Tive um pesadelo escrita por Agome chan


Capítulo 2
Estou aqui, Lee




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/798710/chapter/2


Rock Lee lembrou que tudo era apenas um sonho, na verdade, um pesadelo e dos horríveis, o pior. E imaginar que em um momento ele tinha o controle, era lúcido, entretanto com a virada dos eventos, tudo perdeu-se igualmente a vida.

Tão horrível, acordou ainda com medo. Na transição do despertar estava tendo dificuldades em diferenciar o que era real e o que não era.

 

Ao dar de cara com Neji ao seu lado, seu coração errou uma batida.

 

Trêmulo, suando, ficou olhando-o, atento a todos os detalhes, principalmente para ver se ele se mexia. Ele tinha que se mexer. Lee estava afoito, pedindo em pensamentos gritantes para que houvesse qualquer ação sutil para notar a respiração em Neji.

Se não estivesse tão nervoso, poderia facilmente fazer uso de seus sentidos aguçados pelos diversos treinamentos, porém estava tão atordoado que mal conseguia. Os próprios batimentos cardíacos ressoavam em suas orelhas e nada mais conseguia escutar.

Uma lágrima escorreu de um de seus olhos ao notar o corpo de Neji suavemente se mover na lenta respiração do repouso.

Poderia confundir com o do sonho, falecido em seu colo, pois esse também não tinha nenhum selo na testa.

Mas não era um pesadelo. Neji estava mais velho, mesmo que ainda fosse um homem jovem, estava maior, o maxilar mais definido. Não era o pesadelo, ele estava limpo, impecável, seus longos sedosos cabelos castanhos espalhados pelo travesseiro e colchão.

Com cuidado, tocou a face ali diante seus olhos. Tinha cor, tinha vida. Acariciou, se movimentando embaixo dos lençóis, encostando a própria testa contra a dele.

Aquele era o Neji que esteve ao seu lado por anos, não só por ser seu parceiro de time, ou seu belo rival amigável, mas também o centro de seu afeto, paixão, quem conquistou — para surpresa de muitos, mas não a sua.

Era o atual líder do clã Hyuuga. Estava acordado a pouco tempo, mas estava sem vontade de abrir os olhos. Para que? Se ele quisesse mesmo ver alguma coisa, tão habilidoso com o Byakugan, precisaria abri-los? Preferia os deixar fechados, focando os sentidos em sentir as carícias de Lee.

Não se importava em ser afagado como um gato. O contato pele com pele era bom de se apreciar naquela manhã, não teria coragem de interromper.

Só se moveu para segurar a mão de Lee que acariciava seu rosto, ao senti-la tremer. Abriu os olhos, preocupado, não queria que ele se afastasse, continuasse com a testa contra a sua.

— Lee — lhe chamou, a voz rouca ao voltar ao uso após uma noite de sono.

Apesar de das atividades da noite não se resumiram a dormir…

— Neji — sorridente pronunciou seu nome, lágrimas passaram a escorrer dos olhos redondos e escuros, feito mirtilos.

Neji puxou o ar, se erguendo um pouco para se debruçar sobre Rock Lee, analisando as marcas na pele. Não eram as cicatrizes das lutas que lhe preocupavam, mas as de beijos e mordidas, as que certamente levariam pouco tempo para sumirem e eram de sua responsabilidade.

— Você está bem? Está dolorido? — Perguntava, se martirizando em pensamentos.

Imaginava que deveria ter exagerado na noite passada.

Afinal Lee era exagerado em tudo, permitiria sim que extrapolasse os limites com ele, o que deixava Neji sempre cauteloso e naquele momento mais ansioso. Ignorava que não estava num estado muito diferente dele. E se Neji não sentia desconforto algum, por que Lee, especialista em taijutsu, sentiria?

Lee notou a forma que lhe olhava, principalmente no peito despido, no pescoço e a cintura coberta pelos lençóis. Não pode evitar de rir da agonia dele, ainda mais de sua cara que foi ficando levemente azeda, zangada, por notar que Lee não levava a sério sua preocupação.

Também pudera, como ele levaria?

Não do não habitual ocorreu a noite.

Mas Neji Hyuuga tinha uma natureza zelosa, mesmo quando tentava disfarçar. Era adorável.

— Hahaha, eu não sou de vidro, Neji! Sabe bem disso. — Lee ria ainda mais vendo o namorado bufar e girar os olhos. — Oh, Neji, você é tão doce comigo, vem aqui!

Foi tentar puxar aquele ninja de longos cabelos castanhos, mas recebeu uma travesseirada na cara. Se protegeu usando os braços, se divertindo com a face dele se avermelhando.

Anos juntos e às vezes ele se comportava daquela maneira, lembrava a adolescência deles.

Ah, a juventude… — suspirou, para ser abafado com o travesseiro empurrado no rosto.

Segurou os punhos de Neji e o empurrou para baixo, ficando por cima, o travesseiro caiu no tatame.

A testa dele enrugada, contrariado, lhe encarando de volta:

— O que é então? — Perguntou, a bela voz grave denunciava que não estava realmente irritado.

E foi o suficiente para Lee lembrar o pesadelo.

Era tão grato por não ser sua realidade e o ter ali em suas mãos, poder ouvir sua voz, o brilho em seu belo olhar de olhos perolados. Soltou os punhos, para entrelaçar os dedos dele nos seus, apertou com força, vendo-o embaixo de si, os cabelos por toda a cama, tão impecável, a visão de um sonho. Ainda melhor por ser a verdade.

— Neji.

— Sim?

— Neji.

— … sim?

— Neji!

— Fale de uma vez!

Mas não lhe deu a resposta.

— Neji! — Impulsivamente o abraçou forte, não queria soltar jamais.

Sentindo seu calor, corpo com corpo, pele com pele, cada músculo dos corpo a se tocarem, só os claros lençóis entre eles.

— Fique comigo, Neji.

— … — Neji estava curioso. Não que fosse lá novidade Rock Lee ser muito afetuoso, exagerado, surpreendente, só que parecia diferente.

— Do meu lado, sempre do meu lado! — pedia Lee.

Neji suspirou e o envolveu em seu braço, acariciando com a outra mão aquele cabelo cuia. Ele estava a chorar em seu ombro.

— Eu estou aqui, Lee. O que foi?

Fungou fazendo um bico, se virou para poder encarar o parceiro.

— Tive um pesadelo.

Foi a vez de Neji rir, e como típico dele, era baixinho, sútil. Mais sutil do que a risada comum do namorado.

Acariciou o rosto dele. O penteado podia ser peculiar, mas em seu ponto de vista, por ser arredondado daquela maneira, combinava com os olhos, dava um ar terno, suave, ao ninja. Lee era encantador, ainda mais fazendo aquele bico. Que bobo, pensava o Hyuuga encarando o rosto em suas mãos.

— Então foi um pesadelo?

Lee concordou movendo a cabeça, pousando o queixo sobre o peito de Neji logo em seguida, deixando ele brincar com sua franja.

— Foi o que?

Moveu a cabeça novamente, desta vez em negação.

— Não vai me contar?

Novamente se negou.

— Pff, tudo bem. — Neji se deu por vencido. Lee fechou os grandes olhos, sentindo as pontas dos dedos do amado a acariciarem sua bochecha. — Não importa, eu estou aqui. Nada vai te acontecer.

Não era o medo de algo aconteceria a si, mas ao seu namorado, seu Neji. Por isso, disse com convicção:

— Eu te protegerei de tudo!

— Eu sei.

— De todos!

— Sim, eu sei.

— Somos eternos rivais, vamos envelhecer juntos!

— Sim, sim…

— E eu gosto muito de você!

— … — Neji desviou o olhar daqueles mirtilos doces que lhe encaravam com tanta paixão.

Reclamava que se sentia velho demais para continuar reagindo daquela maneira ao Lee, mas não era para tanto, ainda estava bastante jovem. E Rock Lee tinha muito vigor e nenhuma vergonha ao proferir aquelas coisas, mesmo quando o dia mal começou. Lhe derretia, não tinha escapatória.

— … eu também — respondeu baixo — gosto de você — saiu mais baixo ainda.

Voltou a encarar a face luminosa do Lee, que disputava contra o sol da manhã.

Ele, por ser inquieto e estar contente, movia o pé para cima e para baixo, batendo as pontas dos dedos contra o peito alvo. Parecia uma adolescente que ouviu uma declaração de amor. Tirando a parte da adolescente, o resto estava correto.

— Eu sei — Lee disse com charme e convicção.

Sorriu segurando o rosto dele em suas mãos.

— Bom.

Era ótimo que Lee sabia.

Ainda segurando o rosto dele, o deitou ao seu lado, trazendo-o para beijar-lhe a boca, sentindo os dedos dele entre seus longos cabelos, a outra mão em suas costas para os pressionarem mais juntos.

Diferente daquela noite, Lee não estava naquele momento aos risos. Despertar e poder ter Neji assim, mexia consigo, deixava-o melancólico e em êxtase, sensível. Arrepiando-se à toa a cada toque dele em seu corpo, a gentileza das mãos em seu rosto e pescoço. As pontas dos dedos em sua coluna.

Por o ter em suas mãos, realizava cada movimento com dedicação, olhando para o rosto dele, fascinado pela forma que suspirava, os longos cílios harmonizando os olhos semi-cerrados, que se cerravam ou arregalavam um pouco na surpresa ao soltar um suspiro pesado, ou ao forçar a boca se fechar, tentando se conter.

Lee descia seus beijos e suas acaricias, contemplando Neji, feito seu devoto. Subia para mordiscar aqueles lábios, o impedir de calar-se, para ouvir sua voz. Mordia sua orelha, suspirava no pé do seu ouvido. Via-o puxar os próprios cabelos, na luxúria.

Estava todo emotivo, não pode evitar novamente as lágrimas. Deu um sorriso bobo, tocando o rosto de Neji que tinha voltado a se preocupar, certamente pensando novamente num outro motivo para seu choro.

Mas Lee estava a imaginar.

Imaginar um mundo em que não conhecesse aquele lado dele… que ninguém conheceria aquele Neji Hyuuga, de tamanha graça sobrenatural… que mundo cruel seria esse em que não houve paz em vida para ele.

— Está tudo bem. — dizia Lee, tentando confortá-lo. Afinal, não era culpa dele, pelo menos não da forma que ele imaginava.

Se conseguia lutar contra ele, para treinarem suas habilidades, como aquelas carícias poderiam lhe machucar? Ele se preocupava a toa.

— Hm… tão zeloso… — Lee zombou dele entre suspiros, a respiração carregada.

— Eu não deveria te mimar.

— Não mesmo…  Mas já é tarde.

— Lee… Ah… como você é insolente…

 

 

 

Neji-nii-san… bom dia. — Ao ouvir a voz da prima, Neji empalideceu. — E-eu posso entrar?

Se apressou para se vestir e ficar no mínimo apresentável para ela.

Bom, o que o casal tinha para fazer, tinha feito. Menos mal, não houve interrupção.

Mas tomara que ninguém do clã tenha ouvido.

— Neji-nii-san… — preocupada, pouso a mão na porta de correr para a puxar.

— Hinata, bom dia! — Foi recebida pelo Rock Lee, ele mesmo que abriu a porta do quarto.

— Bom dia!

Neji puxou mais a porta para aparecer e questionar:

— Hinata-sama, algo aconteceu?

— Oh, não, não precisa se preocupar, Neji-nii-san.

— Insisto que me diga qualquer infortúnio.

— Mas… não há… ?

— Parece incerta.

— E você, neurótico — brincou Hanabi ao se aproximar.

Fez a irmã rir discretamente, cobrindo a boca com a mão, enquanto Lee sorriu concordando e olhando para Neji, que estava contrariado.

— Nee-chan só veio te… vocês. Veio chamar vocês para o café da manhã. — Ela tinha um olhar bastante sugestivo quando se corrigiu.

Rock Lee coçou a nuca, sorrindo maroto. As primas do namorado realmente não sabiam que ele tinha sorrateiramente ido só fazer uma visitinha e acabou passando a noite por lá.

Algo que acontecia com frequência.

Isso quando Neji não dormia em sua casa.

— Então era isso, Hinata-sama?

— Não precisa me chamar dessa forma — abanava a mão em frente ao rosto com um gentil sorriso.

Sempre o dizia, porém ele nunca perdia o hábito de tal formalidade não mais necessária.

— Só vim avisar que está pronto.

— Nós iremos — afirmou Neji se prontificando a caminhar, sendo acompanhado pelos os outros três logo atrás.

Eles sabiam que ele não gostava de fazer Hinata esperar, mesmo que ela não se importasse.

Hanabi tendo um sorriso atrevido e brincalhão, voltou-se a Lee:

— Dormiu bem? Sempre é bom saber que os hóspedes se sentem bem vindos a nossa casa.

Alegre como sempre, ele respondeu animado:

— Dormi super bem!

— Fico feliz — comentou Hinata de forma genuína e inocente.

— Aposto que dormiu muito bem — enquanto Hanabi continuava sugestiva. — Mas é hóspede ainda, Lee? Acho que já é de casa.

Olhando para as costas do Neji a frente deles, ele respondeu com muita afeição no olhar:

— Eu já me sinto em casa. Sempre que estou com ele, me sinto em casa.

Hinata ruborizou no mesmo instante, admirada, dando passos apressados para ver a reação do primo, que desviava o rosto do olhar dela. Entretanto, não adiantava, era uma Hyuuga, claro que veria ele se envergonhando.

— Sempre gosto quando está aqui — comentou Hanabi — Anima muito as coisas em casa — e apontou com o olhar para o primo, rindo com o namorado dele em cumplicidade.

A Hinata, timidamente, murmurou preocupada:

— Neji-nii-san?

— Não diga nada, por favor… — murmurou o pedido, cobrindo a boca com a mão, mais atento em cobrir as maçãs rosadas do rosto.

De rabo de olho, olhou para o namorado de forma reprovativa. Recebeu aquele típico sorriso puro de volta. Suspirou, Neji sabia que era caso perdido.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Tive um pesadelo" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.