Quando o celular começou a tocar, Takeo foi o primeiro a acordar e soltar um expressivo palavrão. Não lembrava de ter deixado o celular programado para despertar e ficou tateando a cabeceira atrás do bendito telefone. Queria jogá-lo do outro lado do quarto, mas apesar de sonado, Hayato foi mais rápido pegando o aparelho e enfiando embaixo do travesseiro.

—Koi, desliga esse troço. -Pediu manhoso. -É domingo.

Hayato resmungou em resposta e se sentou na cama desligando o celular. Dois minutos. Só precisava de mais dois minutos para abrir os olhos e levantar.

Takeo entreabriu os olhos e viu Hayato sentado na beira da cama. Esfregou o rosto e puxou a blusa do namorado para que voltasse a dormir, não esperava resistência, por isso se surpreendeu quando o outro deu um pulo do colchão despertando de vez.

—O café! -Disse correndo para o banheiro.

—Haya-chan? É domingo! -Takeo riu. -Vem dormir mais um pouco. Depois eu faço...

—Hai hai.—Concordou aparecendo no batente da porta e se debruçando sobre o namorado para lhe dar um selinho. -O seu café. Eu faço hoje.

—hum… Temo pela cozinha. -Resmungou sonolento.

—Ela vai sobreviver. -sorriu. -Consegue dormir mais um pouquinho enquanto eu arrumo tudo?

—Nem precisa pedir de novo.

—E fingir surpresa com o café feito por mim?

—Pediu demais. -Virou pro lado afastando o namorado.

Não era comum Hayato levantar antes de Takeo fazer o café. Pelo contrário, era quase um milagre o namorado estar de pé naquele horário e disposto a fazer qualquer coisa, por isso se Izumi pediu para voltar a dormir enquanto fazia o café, Takeo obedeceria? Claro que sim! Mas só por mais cinco minutinhos e aí iria espionar seu morango na cozinha.

Bombons, xícaras, café, torradas, fatias de queijo, frutas, suco… Hayato conferia se havia colocado tudo que era necessário no carrinho com a bandeja de café da manhã. Sobre a mesa da cozinha, Junai e Yua faziam a segunda checagem atrás de petiscos que os interessasse e foi o mais velho quem reclamou primeiro.

—Eu sei Jun... Falta seu café da manhã também. -Pegou os dois gatos nos braços e os colocou no chão sendo perseguido pela cozinha com a sinfonia de miados. -Mas de vocês eu cuido depois. Tem ração no potinho, vão lá. -Yua soltou um miado indignado e se afastou, mas Junai permaneceu encarando Hayato com o olhar pidão impossível de se ignorar. Vencido, abaixou-se para fazer um carinho na orelha do bichano. -Desculpa anjinho, mas hoje a preferência é do gato-sedutor.

Resmungando, o gato correu para a sala atrás do “irmão” e Izumi levou o carrinho de café da manhã para o quarto, onde Takeo ainda cochilava. Deitou-se abraçando o namorado enquanto o chamava baixinho recebendo murmúrios sem sentido em resposta antes que despertasse completamente.

—Já deu cinco minutos?

—Cinco minutos? -Hayato sorriu. -Já. Há pelo menos quarenta. -Mais resmungos e Takeo se espreguiçou. -Trouxe seu café.

Shiroyama abriu um olho encarando o namorado.

—O apartamento ainda está inteiro? Isso é o céu e estamos no paraíso?

—Eu vou levar o café de volta pra cozinha e você que se vire pra comer.

—Não, não, não. Acordei. -Esticou para dar um selinho em Hayato e se sentou no colchão afagando o rosto do ex-vocalista. -Ohayou, koi.

Enquanto Takeo se sentava apoiando as costas na cabeceira, Izumi engatinhou até a borda da cama pegando a bandeja arrumada com os mimos e ajeitando sobre o colo do namorado.

—Happy Valentine’s day. Você é quem sempre faz o café e serve, então achei que te mimar nesse dia especial seria uma uma boa forma de dizer “obrigado por cuidar de mim esses anos”.

—Ohhh -aplaudiu as palavras do namorado. -Podia ser Valentine’s mais vezes.

Hayato riu servindo desde o café na xícara até as torradas e bombons para Takeo e compartilhou os planos para o dia intercalando com carinhos. Passariam o Valentine’s dessa forma leve e juntos e aparentemente aqueles planos agradavam Takeo já que não fez questão de sair do quarto mesmo quando começaram a ser interrompidos pelos miados incansáveis de dois gatos mimados no corredor do apartamento pedindo atenção e comida.