Sons of Hunt escrita por Scar Lynus


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Bom com vocês o primeiro capitulo.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/798624/chapter/1

Passar horas intermináveis dentro do hospital era de praxe em todos os dias de Sofia desde que completara 17 anos, a enfermeira não tirava muitas folgas, gostava de encher a cabeça com sua jornada de trabalho absurda, agora com 21 anos e morando sozinha, sem depender de seus pais, ou melhor seu pai já que a 6 meses a mãe havia falecido.
Talvez o trabalho fosse sua pequena válvula de escape para não ter de ficar encarando os fatos. Afinal, não importa o problema, quando ela colocava o uniforme tudo, tudo ficava para trás, compartimentalizado para não ser mexido até a hora em que estivesse fora das suas obrigações como enfermeira.

 

— O que ainda está fazendo sentada aí garota? – Marta a enfermeira chefe perguntou quando viu Sofia sentada no divã da sala de descanso. – Seu turno acabou a meia hora! Some para sua casa.

 

— Calma Marta. Foram só trinta minutos, vai saber o que poderia acontecer e no fim. A senhorita iria agradecer por eu estar aqui ainda. – Sofia abriu um sorriso divertido para a senhora, mas sem sucesso.

 

— Nada de piadas. – Reclamou mais uma vez franzindo a testa. – Vai pra casa e descansa, se não for pra casa vê se vai para um bar ou balada, ache um pedaço de mal caminho, usufrua e jogue fora. – Ela listou empurrando Sofia para fora da sala de espera com a bolsa em mãos.

 

— Não tenho nenhum plano desses para hoje chefa! Mas prometo te convidar quando for o dia de seguir suas instruções.

 

Seguindo até o estacionamento do prédio pela escada, o único som audível era o do salto de suas botas batendo no chão em intervalos regulares. Exatamente quatro andares até chegar ao estacionamento subterrâneo.
Uma vez ali Sofia rapidamente chegou até seu carro e deu partida, saindo rapidamente do estacionamento e cortando os ventos com seu Prius C vermelho. Três esquerdas, uma direita, uma avenida e mais duas direitas eram tudo no caminho até seu apartamento. Se não fosse pelo imprevisto.
De repente um objeto em alta velocidade se chocou contra o seu carro, jogando o mesmo para o canteiro. Ela agradeceu por estar de cinto, apesar da tontura por ter batido a cabeça contra a janela, um inchaço se formava acima do olho esquerdo e ela sentia o gosto férrico de Sangue em sua boca. – “O que caralhos me bateu?” – Olhou para fora e avistou um homem grande parado no asfalto, ele tinha olhos azuis que brilhavam muito, ao ponto de ser exatamente o que chamava a atenção de Sofia a impedindo de reparar no corpo em decomposição e acinzentado do mesmo, ou no fato de que ele usava uma armadura claramente muito velha e larga sobre o corpo, em sua mão direita havia um machado. – “Mas o que é aquilo?” – Pensou ainda em choque.

 

Sem cerimonias a criatura soltou um grito estridente e que exigiria muito de um pulmão normal, ela arremeteu contra o carro e cravou seu machado na porta do motorista com força suficiente para que a lâmina atravessasse a mesma e ficasse presa do lado de dentro a centímetros de Sofia. Ainda gritando a criatura puxou uma, duas, três. Três vezes foi o suficiente para que a porta saísse do carro e voasse para o asfalto. Sofia estava desesperada, chorando e esperneando conforme aquele ser chegava mais perto.

 

— SAIA DE PERTO DE MIM!! – Gritou uma vez antes da criatura a segurar pela nuca e a atira no chão.

 

— MORTE! MORTE A CRIANÇA DE ULLR!!!! – A criatura gritou e atacou Sofia com o machado enquanto rugia em fúria.

 

Porem, a sensação de corte, o sangue, o fim da vida, nada disso foi sentido por Sofia. Quando a mulher abriu seus olhos a criatura olhava em outra direção, a esquerda havia um homem com certa idade aparente, fossem seus cabelos acinzentados ou as marcas de expressão de seu rosto. Aquele homem continuou parado encarando a criatura até a mesma sair correndo na direção dele, ela corria com força, tanta força que onde pisava um pedaço do asfalto afundava. O homem puxou uma arma de suas costas, Sofia continuava em choque, mas não o suficiente para a impedir de reconhecer a arma, era uma Besta, rapidamente o homem disparou duas vezes contra a criatura acertando seus joelhos, a obrigando a cair com o rosto no chão, ele se aproximou da criatura e enfiou uma das flechas conta a nuca da mesma usando a mão.
As marcas de destruição na rua eram grandes, um carro no canteiro, asfalto destruído, parecia realmente que foi um acidente de carro.

 

— Você está bem? – Perguntou o homem ainda de certa distância encarando Sofia. – Ele te mordeu ou acertou o machado em você? – Ainda sem resposta de Sofia, que continuava me choque ao lado do carro. O homem começou a se aproximar, ficando a seguros dois metros de distância da mulher.

 

— O... O que... Aquilo? – As palavras eram desconexas e nenhuma frase tinha começo, meio ou fim, para aquele homem isso era tão corriqueiro que ele não esperou nada para se abaixar e encarar ela no nível do olhar.

 

— Aquilo era um Draugr. Um ser das trevas e do mundo dos mortos. – Falou sem se importar. – Você é especial minha jovem. Eu sou... – A voz dele foi interrompida pelo barulho de sirenes que vinham a toda velocidade. Sofia reconheceu como as Sirenes das Ambulâncias do Hospital onde trabalhava.
— Merda. – Foi a ultima coisa que Sofia o ouviu dizer antes de sumir correndo.

 

[Hospital Sta. Thomas 6:13 da manhã. Duas horas após o acidente]

 

— Parece que você deu um jeito de voltar! – Dizia a Sra. Marta fazendo um curativo acima do olho de Sofia. – Da próxima vez só dorme no estacionamento, não precisa bater o carro querida.

 

— Eu não bati de propósito. – Sofia respondeu. A equipe medica a havia retirado de lá rápido demais, o suficiente para que Sofia só ficasse sabendo que teria de responder alguns policiais depois de já estar no hospital.

 

— Sabe que não precisa responder eles agora certo? – Perguntou Marta e Sofia deu de ombros. – Você que sabe. – E saiu da sala, dando entrada para dois policias, um com certa protuberância abdominal notável, deveria ser o superior já que era mais velho, os cabelos já apresentavam boas falhas e seu bigode branco facilmente entregava que seus melhores anos se foram a algum tempo. O segundo, deveria ser pouco mais velho que Sofia, o uniforme estava caindo bem e ele parecia em forma, os cabelos talvez um pouco mais compridos do que ela esperava de um policial, a barba estava bem feita e seus olhos verdes estavam bem atentos a todos os pequenos movimentos que Sofia realizava.

 

— Lê a ficha garoto. – O mais velho disse a ordem sem muito animo enquanto o mais jovem bufou ao ser chamado de garoto.

 

— Sofia Morgan, vinte e um anos, cabelo loiro, olhos azuis claros, branca. Acidente de carro na avenida Whitaker, o carro foi jogado no canteiro e pelo visto deu perda total, já foi rebocado. – O jovem terminou e guardou a ficha, a voz dele era meio rouca.

 

— Quer falar como isso aconteceu minha jovem? – O senhor perguntou olhando para Sofia. Ela conhecia aquele olhar, conviveu com ele a vida toda, o olhar de um homem retrogrado, que imagina que tudo de errado que ela pudesse fazer deveria ser proveniente do fato de que ela era uma mulher. Em pleno século vinte um e ainda há quem pense como um homem das cavernas. – Estava olhando o celular? Ou dormindo? Ou alguma outra coisa?

 

— Eu fui jogada para o canteiro. Nada daquilo foi culpa minha! – Respondeu sem conter o descontentamento na voz.

 

— Calma mocinha. Nós só estamos fazendo as perguntas. – Se defendeu o mais velho novamente enquanto o moreno apenas observava. – Então havia um outro carro que te bateu?

 

— Não foi um carro. Foi alguma coisa, aquilo bateu contra o meu carro e depois me atacou. – Admitiu frustrada vendo um sorriso se formar no rosto do velho.

 

— Alguma coisa? Um Urso por acaso ou algum animal mais perigoso? – O velho agora estava aparentemente segurando a vontade de rir.

 

— Não era um Urso. Era... – Pensou um pouco. – Alguma outra coisa.

 

— Claro que era querida. Assim como eu e o filhote aqui somos Batman e Robin. – O velho disse apontado o moreno. – O que você acha? – Perguntou finalmente dirigindo a palavra ao mais novo.

 

— Alguma coisa atacou o carro dela, mas no momento ela não consegue identificar. Há vários motivos para isso, Estresse pós traumático, trauma na cabeça, o fato de que era madrugada e estava escuro. – O moreno olhava para Sofia enquanto falava. – Mas não pode ser um urso já que não há nenhum urso num raio de noventa quilômetros da cidade senhor. – Sofia riu com o ultimo comentário, atraindo para si o olhar irritado do mais velho.

 

— Acha engraçado desperdiçar nosso tempo mocinha? – O velho perguntou irritado, ela ameaçou responder, porém ele continuou. – Foi uma pergunta retorica. E você garoto! – apontou o mais jovem. – Não faça piada com o que eu digo, eu estou no comando! Ouviu?

 

— Ouvi sim senhor. – O outro falou ainda olhando Sofia, agora curioso.

 

— Ótimo. Agora vamos embora. – O mais velho disse já se virando e indo em direção a porta. – Temos que preencher um relatório explicando que tem “alguma coisa” por aí e que gosta de atacar carros de mulheres na madrugada.

 

— Tchau loira. – Disse o mais novo antes de sair seguindo o outro policial.

 

Sofia os observou sair enquanto continuava frustrada, mas, o que poderia fazer? Quem iria acreditar que uma criatura assassina estava atacando-a e estava pronta para matar ela se o Van Hellsing não tivesse aparecido para salva-la. Parecia fantasioso demais até para ela que era a vitima de toda a história.
Demorou mais uma hora até que fosse liberada e dessa vez uma ambulância a deixou em casa, entregue na porta.
Sofia subiu ao seu apartamento e se jogou no sofá olhando para o teto.

 

— O que eu faço agora?

 

— Que tal me ouvir?

 

Sofia pulou do sofá quando ouviu aquela voz. Olhando para o canto esquerdo pode ver sentado em sua poltrona o mesmo homem que a havia salvo na madrugada. Toda aquela sensação de choque voltou para Sofia, junto de uma sensação de alivio, pois, a presença daquele homem simbolizava que não estava ficando louca.

 

— Meu nome é Harry Peterson. Eu e você temos muito o que conversar.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Criticas construtivas, elogios, opiniões, teorias e comentários aleatórios são sempre bem vindos.