Presos Por Um Olhar escrita por Carol McGarrett


Capítulo 11
Pega de Surpresa


Notas iniciais do capítulo

Katerina pediu para Alexander não apressar as coisas... mas eu creio que a definição de "ir devagar" deve ser muito distinta nos dicionários desses dois..
Espero que gostem!
Boa Leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/799284/chapter/11

Acordei com a estranha sensação de que o Oceano conspirava contra a felicidade de... bem, a minha, em vidas passadas! Não é possível que em duas vezes isso tenha acontecido.

Ou talvez seja só a minha mente altamente criativa que está com medo de que eu caia de cabeça, abra meu coração para um total desconhecido e me machuque novamente.

— Tarde demais, querido lado racional, já era, eu já estou perdidamente apaixonada por ele. E eu mal o conheço!! – Falei alto.

Comecei a rir do que eu tinha acabado de falar. Levei anos para admitir que gostava de meu ex, mesmo estando namorando firme, e bastou três dias, algumas horas ao lado de Alexander e aqui estou eu, falando alto que realmente estou apaixonada por ele.

Enquanto me arrumava para a corrida de daqui a pouco, notei que estava precisando conversar com uma certa Nona a respeito de toda essa loucura, sei que Nona Agnelli iria me entender, talvez mais do que qualquer pessoa no mundo. E tinha que ser pessoalmente, por telefone ela só iria me xingar por ter saído da Europa às pressas e nem ter me despedido devidamente, o que na concepção dela é passar uma noite comendo pizza em seu Ristorante em Maranello.

— Pena que só vou para Europa em dezembro... – Suspirei. Eu já estava morrendo de saudades de todos lá. Das conversas até tarde da noite quando o Bando de Loucas estava no mesmo fuso-horário ou pelo menos em um fuso próximo, das nossas saídas com o intuito de nos divertir, mas que sempre acabávamos em um teatro ou sentadas no Subway mais próximo, comendo sanduiche e bebendo refrigerante como se ainda fôssemos adolescentes. Me sentei no sofá para esperar o tempo passar, meus cachorros me fazendo companhia barulhenta enquanto roncavam alto, deitados cada um em sua almofada.

Meu celular vibrou na mesinha de centro, me tirando dos meus pensamentos, eu não precisava olhar para tela para saber quem era a essa hora da manhã.

Minha companhia de corrida, meu café da manhã e o cara por quem eu estava mudando mais do que uma rotina. Na mensagem só tinha a seguinte frase.

Tenho o café da manhã!

Foi-me impossível não sorrir. Assim, me levantei do sofá, hoje eu já estava devidamente arrumada e fui para o perto da porta, destravar o portão principal.

Está aberta. Foi a resposta que dei e, diferentemente de ontem, hoje eu abri a porta e me escorei ali, esperando por ele.

Eu sou daquelas que detesta admitir sentimentos, prefiro manter uma fachada mais distante para não sofrer caso algo não dê certo, mas com Alex, toda essa concha que construí ao meu redor ao longo dos anos, se quebrou, eu estava me expondo mais do que o necessário, mais do que seria saudável contudo, não podia evitar.

E foi por não conseguir evitar esconder o que eu sentia, que parei na porta. Eu estava com saudades dele, do sorriso dele, dos seus olhos azuis, da sua presença. E, a cada andar que o elevador subia, eu ficava ainda mais nervosa, troquei o peso do corpo de um pé para o outro mais vezes do que eu normalmente fazia, bati as unhas no portal da porta, conferi o elevador a cada cinco segundos até que ele parou no último andar, onde eu estava. Eu estava sorrindo antes que as portas se abrissem totalmente, e sorri ainda mais ao ver que ele também estava sorrindo.

— Bom dia! – Falei enquanto ele descia e começou a andar até onde eu estava.

— Comitê de recepção? – Perguntou quando me viu, seu sorriso era refletido em seus olhos.

— Talvez. Ou talvez eu só esteja morta de fome. – Brinquei assim que ele parou na minha frente.

Alex me olhou nos olhos e dando aquele sorrisinho de lado que mostrava a sua covinha, me respondeu.

— Eu também senti saudade. – E se abaixou um pouco para me dar um beijo.

— Eu ia chegar nessa parte. – Falei baixo quando nos separamos. – E como foi ontem? – Perguntei antes que ele começasse com uma rodada de perguntas para cima de mim.

— Foi interessante, e eu quero ver quando você vir o resultado. – Alex me respondeu, em seus olhos tinha um brilho travesso, quando me entregou os pacotes.

— Sem delivery completo hoje?

— Vou tirar os sapatos. Afinal, estou entrando na casa de uma finlandesa.

— Eu falei que não precisava.

— Por que não seguir o que você faz? – Escutei a pergunta dele enquanto vasculhava os dois pacotes.

— PANQUECAS!! VOCÊ TROUXE PANQUECAS!! – Eu falei animada.

— Dottie te mandou um oi. E falou que é para você aparecer, mesmo quando eu não estiver por perto.

— Que graça tem comer estas panquecas se você não estiver por perto? – Como sempre, falei demais.

— Eu gostei de saber disso. – Ele sussurrou no meu ouvido, ao me abraçar por trás.

Me virei para ficar de frente para ele.

— Acho bom mesmo, porque eu não vou engordar sozinha! – Dei um pedaço de panqueca para ele.

— Eu sabia que você tem medo de engordar! – Ele brincou ao me beijar.

Me libertei de seus braços e fui pegar os pratos e os talheres.

— Quer uma caneca ou vai tomar no copo descartável?

— Caneca, por favor.

Entreguei a mesma de ontem.

— Posso declarar como minha?

Fingi pensar.

— Por que não? – Me sentei do lado dele, com um copo de suco ao invés de chá. E logo ele puxou o meu banco para mais perto dele. Conversamos enquanto comíamos e, assim como ontem, ele lavou as vasilhas e eu fui escovar os dentes e prender o meu cabelo.

Saímos mais cedo, e por todo o tempo em que ficamos juntos, não paramos de falar. Hoje o falante era ele.

— Não, espera. Eu preciso que você me faça uma lista de todas essas suas peripécias, eu ainda estou tentando absorver o seu tombo do telhado.

Ele riu.

— Eu acho que isso explica muita coisa sobre o seu hobby de escalar paredes. Quando você caiu do telhado, tirou o cérebro do prumo certo! – Falei brincando e para o meu total espanto, ele correu de encontro a murada do píer e pulou ali de uma única vez, ficando de pé e depois com outro pulo, se virou para minha direção.

— O que você estava dizendo?

— São Jorge! Desce daí! – Falei quase desesperada.

— Agora você está com medo de que eu caia daqui. – Ele tirou um pé.

— Sim! Desce! Agora! – Ordenei, num tom de voz que uso mais no escritório do que no dia a dia.

— Interessante, então essa é a Katerina na sua versão Diretora Executiva Poderosa.

— Desce daí. – Eu quase implorei. Não estava gostando de vê-lo ali, quase dependurado e as ondas batendo embaixo nas pedras, me lembrou o destino da Katerina viking.

Alex estendeu a mão, como que me mandando puxá-lo dali, sem pensar no que ele realmente poderia estar tramando, peguei sua mão e ele me puxou para perto da amurada.

— Vamos, pule!

— Não. – Afirmei e tentei soltar a minha mão.

— Anda, Kat, é só um pulinho. Eu faço a parte difícil para você.

E eu não resisti ao seu tom de voz, e antes que meu lado racional reagisse, o meu lado irracional ordenou que minhas pernas pulassem, Alex mesmo sem nada em que se apoiar, me puxou e eu me vi de pé, no beiral do píer, ao seu lado.

— Olha para mim. – Me pediu.

— Eu vou descer. – Tudo o que eu conseguia ver eram as pedras e as ondas batendo.

— Assim você nunca vai conseguir fazer isso. Olhe para mim.

Levantei meus olhos para encará-lo.

— Eu não vou te deixar cair. – Me prometeu e, colocando uma mão em minha lombar, me virou para ver a rebentação.

Só que o que eu vi não foi a maré ou as ondas, foi o céu com suas várias tonalidades. E antes que eu pudesse expressar a minha vontade de ter trazido a câmera para capturar o momento, Alex soltou a minha mão e deu um mortal para trás, parando de pé igual a um gato. Eu me desequilibrei na hora, pois estava confiando que ele não me deixaria cair e quando achei que iria me esborrachar no chão, dois braços me pegaram e Alex logo começou a rir, comigo em seu colo.

— Achou que eu ia te deixar cair, não é?

— Não teve graça! – Falei.

— Você está até pálida! Mais branca do que o normal, com certeza.

— Não. Teve. Graça. – Tornei a afirmar e tentei sair de seu colo.

— A quanto deve ter ido esse batimento cardíaco? – Ele levou dois dedos ao meu pescoço e contou. Não era necessário dizer que minha pulsação estava elevada, não só por causa do susto, mas também por conta de nossa proximidade.

Com um segundo de distração dele, consegui sair de seus braços e aterrissei no chão, logo saindo de perto dele, sem falar nada.

— A chave do carro está comigo! – Ele disse convencido e se escorou no beiral cruzando os braços e com um sorriso presunçoso no rosto.

— Tem certeza? – Me virei e mostrei a chave do carro dele. – Acho que você perdeu o seu direito de dirigir hoje.

A feição dele era hilária e ficou ainda mais engraçada quando ele me viu destravando o carro, assumindo o banco do motorista e ajeitando os retrovisores e o banco para a minha altura.

— Não, Kat... espera! – Ele clamou.

Liguei o carro e o motor roncou alto.

— Não faz isso! – Ele pediu ao lado da janela do motorista.

— Banco do carona, vou mostrar para o seu carro o que ter uma piloto de verdade dirigindo-o.

Era a hora da minha vingança.

— Não, peraí Kat. Você não sabe o caminho mais rápido.

— Se lembra de segunda à noite, quando você afirmou que eu, como uma piloto, teria que guardar os pontos de referência? Então... adivinha o que fiz?

Ele se desesperou ainda mais, afinal essa era a sua última cartada para me tirar de dentro do carro.

— Anda, sobe, prometo que vai ser com emoção.

Sem saber direito o que faria, Alex parou do lado do carro e ficou olhando para mim.

— Ou então você pode ficar, eu vou embora, tenho horário para cumprir. – Acelerei o carro e arranquei.

— NÃO! – Ele gritou e veio correndo atrás de mim.

— Então eu vou dirigir.

Ele entrou, se sentou no banco do carona e com a maior carinha de desespero, murmurou:

— Sou carona no meu próprio carro....

Só para assustá-lo ainda mais, saí do estacionamento cantando pneus, e para irritá-lo, reclamei do carro o tempo inteiro. E, se eu achei que ontem ele tinha chegado rápido demais até o meu apartamento, hoje foi mais rápido ainda.

— E aqui estamos! – Falei ao estacionar de primeira em uma vaga praticamente do tamanho do carro. – Agora você pode ter o seu amado... – Comecei, mas tive que me interromper quando olhei para ele. - Alex? – Escondi a risada para não ficar feio. – Eu acho que alguém precisa colocar a cabeça no meio dos joelhos e respirar fundo.

Ele me encarou, dizer que estava mal-humorado, era pouco.

— Vem... vou te ajudar nessa situação aí. – Saí do carro e dei a volta para ajudá-lo. – Que vexame, hein? – Perguntei enquanto aguardávamos o elevador.

— Fica quieta. – Ele conseguiu falar a primeira palavra em cinco minutos.

— Mas eu não vou ficar calada mesmo!! - Comecei a rir da sua cara de enjoado. Eu jamais ficaria calada depois de uma cena dessas.

— Você não está em uma posição de falar muito, quase teve um infarto quando soltei a sua mão lá no píer. – Começou a se defender assim que eu o coloquei deitado no sofá, Thor e Loki foram logo tentar descobrir o que estava de errado com ele.

— Você tem companhia, - Apontei para a dupla de quatro patas que tinha se sentado e olhava para ele com as cabeças tombadas, - E aqui um remedinho para enjoo se você quiser, descanse aí, porque eu preciso me arrumar. – Deixei-o na sala e fui tomar um banho e vestir a minha fantasia de pessoa chique e poderosa.

Minha sorte é que eu sempre deixo tudo previamente separado, senão era bem capaz de eu entrar em colapso toda manhã! Já saí do banheiro devidamente vestida e com a maquiagem do dia a dia que usava e quase que morro de susto.

— Acho que vou ter que arrumar um emprego lá naquele prédio que tem o seu nome... se é assim que você vai trabalhar todos os dias... – Alex, já bem recuperado, estava deitado na minha cama, e folheava, despreocupadamente o livro que estava lendo ontem à noite.

— Espero que esteja confortável. – Comentei diante da folga da criatura.

— Muito, e a visão está ajudando. E então, é assim todos os dias, ou hoje você está indo assim só para me deixar preocupado?

— É assim que eu vou trabalhar...

— Imagina no dia que eu te levar para sair de noite...

Terminei de colocar o brinco e os anéis e, ainda sentada na cadeira, me virei na direção dele.

— Você não me reconheceria. – Brinquei, mesmo que, dentre todas as minhas amigas eu era a única que sempre preferiu ter um visual mais limpo.

Alex suspirou e se levantou da cama, deixando o livro onde ele estava deitado.

— Eu tenho que começar a dar um jeito de te levar e te buscar desse lugar.

— Não, eu detesto motorista. Nada disso. – Me levantei, peguei os saltos para levá-los até a porta. – Eu me levo para o trabalho. – Informei e dei as costas para ele, indo para a entrada.

— Você sempre foi independente assim ou isso veio com a idade?

— Tá me chamando de velha? – Perguntei já de dentro do escritório.

— Onde você está? Preciso de um mapa para andar aqui! – Ele disse. Pela porta aberta do escritório vi que ele estava meio perdido tentando descobrir por onde eu havia entrado.

Sem fazer barulho, peguei minha bolsa e minhas pastas, e devagar, andei na ponta dos pés até estar bem atrás dele, e soltei:

— Bem aqui!

Ele só não pulou com o susto porque ele já tinha dado uma má nota hoje.

— De onde você veio?

Apontei para a porta atrás de mim.

— E ali é?

— Biblioteca/escritório. Prometo um tour completo da próxima vez, mas eu estou com o horário apertado. – Passei por ele e fui para a cozinha, arrumar as vasilhas dos meus cachorrinhos. Thor nem esperou que eu colocasse no chão e quase que derruba tudo. – Ei, Thor! Educação.

— Todo dia é essa correria?

— Aqui em Los Angeles, sim, em Londres eu tinha uma rotina muito, mas muito bem estabelecida. Um dia aqui entra nos eixos também. – Respondi acabando de colocar comida na vasilha de Loki que me esperava sentadinho perto do local onde eu a coloco. Aproveitei o momento para fazer um carinho nas orelhas dos meninos.

— É, precisamos parar de ficar fazendo hora para sair ou quando acabamos de correr.

Minha mente não perdeu o plural que ele soltou.

— Ou talvez eu precise trocar o horário da corrida...

Alex foi contra no mesmo instante.

— Não. Você precisa tomar sol, fica o dia inteiro dentro de quatro paredes, além do mais, é o único horário nosso que bate diariamente.

— Então isso quer dizer que nossa corrida vai continuar depois de sábado? – Questionei quando peguei minhas coisas e parei para calçar os sapatos. Alex se sentou no chão para calçar os tênis.

— E por que você duvida disso?

Dei de ombros.

— Katerina, você vai ter que me aturar por muito tempo, a menos, é claro que você queira que eu suma.

— NÃO! – Eu praticamente gritei no hall, enquanto esperávamos o elevador. – Só achei que... ah, quer saber, deixa pra lá.

O elevador chegou, entramos. Apertei o botão para a garagem e Alex me seguiu até lá.

— Você não tem que ficar na portaria?

— Chaves...

Fiz uma careta.

— É... tinha me esquecido!

Ponderei o que ia fazer e peguei meu chaveiro, tirei a chave da portaria e entreguei para ele.

— Não perca, preciso dela quando saio com a duplinha.

Ele deu uma risada.

— Se eu perder?

— Loki te morde.

— Porque o Thor vai estar muito ocupado dormindo. – Completou debochado.

— Pode apostar que sim. – Confirmei.

E nem assim ele parou na portaria, muito pelo contrário, seguiu para a garagem e ainda me acompanhou até o carro.

— E então, quando os outros carros chegam? – Perguntou ao olhar as vagas vazias.

— É só um. E uma moto.

— Só um... imagino que um deva ser esse... vai fazer rally aqui na Califórnia?

— Não, meu copiloto ficou na Europa.

— Posso saber quem é ele? – Alex se recostou no meu carro e cruzou os braços, fechando a expressão.

— Claro! - Abri um sorriso já esperando a reação dele à resposta que daria em seguida. - Meu avô.

Os olhos dele se arregalaram.

— O dono da empresa?!

— Não, o pai da minha mãe!

— Vou precisar da sua árvore genealógica... - Murmurou ainda pensando em como o meu avô poderia ser o meu copiloto.

— E eu, da sua! – Destravei o carro e coloquei minhas coisas no banco do carona.

— Te vejo de noite? – Ele me surpreendeu.

— Depende. Que horas?

— Sete e meia?

— Posso confirmar mais tarde?

— Poder pode, mas...

— Algo importante?

— Bem... sim. - Disse e ficou um tanto sem graça.

— E o que é?

— Aniversário da minha mãe. Vamos jantar todos juntos.

Eu juro que por dez segundos eu dei aquela parada, ou como todos dizem, o cérebro deu a famosa tela azul.

— Jantar? Com os seus pais? – Murmurei.

— E irmão, e cunhada, o básico, minha mãe não quer uma comemoração.

Eu ainda estava estática.

— Você vai? – Ele parecia ansioso pela minha resposta, e qual mais poderia ser se...

— Sim? – Disse sem firmeza alguma.

— Eles vão gostar de você. Na verdade, acho que já gostam.

— Já?! – Eu ficava mais apavorada a cada segundo.

— Bem...  – Alex parou, pesando bem as próximas palavras. - É que... eles já te viram.

Eu fiquei em silêncio. Completamente em choque.

— Você quer um tempo para...

— Onde? – Cortei-o.

— Segunda de manhã.

— No restaurante das panquecas?

— Sim. Eles estavam lá.

Eu precisei me escorar no meu carro. Tentei lembrar de quem eu vi naquele restaurante ou se vi Alex cumprimentando alguém... sei que não estava cheio.

— O casal... com quem Dottie conversava... – Eu disse um tanto engasgada.

— Sim, eles.

— Você sabia que eles estariam lá?

— Não. Me surpreendi quando vi os dois lá dentro, na verdade, eles estavam mais surpresos do que eu. Minha mãe quis se apresentar, mas pedi que ela não fizesse isso.

Lembrei da cena em que ele se virou de costas para mim, quando eu mostrei os pratos do casal.

— Ahn... – Foi tudo o que o meu cérebro congelado conseguiu formular.

— Sendo sincero, a ideia é da minha mãe, eu sei o que você disse na segunda à noite, sobre irmos mais devagar... e se você não quiser ir, ela vai entender.

— O convite partiu da sua mãe? – Minha voz subia algumas oitavas a cada pergunta que eu fazia.

— Sim, como eu disse, eles gostaram de você, mesmo sem serem apresentados.

— Espero que não tenha nada a ver com a quantidade que comi.

Alex deu um sorriso.

— Também tem.

Gemi em desespero e escondi o rosto.

— Meu pai gostou de saber que você não tem frescura para comer.

—  Herranjumala[1]!

— Preciso pedir ajuda no Google para saber o que você disse, ou eu finjo que você não falou isso?

— Acabei de pedir a ajuda a Deus.

— Claro. Acho que vou precisar de um dicionário de finlandês.

Eu estava apavorada demais para pensar no que ele havia dito.

— E só uma última pergunta antes que você se atrase.

Olhei para ele, não sei o que ele viu no meu rosto, mas Alex me abraçou apertado e apenas disse.

— Eu sei que você pediu para não darmos títulos ainda, porém...

— Você vai me apresentar como a...

— Minha namorada. - Sua voz e a sua postura me diziam que ele estava muito orgulhoso de poder falar isso em voz alta.

Haluan kuolla[2]!

Alex deu um beijo no alto da minha cabeça, mas eu podia sentir a animação dele, a alegria que irradiava de seu corpo.

— Tudo vai ficar bem, eles não mordem.

Morder não mordiam... mas sogros? Aniversário da sogra?! Eu tinha que comprar um presente para uma pessoa que eu nem conhecia. Ia ter que pesquisar o Alex no Google só para ter um norte.

— Eu sei. – Respondi. – E você está gostando disso.

Ele não me respondeu, mas escutei a risada que ele tentou abafar em seu peito.

— Posso vir te pegar que horas?

— Sete? – Disse mais em dúvida, impossível.

— Então até as sete. – Ele deu um passo para trás e me encarou. – Acho que quem não tem condições de dirigir agora é você.

— Eu vou ficar bem. Não se preocupe. – Afirmei.

— Tem certeza? – Ele estava genuinamente preocupado.

— Tenho! Absolutamente. - Eu não tinha certeza de nada naquele momento, mas precisava fingir porque eu precisava pensar no que tinha acabado de acontecer e no que ainda iria acontecer... 

Ele segurou a porta do carro para mim, entrei e coloquei a chave na ignição.

Quando Alex fechou a porta, vi que ele sorria.

E a única certeza que eu tinha era a de que eu precisava da Reunião do Conselho das Loucas, com urgência!

 

[1] Oh meu Deus!

[2] Eu quero morrer!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Well... O forninho caiu... o parquinho vai pegar fogo... pobre Katerina, achou que tinha dado uma lição em Alex e o moço vai lá e, bem... soltou uma bomba pra Kat... Tadinha!
Mas antes do "Aniversário Da Sogra" o Conselho das Loucas irá se reunir...
Fortes emoções nos próximos capítulos!!
Espero que tenham gostado!
Até semana que vem!
xoxo



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Presos Por Um Olhar" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.