Sons of Hunt escrita por Scar Lynus


Capítulo 22
Capitulo 22


Notas iniciais do capítulo

Finalmente estou de volta!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/798624/chapter/22

[Mansão Norte – doze anos atrás]

 

 

O jovem Zack estava quebrando a cabeça nesse dia. - “Como fazer isso?” – Pensou o garoto de onze anos. O projeto de sua turma em sala de aula para o dia dos pais era escrever uma carta sobre você e o seu pai, mas, ele nem tinha um pai ou uma figura que pudesse representar isso. As outras crianças já haviam começado as suas, algumas estavam conversando sobre isso, outras já haviam terminado, porém, ele continuava ali, com o lápis na mão e uma folha em branco sobre a mesa.
O garoto acabou levando para casa sua folha em branco, uma vez no seu quarto o garoto sentou na escrivaninha, tentando escrever alguma coisa, mas tudo que ele produziu foram as palavras: “MEU PAI”. Uma hora dos pensamentos do garoto fora dedicada a encarar a folha de papel, já sem ideias de como deveria fazer aquilo, o pequenino resolveu ir atrás de sua mãe que estava na cozinha.
Ao pisar no cômodo, o jovem sentiu o doce aroma do jantar passar pelo nariz, escalou a banqueta do balcão e ficou encarando sua mãe até a mesma perceber sua inquietação e sentar-se à sua frente.

 

— O que foi? – Perguntou ela com sua doce voz. O garoto estendeu a folha pra ela.

 

— Tenho que escrever sobre mim e meu pai. – Explicou.

 

— Pode escrever sobre mim! Eu sou sua mãe e seu pai ao mesmo tempo querido. – Sadjenza explicou sorrindo para o pequeno, era sempre muito delicada quando ele perguntava sobre o “seu pai.”

 

— Eu já escrevi sobre você no dia das mães... – Começou o jovem falando baixo. – Por que eu sou o único que não tem um pai? Por que ele não está aqui? Ele não gosta da gente? Ele...

 

— São perguntas demais querido! – Sadjenza interrompeu o garoto.

 

— Mãe. – Zack falou encarando a mulher. – Quem é meu pai?

 

Novamente essa pergunta, Sadjenza desviava dela com muita frequência, a paternidade de Zack era “difícil” pra dizer o mínimo, mas, conforme ele crescia, mais vezes ele perguntava sobre isso e em algum momento ela sabia que precisaria explicar para ele.

 

— O seu pai era um grande homem Zack. Ele era bonito, era legal e era também uma boa pessoa, mas, antes de você nascer ele se foi. – Tecnicamente ela não estava mentindo para ele, mas, era a melhor explicação que tinha por enquanto.

 

— Meu pai ta morto? – Perguntou o menino chocado.

 

— Não! – Respondeu ela instantaneamente. – Ele só não está aqui agora. – Sadjenza não sabia se isso faria ele sossegar, mas, precisava sair desse assunto. – Vá buscar um lápis que eu ajudo com essa tarefa.

 

O garoto correu até o quarto e rapidamente voltou para ver como iriam escrever alguma coisa...
Zack passou o restante de todos os anos seguintes da mesma forma, sem saber o por que de ser sempre ele o “sem pai”, quanto mais tempo passava, menos importante aquilo parecia.
Como um pai abandonaria seu filho? Essa era uma boa pergunta, mas, o jovem já não se importava mais. Seu desejo por respostas foi superado, ele não precisava de um pai, ele tinha sua mãe, ela sim cuidou dele, sempre lhe deu tudo e após dezessete anos sem aquela figura e descobrindo que ele era um caçador. A busca por um “pai” foi totalmente esquecida.

 

Mal sabia o adolescente que seu pai estava bem mais perto do que ele imaginava e sempre se perguntando como o garoto estava.

 

 

 

[Mansão dos caçadores – cinco dias após a batalha]

 

 

Max e Zack estavam encarando a frustração nos últimos dias, ao chegarem a mansão junto dos mentores, a dupla havia descoberto que além de ficarem de fora da ação, eles agora estavam atrasados como caçadores, eram os únicos do grupo a não possuir a marca que os tornaria realmente caçadores e não mais aprendizes.
Diante disso, Harry estava dedicando uma parte maior de seu treino a ambos que começavam a apresentar um melhor resultado juntos. Não era surpresa que o moreno estava a frente do restante devido ao tempo de sua marca e ao treino de sua mãe, mas, acompanhar avanços tão rápidos de Max estava deixando o mentor orgulhoso do pupilo.

 

— Se querem deixar de ser aprendizes – Harry explicava para a dupla enquanto evitava os golpes de ambos. – Precisam derrotar um inimigo como o que eles enfrentaram ou ainda mais forte!

 

 - Mesmo que não seja nossa culpa? – Max questionou após seu machado quase acertar o mentor. – Afinal vocês levaram a gente pra floresta.

 

— Uma coisa não tem nada a ver com a outra! – Defendeu-se o mais velho enquanto chutava a panturrilha do loiro, obrigando-o a se ajoelhar.

 

— Como não? – Zack que estava em silencio atacou Harry pela lateral quando o mesmo pensou ter subjugado Max.

 

A dupla então tomou o controle da batalha, Zack havia ganho um momento perfeito para o contra-ataque e Max pegou sua deixa, mirando a esquerda do mentor. O loiro acertou a perna esquerda do mais velho que estava sustentando seu peso, assim como o pupilo antes dele, agora Harry tinha um joelho no chão. Zack usou essa vantagem para derrubar o mentor com o peso do próprio corpo e então pulou sobre o mentor com ambas as lâminas de suas luvas próximas ao pescoço de Harry, finalizando o embate com os dois jovens vitoriosos.

 

— Tecnicamente acabamos de derrotar um inimigo tão difícil quanto o Wolven! – Comemorou o Moreno.

 

— Tem certeza? – Harry perguntou ainda deitado e sorrindo.

 

— Merda! Max... – Zack estava tão confiante durante os últimos momentos do embate que se esqueceu de encarar o espaço ao redor.

 

A dupla estava próxima e não tiveram chances de esquiva, ambos os jovens caíram no tatame ao serem “laçados” pela flecha boleadeira de Tânia. A loira estava sorridente na entrada da área de treino seguida dos outros caçadores e Sadjenza. Tom estava fora da sessão de treino de hoje para resolver assuntos burocráticos de sua empresa.

 

— Isso é trapaça! – Max reclamou. – Zack solta a gente!

 

— O que acha que eu estou tentando fazer?! – Questionou o moreno enquanto tentava cortar as cordas.

 

— Monstros não vão jogar limpo! – Sadjenza respondeu referindo-se ao comentário de Max. Ela e os outros sentaram fora da arena. – O erro foi de vocês!

 

— Não queremos discutir sobre essa armadilha! – Zack reclamou no momento em que conseguiram se livrar.

 

— Queremos subir de status. Como alguém pode liderar se não está em pé de igualdade aos outros? – Max perguntou parando na frente do grupo.

 

— Acham que um líder realmente precisa ser “forte”? – Sadjenza questionou enfatizando a última palavra com aspas nos dedos.

 

— Pelo menos precisa ser igual aos outros a respeito dos seus ofícios não acha? – Zack respondeu com outra pergunta.

 

— Vocês dois ainda nem sabem quem vai ser o líder. – Harry lembrou se aproximando.

 

— Na verdade... – Max começou a falar. – Nós dois conversamos sobre isso.

 

— Conversaram ou discutiram? – Jade perguntou fazendo os outros rirem.

 

— Foi um papo civilizado. – O loiro respondeu. – E nós chegamos a um consenso.

 

— Então quem vai ser? – Harry perguntou agora sentando ao lado de Sadjenza.

 

— Max vai liderar. – Zack falou deixando seus amigos e sua mãe surpresos.

 

— Pode pagar! – Andromeda comemorou estendendo a mão para Jade que ostentava pura confusão em seu rosto.

 

— Por que? – Samuel questionou o moreno.

 

— O Max não é melhor do que eu. Ainda falta muito para estar no meu nível, mas, ele tem algumas características que são melhores no momento para o líder que precisamos. – Respondeu Zack, sua mãe ainda estava encarando-o como se esperasse uma explicação melhor. Uma que o moreno não deu.

 

— Não significa que o Zack vai deixar de liderar o combate. – Max interveio. – Estamos planejando usar o melhor de cada um aqui pra manter a equipe em ritmo.

 

— Todos vocês estão de acordo com a decisão deles? – Harry perguntou ao grupo.

 

— Não que vá mudar muita coisa por aqui. – Tânia respondeu sem muito animo.

 

— Concordo com ela. – Sofia respondeu. – Pelo menos assim vocês param de discutir.

 

O restante do grupo acabou por concordar com a decisão da dupla também, querendo ou não, aquela era a decisão mais sensata que eles haviam tomado juntos até o momento e estava longe de qualquer um pensar em interromper a paz do momento.

 

— Ainda acham que precisam subir o status para estar à frente do time? – Sadjenza perguntou retoricamente. – Liderar é uma questão de mérito e respeito, não importa se tem uma marca ou não!

 

— Eu ainda quero a marca! – Zack pontuou fazendo o grupo rir.

 

— E se ele ganhar uma eu urgentemente vou querer uma também! – Adicionou Max.

 

— Veremos o que aparece no futuro para vocês dois! – Garantiu Harry. – Por hora já deram um enorme passo!

 

O grupo então começou a se dissipar, Jade e Samuel iriam usar Zack como cobaia e testador oficial dos novos aparatos do grupo. Max e Sofia precisavam trabalhar, Andromeda iria para o estagio e Tânia tinha que descobrir mais sobre os “mistérios da ilha” em sua maratona de Lost.
Harry e Sadjenza resolveram dedicar a tarde para analisar a atividade de alguns refugiados de outros reinos. Dias tranquilos não eram totalmente incomuns na vida dos caçadores, mesmo que as vezes fossem obrigados a enfrentar o inimaginável.
Enquanto Zack aguardava a dupla de desenvolvedores com os novos brinquedos, Sadjenza quis conversar com o filho.

 

— Eu realmente fiquei surpresa em ver que você cedeu. – Falou a mais velha para o Jovem que estava sentado no sofá com um livro em mãos.

 

— Acredite, eu também ainda não acredito que deixei isso acontecer. – Confessou ele fazendo-a rir.

 

— Mas... Seja sincero comigo, tem mais algum motivo para você não querer liderar? – Ela conhecia seu filho, não era normal ele desistir de algo que queria, com certeza tinha mais coisas dentro dessa história. O moreno relutou um pouco antes de deixar o livro de lado.

 

— Harry me falou que eu pareço muito com ele quando estava na época de vocês. – Começou Zack. – Eu ponderei a situação, Tom e Harry competiram para ver quem seria o líder e Harry foi o vencedor. A família de vocês está dividida e apenas três permanecem com contato. Não é algo que eu quero pra nós. – O jovem então tocou sua marca enquanto suspirava. – Harry também falou que o Tom era uma escolha melhor, mas, que na época ele não enxergava dessa forma. Depois eu e Max fomos jogados numa floresta onde tivemos de cooperar pra sair, não foi difícil é claro, mas, no meio das arvores nós pudemos conversar sem ter a pressão de caçadores nas costas e consideramos que... – Ele hesitou um momento. – Não precisamos repetir o erro de vocês.

 

Sadjenza precisou de um minuto para processar aquilo. Tinha vindo atrás apenas de uma pequena explicação, algo que fosse menos detalhado, porém, teve praticamente uma tese com início, meio e fim. Sem falar na leve crítica que ela e seus companheiros receberam de seu próprio filho e do novo atual líder do grupo de jovens.
Ela estava feliz é claro, ver essa maturidade e discernimento nos jovens caçadores era um motivo de orgulho para si, ainda mais considerando que seu próprio filho estava priorizando a família muito mais do que a geração dela havia feito.

 

— Fico feliz que tenham pensado assim. – Falou orgulhosa. – Sinto muito pela marca, mas, confie em mim quando eu digo: “Vocês dois não precisam dela.”

 

— Eu deveria dizer obrigado? – Questionou ele fazendo a mãe rir.

 

— Ah ótimo! – A voz grave e familiar de Tom ecoou na sala. – Estava procurando você! – Falou o mais velho apontando para Zack. – Podemos conversar?

 

— Claro. – Respondeu o jovem.

 

— Em particular garoto! – Explicou Tom sendo encarado por Sadjenza. – Sério, venha comigo. – Pediu o mentor e o moreno se levantou.

 

Zack seguiu Tom em silencio, saíram da mansão e foram direto para o Jardim da frente, andando pelo chão de pedras, encarando a grama e os arbustos adornados pelas flores azuis. Tom parou próximo a pedra grande como Zack chamava e sentou-se sobre ela esperando o rapaz fazer o mesmo.

 

— O quanto sua mãe falou sobre a nossa geração? – Perguntou sem rodeios para o garoto.

 

— Falou das batalhas, viagens, grandes feitos, os treinos complicados e rigorosos do seu mentor... Ela falou bastante acho – Respondeu Zack sem saber qual seria o rumo da conversa.

 

— Não sobre isso, sobre nós! Eu, ela e Harry. – Explicou o mais velho.

 

— Nada. Apenas sei que ela e o Harry foram noivos. – Respondeu Zack.

 

— Nesse caso, vou te contar uma breve história. – Então o mentor iniciou uma explicação sobre o relacionamento de Sadjenza e Harry, contou ao jovem sobre o fato dele também ser apaixonado pela mãe do garoto, explicou o afastamento dele dos deveres... Tudo foi colocado diante do jovem.

 

— Para quem descende de Nórdicos, vocês fizeram uma bela novela mexicana! – Brincou Zack.

 

— Realmente. – Concordou Tom. – Sabe por que coloquei flores azuis no Jardim dessa mansão? – O rapaz negou com a cabeça. – Elas são raras, simbolizam algo inatingível, “Conquistar algo Impossível”. Na época era o que parecia entre mim e sua mãe.

 

— Okay... Onde exatamente nós estamos indo? – Questionou o jovem. – Vocês estão saindo e veio pedir minha aprovação por acaso?

 

— Quem dera. – Respondeu o mais velho junto a uma curta risada. – Eu sempre amei sua mãe Zack, mas, o coração dela sempre foi do Harry e disso não há dúvidas, mesmo agora eu sei que você também vê os dois juntos certo? – O moreno confirmou. – Mas, houve um tempo complicado entre eles no passado, vinte e três anos atrás para ser exato. É aí que eu entro na história e você também Zack.

 

— Onde você quer chegar Tom? – Perguntou Zack apreensivo quanto a resposta.

 

— Eu sou seu pai Zack!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

prontinho kkkkk