabeça.

Dali em diante foi bem menos conversa e mais contato. Pagaram a conta e saíram para a noite londrina, aproveitando mais alguns beijos sob o céu nublado antes de irem buscar o carro.

—Adorei a noite - Ginny comentou, passando os dedos pelos cabelos dele quando o rapaz parou o carro em um semáforo já perto de sua casa.

—Eu também, filme divertido, boa comida e outras coisas… - ele a encarou sem nenhum rodeio, fazendo-a rir.

—Sim, outras coisas foram ótimas, mas sinto muito, sua missão falhou, não estou apaixonada ainda - a ruiva zombou assim que chegaram no seu destino.

—Não sou um cara que desiste fácil, vou ter que tentar de novo - ele virou as chaves, desligando o carro e tirando o cinto para virar na direção dela. Até porque, eu também não estou apaixonado ainda.

—Isso foi um desafio na cara dura, Potter? - seus olhos brilharam com a insinuação do rapaz.

—Está com medo de perder, Weasley?

—Jamais, eu sou muito confiante, lembra? Além de competitiva - ele acabou rindo da cara de convencida dela.

—Então o desafio está lançado, quando será a próxima etapa da competição? - Harry não deixou transparecer, mas queria muito vê-la de novo.

—Vou pensar no seu caso e aviso - ela se inclinou para roubar um selinho - boa noite Harry, e vê se dorme direito.

Mal sabia ela que ele tinha certeza de quem ocuparia sua mente.


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Notas finais do capítulo

Então o que acharam desse casal que tá se formando aí? Vai demorar muito pra rolar uma paixonite? E quanto a interação dos irmãos Weasley? Confesso que amo os dois se implicando hauha
E o Harry danadinho de boca fechada sobre toda a rhykeza dos Potter? Algo me diz que isso vai dar ruim...
Não esqueçam de me dizer o que aacharam lá nos comentários
Até o proximo!
Bjus



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