O afeto do sacerdote ao oni escrita por Agome chan


Capítulo 1
Capítulo único: Venha lavar o cabelo


Notas iniciais do capítulo

Vocabulário para algumas expressões:

Youkai: É o termo japonês utilizado para designar fenômenos, objetos e criaturas sobrenaturais que estão além da compreensão humana e pode ser traduzido como "estranho", "inacreditável" ou "bizarro". É um termo amplo para criaturas sobrenaturais. O "oni" é um tipo de youkai, dos vários que tem.

Ayakashis: Sinônimo para youkais.

Oni: O termo Oni é equivalente ao termo "demônio" ou "ogro", porque tais podem descrever uma variedade grande das entidades.

Kitsune: A palavra em si só significa "raposa", não tem distinção da raposa, o animal comum, para a criatura mística que é um tipo de youkai raposa. No coreano e no chinês tem distinção, no japonês não.

Bishounen: Traduz para "rapaz bonito", mas é específico para jovens que tem aparência andrógena ou mais para o feminino. Uma beleza mais "graciosa". (Exemplo; ?”?“?–师 / Mo Dao Zu Shi / Grandmaster of Demonic Cultivation é feito de biushonens. Todoroki Shoto, Sesshoumaru de InuYasha, Sasuke, Yue de Cardcaptor Sakura, Zen do jogo Mystic Messenger, Howl do Castelo Animado, Haku da A Viagem de Chihiro)

Biseinen: O "homem bonito", o mesmo que bishonen, porém, com mais idade. (Exemplo Mo Dao Zu Shi de novo, porque começa a história mostrando eles já mais velhos. Tem o Victor de Yuri!!! on Ice. Mas geralmente mal se usa biseinen, porque joga tudo no bishounen. O sinônimo para esse termo é bidanshi).

Getas: são uma forma tradicional de calçado que lembram ambos tamancos e chinelos. Eles são um tipo de com uma base de madeira elevada presa no pé com um tecido sandália de correia para manter o pé bem acima do nível do solo.



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Esfregou os dedos grandes e grossos, as palmas das mãos passando uma pela outra, as garras estavam retraídas. Os largos ombros se encolheram, a testa enrugada, suor escorrendo pela sua pele de tom bronze, brilhosa feito mel. Os olhos gentis, grandes, vermelhos, puxados nos cantos de forma felina, pupilas afiadas. A expressão mostrava confusão de seus pensamentos.

Era um youkai, um oni ainda por cima. Ogro. Grande, robusto, a aparência de um homem na faixa dos trinta e cinco para mais, com as características demoníacas, que mostravam não ser humano. Era o Eijirouu Kirishima.

Com tronco definido exposto ao sol naquele dia quente, — de toda forma não costumava cobrir muito o tronco, geralmente só vestida mangas pretas e o tecido de animal sobre um dos ombros, calças, botas e cordas, carregando seu porrete. Ali, no calor, só vestia as calças arriadas nas panturrilhas, se tornavam seu short, usando as getas, terminando uma melancia — o oni Kirishima tinha ficado naquele estado ao ouvir o sacerdote ao seu lado disser:

— Venha lavar o cabelo — fala está acompanhada por um olhar direto daquele loiro.

Que olhar era aquele?

Mesmo o homem ao lado sendo um humano, tinha um olhar mais selvagem que o seu. Talvez pelos olhos serem menores e terem um ar de mistério? De maior seriedade. Pelo castanho de suas írises, que se assemelhava a cor vermelha, contra a luz do sol de verão.

Era intenso, porém, ainda um olhar amável.

Suas palavras não vinham acompanhadas de um "por favor", ou sinalizavam uma pergunta, era mais uma ordem. O tom da voz grave de Bakugou mostrava uma sugestão, uma boa ideia, tão boa que o sacerdote não queria ouvir recusasse.

Uma oferta daquelas, veja bem, não seria o esperado para Kirishima. Não pela razão de seus longos cabelos vermelhos rubi precisassem, pois estavam muito bem cuidados, presos num alto rabo de cavalo para não colarem nas costas do youkai naquele calor. Não, era outra razão.

Geralmente, um homem, ou qualquer outro alguém, se oferecia para lavar os cabelos de outra pessoa — que não fossem suas crias, filhos — por flerte.

Um cortejo a figura de beleza na qual Eijirou Kirishima não se via enquadrado.

Seriam donzelas de longos cabelos, personalidade doce combinando a sua aparência. A sacerdotisa Momo Yaoyorozu era uma, na verdade, mesmo Tsuyu sendo uma youkai rã, corresponderia tal imagem, e Shouto Todoroki. Ele poderia não ser uma donzela, mas era kitsune, e raposas são conhecidas pela sua beleza extraordinária ao ponto de enganar e manipular humanos. Shouto tinha longos escorridos cabelos divido ao meio em duas cores: platinado e ruivo. Bishounens, ou biseinens combinavam para tal tratamento doce.

Eijirou não era um desses exemplos. Seus traços não eram angulosos, seus modos não eram sofisticados. Ele possuía doçura no seu ar bruto, porém o bruto estava lá.

Então... ficou nervoso, tímido, as orelhas grandes pontudas ficaram quentes junto as maçãs do seu rosto.

— Você quer... mesmo? N-não precisa se não quiser.

O sacerdote cruzou os braços definidos, despidos, — as mangas do kimono estavam dobradas nos ombros — não estava contente com o que ouviu:

— Por que fala como se você tivesse me pedido?! Eu que sugeri, por que seria um problema para mim?! Se não quiser, só diga.

Ele era impaciente.

O sacerdote, poderoso exterminador de youkais, Katsuki Bakugou, era o impaciente entre os dois. A ironia.

— Não é o que humanos sugeriram a um oni...

— Hã?!

— É comum se ver contos, poemas, de humanos e kitsunes assim. Tem um charme nelas que eu não tenho.

Se arrependeu ao disser tais coisas ao ver a sombra pairando no olhar do sacerdote.

Engoliu em seco e reconsiderou, deixando de lado todas suas inseguranças e respirou fundo.

— Então tudo bem... — mal teve tempo de concordar e Katsuki lhe pegou pela mão e lhe arrastou para dentro do templo.

O sol aquecia tudo, ao menos o rosto de Eijirou Kirishima passou a não corar. Relaxando com as mãos esfregando e ensaboando seu couro cabeludo molhado. Naquele belo jardim, sentado e inclinado na fonte.

Fechou os olhos, relaxando na massagem que aquelas rústicas mãos lhe faziam. Ficava até zonzo, o sono batia. Era despertado quando seu olhar encontrava o homem loiro acima, focado.

As mãos de um humano com poderes espirituais de capacidade tão... bruta, explosiva, eram armas. Poderia exorcizar e queimar sua cabeça, só em concentrar seus dons nas palmas das mãos.

Kirishima não temia tal possibilidade. Outros ayakashis poderiam julgá-lo por estar tão à vontade com um homem de potencial nocivo. Um homem tão habilidoso ao ponto de elevar capacidade de poderes espirituais ao ponto de deixar de ser mortal.

E lá estava aquele oni a ponto de dormir em sua presença. Só não caia em sono, pois tentava admirar a beleza das feições de Bakugou, encantado.

Por que teria medo?

Se Katsuki Bakugou não o tinha por ele, por que guardaria um receio ou temor?

Aquele oni poderia muito bem erguer a cabeça e arrancar parte do rosto daquele humano, em uma mordida, ou num rápido movimento ao exibir as longas garras, causar um ferimento fatal: poderia deixá-lo cego, poderia decapitá-lo, até espremer o crânio entre suas mãos.

Mas fechava seus olhos, aqueles dentes afiados davam um sorriso bobo por obedecer ao sacerdote Bakugou-sama.

Bakugou enxugou as longas madeixas ruivas nas águas que atravessavam os bambus.

Novamente, toques gentis.

Para cozinhar, Katsuki Bakugou seria mais bruto, sendo que Eijirou era muito mais resistente do que uma mesa de madeira, a massa do pão de arroz e uma tigela de cerâmica.

Só que ele não construiu uma amizade de anos com uma tigela.

Ou afeto.

— Está pronto. — Envolveu o cabelo de Kirishima em uma toalha.

Se aproximou, não dando tempo para ele mesmo se secar, estava a fazer o serviço.

Só foi interrompido ao se atentar ao olhar de Eijirou Kirishima em si.

Os olhos vermelhos brilhando ao reflexo neles da água do lago, que atravessava o jardim.

A naturalidade ao se sentar em no colo do Kirishima, e puxar o rosto dele em mãos para um beijo, era harmoniosa. Sem surpresas. Seguindo a corrente.

O máximo que aqueles dentes fariam, seria ficar a mordiscar de leve os lábios, o queixo, e o pescoço de Bakugou.

Uma série de beijos.

O oni subia o kimono de Bakugou, as agarras deslizavam nas denudas coxas torneadas.

Kirishima suspirou ao sentir os toques do sacerdote descerem, os lábios a beijar, as mãos a envolver e apalpar os musculosos de seis peitos.

Em uma voz abafada pelo desejo, misturada ao bom humor de um sorriso, perguntou:

— Um banho...? — Viu que teve sua atenção e completou — Juntos?

Solene, a voz naturalmente grave pesou rouca, sensual, ao questionar:

— Onde?

— Onde quiser.

Bakugou sorriu ao ouvir tal resposta. Ficaram a sorrir um para outro, beijos estalados foram trocados, até decidirem ir. O sacerdote se levantou e estendeu a mão para puxar seu companheiro.

— Vamos ao riacho.

E o ouviu pedir:

— Lá posso lavar seu cabelo?

Novamente deu seu típico sorriso de canto, inclinando a cabeça em charme, pendendo na mão do youkai. Kirishima passou a acariciar a nuca, o pouco cabelo raspado fazia cocegas contra sua pele, subiu tendo mais cabelos entre seus dedos, o topo as madeixas espetadas eram volumosas de loiro areia, era sedoso e gostoso de tocar.

Bakugou poderia ser um tigre, porém com seu inimigo natural se dava o luxo de ser dócil, um gato doméstico. Um sacerdote furioso domesticado por um youkai ogro.

— Então eu não preciso ser uma donzela ou raposa para isso? — perguntou ao Kirishima, sarcasticamente.

O deixou sem jeito.

O oni ainda tinha tanto a aprender com seu companheiro às vezes. Seu amante.

— Eu entendi. Desculpe?

— Hm... — fingiu ponderar. — Pensarei no riacho.

O Kirishima sorriu de orelha a orelha, vendo o outro homem fingir cara séria, enquanto ele se pôs a caminho à sua frente. Feliz por o ter o humano ao seu lado.


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Notas finais do capítulo

Eu espero que tenham gostado de mais uma one shot de KiriBaku. Quando escrevi, estava em dúvida se seria fanfic contínua, ser um primeiro capítulo, um prólogo, mas como não desenvolvi a ideia (além de imaginar na minha cabeça kkkkk), por falta de tempo, fiz e deixei de one shot para termos o gostinho ♥

Nessa linda história do romance do Bakugou-sama, sacerdote, apaixonado por um Oni, que ele trata com muito carinho (do jeito dele kkkk). Não sei se ficou claro, pq para no ficar parecer uma surpresa pela atitude pra quem vê não espera, o agarra-agarra, mas eles estão num relacionamento. E Kirishima é um ogro tão adorável ao ponto de não saber como agir se mimado pelo amante dele. Não é fofo? Eu acho kkkkkkk Bakugou socando seu afeto ♥



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