Caleidoscópio escrita por Saori


Capítulo 1
Caleidoscópio.


Notas iniciais do capítulo

Bom dia, boa tarde, boa noite, fanfiqueire!

Venho aqui com a minha primeira fic sobre esse casal incrível que é Arthur e Molly. Espero que vocês gostem, viu?

Boa leitura!



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Dizem que crianças não entendem o que é o amor. Ou, pelo menos, não a sua concepção romântica. Pode até ser que seja verdade, mas, quando Arthur viu Molly pela primeira vez, ele teve plena e absoluta certeza de que ela era a pessoa da sua vida. E, na verdade, ele não entendera aquilo na época, mas sabia que precisava tê-la ao seu lado, porque ela era valiosa. Pessoas que iluminavam vidas com um simples sorriso eram preciosas demais para não querer se ter ao lado.

Depois de quatro anos, era engraçado lembrar-se dos seus sentimentos de quando tinha apenas onze. Era inocente e puro, como uma criança deveria ser. Simplesmente adorável. Mesmo com o passar dos anos, o que sentia por Molly nunca esfriou. Ao contrário disso, havia se intensificado cada vez mais, até que ele compreendesse o sentido de amor. E não tratava-se de amizade, tinha a ver com romance, alma gêmea, com querer ter aquela pessoa ao seu lado por toda a sua vida, sob quaisquer circunstâncias. Até mesmo o silêncio bastava.

De fato, Arthur Weasley nunca fora um menino quieto. Muito pelo contrário, sempre fora um rapaz muito comunicativo, com habilidades sociais até mesmo um pouco invejáveis. O único problema era que, na visão de muitos, ele era apenas um garoto esquisito. Aquele que apreciava o conteúdo dos trouxas e tentava entender aquele mundo medíocre e sem graça, mesmo sendo um puro-sangue. Como se aquele fosse o maior dos pecados existentes no mundo bruxo. Felizmente, ele nunca se importou muito com os boatos ou com a forma que as pessoas lhe tratavam ou olhavam, mas aprendeu a valorizar aqueles que viam alguma beleza em sua personalidade incomum. Molly era uma dessas pessoas.

Molly Prewett o enxergou como ninguém e, apesar dos seus gostos inusitados, ela o acolheu e, eventualmente, tornaram-se melhores amigos. Desde então, ela o tem escutado confabular acerca dos artefatos trouxas, sempre se envolvendo completamente em suas ideias mirabolantes, por mais insanas que parecessem. Ao contrário dos outros, ela nunca teve vergonha e sempre viu pessoas com ideias e pensamentos não convencionais como algo extraordinário e digno de admiração. Foi assim que Molly Prewett e Arthur Weasley tornaram-se simplesmente inseparáveis e, também, que, de pouquinho em pouquinho, ele foi se apaixonando por ela.

— Molly, Molly! — ele a gritou, agitado, assim que a viu passeando pelos corredores.

Rapidamente, um sorriso brotou nos lábios da ruiva, que, sem pensar duas vezes, correu na direção dele.

— Arthur! — o respondeu com entusiasmo, enquanto cambaleava ao seu encontro. — Bom dia. — Ela sorriu, um pouco sem jeito, ao mesmo tempo em que ajeitava os fios de cabelo ruivos bagunçados.

— Bom dia! — Arthur falou, mal contendo sua animação.

— Por que tanto ânimo a essa hora da manhã? — Molly ergueu as suas sobrancelhas, curiosa.

— Eu tenho uma coisa para te mostrar mais tarde. — Ele confessou e, em seguida, suspirou, como se um enorme peso deixasse os seus ombros. Ele era péssimo em guardar segredos.

— Mais tarde? Não é justo você me deixar tão curiosa! — Resmungou, e sua feição foi tomada por uma leve careta. — Sabe que eu detesto isso.

— Eu sei, eu sei. — O rapaz riu baixinho, divertindo-se com a situação. — Mas você vai gostar, eu prometo.

— Não é nem um pouco justo — disse, cruzando os braços. — É algo trouxa?

Arthur adotou uma feição pensativa, como se ponderasse acerca de uma árdua decisão. Molly, por sua vez, deixou-se tomar por uma expressão de súplica, como se precisasse, pelo menos, do mínimo de informação para que pudesse tocar o seu dia. Como se aquela fosse uma questão de vida ou morte.

— Sim. — Arthur finalmente cedeu. — Te vejo meia noite, no salão comunal, o que acha?

— Injusto — rebateu.

— Não vai demorar muito e eu prometo que vai valer à pena — falou, tentando parecer convicto.

— Certo, eu confio em você. — Deu-se por vencida. — Eu preciso estudar agora. — Deixou um suspiro escapar. — Nos vemos mais tarde, então.

— Até mais, Molly. — Despediu-se, com um sorriso nos lábios.

Era difícil definir para qual deles o dia passou mais devagar. Molly passara o dia inteiro preenchendo a sua mente com possibilidades do que quer que Arthur estivesse escondendo dela, mas sabia que, no fundo, não tinha a menor ideia do que era. Ela nunca adivinhava, afinal. Arthur, por outro lado, era tomado por uma ansiedade sem tamanho, apenas pelo simples fato de que ele a veria novamente antes de dormir. Ainda assim, mesmo que impiedosamente, as horas se passaram, e Arthur já estava sentado sobre o tapete do salão comunal vazio, em frente à lareira.

— O que você tem para mim? — A voz de Molly ecoou mansa, como um sussurro, mas, ainda assim, Arthur conseguiu se assustar. — Desculpe, eu não quis assustá-lo.

— Não tem problema — falou, entre risos, um pouco sem graça. — Senta aqui. — disse, ao mesmo tempo em que dava tapinhas sobre o tapete aveludado.

Ela não hesitou e, em uma questão de segundos, sentou-se de frente para ele, apoiou os cotovelos sobre as coxas e, por fim, o queixo sobre as mãos, enquanto o fitava com os olhos brilhantes de curiosidade. Arthur pegou-se estupefato por um breve momento, apenas admirando a beleza da luz fraca do fogo contra a sua pele, em um contraste magnífico, e a energia radiante que ela possuía.

— Arthur? — Ela o chamou a atenção, despertando-o de seu devaneio. — Então, o que é? — perguntou, entusiasmada feito uma criança.

— Ah. — Ele bagunçou os fios de cabelo ruivos, um pouco sem graça. Era uma mania esquisita que tinha quando ficava envergonhado. — É isso aqui. — De um dos bolsos da enorme capa, ele retirou um objeto cilíndrico e colorido, que estendeu em direção a ela.

Molly, cuidadosamente, pegou o artefato desconhecido, que movimentou até a altura dos olhos, para uma análise minimamente cautelosa. Intrigada com a sua funcionalidade, ela o chacoalhou e aguardou por alguns segundos, na esperança de que houvesse alguma reação. Contudo, a única coisa que ouviu foi o som de uma risada desengonçada, que resultou em uma careta da parte dela.

— Não é assim — disse, acenando negativamente com a cabeça. — Você precisa olhar aqui dentro com um dos olhos. — falou, apontando para a lente de vidro.

Envergonhada, a menina mordeu o próprio lábio inferior e, em seguida, seguiu as instruções dadas por ele. Definitivamente, ela estava muito curiosa para saber o que veria, mas nunca imaginara que seria algo tão belo e singular. Era como uma vidraça, colorida e cheia de vida, que cintilava com um brilho único. Pegou-se boquiaberta e admirada, mas a verdade era que aquele objeto era capaz de encantar qualquer um. E as pessoas ainda ousavam dizer que o mundo trouxa era sem graça. Uma visão preconceituosa e ultrapassada, Molly diria.

— O nome disso é... — Pegou-se pensativo, tentando lembrar-se do nome complicado que tinha. — Caleidoscópio. É isso, caleidoscópio — proferiu, com segurança em sua voz.

Ainda que estivesse entretida, perdida naquele mundo de cores, ela desviou os olhos, que novamente repousaram sobre o rapaz.

— É incrivelmente lindo.

— É mesmo — Concordou, com um sorriso nos lábios. — Acho que foi por isso que me lembrou de você.

— De... mim? — perguntou, apontando para si mesma com o indicador.

Arthur não pensou duas vezes e concordou com um balançar de cabeça.

— É assim que eu vejo você, Molly — As palavras saíram em um tom baixo, um pouco tímido. — Exatamente assim, repleta de cores, cheia de vida e com um brilho próprio capaz de iluminar o mundo inteirinho. Ao menos, o meu mundo — Ele coçou a nuca, levemente sem graça. — Para mim, você é estupenda, como o caleidoscópio, Molly. Na verdade, eu diria que é ainda mais bonita. Simplesmente radiante.

Certamente, a menina foi pega de surpresa ao ouvir aquelas palavras tão doces e acolhedoras. Durante um instante, ficou em silêncio, com a finalidade única de tentar processar o que havia acabado de ser dito por ele. Pela primeira vez, sentiu-se importante de verdade na vida de alguém. Era como se estivesse esperando por aquelas palavras há décadas e, agora que as tinha escutado, não sabia como reagir. Não que estivesse insegura em relação aos seus sentimentos por Arthur. Na verdade, aquela era uma das poucas certezas de sua vida. Molly Prewett amava Arthur Weasley com todo o seu coração. E havia sido assim até mesmo quando os adultos referiam-se a esse sentimento como uma “paixão de criança”. Desde os onze anos. Desde que o conhecera em Hogwarts. Desde que o seu sorriso virara sua obra de arte preferida.

Mesmo quando ela estava congelada, sem saber o que dizer, ele a olhava com certa expectativa e esperança, como se tentasse convencer a si mesmo de que não havia falado nenhuma besteira. Pensou em dizer mais alguma coisa, mas tinha receio de piorar toda aquela situação extremamente constrangedora.

— Arthur, feche os olhos — Ela pediu, pegando-o completamente desprevenido.

— Mas por que... — Antes que ele pudesse terminar a frase, Molly o interrompeu.

— Confia em mim — pediu, com um sorriso nos lábios. — Eu também tenho uma coisa para você.

Definitivamente, ele amava o sorriso dela e, certamente, Molly era pessoa em que Arthur mais confiava na sua vida. Por isso, ele não hesitou em fechar os olhos quando lhe foi pedido, ainda que uma ansiedade sem tamanho tomasse conta de si, fazendo o seu coração palpitar de um modo nunca visto antes.

Lentamente, Molly aproximou-se dele, depositando um selar demorado nos lábios de Arthur, que, a princípio, pareceu se assustar, mas logo rendeu-se à sensação prazerosa que aquele simples beijo lhe proporcionava. Não era algo que estava esperando, mas, sem dúvidas, era bom sanar todas as suas dúvidas e inseguranças acerca dos sentimentos que ela nutria por ele. Afinal, ele nunca imaginara que o garoto esquisito da escola poderia ter um amor recíproco, mesmo que Molly jamais tivesse escondido seus sentimentos.

Quando eles finalmente se afastaram, Arthur deparou-se com o sorriso radiante de Molly, aquele gesto que tanto amava. E era tão bonito que era difícil de acreditar que aquele sorriso era para ele e mais ninguém. Era dele e só dele. Molly Prewett, a garota mais incrível que já conhecera, estava sorrindo unicamente para Arthur Weasley e ninguém mais. Arthur, é claro, também sorria feito um bobo e não fazia questão nenhuma de esconder aquilo.

— Eu... posso ficar com o... como é mesmo o nome? — Levou uma das mãos até o queixo, pensativa. — Ah, caleidoscópio. Posso ficar com ele?

— Sim. — Ele sorriu, satisfeito por ela ter gostado de sua surpresa. Embora a dela tivesse sido infinitamente melhor. — Afinal, eu trouxe para você.

— Arthur.

— O que? — indagou curioso.

— Você é mais parecido com um caleidoscópio do que imagina — proferiu, em um tom de voz calmo. — Quero dizer, eu também te vejo assim. Cheio de brilho, cheio de cor, e eu nunca vou deixar ninguém desbotá-las.

— Eu sei — respondeu, mas não em um tom convencido. Muito pelo contrário, sua voz expressava total felicidade. — Você apenas as torna mais vivas.

— Eu te amo, Arthur Weasley. Desde os onze anos.

— Eu também te amo, Molly. Cada uma das suas cores.


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Notas finais do capítulo

E aí, o que achou? Espero que tenha gostado. Sinta-se à vontade para dizer o que achou nos comentários.

Beijos e até a próxima!



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