Presos Por Um Olhar escrita por Carol McGarrett


Capítulo 94
O Quinteto das Loucas


Notas iniciais do capítulo

Só digo uma coisa, nem Los Angeles está preparada para Pietra Agnelli.
No mais, tenham uma ótima leitura!



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— Olá, você!! – Falei assim que ele atendeu à chamada. – Segunda de folga?

— Oi, Kat! Saudades de você, Rainha do Gelo.

— Também estou com saudades! E muita. Como você está? – Perguntei cheia de saudade. Ele me fazia uma falta danada.

Alex respirou fundo antes de responder.

— Estou cansado pra caramba. Trabalhamos nas duas últimas noites até o raiar do dia. O mesmo hoje.

— Então você deveria estar dormindo. Tentar entrar nesse fuso de trabalho! Talvez te ajude a descansar... – Falei preocupada e observei atentamente seu rosto. Alex tinha mais olheiras do que eu.

— Não vou tentar fazer isso, Kat. Será só mais essa noite e amanhã voltamos às gravações durante o dia. Foi a mesma coisa na Sérvia. Estamos terminando aqui na Polônia e depois vamos para a Hungria duas semanas lá e uma na Romênia, vou visitar o seu bisavô! – Ele brincou.

— Você já está avisado, sabe que ele é meio imprevisível, então já chegue falando que seu sangue está reservado para mim. – Entrei na brincadeira, mas no fundo estava preocupada com o ritmo alucinado das gravações. Alex estava em forma, mas eu podia ver os sinais de cansaço em seu rosto.

— Por que tombou a cabeça? – Ele questionou de pronto. – Toda vez que você faz isso e fica calada, é porque algo está te perturbando. – Comentou certeiro.

— Preocupada com você. – Fui sincera. – Você está exausto, está trabalhando muito e ainda está treinando forte. E que horas está descansando?

Alex se recostou nos travesseiros e grunhiu algo ininteligível.

— Não faça isso. Eu te prometi que iria cuidar de mim, esperando que você faria o mesmo. Até quando vai ser essa rotina louca? Até Londres?

— Londres melhora. Será estúdio interno. E lá tem horário para chegar e sair. – Ele me confirmou. – Gravar em locações a céu aberto é que é o problema. Por isso essa loucura toda. E posso te confessar, disso eu não sentia falta.

— E do que o senhor sentia falta, posso saber?

— Vai ficar me interrogando hoje?

— Na sexta você me interrogou, só eu falei, acho justo te colocar na parede nem que seja por uma vez. – Dei de ombros.

— Eu gosto da vida de set. Não me importo com os horários. Gosto do que eu faço, Kat. E estava sentindo falta de, como você disse uma vez, “ser outra pessoa”. Ou fingir ser outra pessoa. O que irrita é a briga de egos. O Diretor e o Roteirista tem hora que só querem parar as filmagens para discutir porcaria, detalhes tão sem importância que não acrescenta nada no que estamos fazendo. E eles têm brigado muito, e isso está atrasando a produção, o que leva aos produtores ficarem exigindo gravações além do horário para que não tenham que pagar mais um dia de externa e, assim, estourar o orçamento.

— E ninguém pode falar nada?

— A maioria murmura a discordância, porém quem quer permanecer empregado, fica calado.

— E não é para isso que agentes e empresários servem? Resolver esse tipo de pepino e tentar manter as coisas mais fáceis para os atores?

Alex fez uma careta e olhou para cima.

— Será que eu vou ter que dar outra prensa no Lee? Ou eu chamo a Dona Amelia para isso? – Falei um tanto azeda e isso arrancou uma autêntica gargalhada de Alex.

— Seria divertido ver você colocar Lee no lugar dele. Creio que o medo que ele já tem de você iria aumentar exponencialmente.

— Preciso ou não? Não estou brincando, Alex. Estou preocupada com você!

— Por enquanto, não.

— E você vai me avisar se esse absurdo de você estar trabalhando à exaustão continuar? Sei que você não é o único, mas como protagonista, tem um pouco mais de voz.

— Avisar eu vou, porém creio que você é bem capaz de descobrir isso sozinha.

— Eu só te conheço. E sei te ler. Sei quanto está cansado ou quando está exausto. Não tem como você me enganar. Não nisso.

— Vou te avisar sim, não pelo meu bem, mas só para ter o prazer de ver você brigando com Lee.

— Eu preocupada e você brincando. Mas me aguarde!

— Ah, eu vou! Não perco isso por nada! – Alex falou todo alegre. – E agora que você já tem as suas respostas, está na minha hora de questioná-la.

— Vá em frente. – Dei de ombros.

Alex só abaixou a cabeça e pegou o celular, e logo depois algo chegou no meu. Logo vi o contato e ia fingir que não ouvi o celular apitar, quando meu noivo, sorrindo de lado e com os olhos faiscando com aquele sinal de que ele tinha aprontado algo, falou:

— Não vai olhar quem está te mandado mensagens?

— Não preciso, você tem um toque especial e eu sei que é você. Agora, o que me surpreende é o motivo! Por que você me mandou uma mensagem quando estamos conversando?

— Vá em frente e veja, esse será o motivo de nossa conversa!

Estreitei meus olhos para ele e Alex sorriu novamente, os olhos brilhando ainda mais.

— O que você está aprontando? – Perguntei assim que peguei o telefone.

— Eu nada, estou tentando descansar, já você, pelo visto, aprontou bastante no final de semana...

Com uma olhada rápida para a tela, desbloqueei o aparelho e abri a mensagem, na verdade, não era uma mensagem, era uma foto.

Uma foto minha, montada em Hal, bem na hora do último salto que dei anteontem.

— E? – Perguntei, sem entender a empolgação de meu noivo.

— E você ainda questiona? Olha o que você está fazendo!

— O que eu faço desde criança. Dando saltos com meu cavalo. Nada demais.

— Eu serei obrigado a mandar o vídeo da sua volta? Você atraiu os olhares de todos os que estavam passando o dia na área aberta da Fazenda!! Além de que tem um detalhe bem interessante.

— Não era minha intenção ser o foco de atenção de ninguém. – Resmunguei. – Mas qual é o detalhe?

— Pode não ter sido a sua intenção, mas depois dessa aula de equitação e controle de um cavalo que você deu, é bem capaz que comecem a te procurar para dar aulas para algumas crianças.

— Alex, foco. Eu não sou professora de equitação e nem tenho interesse de ser. Só ajudo Elena e Olivia. E ponto.

O sorriso no rosto de Alex se alargou e ele, muito convencidamente, se ajeitou na cama e só falou.

— Achei bem interessante o acessório que você usava. Me fez prometer que eu não usaria mais a minha roupa de cowboy e bastou que eu virasse as costas e você foi logo comprando um chapéu e colocando na cabeça...

Encarei Alex.

— Eu não comprei o chapéu. Ganhei. – Expliquei.

— E colocou na cabeça! – Ele disse feliz, me tentando do outro lado.

— Não tive alternativa! Sua mãe me deu e tanto ela quanto seu pai ficaram esperando que eu usasse aquilo.

— E você usou. O que significa que não detesta o estilo tanto assim.

— Tente entender, não havia saída! Me livrei das botas, mas não do chapéu.

—  De deram as botas também?! – Alex ria alto agora.

— Não. Seu pai teve a ideia de comprar, e eu consegui persuadi-lo a não fazer.

— Se você foi tão persuasiva quanto foi comigo, coitado do meu pai! – Ele brincou. – Mas como você fez isso, meu pai não costuma dar para trás em uma ideia.

— Simples, disse que trabalho a semana inteira com salto e bico fino... e que meus pés tinham o direito de descansarem no final de semana,

— Você é má!

— Tive que me virar. Não posso usar aquilo! – Gemi em desespero.

— Mas usou o chapéu.

— Não. Tive. Escolha! – Tornei a repetir.

— Sempre pode-se dizer não! Algo que você fala muito comigo.

— Não posso decepcionar seus pais, eles são o mais próximo de família que tenho aqui! Não quero magoá-los porque não gosto da roupa de cowboy! Além do mais, se fosse o contrário, você diria não ao meu pai?! – Retruquei.

Alex ficou calado.

— Sabia que não diria. – Vangloriei-me.

— Então eu posso voltar a usar o chapéu, já que agora você vai ter que usar?

— Só o chapéu. Esquece a calça apertada, as botas e aquelas franjas! Pelo amor de Deus, passe longe das franjas.

— O pessoal vai perguntar...

— Não Pepper, ela quer se livrar disso também!

— A Rebecca não gosta da moda country?! – Alex perguntou surpreso. – Nunca a ouvi reclamar.

— Não, ela não gosta. Atura pelo mesmo motivo que eu.

E Alex estava pasmo.

— Sempre achei que ela não ligava. Nossa cunhada é uma excelente atriz, ninguém nunca desconfiou de nada.

— Para você ver o que as mulheres aguentam caladas. – Comentei casualmente.

— Mais alguma coisa que eu devo saber?

Foi a minha vez de rir.

— Não, não tem. Só que eu achei o Mirante que você ficou de me levar e nunca levou. Achei sozinha, enquanto cavalgava com Perigo.

— Ouvi dizer que você não cavalgou, voou com seu cavalo pelo caminho!

— As fofocas estão chegando longe! Assim como os vídeos...

— Tenho que ficar informado sobre o que a minha noiva está fazendo, já que ela não me conta.

— Olha a mentira! Te contei o que fiz nas últimas duas semanas na sexta-feira, e estou contando agora. Pode parar de bancar o noivo ciumento.

Alex fez algo que eu só pude definir como um biquinho.

— Mimado! – Disse em resposta à sua expressão. – E não vai falar nada quanto ao fato de que eu encontrei o Mirante?

— Não, suspeitava que isso iria acabar acontecendo, você é naturalmente curiosa e cedo ou tarde iria montar em um cavalo e explorar a propriedade. Claro que eu queria estar ao seu lado quando você visse a paisagem pela primeira vez, porém, um dia a gente volta lá.

— Com ou sem você, vou voltar. Foi uma cavalgada muito boa com uma recompensa melhor ainda! Eu poderia construir um chalé lá e morar naquele pedaço de paraíso! – Falei saudosa da vista.

— Meu pai pensou em fazer um chalé lá mesmo. Minha mãe não deixou. Disse que estragaria a vista.

— E ela está certíssima. Mas, dá para acampar, passar a noite debaixo das estrelas. Aposto que a vista à noite deve ser linda também.

— Gostaria de te ver acampando. Não parece ser muito o seu estilo.

Dei de ombros, não era. Contudo, lá no mirante, era só passar a noite.

— Lá não seria tão ruim. – Foi a minha resposta padrão.

— É, vou esperar para ver isso. E mudando de assunto, o que tem planejado para a semana?

— Além de trabalho, trabalho e mais trabalho? – Disse sarcasticamente.

— Além de horas dentro do escritório.

— Não sei. As meninas vão vir para Los Angeles.

Alex deu um pulo na cama.

— Defina quais delas?

— Todas as três.

— Pietra em Los Angeles?! A Italiana Louca solta na minha cidade? – Ele disse alarmado.

— Sim! E pode esperar qualquer coisa vindo dela.

— Vão ficar aí em casa?

— Mas é claro. É mais seguro. E já completo, Pepper já faz parte do grupo. Somos o “Quinteto das Loucas” agora.

Alex gemeu em desespero.

— Eu vou ter que ficar de olho as páginas policiais nos próximos dias.

— Serão duas semanas. – Informei rindo.

— Minha noiva vai ser presa!!! Eu vou ter que te tirar da cadeia!

— Que bom que você já está se preparando para o pior! – Cantarolei, rindo do desespero.

— Eu não vou ter um minuto de paz nas duas próximas semanas. Toda hora meu pensamento vai vagar para o que está acontecendo em Los Angeles.

— Também não é assim... Pietra pode ser louca, mas eu tenho juízo!

— Não é o que Nonna me disse. Nem você escapa!! Vocês são bem selvagens.

— Falou o cara que surfa ondas gigantes, faz parkour e luta sei lá o que! – Contradisse suas palavras. – Acho que isso nos torna quites.

— Acho que isso significa que quando eu voltar para Los Angeles, terei que te visitar na penitenciária.

— Fico muito feliz em saber que, mesmo enquanto eu estiver atrás das grades, você estará do meu lado!

— Não tem graça, Katerina.

— Calma, Alexander, não vai acontecer nada demais. Te prometo.

— Eu confio em você, confio na Pepper, e até na Vic... mas na Pietra? Nela não. Não mesmo.

— Serão quatro contra uma. Estamos em vantagem. Você poderá viver em paz.

Alex não acreditou nas minhas palavras.

— Não seja presa!

Tive que rir.

— Não serei. E prometo que te conto o que fizemos.

— No passado? Aposto que você vai editar!

— Confie em mim!

— Não perca a chave da nossa casa, nem do seu carro.

— Não vou! Seremos comportadas.

— Não sendo louca como a Pietra, para mim já é motivo de sossego.

— Exagerado!

— Não, preocupado com você.

— Isso é fofo, mas desnecessário. Vamos ficar bem!

Alex não falou mais nada, e notei que ele estava quase dormindo.

— Alguém está a ponto de desmaiar de sono. – Murmurei.

— Cansaço bateu forte aqui... – Foi a resposta que ele deu.

— Quer que eu cante para você dormir? – Ofereci.

— Levou meu violão para casa?

— Não. Vou dar um jeito de comprar um para mim, mas tenho o piano.

— Não vai fazer mal. – Foi a resposta que ele deu.

Fui para o piano, abri o instrumento e comecei a tocar a cantiga de ninar que fiz para meus sobrinhos. Não cheguei na metade e Alex já estava ressonando. Cantei mais uma música, só para ter a certeza de que ele estava realmente em sono profundo. E quando ele nem se mexeu quando parei de cantar, me despedi.

— Uma boa semana para você, surfista. Te amo mais do que você pode imaginar!

Ele murmurou qualquer coisa, só pude entender o meu nome e depois de se ajeitar, voltou a dormir, encerrei a chamada e fui arrumar meu almoço para o dia seguinte.

Não eram dez da noite quando resolvi subir para o quarto, estava cansada, mas não com sono, assim, passei no escritório de Alex e sequestrei o violão dele, até que eu comprasse o meu, esse teria que servir. Fui para o quarto testando a afinação das cordas, os três cachorros me acompanhando. Pela posição em que me encontrava, estava muito parecida com o personagem Miguel de Viva! A Vida é uma Festa!, assim, comecei a cantar a música que tanto me fez chorar no filme, Remember Me. Eu não tinha plateia, mas parece que o trio gostou bastante, já que abanavam as caudas.

Entrei no quarto, deixei o violão em cima do divã, fui tomar um banho e separar a minha roupa para o dia seguinte. Quando voltei, sentei-me na cama, peguei o instrumento e dedilhando comecei a tocar a primeira música que veio na minha cabeça, e depois mais uma...

Acordei com o despertador tocando, o violão do meu lado e eu abraçada aos travesseiros.

Essa era a primeira noite em que eu dormia na minha cama e não tinha pesadelos.

Levantei, me preparei para ir correr e tomar meu café na Dottie. Tinha uma semana agitada pela frente.

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 Os dois primeiros dias da semana foram impossíveis, com o meu mais recente cargo acumulado junto ao conselho, passei a ter reuniões com Camilla e, lógico, com minha avó, ajudando as duas a entenderem os problemas dos escritórios ao redor do mundo.

Minha agenda cheia não me impediu de começar uma sessão de terapia. Assim, liguei para a terapeuta que me atendeu no meu momento mais crítico e perguntei se ela me aceitava de volta. Ela não só me aceitou de volta, como me atendeu imediatamente.

Assim, no meu horário de almoço, todas as terças-feiras, eu tinha um horário marcado para tratar da minha saúde mental. E nada poderia me impedir que isso acontecesse, para tanto, conversei com Milena e juntas abrimos esse espaço para que nenhuma reunião da parte da manhã se arrastasse até o horário de almoço.

Outro ponto que não deixei de cumprir, foi manter meus pais e sogros informados, e todos quatro ficaram felizes em saber do meu comprometimento.

As duas noites seguintes foram relativamente tranquilas, ainda tive pesadelos, mas me mantive no quarto, respirando fundo e dizendo para mim mesma que aquilo não era real. Não voltei a dormir plenamente, contudo não passei a noite em claro.

Na quarta-feira, estava terminando a minha última reunião do dia, pronta para mergulhar nos problemas do prédio, que não eram muitos, e me permitiria sair antes das 18:00 para ir em casa, trocar minha roupa e ir para o Pilates, quando me ligaram do lobby.

Atendi e ao fundo pude ouvir a algazarra de vozes e barulho de pessoas que pareciam tirar fotos. Instantaneamente pensei que era uma horda de paparazzis, apesar de que não havia motivo aparente para que aparecessem aqui no prédio.

— Senhorita Nieminen. – Disse Jason Curtis. – Por acaso a senhoria conhece uma mulher chamada Pietra...

— AGNELLI!! – Escutei a voz de Pietra ao fundo, quando ela completou a informação. – Por favor, ela nos conhece desde criança! Será que pode liberar a nossa entrada?

— Sr. Curtis, pode liberar a entrada da Srta. Agnelli, Sra. Williams e Srta. McGraw. – Confirmei antes que Pietra voasse no pescoço do segurança.

— Claro, mas e o que fazemos com o carro?

Ao fundo Pietra fez um barulho de desdém.

— Que carro? – Perguntei sem entender.

— A Srta. – Ele parou, ainda tentando aprender a falar o sobrenome de Pietra. – Bem, ela parou a Ferrari dela em cima do passeio, na porta do prédio.

Típico de Pietra fazer uma cena dessas. E devia ser por isso que eu escutava o barulho de câmeras. Uma Ferrari chama atenção em qualquer lugar!

— Pode liberar a garagem para ela. – E antes que ele falasse algo. – Diga para que ela vá e estacione ao lado do meu carro, por favor.

— Sim, senhora.

Ouvi Curtis passar a informação para frente, minhas amigas deram uma risada e eu só pude escutar saltos se afastando e pouco depois, o ronco característico do motor de um esportivo e pneus cantando.

— Não se preocupe, Sr. Curtis, está tudo bem! E muito obrigada por avisar!

— Fazendo meu trabalho, Srta. Nieminen.

— Eu sei. Elas que são um tanto barulhentas demais. – Falei. – Tenha um bom trabalho. – Despedi e desliguei o telefone.

Levantei-me de minha mesa, calcei meus sapatos e ia em direção à garagem, quando o elevador apitou que tinha chegado no andar.

— Não se preocupem. – Falei para Milena e Amanda. – É somente o trio mais maluco que vocês irão conhecer nas suas vidas. – Terminei de falar no instante em que as portas se abriam e pude escutar Pietra comentar:

— Não falei que ela iria estar na cobertura! – Deu o passo para fora do equipamento e veio caminhando, estalando os saltos no piso de mármore. – Eu te disse que viríamos nessa semana! Ciao, Bionda[1]!

Pelo canto do olho pude ver Amanda um tanto assustada com a presença espalhafatosa de Pietra.

— Não ligue, Amanda. É maluca! – Garanti à menina.

Logo Vic e Mel chegaram, me cumprimentaram e cumprimentaram Milena e Amanda.

— Meninas, essas são meus anjos da guarda aqui no escritório. Milena e Amanda. – Apontei para as duas. – Milena, Amanda. Minhas amigas, Victoria, Melissa e Pietra.

— Vamos atrapalhar vocês nos próximos dias! – Vic disse ao estender a mão para elas. – E vocês podem ignorar tudo o que essa aqui disser! – Disse se referindo à Pietra.

— Se não é por mim, estaríamos em um longo voo comercial, escutando executivos falidos falando mentira! Então tratem-me bem!

— Larga de ser dramática, Italiana Louca! E nem viemos aqui em Los Angeles porque você quis. Estamos aqui pela Kat! – Mel a cortou. - Podemos entrar na sala do trono?

Apontei o caminho. E antes que pudesse fechar a porta, garanti às duas que ficaram para trás:

— Elas não mordem. Só são malucas!

Amanda deu uma risada e comentou que parecia com a turma dela da escola.

Dio Mio! Ela ainda está na escola! – Pietra comentou de dentro da minha sala! – Que inveja! Queria ser jovem assim e não velha cheia de dor nas costas e nos pés.

— Com licença. – Pedi e fechei a porta, virando-me em seguida para a Louca. – Seus pés doem porque estão enfiados em saltos 17. Até mesmo para viajar! Nem eu faço isso!

— Tenho que manter a elegância! – Retrucou a italiana.

— Às custas do pé e da coluna! – Mel falou atravessado.

— Falem de mim. Mas olhem a Kat! – Pietra tentou se defender.

— Eu estou trabalhando, - Frisei. - não descendo de um voo de mais de doze horas! – Contra-ataquei. – E por falar nisso, como acharam o prédio?

— Jogamos no Google, porque a Vic, que é quem deveria saber onde isso fica, afinal o marido dela recebe dinheiro dessa empresa todo final de ano, não fazia ideia! – Melissa explicou e Vic, que estava vendo Los Angeles da janela, deu de ombros.

— Nossa real intenção era te matar de susto na sua casa, mas não sabemos onde você e o Tatuado se escondem, aí paramos aqui. – Pietra explicou e se sentou na minha cadeira.

— E tinham que parar o carro na calçada?

As três deram de ombros.

— Foi divertido ver a expressão dos californianos ao encontrarem uma Ferrari de verdade no meio da tarde. Os seguranças do prédio não sabiam se corriam para nos tirar dali ou se corriam para tirar a foto. – Pietra explicou rindo.

— Exibidas.

— Eu disse que tínhamos vindo para causar! Guerra avisada não mata ninguém!

— Que seja! Agora dê-me licença que tenho que trabalhar. – Empurrei minha amiga insana da minha cadeira.

— Não mesmo! – Melissa se revoltou. – Viemos para cá para te fazer companhia. Você vem com a gente.

— São 15:30. Não posso sair agora, tem documento que tem que ser devolvido ainda hoje. Então, agradeço a visita, fiquem à vontade para fazerem o que quiserem, mas eu ainda tenho trabalho urgente para fazer.

As três me encararam.

— E não me olhem como se quisessem me matar. Sabem que tenho um escritório para gerir. Se me deixarem em paz, posso sair mais cedo do que 18:00, mas terão que se comportar e me deixar trabalhar em paz.

As três se jogaram dramaticamente no sofá e suspiraram juntas, pareciam até três adolescentes que foram levadas para a diretoria do colégio.

— Muito bem, fiquem quietinhas aí que eu pago a sobremesa.

Tudo o que me responderam foi com o chaveiro da Ferrari que passou voando bem perto da minha orelha.

— Não sabe quanto custa, por isso fica tacando em qualquer um. – Xinguei Pietra.

As três começaram a tagarelar sobre onde queriam ir em Los Angeles, eu não fazia ideia de onde nenhum desses lugares ficavam, mas Pepper deveria saber. Assim, concentrei no que tinha que fazer e tentei fazer rápido, pois as três estavam atrapalhando até Milena e Amanda.

Uma certa hora, elas sumiram, e quando voltaram, tinham um banquete nas mãos, cheias de biscoitos, café, pãezinhos e brioches.

— Hora do lanche! Temos que alimentar a adolescente! – Vic anunciou quando entrou na minha sala e chamou minhas duas ajudantes.

 Milena pareceu um tanto hesitante, já Amanda, não parava de fazer mil e uma perguntas para minhas amigas.

Eram 17:00 horas quando dei o dia por encerrado e, junto com as duas ocupantes do último andar, juntamos tudo e pudemos ir para casa.

Nós cinco estávamos no elevador e quando mais algumas pessoas entraram, o assunto era só um:

— Vocês viram?! Tem uma La Ferrari na garagem!!

Encarei Pietra pelo canto do olho e ela deu de ombros, só se dignando a colocar os óculos escuros no rosto.

Amanda, que escutou a conversa e viu a nossa reação, não conseguiu manter a empolgação e soltou:

— Você está com uma Ferrari, Pietra?

— Mas é claro! – Disse minha amiga.

— Sou doida para andar em uma! - Retrucou a menina.

— Mora aonde?

— Longe daqui. Pego dois metrôs para chegar em casa.

— Nós te levamos! Você indica o caminho e depois voltamos.

E a trainee quase morreu de alegria, e essa conversa deixou os demais com cara de boquiabertos.

Milena, a quem também foi oferecida uma carona, se despediu de nós no lobby.

— Eu juro, gostaria de ver a cara dos meus vizinhos se eu chegasse de Ferrari em casa, mas meu noivo está aqui fora hoje! Até amanhã!

— Até! – Respondemos juntas e fomos para o segundo subsolo.

Amanda, quando desceu do elevador, pulava tanto que parecia Elena, de tão eufórica.

— Eu nem acredito que vou andar de Ferrari! – Ela falou e saiu distribuindo abraços.

Bambina[2], se você morasse na Itália, eu te contratava para trabalhar comigo. Só pelo seu entusiasmo. É até desperdício que uma garota como você trabalhe para aquele cubo de gelo que é a Katerina.

— Não fala assim da Chefa! – Amanda me defendeu.

Agradeci o gesto e caminhamos para os carros. 

Dividimos as pessoas e Amanda, na Ferrari com Pietra, foi liderando o caminho, como estávamos conectadas por chamada de voz, era possível ouvir a empolgação dela com o carro em que ia.

— Quantas selfies você já tirou, Amanda? – Mel perguntou.

— Várias. Pela primeira vez estou ostentando no Instagram!!

Como ela disse, Amanda morava longe, nada que não pudéssemos voltar depois e quando entramos na rua onde ficava a casa dela, parecia que todos os vizinhos estavam do lado de fora.

Amanda desceu toda convencida do carro, quarenta minutos ao lado de Pietra e ela já aprendeu isso, e se despediu de cada uma das minhas amigas como se já as conhecesse há anos, não horas.

Antes que ela entrasse, seus pais apareceram no portão, e me lembrei do que a garota me disse quando começou a trabalhar no escritório, que o pai dela também trabalhava na empresa. Mesmo espantados com a carona luxuosa da filha, nos convidaram a entrar, não aceitamos, mas foi divertido ver suas reações assustadas quando Amanda, muito à vontade, nos tratou pelo primeiro nome, ao se despedir.

— Garota divertida! – Pietra comentou. Já estávamos voltando para minha casa, Vic agora ia de carona com a Louca. – Merece um lugar na Ferrari. Será que o pai dela deixaria?

— Não sei. Jogue verde. Quem sabe um estágio de verão. Eu a libero e mantenho a vaga dela quando voltar. – Garanti.

Fomos tagarelando pelo caminho, minhas amigas falando horrores na minha cabeça, e, a certo ponto, ligamos para Pepper.

— É uma chamada em grupo, falo com quem? – Ela perguntou desconfiada.

— Com todas! – Respondemos.

— Já chegaram aqui?! Nem acredito! Já querem aprontar hoje?

— Estamos a caminho da casa de Kat, precisa de carona? – Pietra perguntou.

— Olha, vim de metrô hoje, porque é dia de rodízio, até aceito. Vocês sabem chegar aqui?

— Não, mas damos um jeito! – Vic respondeu. – Manda o endereço e nos espere na porta, um dia chegamos aí!

— Só quero ver, e cuidado! A Kat sempre se perde. É motivo de piada na família desde que o Alex a apresentou!

E agora eu era o motivo das risadas. Que ótimo!

Mais meia hora na conta e parávamos em frente à clínica de fisioterapia de Pepper. Sim, ela era a dona e detestava fazer alarde quanto à fama da clínica dela, que tinha outras cinco filiais na área de Los Angeles.

— Achei que eu teria que resgatar as quatro! – Ela disse brincando quando descemos para cumprimentá-la. – E posso saber o motivo das carruagens? Precisava vir com essa coisa berrante aí? – Apontou para o carro de Pietra.

— Eu JAMAIS vou usar carro da concorrência! Jamais! Então, Miss América, acostume-se!

MISS AMÉRICA?! Ai meu Deus!!! A gente vai acabar presa mesmo!

— Que nada! O advogado do Grupo Agnelli é muito bom! E qualquer coisa, bem, a Pietra conhece algumas pessoas.

— Cala a boa, Melissa! Nada de envolver advogados, ainda! Estamos bem e só temos que nos preocupar com uma coisa.

Eu juro que só estava calada observando a confusão que minha tarde/noite de quarta-feira tinha virado.

— Eu detesto ser aquela que faz a pergunta óbvia, mas... qual é a nossa preocupação? – Vic perguntou levantando a mão.

— Isso. Ainda bem que a Vic foi a corajosa, porque eu não sou! – Pepper emendou.

Pietra, daquele jeito exagerado dela, bateu palmas duas vezes e com um estalar de dedos, soltou:

— A pergunta de um milhão de euros...

— Estamos na América, tem que ser dólares! – Mel interrompeu e a Italiana pisou no pé dela.

— Euros, porque, além de valer mais do que o dólar, eu sou europeia, io sono italiana, é a moeda que eu uso, os americanos que se acostumem. Mas, voltando à vaca fria, a pergunta de um milhão de EUROS— Ela gritou essa parte e eu quase que me enfiei debaixo do carro, porque já tinha gente parando do outro lado da rua para tentar entender o que se passava entre a gente. – é: o que vamos fazer à noite? Aonde vamos? E eu não aceito “ficar em casa” como resposta.

Tudo o que eu queria era poder ir para casa, porque eu tinha pilates e tinha três cachorros para tomar conta, mas esse não parecia ser o plano da Pietra. Assim, graças aos céus, todas olhamos para Pepper, que simplesmente disse.

— Olha, como eu não estou trabalhada na elegância para bater salto em uma casa noturna, posso indicar um lugar bacana para um happy hour, assim a gente já combina para amanhã e deixa o número do advogado italiano na discagem rápida também. – Pepper respondeu.

— Por mim, ótimo! – Mel concordou. – Temos que ter um plano de ataque, ou é bem capaz que a Kat derrube nossos planos, dizendo que tem uma reunião importante com o Governo de Tonga.

— Pode parar de me culpar por tudo de errado que já aconteceu nas nossas saídas. Noventa por cento dos problemas foram causados pela Louca da Ferrari!

E fui eu falar isso, dois adolescentes chegaram perto de nós. Eu já sabia o motivo, Pepper ficou encarando a dupla com cara de dúvida, Vic deu um suspiro e entrou dentro do meu carro, Mel começou a rir, e Pietra, fez aquela pergunta:

— Vocês querem tirar foto da Ferrari? – Apontou para o carro.

— Podemos?

Rolei meus olhos e fui para perto do meu carro, Pepper e Mel vieram junto. Já Pietra, ficou perto do próprio carro, meio que observando o que os meninos vão fazer, com aquele olhar de águia assassina que ela sabe dar tão bem. Depois de uns cinco minutos em que os dois tiraram fotos, fizeram selfies, lives e sei lá mais o que nas redes sociais, a Italiana enxotou os dois, dizendo que tinha um lugar para ir.

— Só uma última pergunta, moça. Para vocês terem estes carros, - e aqui ele incluía o meu – vocês são casadas com alguém do tráfico? Ou são super modelos? Ou talvez...

— Pertencemos à Máfia Italiana, e mais uma pergunta como essa, e seus corpos estarão boiando em Hermosa Beach pela manhã! – Pietra disse friamente e os dois garotos só balançaram positivamente as cabeças e saíram pedalando as bicicletas, conjeturando se éramos as donas da Máfia de Los Angeles.

— Parabéns, Louca, agora aqueles dois acham que somos bandidas! – Vic bateu palmas de dentro do meu carro. – Será que podemos sair daqui antes que alguém chame a polícia?

Concordei com Vic e entrei no carro, Pepper me acompanhando.

— Achei que ia na Ferrari.

Ela riu.

— Não mesmo. Se uma foto minha em uma Ferrari chega no Canadá, Will vai pensar que troquei ele por um jogador de futebol, futebol da NFL, então, vou me manter discreta aqui.

— Com coisa que estar nessa jamanta alemã é passar discretamente... – Vic brincou.

— Por que todo mundo critica o meu carro? – Reclamei.

— Porque você tinha tudo para dirigir AQUELE carro de parar o trânsito, de fazer qualquer um babar, mas dirige essa SUV sem graça, que é só é grande! – Mel me respondeu.

— Para a sua informação, meu carro não é só grande. Ele é rápido e potente. Porque eu modifiquei o motor dele. E é seguro! Não preciso sair por aí em carro de “parar o trânsito” até porque o trânsito de Los Angeles não anda! Basta olharem em volta.

— E quem se importa?! O que conta na vida é causar!

— Fica quieta, Pietra! Você não tem credibilidade para falar nada!

— Não fique toda nervosinha só porque ninguém gosta do seu carro. Nem todo mundo tem mal gosto! – Mel se intrometeu rindo.

Contudo, para o azar delas, estávamos paradas em frente a um outdoor, imenso e daqueles em 4k que tinham espalhados por Los Angeles e, justamente quando as três criticavam o meu carro, eis que a imagem da propaganda muda e começa a passar o comercial que Alex fez.

Pepper, que era quem estava nos guiando até o local que ela tinha falado, viu a propaganda e começou a rir, e eu, quando vi, só disse o seguinte:

— Podem não gostar do meu carro, mas quero ver se arranjam comercial e garoto propaganda mais belos. Por favor, senhoritas, olhem à sua direita.

Vic, que era quem estava no banco de trás do meu carro, fingiu que não viu, e depois me deu um tapa, me chamando de convencida. Já as duas céticas a bordo da Ferrari, só começaram a murmurar, dizendo que meu noivo era um puxa-saco, que só tinha feito a propaganda do Cayenne, porque tinha dó de mim e do meu mal gosto.

— Sei... nem vocês acreditam nisso! Estão morrendo é de inveja.

— A Ferrari não precisa de surfistas tatuados para fazerem o marketing de nossos carros. Temos uma dupla de pilotos que fazem isso.

— Você realmente está comparando o Alex com a dupla de pilotos da Scuderia do Mal?

— Não chame a Ferrari disso!

— Tudo bem, Motor Adulterado... agora me responda!

— Pare com isso!

— É bom, ficar escutando piadas, não é? Se você não gosta de ser perturbada, Pietra, eu também não gosto!

— Tudo bem, paramos.

— Mas que o motor da Ferrari é adulterado, ah, isso é! – Falei só para terminar o assunto, por hora.

Ao fundo escutei o suspiro de ódio da minha amiga, ela que se acostumasse, pois se continuasse a encher minha paciência, logo, logo viria outra rodada de gozações.

Esperamos um tempo no trânsito, diferentemente dos irmãos Pierce, Pepper não era lá muito chegada aos atalhos, e preferiu ficar parada na avenida congestionada, do que arriscar entrar em uma rua errada e ter que acabar dando uma volta ao mundo para chegar no nosso destino.

— E é aqui! Tem garagem no subsolo, para que aquela coisa vermelha não fique exposta aos olhos de curiosos. – Ela disse em tom de brincadeira.

— Até você, Miss América! – Pietra chiou assim que descemos dos carros e íamos em direção ao elevador.

— Sou sincera mesmo! Perco a amizade, mas não a piada.

— Isso vai ser tão interessante!! Porque você, Pietra, é a mesma coisa! A guerra vai ser acirrada. – Mel falou. – Vamos abrir as apostas?

Pietra e Pepper se encararam como se fossem lutadores do UFC depois da pesagem, e tudo o que nos restou foi começar a rir dessa guerra declarada. E rindo, descemos do elevador na cobertura do prédio. Para um espaço aberto fantástico.

Era uma espécie de bar a céu aberto, mas que funcionava somente nos fins de tarde, fechando pontualmente às 19:30. O mais impressionante era a vista. Como estávamos no 50º andar, tínhamos o centro de Los Angeles aos nossos pés e uma vista de toda a área metropolitana, fechando a vista com os picos nevados das Montanhas de São Gabriel.

— Tenho que dar o braço a torcer e dizer que a vista daqui é magnífica. Jamais esperava por isso. – Vic comentou ajustando os óculos escuros na cabeça.

Nos encaminhamos para uma mesa livre e logo uma mistura de barman com barista veio nos atender, entregando os cardápios.

Dei uma lida por cima e achei fantástico que ali não vendia bebida alcóolica, somente drinks sem álcool e pequenas porções variadas que não serviam como jantar, mas um meio termo entre um lanche e o jantar. Se estivéssemos no meio da manhã, eu diria que era um brunch, mas como era final de tarde, não tinha uma definição correta.

Fizemos nossos pedidos e começamos a planejar as próximas duas semanas. Na verdade, a próxima semana, pois em quinze dias começaria o julgamento e eu seria obrigada a acompanhar de longe, algo que já tinha atrapalhado bem a minha agenda.

Ficamos no bar até a hora em que fechou, fomos literalmente colocadas para fora, e confirmando o jantar de quinta-feira, fomos para casa. Paramos na casa de Will e Pepper, acabamos por descer e jogar mais um pouco de conversa fora, e quando o cansaço bateu para as cinco, fui para casa, acompanhada pela falação das minhas amigas.

— É agora que a gente descobre onde você esconde!! – Vic me deu um tapa no braço.

— Grande coisa. Você não sabe onde é, porque nem se dignou a vir me visitar, sendo que mora no mesmo país. É a pior cunhada que alguém pode ter.

Vic deu de ombros e com pouco chegamos na minha casa.

— Já aviso, - alertei às três que puxavam as malas. – são três cachorros. Thor e Loki vocês conhecem, e agora tem o Stark. Ele é um pitbull, mas é doce de cachorro.

Abri a porta e três mísseis vieram correndo na minha direção, parando curiosos, encarando as três visitantes.

A dupla de lobos da neve logo reconheceu minhas amigas e foi pular em cada uma, pedindo carinho, Stark parou do meu lado e com uma ganida, parecia me perguntar quem eram aquelas loucas.

— Vai lá, são suas tias! – Brinquei e ganhei uma encarada de Pietra. Contudo, ela foi a primeira que se derreteu com a carinha fofa de Stark.

Claro que as três, depois de brincarem com os cachorros, passaram a analisar a casa, entrando em cada cômodo e fazendo suas observações. Acabei explicando a história do imóvel e como tinha sido reconstruído depois que Suzanna quebrou tudo.

— E, esse aqui é o escritório que seu sogro fez? – Mel perguntou.

— Sim. Ele fez os móveis, mas, pelo que Dona Amelia soltou, Alex ajudou a desenhá-los. Não me perguntem exatamente o que foi, porque toda vez que eu questiono, ele dá de ombros e troca de assunto.

— Sua sogra não sabe?

— Nunca perguntei para ela, Pietra. Sei que ela me contaria, Dona Amelia é meio língua solta nesse quesito, porém quero que a resposta venha de Alex.

— Um dia ele fala... não vai segurar essa informação por muito tempo. – Vic comentou. – E olha, pai e filho são talentosos! São poucos os móveis que vi, que são melhores do que estes aqui. Tem razão para o Sr. N ter ficado todo enciumado quando você elogiou o seu escritório no Natal.

— Papai vai ter que aceitar que ele é meu mecânico preferido. Agora, quanto a ser carpinteiro, esse talento falta ali. – Respondi.

Com pouco subimos para o segundo andar e mostrei os quartos de cada uma, já era bem tarde e tudo o que fizemos foi nos despedirmos, já que o fuso horário e o jetlag começaram a bater forte em minhas amigas.

Continuei com meu pequeno ritual de tocar e cantar um pouco antes de dormir, isso era um relaxante e tanto, o que era bom, pois eu iria precisar nos próximos dias.

 

[1] Olá, Loira!

[2] Menina.


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Notas finais do capítulo

E aí estão as três doidas em Los Angeles!!
Semana que vem tem mais!
Obrigada a você que leu até aqui!
xoxo



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